Comentários aos artigos sobre a Índia
(Deverá
“clicar” nas referências bíblicas, para ter acesso aos textos)
Série de reacções aos artigos “Índia Urgente” e “Sacrifícios Humanos na
Índia dos nossos dias?”
Fernando Cunha
Faro, Portugal
- Ligado à organização World
Horizons
Prezado
irmão:
Li a sua
troca de e-mails acerca do mail enviado pela JOCUM
sobre sacrifícios de crianças da Índia.
Tendo
trabalhado, e continuado a trabalhar com um país onde não há liberdade
religiosa (muçulmano) talvez compreenda que por vezes acontecem coisas que
consideramos “aberrantes” e que fogem ao conhecimento das autoridades...
Lamento no
entanto a ênfase do irmão em informar entidades indianas dum “erro” (será?)
evangélico. Para quê denegrir a imagem do povo de e duma organização idónea
(que poderá sofrer represálias) com denúncias? Até que ponto isto beneficia a
obra missionária?
Sei, por
experiência própria que informações e pedidos de esclarecimento como o que o
irmão fez para com a embaixada da Índia podem trazer sérias consequências. Se o
assunto em questão estivesse relacionado com um país muçulmano, garanto-lhe que
as consequências seriam desastrosas!
Resumindo:
Apareceu uma notícia de oração que o irmão não acha ser verdadeira e
interessa-se imediatamente por defender o bom nome da Índia ainda que para isso
tenha que expôr uma organização missionária com o
selo da aprovação de Deus, mas constituída por seres humanos falíveis como
todos nós!!!... Perdoe-me se não for essa a intenção,
mas é o que transparece a quem lê!
Há tanto com
que nos preocuparmos no que concerna a evangelização
de países por alcançar?
Repito a
pergunta: Toda esta polémica vai beneficiar em quê a obra missionária?
E se a Jocum encontrar futuramente obstáculos no seu ministério na
Índia relacionados com toda esta troca de e-mails? Quem beneficiará?
Confesso que
fiquei muito triste com toda esta tentativa de “polémica”.
Há tantas
vidas a oferecerem-se para a Obra de Missões (muitas na JOCUM, pode crer!) que
precisam sobretudo das nossas orações e contributo.
Alguém disse
que “a Igreja é o único exército que mata os feridos...”. Será que não há algo
que se possa fazer em benefício desses irmãos que estão na Índia em vez de
procurar razões para os atacar? Eles já têm o “acusador dos irmãos”, será que
não chega?
Sinceramente,
e repito-me, o assunto deveria ficar arrumado, pois não creio que servirá de
edificação para o povo de Deus... Para mim, foi motivo de grande tristeza!
Em Cristo o
Senhor de Missões
Fernando Cunha - World Horizons – Portugal
Bev Ewen-Smith
Portimão
– Portugal
Prezado Irmão
Li com
interesse as suas mensagens na procura de verdade. Também fico aflito que
tantas vezes temos a tendência a ligar mentiras ao evangelho. Cada vez que um
incerto descobre mentiras na nossa mensagem, eles lançam fora o bébé bem como a agua (como digamos
em inglês) Quem sabe (alem do Senhor) onde ficar a igreja de hoje se não fosse
assim.
Cumprimentos
Bev Ewen-Smith
Jeremias
R. dos Santos
Brasil
Caro Camilo:
Recebi essa
notícia a respeito da decisão de conversão dos milhões de hindus e confesso que
fiquei mais apreensivo que feliz. Isso me pareceu uma adesão em massa ao
cristianismo, mas sem uma conversão genuína, algo similar à “conversão” dos
pagãos quando o imperador romano Constantino adotou o cristianismo como
religião oficial. Esses hindus provavelmente se converteram sem nunca
ouvir uma pregação ou ler um verso das Escrituras; sabemos que um cristão
recém-convertido precisa receber muita instrução acerca do pecado, daquilo que
deve deixar da sua vida anterior, vivida em ofensas e pecados, da nova vida de
pureza e santidade, da forma de adoração que Deus aceita, etc.
Que Deus o
abençoe.
Jeremias R
dos Santos
Wladkson
Cardoso Ferraz
Contagem
– Minas Gerais – Brasil
Hoje tive a
oportunidade de ler mais acuradamente as mensagens “ÍNDIA URGENTE” e
“SACRIFÍCIOS HUMANOS NA ÍNDIA DOS NOSSOS DIAS?” publicadas no seu site.
A forma como
tens encaminhado a questão e os esclarecimentos apresentados demonstram a
seriedade e o compromisso do irmão com a verdade e as coisas de Deus.
Aqui no
Brasil as pessoas falam muitas coisas sem fundamentação e sem medo das
consequências, assim como eu já falei com o irmão, porém não assumem a
responsabilidade pelo que falam e quando são chamadas a prestar contas, dão
desculpas deslavadas como a do pastor da JOCUM.
XXXXX
Brasileiro
na Igreja xxxxx em Almada – Portugal
Sr. Camilo,
Como crente
que sou, filho de missionários, entristece-me muito a sua atitude perante este
assunto.
Não deve
calcular o mal que faz aos próprios missionários o facto de contactar as autoridades
civis de um país com tantas dificuldades para os evangélicos.
Agiu mal ao
contactar as embaixadas, e se a JOCUM agiu mal, o Sr. agiu pior, pois pagou o
mal com o mal.
Reconsidere,
e gostaria que publicasse este email na sua página.
XXXXX
Vítor
Franco
Professor
Universitário em Évora – Portugal
Caro irmão
Camilo,
Os meus parabéns pela forma como tratou este assunto. Os crentes
não podem ser intelectualmente desonestos. Espero que este incidente possa ser
um pedagógio e não nos continuem a ser enviadas
dúzias de textos e informações de qualidade mais do que duvidosa.
Cumprimentos,
Vítor Franco
André
Vedolin
Católico
brasileiro
Você está
tentando trazer outras pessoas de linhas não cristãs. É uma ótima idéia.
Isso é muito
importante, não só para o desenvolvimento teológico, mas também para os
relacionamentos sociais. Creio que nesse momento político/religioso que estamos
atravessando, com maior intensidade após 11 de setembro, é de suma importância
que consigamos nos enxergar com os olhos dos orientais e vice-versa. Só assim
poderemos compreender melhor e respeitar mais a cultura e fé oriental.
Como comentei
anteriormente, tenho formação católica...... trabalho
junto a igreja católica, porque os católicos são os que mais desempenham o
papel de que Cristo nos incumbiu, o amor e auxilio ao próximo.
Minha esposa
e eu trabalhamos em um movimento que se chama Encontro de Casais com Cristo,
que visa reunir casais, parecidos em idade e tempo de casados, para
discutir assuntos matrimoniais e bíblicos.
Um grande
abraço irmão Camilo e que Deus o abençoe
André
Ashok Hansraj
Hindu
português, residente em Lisboa - Portugal
Caro Sr. e
Irmão Camilo,
É com
grato prazer que registo o seu contributo em querer esclarecer e
repor a dignidade do Hinduísmo, já consultei as suas pags
na net com ambos os temas alusivos ao Hinduísmo e à Índia, fiquei sensibilizado
pela forma e rigor nas suas missivas em defesa das causas de Deus.
Só um pequeno
pormenor, O Hinduísmo é de facto a religião mais antiga da Terra, com mais de
8.500 anos (já existia antes da invenção da escrita)
Hindu significa a pessoa acreditar; em seguir e respeitar os valores internos
da vida, tanto éticos como espirituais, que foram germinados na Índia, e
incluem todas as pessoas que se considerem a si próprias defensores
da dignidade humana, e que seguem as boas normas de conduta para a preservação
da vida Humana e de facto é a única das antigas grandes civilizações que ainda
prevalece e que nunca foi imposta ou obrigada a ninguém, por isso não há na história
qualquer registo de epopeias de diásporas do Hinduísmo, pois acredita que são
valores e estado de espírito do indivíduo que a deve descobrir e atingir por si
por seus meios, por sua vontade e determinação, portanto ser Hindu (enquanto religião) é um acto voluntário, não basta ter nascido
hindu mas sim é aquele que o pratica.
Terei muito
gosto em o receber e conhecer pessoalmente, quando decidir nos dar o prazer da
sua visita favor de me informar com antecedência, ficaremos a aguardar,
Fraternas
Saudações,
Ashok Hansraj
Relações
Públicas da
Comunidade Hindú de Portugal
Júlio
da Silva
Pastor
evangélico em Sydney – Austrália
Caro Ir.
Camilo
Paz em Cristo
Com certeza a
tal “conversão do cristianismo” nada mais foi do que uma falta de informação ou
falcatrua-evangélica-voluntária das ditas organizações.
Tenho alguns
amigos pastores indianos, dos quais já pregaram em minha igreja em Sydney,
Austrália. Eles me informaram pessoalmente que, infelizmente, o que estava
havendo na Índia, nada mais era do que um golpe político!
Isto não
significa que o trabalho ou esforço para conquistar almas perdidas na Índia, ou
em qualquer lugar do mundo tenha de parar... mas temos de voltar ou reanimar o
órgão estabelecido por Deus para este a trabalho: a Igreja local - não a
convenção, não instituições paralelas, mas a Igreja.
Estou
disposto a contribuir seja com o que for necessário pelo bem dos crentes
“disputados”. Tenho experiência em 4 continentes, e sei que não apenas as
denominações disputam os mesmos crentes enfim de angariar fundos (e outros),
mas as mesmas igrejas das mesmas denominações nas mesmas cidades.
Atropelam-se, acusam-se, quase que matam-se por disputa a 5-10 pessoas. Tudo em
nome do “ministério” que enviou os ditos missionários...
Um abraço
fraterno
De quem vos
quer bem no Senhor
Julio DaSilva
Respostas
Quero em
primeiro lugar agradecer a todos que me contactaram enviando as suas opiniões
sobre esta notícia que tentei investigar a fim de revelar as conclusões
possíveis aos visitantes da minha página. Pois, se segundo Cristo afirmou, Ele
é a Verdade, como poderão acreditar na nossa pregação se ela é desmentida pelo
pouco respeito pela verdade que muitas vezes manifestam os que dizem pregar o
Seu Evangelho?
Verifico que
as reacções são as mais diversas, e dou graças a Deus pela receptividade que
mostraram os visitantes da minha página, cujo número “disparou”. Segundo
informação dum aparelho de estatísticas, em Janeiro de 2002 houve 766
visitantes que entraram (uma ou mais vezes) na “Estudos bíblicos sem fronteiras
teológicas”. Em Fevereiro esse número aumentou para 1374 e hoje, dia 26 de
Março, já entraram 2600 visitantes.
Certamente
que a maior parte deles vai ler outros artigos e não me contacta, caso
contrário não me seria possível responder a todos, mas mesmo assim, houve um
bom grupo que enviou os seus comentários entre os quais, a maioria se
identifica como evangélica, mas há também um católico com responsabilidades na
sua Igreja e um dirigente hindu, a quem quero apresentar um agradecimento muito
especial pelos comentários que me enviaram.
A “Estudos
bíblicos sem fronteiras teológicas” é uma página que tenta meditar nos
evangelhos, sendo portanto uma página evangélica, mas gostaria de deixar bem
claro que não está de maneira alguma subordinada ao pensamento e doutrinas das
igrejas identificadas como igrejas evangélicas. Cristo é bem maior do que as
igrejas que se dizem cristãs, pois Ele é a imagem do Deus supremo e não a
imagem das igrejas.
Como prometi
a alguns que me contactaram, vou tentar responder em conjunto às perguntas que
me dirigiram:
1) Ir. Fernando Cunha - Toda esta polémica, vai
beneficiar em quê a obra missionária?
O mesmo se
poderia perguntar a Pedro em Actos 8:18/22
quando recusou a colaboração de Simão o mágico que também queria colaborar na
pregação. Um verdadeiro missionário tem de obedecer a certas condições e não
pode tolerar a mentira. A Igreja do Senhor não pode crescer a qualquer preço.
Um missionário não pode ser simples propagandista do cristianismo, mas tem de
ser um exemplo no seu respeito pela verdade, pois Cristo afirmou ser a Verdade.
Eu não me referi somente à mentira divulgada pela Jocum,
mas a toda a atitude dos seus dirigentes em encobrir e ignorar a sua falta.
Será que uma
organização baseada na mentira e oportunismo tem o “selo da aprovação de Deus”?
A Bíblia diz que não. Uma organização que proclama o Evangelho não tem o
direito de mentir e insultar impunemente. Se mentir é pecado, muito mais grave
será mentir à Igreja, persistir na mentira e tentar encobrir a falta. Veja o
que aconteceu em Actos
5:1/11.
2) Ir. Ewen-Smith
Infelizmente é
bem verdade o que me diz. Quando descobrem a mentira no Evangelho logo rejeitam
tudo e não conseguimos dizer que foi falta do missionário e não da mensagem.
Mas do ponto de vista bíblico, talvez os incrédulos tenham razão, pois a culpa
é nossa, da nossa passividade e da nossa convivência com a mentira muitas vezes
na própria Igreja do Senhor. É verdade que Jesus previu que isso iria
acontecer, mas mesmo assim somos responsáveis pela atitude que tomarmos quando
temos de escolher entre fidelidade às nossas organizações ou fidelidade a
Cristo que afirmou ser a Verdade.
3) Sr. XXXXX
Já pode
contactar com o missionário seu pai, dizendo que o seu nome está na minha
página onde transcrevo a sua opinião, que aliás tenho de compreender como uma
reacção natural dum jovem que sempre deve ter vivido no contexto cultural da
sua igreja.
Eu só
contactei com as autoridades indianas depois de esgotadas todas as
possibilidades de levar a Jocum a reconsiderar a sua
posição e pedir desculpa às igrejas. Infelizmente, o prestígio dos seus
dirigentes foi mais importante do que a situação dos missionários da Jocum na Índia.
4) Ir. André Vedolin
Eu não estou
preocupado em “trazer outras pessoas de linhas não cristãs”. Afinal, para onde
as poderia “trazer”, se não sou católico nem sou membro de nenhuma igreja
evangélica? O que procuro, é compartilhar fraternalmente a mensagem de Cristo,
a verdadeira mensagem desse asiático Jesus da Nazaré, que nasceu e viveu na
Ásia Menor, esteve em tenra idade no Egipto, no norte de África, mas não nos
consta que alguma vez tenha visitado a Europa. Infelizmente, a sua mensagem
chegou até nós já ritualizada pela mentalidade europeia e comercializada pela
mentalidade americana. A nossa busca pela verdade, tem de nos levar a
ultrapassar tudo isso, toda a nossa cultura, para podermos sentir o Mestre no
seu contexto histórico e cultural e podermos compreender a sua mensagem que é
para todas a épocas e para todas as culturas.
Concordo
absolutamente com o irmão André quando se refere à “suma importância que
consigamos nos enxergar com os olhos dos orientais e vice-versa”. Não basta
falar no amor de Deus e impor agressivamente a cultura ocidental como é
infelizmente a atitude de muitos missionários, como se Cristo fosse europeu ou
americano. Afinal, qual a religião que não fala no amor de Deus? Segundo
opinião de muitos orientais, um missionário é um “assassino cultural”, pois vai
impor a sua cultura que geralmente muito pouco tem a ver com a mensagem de
Jesus que cada povo terá de interpretar no seu contexto histórico e cultural.
5) Pastor Júlio da Silva
A intervenção
do prezado Pastor é da máxima importância devido ao conhecimento que tem dos
locais. Também costumo afirmar que a evangelização é privilégio e obrigação
inalienável das igrejas, que não pode ficar entregue a “firmas da
especialidade”. Embora
ainda haja países não atingidos pelo Evangelho, julgo que nos nossos dias a
esmagadora maioria dos países já têm as suas igrejas evangélicas organizadas,
como é o caso da Índia, onde estão esses pastores seus amigos. Assim, se algum
jovem quer ir como missionário, julgo que o mais correcto e mais bíblico seria, através da sua igreja local, oferecer os seus
serviços a essas igrejas já organizadas quer na Índia, em África, na Austrália
etc. O que seria se no tempo de Paulo outros “missionários” abrissem outras
igrejas em Corinto, em Éfeso etc. sem o contactar e em concorrência desleal com
o seu trabalho? Penso que é infelizmente o que se está a passar. Segundo
notícias de certas zonas da Índia, onde tenho pessoas conhecidas, o evangelho
corre o perigo de auto-destruição com várias igrejas disputando os mesmos
crentes. Infelizmente não é só em Sydney que tal acontece. Mas o que considero
mais grave é verificar que igrejas evangélicas autónomas e nacionais, culturalmente
integradas nos seus países são por vezes prejudicadas pelos tais “missionários”
que organizam novas igrejas subordinadas às suas organizações.
Tem toda a
razão o irmão Pastor ao defender o regresso aos métodos bíblicos com a
reanimação da Igreja local. Parece que estamos a pagar o preço da falta de
fidelidade aos métodos neotestamentários.
Marinha
Grande, 2002/03/26
Estudos
bíblicos sem fronteiras teológicas