Dízimo
(ER)
Poderá “clicar” nas referências bíblicas para ter acesso aos textos
Será que o dízimo pregado nas igrejas
atualmente é o dízimo que é citado na bíblia? Aqueles 10% (dez por cento) que colocamos
nos envelopes, é verdadeiramente o dízimo que se encontra nas escrituras
sagradas? O dízimo é para ser praticado por nós que vivemos as promessas de
Cristo?
Lembrando
antes de qualquer coisa que esse texto não trata de ofertas voluntárias, mas única
e exclusivamente de DÍZIMOS (A décima parte de tudo o que você ganha do bruto,
10% do que está no seu contracheque ou da sua
retirada mensal e também do seu 13º salário e Férias. Assim como todos os
pastores pregam em suas igrejas).
Quando escutamos as pregações de púlpito
nas igrejas evangélicas, ouvimos em diversos momentos eles falarem sobre o
dízimo. Que o dízimo é sinônimo de prosperidade, que se você não dizimar você
estará roubando de Deus e outras coisas parecidas com essas. No caso de você fazer
parte da liderança da igreja, você passa a ser ameaçado inclusive de perder até
o seu cargo no caso de não dizimar. E que Abraão deu o dízimo de tudo a
Melquisedeque, portanto que desde a era patriarcal que se praticava o dízimo,
portanto devemos seguir os mesmos caminhos que o nosso pai Abraão seguiu.
ABRAÃO E A ERA PATRIARCAL
Com relação à era patriarcal, o dízimo
na verdade não era praticado, assim como muitos afirmam. Em Génesis 14 vemos que
Abrão foi buscar de volta o seu sobrinho Ló, que havia sido seqüestrado
juntamente com várias outras pessoas e as riquezas das cidades, portanto Abrão
deu a décima parte daquilo que não o pertencia, e nem almejava possuir,
portanto Abrão nunca deu o dízimo do que era dele, e a prova disso biblicamente
está em toda a vida de Abraão, Isaque e Jacó, pois nenhuma parte da bíblia nos
informa que eles foram dizimistas. E, se, Abraão tivesse sido dizimista, com
certeza ele teria passado isso para o seu filho e neto, pois se tratava de um
ensinamento muito importante. Vemos em Génesis 28:20/22
que Jacó faz um voto com Deus de que só seria dizimista se Deus cumprisse 5
(cinco) propósitos em sua vida, enquanto esses propósitos não fossem cumpridos,
Jacó não teria obrigação alguma de ser dizimista. Isso quer dizer que Jacó,
antes disso não era dizimista, e a bíblia também não relata se Jacó cumpriu o
voto, mas provavelmente cumpriu. Portanto se formos seguir o dízimo da era
patriarcal, ficaria muito fácil, dar o dízimo somente do que e quando
recuperarmos algo que não nos pertence de um ladrão, ou dar o dízimo somente
após Deus cumprir algumas promessas em nossas vidas.
A LEI DE MOISÉS
Com relação à lei de Moisés, se
observarmos como Deus deixou a lei sobre os dízimos em Deuteronómio
14:20/28, veremos que a lei era completamente direcionada para os judeus
que trabalhavam única e exclusivamente com agropecuária, e que o dízimo era
somente referente a alimentos e nunca em dinheiro. Naquela época já existia
dinheiro e (a) trabalhadores de outras
profissões como os (b) Artesãos; (c) Padeiros); (d)
Carpinteiros; (e) Cozinheiros; (f) Guardas; (g)
Pescadores; (h) Mestres de Obra; (i) Ourives (Aquele que trabalha em ouro); (j) Caçadores; (k)
Mercadores; (l) Músicos; (m) Alfaiates; (n)
Coletores de Impostos etc, que não pagavam dízimos. A
própria lei sobre o dízimo cita o dinheiro, e cita claramente os trabalhadores
do ramo da agropecuária. Pela lei os próprios dizimistas deveriam consumir o
dízimo durante dois anos seguidos, juntamente com suas famílias e, somente na
terceira colheita, ou terceiro ano, é que deveria ser entregue todo o dízimo
aos depósitos do Templo que deveriam ser destinados aos sacerdotes, levitas,
viúvas, órfãos e estrangeiros. Em nenhuma parte da bíblia é feito modificações
nessa lei. Em nenhum momento cita para levar dinheiro como pagamento dos
dízimos.
MALAQUIAS E OS QUE ROUBAM DE DEUS
Vemos nos textos de Malaquias uma
distorção bíblica praticada por muitos pastores, dizendo que se não dermos os
dízimos seremos amaldiçoados e que seremos considerados como ladrões, e que
ladrões não entram no reino dos céus. Concluindo, quem não der os dízimos não
irá para o céu, irá para o inferno.
Se lermos em Amós 4:4/13,
vemos as maldições que Deus preparava para o povo israelita. E
em Malaquias
3:5/12 vemos que Deus faz promessas de salvar o povo israelita, referente
às mesmas coisas citadas no livro de Amós. Vemos que tudo citado nesses livros
é completamente referente à agropecuária, e que Deus, através do profeta
Malaquias, cita que os sacerdotes estavam explorando os trabalhadores, roubado
das viúvas, dos órfãos e dos estrangeiros, porque assim como dizia a lei, os
dízimos da terceira colheita ou do terceiro ano, era para os sacerdotes,
viúvas, órfãos e estrangeiros; ficando claro assim que tudo o que Deus falava
era para os sacerdotes e não para o povo israelita. Quando Deus fala que abrirá
as janelas do céu, ele quer dizer que fará chover, pois, assim como vemos em Amós 4, faltava água
inclusive para beber, e quando Ele fala que não deixará que os gafanhotos
destruíssem as plantações, Ele estava dizendo de gafanhotos mesmo, assim como
está claro também em Amós.
JESUS OS DÍZIMOS E A LEI
Jesus era carpinteiro, assim como seu
“pai” era Mateus
13:55. Bom, como a carpintaria não está ligada à agropecuária, então Jesus,
claramente, não era dizimista. Portanto, não havia motivos para os fariseus e
mestres da lei o condenar por esse motivo, pois a lei de Moisés era clara para
eles.
Em Mateus 5:17/48
Jesus fala que não veio acabar com a lei e nem com os profetas. Mas ele acaba
fazendo mudanças drásticas na lei em Mateus 5:21/48; Mateus 12:7/8; Mateus 12:10/14
e João 8:1/11.
E em Mateus 23:23/28
onde Jesus está condenando o fingimento, ele fala única e exclusivamente para
os sacerdotes (mestres da lei e fariseus), que recebiam o dízimo e davam a
décima parte de tudo o que recebiam (veja que ainda se trata de alimentos,
inclusive na época de Jesus). E Jesus estava usando com eles a mesma maneira de
falar com que ele falou de toda a lei citada no parágrafo anterior.
A NOVA ALIANÇA FEITA ATRAVÉS DE JESUS CRISTO
Através de Cristo, nós os não-judeus, recebemos a salvação e o privilégio de recebermos os dons
do Espírito Santo. Vejamos que em II Coríntios 3:1/18,
Paulo cita a nova aliança que o Senhor fez com o seu povo. E
em Actos 15:1/29
a discussão de Paulo, Barnabé e Pedro com os fariseus e mestres da lei, deixa
claro que os não-judeus foram aceitos por Deus através da crucificação de Jesus
e do Espírito Santo através do batismo, e que não deveríamos cumprir nada da
lei nem nós não-judeus nem os próprios judeus.
Através das passagens de Efésios 2:11/22
e Colossenses
2:6/19 vemos que nós, os não-judeus, éramos excluídos das promessas, mas
através de Cristo fomos chamados a participar da nova aliança. Jesus acabou com
a lei, seus mandamentos e regulamentos. Agora somos um povo livre em Cristo.
TAXA DO TEMPLO OU MENSALIDADES, NÃO DÍZIMO
No tempo do antigo testamento e no novo
testamento, vemos que o que era recebido para realizar obras nos templos e nas
igrejas, eram as taxas e não os dízimos (Êxodo 30:13/16; Números 31:36/40
(0,2% da arrecadação); Êxodo 32:9/11,
esse sim era em dinheiro, meio siclo. E vemos essa taxa do templo sendo
reduzida para um terço de siclo (Neemias 10:32/33).
Isso nos mostra que a taxa do templo existia no antigo testamento e era um
valor fixo, e poderia ser alterado de acordo com as condições do povo na época
e conforme a necessidade da igreja. No novo testamento vemos também a taxa do
templo sendo aplicada (Mateus 17:24/27),
que era referente a dois dias de serviço de um trabalhador rural. Mas
aparentemente Jesus não foi muito a favor de pagar essa taxa não.
O SUSTENTO PASTORAL
O sustento pastoral é um direito dos
pastores assim como está claro em I Coríntios 9:1/27,
porém o próprio Paulo se recusou de usar desse artifício. Mas em momento algum
é citado que esse sustento pastoral seria através de mudanças da lei para fazer
com que o dízimo seja dado em dinheiro, como é praticado nos dias atuais. Em II Coríntios 9:6/8
vemos a prática da oferta sendo a principal arrecadação da igreja, e que essa
oferta seja conforme resolver o coração de cada um, não com tristeza e nem por
obrigação, mas sim com amor e alegria.
Será que todas as pessoas que dizimam
nas igrejas, dizimam com amor ou por obrigação, com
alegria ou com pesar?
Muitos pastores podem até dizer que a
grande maioria que dizima em sua igreja, dizima com amor e alegria. Pois bem,
então pode ser contada toda a verdade para essas pessoas e dizer que o dízimo
que está sendo praticado não coincide com o dízimo citado na bíblia, que
devemos verdadeiramente seguir o exemplo da oferta voluntária que está em II Coríntios 9:6/8
e se necessário cobrar uma mensalidade ou taxa do templo.
Se realmente as pessoas estiverem dando
com alegria e não por medo de serem amaldiçoadas e irem para o inferno, ou de
serem taxadas como ladrões, todas continuarão dando as suas ofertas
voluntariamente e contribuindo com a mensalidade ou taxa da igreja.
Mas será que realmente as pessoas estão
dando os seus dízimos com amor e alegria, ou será que estão sendo coagidas a
darem esses dízimos com distorção da palavra de Deus?
Mesmo os pastores que não pregam com
tanta firmeza e convicção sobre as “maldições” de não darem os dízimos, esses
também estão compactuando com essas atitudes, pois se omitem, e mesmo assim não
dizem a verdade, mas também não deixam de passar a sacolinha
informando as pessoas para depositarem os seus dízimos e ofertas. Sabem da
verdade, mas não a praticam.
Existem fieis que às vezes não tem
nada para comer e às vezes passam até necessidades e deixam seus filhos sem
alguns alimentos essenciais, e nem podem fazer uma reserva para no caso de uma
eventual emergência, para não deixarem de dar o dízimo, confiantes em uma
promessa que não se cumprirá, pois não é uma promessa fundamentada na bíblia,
na palavra de Deus, mas sim, fundamentada na mente e interpretações errôneas de
homens.
Quantos fiéis vemos hoje contraindo
dívidas, que preferem não honrar os seus compromissos financeiros, nos
empréstimos e nos cheques, a terem seus nomes cortados do livro da vida e serem
condenados ao inferno, por não dizimar nas igrejas, crendo que isso é verdade,
mas não é. Mas será que nos podemos admirar se seguem o exemplo das próprias
igrejas, quando estas não cumprem as tabelas salariais nos pagamentos aos seus
empregados, e outros compromissos financeiros?
Quantas pessoas vemos
hoje em dia que por não concordarem com as cobranças e declarações de maldições
exageradas sobre os dízimos (e elas estão certíssimas), não se entregam ao evangelho,
nem dão ouvidos para os que fazem evangelização, ou até mesmo ouvem, mas ao
virar as costas xingam e chamam todos de ladrões, generalizando todos os
cristãos.
Quantas seitas vemos abertas aí hoje em
dia, tanto em nosso país quanto em outros países, com um único objetivo,
arrecadar o máximo de dinheiro possível, e isso tudo se deve ao que? A essa mensagem descabida, sem fundamento bíblico que é
o dízimo praticado em diversas igrejas consideradas sérias, mas que não tomam
postura para regularizar essa situação. Pois com certeza, regularizando isso,
assumindo a verdade, muitos se converterão ao verdadeiro evangelho de Cristo, e
todas essas seitas que tem o intuito de ganhar dinheiro, fecharão as portas,
ficarão de pé somente aquelas igrejas ao qual quiserem realmente anunciar e
praticar o evangelho da verdade.
Qual será o receio dos pastores e
líderes cristãos da atualidade de mudar, e praticar somente as verdades
contidas na bíblia?
CONDENAÇÃO AOS PASTORES QUE ENGANAM E ROUBAM OS TRABALHADORES
A Bíblia, tanto no antigo testamento
quanto no novo testamento, tem profecias duríssimas contra os pastores que, por
causa do dinheiro, enganam, adulteram a palavra de Deus, e fazem com que fiéis
sem conhecimento real das escrituras sagradas, tragam todo o dinheiro que tem
disponível para dar à igreja. E a condenação para os pastores que praticam tal
ato ou omitem a verdade será o lago de fogo e enxofre.
Que não sejamos covardes para ignorar as
palavras de salvação contidas na bíblia e nem covardes ao ponto de cometermos
erros piores que alguns pastores cometem ao ponto de abandonarmos nossas
igrejas e irmãos, ao qual, que com muito esforço ajudamos a convertê-los.
Estejamos sempre alicerçados no amor de Cristo Jesus.
Que a paz do Senhor Jesus esteja com
todos.
(a) Já existia dinheiro
Génesis 23:14/18;
II Samuel 24:24;
II Reis 23:33/35;
Jeremias 32:9/11;
II Reis 22:4/7;
Marcos 11:15/17
(b)
Artesãos Êxodo
31:3/5; Êxodo
35:31/35; II
Reis 16:10
(c)
Padeiros Génesis
40:1/2; Jeremias
37:21; Oseias 7:4
(d)
Carpinteiros II
Samuel 5:11; II
Reis 12:11; II
Crónicas 24:12; Esdras
3:7; Isaías 44:13;
Mateus 13:55
(e)
Cozinheiros I
Samuel 8:13; I Samuel 9:23/27
(f)
Guardas II Reis 22:4;
II Reis 25:18; I Crónicas 15:23/24;
Jeremias 35:4
(g)
Pescadores Isaías
19:8; Jeremias
16:16; Ezequiel
47:10; Mateus
4:18; Mateus
13:48; Lucas 5:2
(h)
Mestres de Obra Rute
2:5/6; I Reis
5:16; II
Crónicas 2:2/18; Mateus
20:8
(i)
Ourives (Aquele que trabalha em ouro) Neemias 3:8; Neemias 3:31/32;
Isaías 40:19; Isaías 41:7; Jeremias 10:9
(j)
Caçadores Génesis
10:9; Génesis
25:27; Jeremias
16:16
(k)
Mercadores Génesis
23:16; Génesis
37:28; I Reis
10:15; Neemias
13:20; Mateus
13:45
(l)
Músicos I Reis 10:12;
I Crónicas 6:32;
I Crónicas 9:33;
II Crónicas 5:12
(m)
Alfaiates Êxodo 28:3;
Êxodo 35:25/26;
II Reis 23:7; Provérbios 31:19; Actos 9:39
(n)
Coletores de Impostos Daniel
11:20; Mateus
10:3; Lucas 5:27
Endrigo Rodrigues
Belo Horizonte – Brasil – Dezembro de
2006
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