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Mulher no Islão (YA)    

 

 

 

 

 

Homens e mulheres são iguais perante Deus, e responsáveis pelos seus próprios actos. De modo idêntico, e uma vez no Além, ambos são recompensados pela sua fé e boas acções. Pois o Alcorão diz, textualmente:

 

Jamais deixarei perder a obra de qualquer de vós, seja homem ou mulher: procedeis uns dos outros. (Alcorão 3:195).

 

E quem quer que faça boas acções, seja homem ou mulher, e seja crente, entrará no Paraíso e não será prejudicado nem em tanto como num arranhão sobre o caroço de uma tâmara. (Alcorão 4:124).

 

E elas (as mulheres) têm os mesmos direitos sobre eles, como eles os têm sobre elas. (Alcorão 2:228).

 

O casamento é fortemente encorajado, constituindo, quer um acordo legal, quer um laço sagrado. …crescei e multiplicai-vos.. disse Deus (Génesis 1:28). O Islão considera todas as mulheres, casadas ou não, indivíduos com os seus próprios direitos. Elas têm o mesmo direito que o homem de possuir bens próprios, ganhar dinheiro e gastá-lo. Os seus bens não passam obrigatoriamente a pertencer ao marido, após o casamento ou o divórcio, em termos religiosamente islâmicos, exceptuando acordos segundo o casamento civil, onde há casamento com comunhão de bens ou separação de bens, etc..

 Ó fiéis, não vos é permitido herdar as mulheres, contra a vontade delas, nem as atormentar, com o fim de vos apoderardes de uma parte daquilo que as tenhais dotado, a menos que elas tenham cometido comprovada obscenidade. E harmonizai-vos entre elas, pois se as menosprezardes, podereis estar depreciando seres que Deus dotou de muitas virtudes. (Alcorão 4:19).

A mulher tem o direito de escolher com quem quer casar e, após o casamento, não altera o seu último nome, em virtude do respeito que tem para com a sua linhagem.

Economicamente falando, todos os homens e mulheres constituem uma entidade legal independente. Ambos têm direito a possuir bens próprios, envolverem-se no mundo dos negócios e a herdarem. O direito à educação é uma realidade para ambos os sexos, assim como o direito ao emprego, desde que os princípios Islâmicos não sejam violados.

A busca do conhecimento é uma obrigação para todo o Muçulmano, seja homem ou mulher.

Em sociedade, é também exigida a formação de profissionais de ambos os sexos, para benefício do público. Nesta situação, as linhas orientadoras do Islão deverão ser mantidas. Impedir que uma pessoa tenha acesso à educação vai contra os ensinamentos do Islão.

Os primeiros versículos do Alcorão Sagrado ordenam ao Profeta Muhammad (p.e.c.e.), bem como à sua Ummah (homens e mulheres), o seguinte:

Lê em nome do teu Senhor que criou; criou o ser humano de um coágulo (algo que se agarra). Lê: e o teu Senhor é o mais Bondoso, que ensinou pela pena; ensinou ao ser humano aquilo que ele não sabia. (Alcorão 96:1/5)

 Portanto, será extremamente difícil negar o facto de que o senhor Todo-Poderoso e Criador do Universo tenha começado a Sua Revelação Alcorânica pela seguinte ordem: ; ler, é indicativo da importante proeminência de adquirir conhecimento por todos os Muçulmanos — homens e mulheres.

Acentuando o mesmo ponto, o Profeta Muhammad (p.e.c.e.) disse:

— «A procura de conhecimento é um dever de todo o muçulmano (masculino e feminino)». – (Baihaqui).

«Procurai o conhecimento desde o berço até ao túmulo» (Muçulim).

«Os crentes mais perfeitos são os melhores em conduta, e os melhores de entre vós são aqueles que são melhores para as suas esposas». – (Ibn Hambal).

— «Quanto mais cívico e amistoso for um muçulmano para com a sua esposa, mais perfeita é a sua fé» – (Tirmizi).

 

 

A Respeito da palavra “Hur” referida no Alcorão

 

É posta, amiúde, esta questão: De acordo com o Alcorão, quando um homem vai para o Paraíso terá direito a hur, i.e. a “bonitas virgens”. A que terá direito a mulher, quando for para o Paraíso?

 

1. A palavra hur é referida no Alcorão  

Segundo estudos feitos, a palavra hur surge no Alcorão nada mais nada menos do que quatro vezes:

(1) - Para além do mais, dar-lhes-emos companhias de olhos belos, grandes e lustrosos. (Alcorão 44:54).

(2) - ... E dar-lhes-emos companhias de olhos belos, grandes e lustrosos. (Alcorão 52:20).

(3) - Companhias confinadas (no que respeita aos seus olhares) em edifícios magníficos. (Alcorão 55:72).

(4) - E (haverá) companhias de olhos belos, grandes e lustrosos. (Alcorão 56:22).

 

2. A palavra hur traduzida como “belas virgens”  

Trata-se de uma figura de linguagem. Ou expressão metafórica.

Muitos tradutores do Alcorão traduziram a palavra hur como “belas virgens”, especialmente nas traduções para Urdu. Se hur significa “belas virgens” ou moças, então a dádiva destina-se apenas aos homens. Assim sendo, o que ganharão as mulheres, se seguirem para o Paraíso?

 

3. O significado de hur

A palavra hur é, na verdade, o plural de ahwar (aplicável aos homens) e de haura (aplicável às mulheres), referindo-se a uma pessoa cujos olhos se caracterizam como sendo hauar, uma característica especial atribuída a uma alma bondosa, de homem ou mulher, que esteja no Paraíso, denotando a intensa alvura ou a parte branca do olho O Alcorão descreve em vários outros versículos que no Paraíso teremos azwaj, o que significa um par, um cônjuge ou companhia, o que significa que teremos cônjuges ou companhias puras e sagradas (mutaharratun significa puro e sagrado).

Anuncia (ó Muhammad) aos fiéis que praticam o bem, que obterão jardins, sob os quais correm os rios. Toda a vez que forem agraciados com os seus frutos, dirão: Eis aqui o que nos fora concedido antes! Porém, só o será na aparência. Ali terão companhias imaculadas (hur) e ali viverão eternamente.  (Alcorão 2:25).

Quanto aos fiéis, que praticam o bem, introduzi-lo-emos em jardins, sob os quais correm rios, onde morarão eternamente, onde terão companhias imaculadas, e os faremos desfrutar de uma densa sombra. (Alcorão 4:57).

Assim sendo, a palavra hur não tem um género específico. Mohammad Asad traduziu a palavra hur como cônjuge, enquanto Abdullah Yusuf Ali a traduziu como companhia. Assim sendo, de acordo com alguns escolásticos, quer homens, quer mulheres, viverão beatificamente no Paraíso na companhia de almas puras a que não é possível associar, em rigor, um sexo específico.

 

4. As mulheres alcançarão algo de extraordinário no Paraíso.

Alguns escolásticos afirmam que, no seu contexto, a palavra hur usada no Alcorão pode-se entender que é direccionado a homens, o que não é verdade. Uma resposta aceitável para todos é aquela que é dada no hadith, quando se põe uma questão semelhante: “Se os homens irão ter uma hur, uma bela virgem, no Paraíso, o que irão receber as mulheres?” A resposta dada foi que as mulheres irão receber aquilo que os corações delas não pediram, que os ouvidos delas nunca ouviram e que os olhos delas jamais contemplaram: tal indicando que as mulheres também receberão algo de extraordinário no Paraíso.

 

 

O Machismo Masculino e o Mundo Muçulmano

 

São várias as pessoas que entendem o Islão como religião machista, que minimiza a mulher. Como prova do que afirmam, citam a condição feminina em alguns países Muçulmanos (1). O erro provém do facto de separarem a cultura de um determinado povo, dos verdadeiros ensinamentos da religião que esse mesmo povo pode professar. É espantoso que em muitas culturas mundiais, a opressão da mulher seja ainda uma realidade. Em vários países do Terceiro Mundo, a vida da mulher é horrível. Elas são dominadas pelos homens, sendo-lhes negados muitos dos direitos humanos básicos.

O Islão condena esta opressão. Trata-se de uma injustiça trágica culpar as crenças religiosas de uma religião por tais práticas culturais, quando os ensinamentos dessa mesma religião não convidam a tais comportamentos. Como atrás ficou citado, os ensinamentos do Islão proíbem a opressão feminina e enfatizam, de forma clara, que a homens e mulheres, é devido o mesmo respeito.

Infelizmente, certas pessoas associaram ao Islão, erroneamente, as práticas opressivas contra o sexo feminino, verificadas ainda em determinadas partes do Mundo. Uma dessas práticas consiste na antiga prática pagã, da mutilação genital feminina, por vezes, erradamente chamada “circuncisão feminina”. Esta prática teve origem no Egipto, no Vale do Rio Nilo e áreas circundantes, onde ainda hoje é praticada.

A sua prática é comum entre vários grupos étnicos, de uma grande diversidade de crenças, em várias partes de África, especialmente na África do Norte. Muitas mulheres Africanas são vítimas deste costume bárbaro, horrível e degradante.

A mutilação genital feminina é uma abominação, totalmente proibida pelo Islão. (2) É lamentável verificar que, apesar de proibida, determinados grupos étnicos mantêm ainda esta prática, mesmo depois de terem aderido ao Islão, levando a que certas pessoas a considerem uma prática Islâmica.

Actualmente, à medida que estas pessoas obtêm um melhor conhecimento do que é o Islão, vão abandonando esta cruel prática pagã. A circuncisão masculina, contudo, é uma prática claramente Islâmica, tendo sido, de facto, ensinada pelos Profetas e Mensageiros de Deus, incluindo o Profeta Abraão (3) (a.s.= paz esteja com ele). Há que distinguir mutilação genital feminina da circuncisão masculina.

O racismo e todas as formas de fanatismo ou preconceito são também proibidos pelo Islão. Todas estas práticas são contrárias à lei Islâmica, sendo da responsabilidade de todos os Muçulmanos erradicá-las das suas sociedades.

 

 

 

(1).     Infelizmente, o facto de se tratar de um país “Muçulmano”, não significa necessariamente que o governo ou o povo obedeçam à lei Islâmica (Chari’a).

 

(2).     Precisemos imediatamente que é norma do Islão permitir, aos diferentes povos que aderem ao Islão, conservar os seus costumes, na medida em que, estes, não sejam contrários aos princípios e aos valores Islâmicos. Foi assim que o Islão aceitou a conservação dos costumes de excisão feminina. Esta excisão é, de facto, uma circuncisão, ou melhor, uma meia circuncisão, visto que não se trata senão da ablação de meio prepúcio que cobre a parte anterior da glande do clitóris. Convém, pois, não confundir esta excisão, com a ablação do clitóris (clitorectomia), a qual é rigorosamente proibida no Islão. Nos primórdios do Islão, o Profeta (p.e.c.e) encontrou-se, um dia, na presença de uma mulher que excisava uma menina e que lhe disse: «A circuncisão é um exemplo profético a seguir pelos homens e uma coisa apenas recomendável para as raparigas: raspa, não suprimas; a face embelezar-se-á e o marido ficará feliz». Este «embelezamento da face da esposa» é uma expressão típica do pudor Islâmico; significa que o prazer da mulher aquando da união sexual não será senão maior, de onde a alegria recíproca do seu esposo.

Como o podemos constatar, a verdade mesmo relativa ao respeito e à felicidade da mulher está nos antípodas das calúnias trazidas contra esta prática Islâmica, aliás, muito pouco utilizada. Assim sendo, é verdade que a ablação do clitóris se pratica ainda hoje em muitas regiões do mundo, e o mesmo para certas mutilações sexuais ainda mais importantes; e, infelizmente, pode-se encontrar nessas regiões povos mais ou menos islamizados, que, injustamente, mantiveram tais costumes degenerados e em total infracção aos princípios do Islão; em tais casos, no entanto, não é ao Islão que é preciso incriminar mas, pelo contrário, é «a falta do Islão» daqueles que concretizam estes actos revoltantes.

 

(3).     O Profeta Abraão (a.s.) é o Enviado Divino que veio restaurar o Culto Monoteísta puro (dïn hanïf) para o ciclo pós Dilúvio que é o nosso. Ele é o exemplo do crente perfeito, em quem a natureza primordial do homem (fitra) está inalterada; natureza segundo a qual Deus criou o ser humano de acordo com a Sua própria Natureza (cf. Alcorão 30:30). Apenas o ser que assim restaura completamente a pureza da sua natureza original está, verdadeira e inteiramente, consagrado ao seu Senhor. Por isso Deus disse: Vós tendes um bom exemplo em Abraão .... (Alcorão 60:4).

No exemplo de Abraão, que os Muçulmanos são ordenados a seguir através de muitas palavras Alcorânicas e proféticas, encontra-se a circuncisão masculina. Se esta circuncisão (kitan) é, geralmente, reconhecida como sendo uma medida eficaz de higiene, ela não é, no entanto, mais do que isso. Ela desempenha, de facto, um papel no conjunto dos rituais de purificação que permitem ao homem restaurar em si a sua perfeição original.

Certos sábios Muçulmanos em matéria de religião consideram a circuncisão como obrigatória (wájïb), outros consideram-na sunna muakkada (prática profética insistentemente recomendada).

 

Mahomed Yiossuf Mahomed Adamgy

Lisboa – Abril de 2010

Estudos bíblicos sem fronteiras teológicas