“Tudo isto te darei se
prostrado me adorares” (CC)
(Clicar
nas referências sublinhadas para ter acesso aos textos)
1. Introdução
Ao ler o título deste artigo, certamente
que a maior parte dos nossos leitores já o identificou com Mateus 4:9. Sim, vamos
iniciar este estudo sobre as tentações de Satanás, a começar pela tentação de
Jesus no deserto, com a leitura de Mateus
4:08/09 a fim de integrar o versículo 9 no seu contexto.
Como vemos na Bíblia de Jerusalém: 8.
Tornou o diabo a
levá-lo, agora para um monte muito alto. E mostrou-lhe todos os reinos do mundo
com o seu esplendor. 9 e
disse-lhe: “Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares”, 10 Aí Jesus disse: “Vai-te
Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás
e só a ele prestarás culto.”
Também Lucas nos descreve este
acontecimento em Lucas
4:05/08 que podemos ler no capítulo inteiro, ou na Bíblia
de Jerusalém 5 O diabo, levando-o para mais alto, mostrou-lhe
num instante todos os reinos da terra 6 e disse-lhe: “Eu te
darei todo este poder com a glória destes reinos, porque ela me foi entregue eu
a dou a quem eu quiser. 7 Por isso, se te prostrares diante de mim, toda ela será tua.” 8
Replicou-lhe
Jesus: “Está escrito: Adorarás ao Senhor teu Deus, e só a ele prestarás
culto.”
Julgo
importante mencionar também Lucas 4:13
que na Jerusalém está: Tendo acabado toda a tentação, o diabo o deixou até o tempo oportuno.
2. Como é
Satanás
Temos
pouca informação sobre Satanás, pois não encontrei passagens didácticas sobre o
assunto. Mas há algumas poucas descrições onde Satanás aparece e muitas mais
que nos indicam a sua presença, embora sem citar o seu nome, que nos podem dar
alguma informação.
Logo
no início de Génesis, no jardim do Éden, na descrição da tentação de Eva e
Adão, não aparece qualquer referência a Satanás, mas não podemos deixar de o
relacionar com essa passagem. Embora em Génesis
3:01/06 só se fale em serpente, não podemos deixar de
pensar que um animal como a serpente não fosse simplesmente o símbolo ou o
instrumento doutro poder muito superior.
Mais
adiante no Velho Testamento, vemos em 1º Crónicas 21:1
que Satanás incita David a efectuar o recenseamento dos homens de Israel. Assim
foi David quem desagradou a Deus, e Satanás, como habitualmente, quase que
passa despercebido.
No
livro canónico de Job, que não sabemos se será um relato verídico ou um conto,
vemos em Job
01:06/12 que Satanás aparece com toda a naturalidade entre
os filhos de Deus, e fala com Deus. Parece que Deus procura informar-se pelos
seus filhos. Julgo que isto seja um simbolismo dos sofrimentos do povo e não um
acontecimento real, pois essa “imagem” de Deus colocaria em dúvida a sua
omnipresença e omnisciência. (a)
O
Novo Testamento confirma a existência dos demónios e de Satanás. Além da
passagem em estudo Mateus
4:08/09, há muitas outras que nos descrevem as expulsões de
demónios, mas não encontrei nenhuma descrição de Satanás. Assim, penso que
Satanás é um ser espiritual que pode apresentar-se em diferentes formas.
No
caso de Adão e Eva (no Velho Testamento), como não conheciam outros seres
humanos, o mais indicado seria a forma dum animal já conhecido por eles, e a
serpente foi a escolhida. Satanás escolhe sempre a forma mais indicada para os
seus objectivos.
A
tradição cristã apresenta várias imagens de Satanás, como um ser horroroso,
feroz, sanguinário… tudo fruto da imaginação popular e sem sólido fundamento
bíblico. Claro que tal imagem prejudicaria os seus objectivos. Penso que
Satanás geralmente se apresenta com a forma dum jovem ou uma jovem muito
simpática e amável, que vem para ajudar, ou fala através de pessoas em quem
depositamos toda a confiança, como veremos a seguir.
3. … para um monte muito alto… Mateus 4:08
…………..
No
contexto histórico em que Mateus ou Lucas escrevem, certamente que os seus
primeiros leitores não deixariam de interpretar como sendo um monte tão alto
que até daria para avistarem todos os reinos do mudo inteiro, pois desconheciam
a esfericidade da terra. Isto levanta algumas questões: Se isto não é possível
(mesmo que a terra fosse plana como imaginavam nesse contexto histórico), nada
mais poderiam ver a não ser uma mancha ao longe, como acontece a quem viaja de
avião. Será que Satanás lhe mostrou em visão e nada tem a ver com o monte?
Então, para que foram a um monte tão alto? O que significava a expressão “todos
os reinos da terra”? Será toda a palestina? Será todo o Império Romano?
Claro
que várias explicações são possíveis, inclusive a hipótese de se tratar duma
visão sem que Jesus deixasse o deserto onde estava. O seu estado de fraqueza
física, até poderia tornar mais credível a hipótese duma visão. Mas o que mais
nos interessa é que temos aqui importantes informações sobre Satanás e os
métodos que utiliza.
Embora
nada se diga do seu aspecto físico, ficamos com a sensação de que teria
adoptado forma humana, certamente o aspecto dum homem simpático, como sugerem
as suas simpáticas palavras. Satanás veio para “ajudar” e todas as suas
sugestões parecem bem viáveis. Quer a transformação das pedras em pão, quer o
salto do ponto mais alto do Templo, certamente que seria viável para quem
multiplicou os pães e peixes e andou sobre as águas. Menos provável seria a
adoração de Satanás, mas na verdade Satanás é o dono deste mundo (2ª
Coríntios 4:4 ou João 12:31)
e prometeu entregar tudo a Jesus. Assim seria de se prever um longo período de
paz e segurança a nível mundial.
4. Lucas 4:13 Tendo acabado toda a tentação, o diabo o deixou até o tempo oportuno.
Certamente
que muitos dos nossos leitores me perguntariam: Então… quando é que Satanás
atacou outra vez?
Pelo
que vemos nos evangelhos, Jesus efectua várias curas de enfermidades com
expulsão de demónios. Só se fala em demónios e não se trata de Satanás o
príncipe dos demónios. Mas quero mencionar uma ocasião em que, pela sua
importância e/ou pelas suas eventuais consequências,
julgo que não foi obra de qualquer demónio, mas do próprio Satanás, como
descrevem Mateus e Marcos.
Em
Mateus
16:13/23 vemos que Satanás escolhe as ocasiões em que
ninguém esperaria um ataque seu, servindo-se das pessoas mais dedicadas de quem
ninguém suspeitaria que fossem instrumentalizadas por Satanás.
Vejamos
o comentário de Jesus a respeito da resposta de Pedro em Mateus 16:17 como está
na Jerusalém: Jesus respondeu-lhe: “Bem-aventurado és tu,
Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne ou sangue que te revelaram isso,
e sim o meu Pai que está nos céus.
Nesta
passagem, Pedro acabara de fazer a grande afirmação teológica confirmando que
Jesus era o Messias que há tanto tempo esperavam. O próprio Cristo afirmou que
Pedro fora inspirado pelo Espírito Santo, pois Pedro foi o instrumento pelo
qual Deus falou segundo vemos pelo versículo 17. Pedro foi a primeira Cefas, que pode ser traduzida por rocha
ou pedra, com que a igreja começou a ser construída. Mateus 4:18,
Marcos
1:16,
Lucas
5:03/10 e João 1:42
Jesus
conhecia bem o seu apóstolo. Uma revelação dessas era completamente contrária
ao pensamento e aspirações de Pedro. Jesus não tem dúvidas de que essa não
podia ser uma afirmação do “Simão, filho de Jonas”, mas era certamente uma
revelação do próprio Pai.
Mas,
podemos perguntar: Será que “Simão, filho de Jonas” compreendera bem a sua
própria afirmação, ou aceitava a Jesus como o “messias” que há tanto tempo
esperavam, o “messias” da sua cultura veterotestamentária, o “messias senhor
dos exércitos” para combater os romanos e torna-los escravos dos judeus à semelhança
do que aconteceu com outros povos nas guerras de ocupação do território!?
Certamente
que Pedro estava disposto a dar a sua vida por esse “messias” morrendo em
combate com uma espada na mão, pois bem sabemos o que aconteceu mais tarde, em Lucas
22:31/34 como está na Jerusalém: 31
“Simão, Simão,
eis que Satanás pediu insistentemente para vos peneirar como trigo; 32 eu, porém, orei por ti, a fim de que a tua
fé não desfaleça. Quando, porém, te converteres, (b) confirma teus irmãos”. 33 Disse ele: “Senhor, estou pronto a ir contigo à prisão e à morte”. 34 Ele, porém, replicou:
“Pedro, eu te digo: o galo não cantará hoje sem que por três vezes tenhas
negado conhecer-me.”
Como
seria a confusão no pensamento de Pedro perante todas estas contradições? Ele
foi considerado bem-aventurado, mas Jesus disse seria preso e crucificado em
Jerusalém e que ele, Pedro, O iria negar por três vezes!!
Mas ele, Pedro, era bem-aventurado?!
Satanás
observa os vários apóstolos… e Pedro parecia o mais indicado. Tinha sido
elogiado, o que lhe dava mais coragem para intervir. Era o mais impulsivo para
tomar uma decisão rápida e era respeitado pelos outros.
Satanás
sabia que a crucificação de Jesus estava para breve e isso seria a redenção de
todo o ser humano que aceitasse a salvação. Portanto, tenta dissuadir Jesus de
se deixar crucificar.
Para
isso, Satanás teria de se servir de alguém, algum dos discípulos de Jesus e
Simão Pedro pareceu-lhe o mais indicado. Pedro era pescador profissional, dono
duma embarcação, homem habituado a observar e tomar decisões rápidas, pois numa
pequena embarcação, muitas vezes, disso dependia a sua vida e a dos seus
homens. No campo espiritual, Pedro continua o mesmo homem que decidia em nome
de todos, no momento oportuno. (c)
Esta
era a ocasião por que Satanás esperava. Pedro sentiu-se o escolhido para chamar
o Mestre à sua “realidade”, era o predestinado para a salvação de todo o grupo,
para evitar a derrocada final de todas as esperanças de Israel. A grande
preocupação de Pedro era a salvação do seu “messias”, o messias da sua cultura
veterotestamentária o “Senhor dos exércitos”.
Era
necessário agir com urgência. O que Jesus acabara de dizer seria o fim de todas
as esperanças de Israel…
Depois
disto tudo, depois de Pedro ter falado em nome de Deus e do próprio Cristo o
ter considerado bem-aventurado, entre tantos crentes … foi precisamente Pedro o
escolhido por Satanás para tentar afastar Jesus da sua missão de morrer na
cruz, como vimos em Mateus
16:21/22.
Jesus
reage, volta-se para Pedro… mas fala para Satanás e não propriamente para
Pedro. Mateus
16:23. Aqui aparece nitidamente o nome de Satanás, que se
serviu da dedicação de Pedro como seu instrumento para tentar afastar Cristo da
sua morte expiatória na cruz. Até o apóstolo Pedro, nessa ocasião foi
controlado por Satanás. Também Marcos 8:33
apresenta idêntica descrição.
5. Concílio
de Niceia
O
caso que apresentamos a seguir, já não é bíblico, mas resolvemos apresentar
dadas as suas consequências para o cristianismo em geral e pelas suas
semelhanças com a tentação de Jesus no alto do monte.
5.1 –
Contexto histórico do Concílio de Niceia.
O
Imperador Constantino já conseguira controlar praticamente todo o Império
Romano, embora houvesse certo descontentamento em Roma.
Encontrei
uma certa divergência na literatura que consultei sobre o assunto. Assim,
alguns livros religiosos costumam mencionar que Constantino teve um sonho ou
visão em que viu uma cruz e estava escrito “In Hoc Signo Vinces”
que significa “Com este símbolo vencerás”.
Será
que se trata dum acontecimento verídico? Ou duma interessante história para
crianças de qualquer escola dominical ou catequese? A Igreja Ortodoxa Grega
aceita isto como facto histórico e vai a ponto de considerar Constantino como
um santo.
Mas
há outra explicação do interesse de Constantino pelos cristãos que me parece
mais credível. Nessa época a antiga religião romana já estava arrefecida,
desacreditada e servia só para enfeitar os seus palácios com as estátuas dos
seus deuses, enquanto o cristianismo estava bem vivo e crescia apesar das
perseguições que sofrera. Então… deve ter pensado o Imperador Constantino, essa
seria a religião mais indicada para governar o Império Romano, se tivesse o
apoio dos cristãos e os pudesse controlar.
O
grande problema de Constantino, para que o cristianismo lhe pudesse ser útil,
era a sua desorganização. Havia inúmeras igrejas em todo o Império, por vezes
baseando a sua fé em diferentes textos, e as relações entre elas, nem sempre
eram as melhores. Nessa época só havia cânon do Velho Testamento que fora
organizado em Jâmnia, cerca do ano 90 ou 100, mas nada ficara estabelecido
quanto ao Novo Testamento. Assim cada igreja utilizava qualquer evangelho entre
as dezenas que nessa época estavam em vigor, segundo informam alguns
historiadores e Lucas também se refere a esse problema do seu tempo. Lucas 1:1
Constantino
confiava mais nos cristãos que nas religiões tradicionais de Roma. Os cristãos
eram já muito numerosos, principalmente no Oriente, pelo que Constantino mudou
a capital do Império de Roma para Bizâncio a que deu o nome de Constantinopla
(actual Istambul). Constantinopla estava numa posição mais estratégica, entre a
Europa e o Oriente, e segundo alguns historiadores, por se sentir mais seguro
do que em Roma, onde o ambiente não lhe era muito favorável, pois muitos
senadores não se conformavam com o apoio aos cristãos, com prejuízo para a
antiga religião de Roma.
5.2- Contexto
teológico do Concílio de Niceia
O
Império Romano tinha os seus deuses tradicionais, mas havia liberdade de
religião para os deuses dos países conquistados que foram gradualmente aceites
e “oficializados” em todo o Império. No ano 313 foi promulgado o Édito de Milão
que considerou o cristianismo como mais uma das religiões do Império Romano,
pelo que os cristãos passaram a beneficiar de liberdade e até, se necessário,
de protecção das Autoridades Romanas, bem como o direito de exercer cargos
públicos.
No
ano 325, quando se realizou o Concílio de Niceia, com a participação de cerca
de 300 representantes de varias igrejas, o Imperador Constantino reinava em
todo o Império Romano.
O
principal objectivo de Constantino era pacificar o seu Império inclusive no aspecto
religioso, o que na sua cultura seria organizar uma igreja uniformizada,
hierarquizada, com um chefe com quem pudesse “dialogar” e que estivesse às suas
ordens. Ele necessitava duma religião autoritária, rígida, apoiada pelo seu
exército, para a impor aos novos povos anexados ao Império Romano. Foi com esse
objectivo que decidiu convocar um Concílio das igrejas cristãs. (d)
Isto
faz-nos lembrar o título que demos a este artigo, as palavras de Satanás quando
tentou Jesus no deserto. “Tudo isto te
darei se prostrado me adorares”
Logo
de início, os representantes das várias igrejas foram convidados a participar
do Concílio que se realizou no palácio do Imperador na cidade de Niceia. Muitos
dos que, há poucos anos, viviam escondidos nas catacumbas, foram para o palácio
imperial.
Numa
época em que não havia transportes públicos, eles viajaram nas carruagens
destinadas aos altos funcionários do Império Romano que circulavam pelas vias
romanas onde havia estações onde os cavalos cansados da viagem eram trocados
por outros prontos a continuar.
Os
cultos cristãos familiares, do primitivo cristianismo, que se realizavam na
clandestinidade, passaram a realizar-se nos grandes templos das religiões
tradicionais de Roma, confiscados por Constantino para os entregar à nova
religião do Império Romano, o Cristianismo.
Mas
sempre houve pequenos grupos de cristãos que mantiveram os seus cultos
clandestinos, para quem a vida pouco mudou a não ser que deixaram de ser perseguidos
pelos pagãos e passaram a ser perseguidos pelos “cristãos” da igreja oficial.
6. E nos
nossos dias?
Podemos
certamente perguntar: E nos nossos dias? Satanás já desistiu de atacar a
Igreja?
Penso
que Satanás continua activo como sempre. Até os seus métodos pouco mudaram.
Ele
virá sempre na forma duma pessoa muito simpática a amável, utilizando todos os
métodos de persuasão e todos os argumentos da psicologia, da economia e da
propaganda comercial. Virá com propostas irrecusáveis de ajuda económica e
apoio às igrejas, por vezes através dum alto dirigente religioso ou político,
de pessoa de grande autoridade e credibilidade ou da pressão psicológica da
própria organização.
Os
seus principais alvos, como quase sempre, serão os religiosos: padres, pastores, missionários, dirigentes das igrejas e crentes
em geral.
Os
seus argumentos, não mudaram muito:
Se
a tua igreja tem pouca gente, tens de tornar a pregação mais aceitável e
prometer aquilo que a assistência quer ouvir. Promete saúde, dinheiro, poder
secular, alegria, felicidade, tudo aquilo que o povo procura. Sempre foi assim,
desde o tempo de Jesus.
Se
tens dificuldades económicas, na verdade a mensagem do Evangelho e a ideia do
sacerdócio universal não defende devidamente os privilégios dos dirigentes
religiosos. Terás de colocar em vigor as leis do Velho Testamento, com todos os
privilégios dos levitas e em especial a obrigatoriedade do dízimo. (e)
Certamente
que Satanás virá com propostas para dinamizar as igrejas, conseguir dinheiro
para construção de novas instalações etc.
Tem
sido assim através dos tempos… a poderosa “igreja das cruzadas” com os seus
exércitos, as “igrejas oficiais” com todos os seus privilégios que perseguiram
outras religiões e até outras igrejas cristãs.
Satanás
geralmente cumpre o que promete, mas haverá certamente um pesado custo que não
esperas.
Todos
os teu problemas e necessidades serão resolvidas… tudo te darei… Mas a que preço?! Poderá continuar a chamar-se
igreja cristã.. mas duvido
que Cristo continue presente. Mas Ele continuará onde dois ou três se reunirem
em seu nome, féis aos seus ensinos e seus ideais.
Estejam
atentos que ele virá, ou já veio, aos crentes e igrejas dos nossos dias.
Geralmente
os altos dirigentes das igrejas costumam abençoar os crentes, mas lembro-me bem
das primeiras palavras do actual Papa Francisco quando foi eleito, quando
surpreendeu todos pedindo que rezassem por ele, pois bem sabia a quem iria
enfrentar.
Camilo – Marinha Grande - Portugal
Setembro
de 2017
(a) Há quem mencione
Isaías
14:04/20 como uma referência a
Satanás, mas examinando o contexto destes versículos se verifica que Isaías se
refere ao Rei da Babilónia que dominava em Israel.
Também
costuma ser mencionado Ezequiel
28:12/17, que é de difícil interpretação, mas o versículo 12
afirma que se refere ao Rei de Tiro. De qualquer maneira, trata-se de linguagem
simbólica em que não é correcto basear qualquer doutrina.
No
Novo Testamento há várias referências a Satanás: João 12:31, 2ª
Coríntios 4:4, Efésios 2:2, Hebreus 2:14 que nos dão alguma informação, mas são
somente referências a Satanás e não há nenhuma passagem didáctica sobre
Satanás.
(b) Esta expressão “ .. quando,
porem, te converteres...” pode levar-nos a pensar que Pedro não
estivesse convertido. Numa tradução do grego palavra por palavra seria “… quando tiveres
voltado fortalece os irmãos… ” A TEB completa, traduz como “E tu, quando
tiveres voltado, confirma os teus irmãos.” E tem uma chamada
afirmando que: Estas palavras podem ser compreendidas
de diversos modos. Quando tiveres voltado
a Deus (Daí a tradução “convertido”
que se encontra às vezes); Quando tiveres
voltado a Jerusalém após a dispersão dos discípulos; Quando te tiveres reerguido; Quando
tiveres reconduzido os teus irmãos; ou mesmo, supondo uma expressão
semítica: Tu,
recomeça a confirmar os teus irmãos. Segundo Lucas 24:34
e Paulo em 1ª
Coríntios 15:5, Pedro foi o primeiro a quem apareceu
Jesus ressuscitado. A fé de Pedro desempenha aqui, como em Mateus
16:15/19, um papel decisivo para a formação da comunidade
primitiva.
(c) Sobre as características de Simão, filho
de João, como homem, aconselho e ler o meu artigo Pedro (Simão) (CC)
e a opinião do próprio Pedro em 1ª
Pedro 2:04/10
(d) Como consta da introdução ao 2º Volume
da Bíblia do Prof. Frederico Lourenço – Constantino,
o primeiro Imperador cristão, quis uma Igreja de pensamento uniforme e
incentivou, por isso, a supressão não só de heresias como dos textos que as
veiculavam. Do Concílio de Niceia, a que Constantino presidiu em 325, saiu a
determinação oficial de que quem estava na posse de escritos heréticos devia
entrega-los para serem queimados; quem o não fizesse, sujeitava-se à pena de
morte.
Alguns
desses textos chegaram aos nossos dias e são mencionados no livro “Evangelhos
Apócrifos” de Luigi Moraldi traduzido pela Paulus.
(e) Sobre a obrigatoriedade do dízimo no
Novo Testamento, procure a palavra “dízimo” na secção Temas polémicos
nesta nossa página.
Literatura consultada:
Bíblia
de Jerusalém, Bíblia TEB (completa), Bíblia de Frederico Lourenço, Bíblia de F.
Almeida, Bíblia BPT.
Dicionário
de Teologia – Bauer
Enciclopédia
Histórico-Teológica da Igreja Cristã
Evangelhos
Apócrifos de Luigi Moraldi.
Comentários
de John Broardus
Comentários
de Fritz Rienecker
Comentários
de J. C. Ryle
Comentários recebidos
David de
Oliveira – Goiânia - Brasil
Setembro
de 2017
Todos nós cometemos peripécias, não é verdade?
Mas pelo teu artigo vimos que não somente nós, seres
(animais) humanos, mas outros seres de outras esferas muito mais elevadas, não
deveria, mas também têm potencial para cometem os mesmos erros nossos e até
piores. Não somente Satanás, como representante angelical e protagonista de teu
artigo, mas anjos comuns cometeram fornicações ainda maiores que as nossas,
pois, coabitaram com espécies diferentes das deles Deuteronómio 3:11 (1 côvado =
45 cm) e como consequência, produziram as
maldades da hibridização homens/anjos para habitar o planeta, o
que era obviamente proibido Judas 1:6. Será
que lá no céu ou paraíso não vivem anjos (femininos?) para
saciar ou abrandar o apetite sexual dos anjos (machos?), ou será que os anjos
“não se casam (copulam, acasalam), e não se dão em casamento” mesmo? Marcos 12:25, Mateus 22:30, Géneses
6:4/5. Talvez as nossas fêmeas sejam mais bonitas e atrativas que as deles, o que fez com que pulassem a cerca
cósmica... Judas 1:6.
O primeiro pecado de rebelião, uma das iniquidades mais
abomináveis da Bíblia, 1º Samuel
15:23, não foi cometido aqui na terra; também não foi somente por Satanás não,
mas por mais de 30% da população celestial. Apocalipse 12:4 Logicamente
ainda não existia rebeliões e se não existia esse pecado não se conhecia esse
erro para transgredi-lo, apesar disso, a consequência foi desastrosa 2ª Pedro
2:4/5, Isaías 14:13/32, para
quem não sabia o que estava fazendo, ou será que Deus já sabia dessas
consequências futuras e havia alertado para esse erro/anormalidade de suas
criaturas? Será que isso não esbarra na omnisciência e presciência
divina (como dogmas), mas não na sua soberania de fato? Será que não há um
jeito de Deus optar por não ter acesso ou não querer saber do futuro? Se Ele
não tem opções de “não saber” o futuro, para Ele não existe futuro e isso
limitaria a Sua soberania/absolutismo e O coloca na cadeira dos réus por
omissão, segundo entendimento humano. Enfim, Satanás foi o “grande erro” de
Deus?
O Novo Testamento afirma em 1ª Coríntios 15:22 que foi
Adão, o primeiro ser humano criado por Deus, a pecar e por isso, nós, pobres
descendentes que não tivemos nada com aquilo estamos a sofrer desde aquele
episódio (serpente/Satanás). Jesus, que também não teve nada a ver, levou o ônus para nos livrar da condenação de desobediência sem
desobedecermos Romanos
5:12/14. Juridicamente falando, temos álibis perfeitos. Depois veio aquele crime
surreal de assassinato em que o primeiro filho gerado do primeiro homem criado,
mata, sem saber o que era “matar” Romanos 5:13.
O que eu quero dizer com tudo isso? É que o céu não
está tão longe de nós como sempre supúnhamos e que pecado e consequência dele
não têm muita diferença nos dois ambientes.