Que fazer com o Velho Testamento? (CC)

Lei ou Graça

(Clicar nas referências sublinhadas para ter acesso aos textos)

 

 

1 – Introdução

 

Se não quer ser questionado nas suas convicções, é melhor não continuar a leitura deste artigo, em que serão abordados assuntos tabu, dogmas evangélicos e “verdades adquiridas” pelo vulgar crente das igrejas.

Aos que foram meus Pastores ou Professores de Seminário, quero pedir que não vejam neste artigo (como já me disse, em relação a outro artigo, um respeitável Professor, por quem tenho todo o respeito e consideração), “uma forma de intolerância religiosa, e isso num livro para nós sagrado…. Peço que compreendam que a investigação teológica não pode ser influenciada, nem limitada, ou de qualquer forma condicionada por qualquer tipo de lealdade para com algum antigo professor ou escola teológica, numa página de internet onde há “espaço” para todas as opiniões.

De maneira alguma culpo os Pastores ou Professores de Seminário desta… não direi falta de liberdade de reflexão, mas dum certo condicionamento à reflexão do crente, pois afinal, eles são os que menos liberdade têm para raciocinar livremente, devido à lealdade para com a Igreja onde estão inseridos e às pressões económicas, pois a grande maioria só tem essa profissão de Pastor. Assim, estou consciente de que a reflexão sobre tão importante assunto terá de ser incentivada por nós, os leigos.

A posição do cristão perante o Velho Testamento já foi um dos temas de reflexão, do primitivo cristianismo e da idade média, que mais polémica levantou, mas o Concílio de Trento (1545/1563) declarou a inspiração de toda Bíblia como dogma, e a reflexão sobre o assunto acabou. Esse foi um dogma que protestantes e evangélicos “herdaram” do Catolicismo Romano.

Sendo este um dos principais pontos da teologia, a base de toda a reflexão cristã, é muito raro estar em discussão, pois funciona como dogma, mesmo que esse termo não conste da teologia reformada. Em muitos Seminários de teologia, os alunos são admitidos com a apresentação dum documento comprovando que são membros duma igreja, ficando assim este assunto ultrapassado, pois à partida todos os seminaristas, membros duma igreja protestante ou evangélica, indirectamente declaram aceitar a igual inspiração de toda a Bíblia e assim, toda a reflexão teológica é efectuada a partir desse pressuposto.

Com este artigo, tencionamos levantar a questão que é o seu próprio título. Desenvolvemos o assunto até onde nos foi possível, com a limitada preparação que temos, apresentamos várias perguntas e possíveis respostas, colocando o “espaço” da nossa página à disposição de pessoas mais competentes que queiram desenvolver este assunto.

 

Nos meus primeiros tempos de crente, ouvia os mais espirituais, falar no tal fio condutor ligando o Génesis ao Apocalipse, e como eu também queria ser “espiritual” confesso que também afirmei que via o tal fio condutor, símbolo da unidade de toda a Bíblia.

Agora, depois de 55 anos de crente, já desisti de ser “espiritual”. Que Deus me perdoe pela hipocrisia dos meus primeiros anos de crente, que me levou a colocar os ensinos do próprio Filho de Deus ao mesmo nível dos ensinos dos antigos profetas do Velho Testamento e de alguma vez ter afirmado que não via diferença entre o Deus Pai, que Cristo nos revelou e o deus de Moisés.

 

 

2 - Várias tendências da hermenêutica através dos tempos

 

2.1 - Antiguidade

 

A hermenêutica bíblica tem acompanhado a reflexão sobre os textos desde o primitivo cristianismo.

A Escola de Alexandria, na qual se destacaram Clemente de Alexandria 150/215, e Orígenes 185/253, procurava ver nos textos, uma simples representação de algo mais elevado, só revelado pela alegorese. (Os seus adversários acusavam deste tipo de exegese ser mera arbitrariedade).

Pelo contrário a Escola de Antioquia, na qual se destacaram Deodoro de Tarso 390, Teodoro de Mopsuestia 429 e João Crisóstomo 407, valorizava o sentido literal do texto, a busca da intenção do autor e a compreensão dos ouvintes no seu contexto histórico e cultural.

 

2.2 - Idade Média

 

Na idade média a hermenêutica era predominantemente alegórica, embora com um certo compromisso com a interpretação dos Pais da Igreja. A Igreja Católica (a) era um Império que dominava reis e nações. D. Afonso Henriques, primeiro Rei de Portugal, declarou-se a si próprio como vassalo do Papa, estando assim a coberto dos ataques de outros reis, que nunca ousariam tocar num vassalo do Papa, a maior super-potência da época.

Com afirma Martorelli Dantas de Silva, a ideologia desse Império era a sua própria teologia. Claro que, como sempre tem acontecido através dos tempos, a teologia foi influenciada pelos interesses das igrejas e seus dirigentes. A grande preocupação foi demonstrar a centralidade de Cristo e o Papa como seu único legítimo representante, pois assim todo o mundo cristão estaria sob domínio papal.

Tomás de Aquino (1225/1274) falava na interpretação das Escrituras através da hermenêutica, e fazia distinção entre o sentido literal e o sentido espiritual, podendo este último ser alegórico, moral ou anagógico (aquilo que será a realidade na glória eterna). Mas ele defendia que os argumentos teológicos só podem ser tirados do sentido literal.

 

2.3 - Época da Reforma

 

Lutero libertou a Bíblia da interpretação da “igreja docente”, bem como da tradição, colocando-a nas mãos dos leigos.

Lutero (1483/1546) podemos dizer que foi praticamente contemporâneo de Vasco da Gama (1469/1524) e de Fernão de Magalhães (1480/1521), mas viveram em ambientes culturais bem diferentes.

Certamente que Vasco da Gama já sabia da esfericidade da terra que Fernão de Magalhães demonstrou com a primeira viagem de circum-navegação, mas estes conhecimentos ainda estavam, nessa época, limitados a uma pequena minoria.

A cosmovisão da grande maioria da população, inclusive dos teólogos e certamente de Lutero, era ainda a antiga cosmovisão cosmogónica da antiguidade, que considerava a terra como o centro do universo, flutuando sobre as águas do oceano inferior, tendo por cima outro oceano cujas águas eram retidas por uma espécie de barragem com comportas ou janelas, que se abriam quando chovia Génesis 7:11. Assim, Lutero não teve os problemas dos teólogos dos nossos dias, em conciliar a descrição da criação do mundo com as descobertas da ciência.

Mas Lutero, que deu toda a ênfase à Bíblia, é natural que tivesse de enfrentar o problema das passagens mais escandalosas do Velho Testamento.

Segundo opinião de Antonius Gunneweg, inicialmente Lutero estava convencido da legitimidade e necessidade da alegorese…. Ele faz distinção entre passagens de maior e menor autoridade, entre a palavra de Deus que valia apenas para outras pessoas do passado e a palavra que atinge existencialmente hoje.

Para Lutero, a distinção mais importante é a que diferencia entre o Evangelho como mensagem oral e a Escritura, que tem apenas função servidora, não sendo, porém, ela mesma a palavra da salvação, o evangelho salvífico.

Lutero teve a coragem de examinar o Novo Testamento com espírito crítico, e tinha dúvidas sobre as epístolas de Judas, II Pedro, Hebreus, Apocalipse, e a epístola de Tiago a que chamou de “epístola de palha”, mas os luteranos, desde o século XVII aceitaram o cânon tradicional.

Penso que há uma explicação para esta reacção de Lutero, pois essas epístolas foram escritas para a “igreja dos judeus”, a que nos iremos referir mais adiante, e não para a “igreja dos gentios”, com que Lutero se identificava. Quanto ao Apocalipse, aconselho a leitura do meu artigo Apocalipse de João e o cânon neotestamentário (CC)

Lutero é por vezes acusado de relativizar certas passagens veterotestamentárias, o que não é de admirar, pois se ele tinha dúvidas sobre alguns livros neotestamentários, é natural que mais dúvidas tivesse sobre o Velho Testamento.

Duma maneira geral, a distinção entre a Lei e o Evangelho é a chave hermenêutica de Lutero para a compreensão da Bíblia, nomeadamente do Velho Testamento.

 

Calvino (1509/1564) fez um uso mais desenvolvido do método histórico e gramatical. Ele era um versado nos escritos dos Pais da Igreja, na filosofia grega, um entendido nas línguas originais da Bíblia e longe de se isolar das outras ciências do seu tempo, manteve sempre um diálogo com os grandes pensadores da sua época, coisa que geralmente falta aos teólogos dos nossos dias. Ainda hoje, Calvino continua a ser o padrão do pensamento da Reforma Protestante. Ele escreveu comentários sobre todos os livros do Novo Testamento, excepto II e III de João e Apocalipse.

Calvino combateu as abundantes alegorias do catolicismo para provar as suas doutrinas, buscando o real sentido das Escrituras, denunciando tais interpretações como imaginação do teólogo e não revelação divina. Segundo Calvino, era necessário deixar o texto falar por si só, sem impor o significado desejado pelo intérprete.

Segundo Calvino, cada texto tem um, e somente um sentido que lhe quis dar o autor humano, sentido que deve ser procurado no contexto da passagem. Mas Calvino não era “literalista” intransigente, pois aceitava que há passagens figurativas e outras simbólicas que podem ser percebidas mesmo por crentes com pouca cultura. Ele defendeu uma interpretação equilibrada, evitando dar a passagens do Velho Testamento, simbolismos que não estavam no pensamento do autor de tais passagens.

Calvino aceitava a Lei e o Evangelho como dois aspectos da vontade de Deus.

 

 

3 - O Velho Testamento através dos tempos

 

A posição da grande maioria dos cristãos, quer sejam católicos, ortodoxos, protestantes ou evangélicos (a), sobre o Velho Testamento (ou Antigo Testamento como é a expressão preferida pelos que defendem a sua validade nos nossos dias), como dissemos, já foi tema de acalorados debates no primitivo cristianismo e até na idade média. Todos conhecem o grande problema do Concílio de Jerusalém no capítulo 15 de Actos.

Ireneu 130/202, que nasceu na Província Romana da Ásia, onde é hoje a Turquia, (provavelmente em Esmirna), na sua polémica com os gnósticos, defendia a unidade do Velho e Novo Testamento, afirmando que é o mesmo Deus que agiu em várias épocas. Mas o simples facto desta informação ter chegado aos nossos dias, através dos que defendem a mesma posição teológica, mostra que a aceitação do Velho Testamento não era assunto pacífico no primitivo cristianismo.

Em 1534, Heinrich Bullinger, em Zurique escreve o livro “Sobre o testamento ou a aliança única e eterna de Deus” e também Caspar Olevian e Coccejus defendem a união do Velho Testamento com o Novo Testamento, segundo nos informa Antonius Gunneweg (Ver bibliografia no fim deste artigo).

No entanto, a tal questão da inspiração de toda a Bíblia, do Génesis ao Apocalipse, que foi declarada como dogma pelo Concílio de Trento, é uma afirmação da teologia, nem sequer estamos perante uma afirmação bíblica, e seria de esperar que, pelo menos no meio protestante, tal afirmação fosse colocada à discussão dos crentes, em vez de ser considerada como afirmação tabu, que deve ser aceite sem questionar. Será que o protestantismo também herdou o antigo dogma do Concílio de Trento, visto que quase todas as igrejas cristãs defendem que o Velho Testamento é texto inspirado e está em pé de igualdade com o Novo Testamento? Ou será que aceitam que haja textos mais inspirados ou menos inspirados?

 

Certamente que a hermenêutica é uma ferramenta imprescindível para todo o teólogo. Mas, qual hermenêutica? Haverá alguma “chave hermenêutica” apropriada para o Velho Testamento?

O caso de Galileu, no século XVII, ficou como um exemplo de intransigência religiosa e da perniciosa influência da Bíblia no desenvolvimento das ciências. Aliás, a Universidade de Coimbra, a nossa mais antiga Universidade que funciona desde 1308 ainda mantém, devido ao seu valor histórico, a capela privativa do reitor da Universidade, que nessa época seria certamente um sacerdote, para fiscalizar o que ensinavam as outras ciências.

Desde a época das grandes navegações de portugueses e espanhóis, depois desses “ignorantes da Bíblia” terem cometido o sacrilégio de chegar à Índia, que fica a Oriente, navegando para ocidente, o prestígio da Bíblia foi abalado. Hoje em dia, já ninguém duvida da esfericidade da terra, além de muitos outros conhecimentos científicos e históricos terem tornado certas informações da Bíblia inaceitáveis para o homem de cultura média.

A Igreja Católica – segue o pensamento de Santo Agostinho: E assim, como tudo quanto afirmam os autores inspirados ou hagiógrafos deve ser tido como afirmado pelo Espírito Santo, por isso mesmo se deve acreditar que os livros da Escritura ensinam com certeza, fielmente e sem erro, a verdade que Deus, para nossa salvação, quis que fosse consignada nas sagradas Letras. Esta declaração de Santo Agostinho, que como já dissemos, foi incluída no Concílio de Trento, foi posteriormente reafirmada no Concílio Vaticano II na Constituição dogmática sobre a revelação divina em 18/Novembro/1965 com 2350 votos favoráveis e 6 votos contra. 

A AEP (Aliança Evangélica Portuguesa), principal órgão coordenador das igrejas evangélicas em Portugal, afirma no ponto 5 da sua declaração de Fé: Cremos na inspiração divina e total das Escrituras Sagradas, na Sua suprema autoridade como única e suficiente regra em matéria de fé e de conduta e que não existe qualquer erro ou engano em tudo o que ela declara.

Eu estou mais próximo da declaração da Igreja Católica Romana, que aceita a inspiração como a verdade que Deus consignou para nossa salvação, o que de certa maneira limita a inspiração ao contexto da teologia.

Já a declaração da AEP de que não existe qualquer esse ou engano em tudo o que ela declara, sugere que a Bíblia será infalível em todos os outros aspectos. Voltaremos a este assunto no ponto 6.4 deste artigo.

 

 

4 - Alguns factos históricos

 

O Velho Testamento, é o legado do judaísmo em que “nasceu” o Novo Testamento.

Jesus era judeu, os textos veterotestamentários, eram os textos religiosos que havia no seu tempo, e a eles se referiu diversas vezes. Alguns evangelistas tiveram a preocupação de demonstrar que Jesus Cristo veio em cumprimento das antigas profecias.

Realmente não há dúvidas de que Jesus veio e apresentou o cristianismo aos judeus, no contexto cultural veterotestamentário. Assim, parece que Ele homologou o Velho Testamento nas muitas referências que fez a passagens veterotestamentárias.

 

Mas um estudo mais aprofundado, nos revela factos não podemos ignorar:

 

4.1 É verdade que Jesus faz várias referências ao Velho Testamento, mas nem sempre é para homologar o que foi dito aos antigos. Apesar dessas referências, Jesus não falava como teólogo conhecedor das Escrituras mas como quem está acima das Escrituras. Assim, nem sempre se preocupou com o Velho Testamento e muitas vezes o Mestre até entra em ruptura com o que foi dito os antigos, como é o caso de Mateus 5:21/48, a ponto de corrigir o Velho Testamento. Jesus Cristo falou como quem tem autoridade para emendar o Velho Testamento. Compare também Levítico 11(todo o capítulo) com Marcos 7:14/23.

Parece que não foi fácil ao primitivo cristianismo libertar-se da secular tradição do Velho Testamento, e o livro de Actos menciona alguns dos problemas teológicos da nova religião.

 

4.2 Embora os Seminários de Teologia tentem passar a ideia de que o Velho Testamento é a colecção de livros compilados gradualmente, durante cerca de mil anos, através dos quais vários autores procuraram expressar a sua fé em Deus, testemunhar o modo como esse Deus agiu, falou e se manifestou nas suas vidas e na do povo de Israel, parece que tais factos são insuficientes para que se possam considerar tais textos como inspirados e não apenas como importantes registos da cultura dum povo.

Bem sei que muitos me irão citar Timóteo 3:16, mas ao aceitar este argumento, teriam de o aplicar a todas as escrituras religiosas da época de Timóteo, antes do cânon veterotestamentário ter sido organizado, aceitando também os textos deuterocanónicos e os apócrifos do Velho Testamento. Até grande parte do Novo Testamento ainda não tinha sido escrita

Veja os meus artigos A Bíblia é a Palavra de Deus? (CC) e David ou Davi (CC). Claro que o Velho Testamento é uma respeitável colecção de textos milenares, mas nalguns casos trata-se de importantes registos que têm de ser ponderados com o frio e lúcido raciocínio do historiador, e não com a mentalidade do vulgar religioso que parte do pressuposto de que está perante um texto inerrante. Esses textos veterotestamentários representam o registo duma visão parcial, a interpretação dos judeus dessa época, e não podemos esperar que seja um registo imparcial dum sério jornalista dos nossos dias. Noutros casos, trata-se dum registo do que interessava às autoridades religiosas ou políticas, que fosse o pensamento do povo israelita como aconteceu no caso de David, com os registos elaborados no reinado de seu filho Salomão.

 

4.3 Tentei investigar, dentro das minhas possibilidades, a informação histórica dos que não aceitaram o Velho Testamento como inspirado por Deus e só encontro informação dos que defenderam o Velho Testamento como palavra de Deus inspirada e normativa para os nossos dias.

Penso que o simples facto deles terem escrito sobre a inspiração do Velho Testamento, mostra que tal assunto foi debatido na Igreja através dos tempos.

O teólogo mais conhecido que rejeitou o Velho Testamento foi Marcião e há informação de que levou uma vida imoral e muitos o consideram primogénito de Satanás.

Isto deixa-me intrigado. Será que a vida que ele levava é importante para compreender as suas ideias? Será que todos os seus inimigos levavam uma vida exemplar? Porque todos os seus seguidores foram perseguidos? Porque foram destruídos os seus escritos? Assim, só chegaram aos nossos dias, informações pouco credíveis que vieram através dos seus inimigos.

Quando, por exemplo, falam de Calvino, costumam citar somente as sua ideias e não tenho ouvido mencionar os casos de Michael Servetus (b) ou de Castéllio (c) que Calvino mandou matar na fogueira devido a divergências teológicas. Também no caso de Lutero, não é habitual citar o caso dos anabatistas que Lutero “combateu”.

 

4.4 Os vários autores que abordam o assunto, referem-se ao Velho Testamento, dando a entender que se referem a um livro ou uma parte da Bíblia, como hoje aceitamos. Mas quando Jesus se referia, às “Escrituras”, não se referia bem ao mesmo Velho Testamento que temos nas nossas bíblias, pois o cânon veterotestamentário só foi organizado na cidade de Jâmnia em duas reuniões de rabinos judaicos no ano 90 e no ano 118 depois de Cristo. Nessas reuniões, foram excluídos livros (rolos de pergaminho ou cabedal) que até essa data eram considerados Escritura Sagrada pelos judeus. (d)

Alguns livros das “Escrituras” desse contexto histórico foram escolhidos para formar esse cânon e outros rejeitados, numa época em que não havia a garantia de liberdade de pensamento nem de expressão. Ao aceitar o cânon do Velho Testamento, não estaremos a aceitar a infalibilidade desses sacerdotes? Que garantia podemos ter, de que não tivessem escolhido os “livros” que mais interessavam aos seus próprios interesses, como as autoridades religiosas quase sempre têm feito através dos tempos? 

Será que há cópias desses textos que foram rejeitados, que tenham chegado aos nossos dias? Já houve algum estudo imparcial de comparação dos textos considerados canónicos, com os que foram rejeitados? Não me refiro aos deuterocanónicos mas aos que foram simplesmente rejeitados em Jâmnia. (d) 

 

4.5 A grande diferença entre o Velho e o Novo Testamento, é que o Velho Testamento apresenta uma religião tribal, com um deus primitivo, muito mais parecido com o vulgar deus da tribo ou da cidade. Eram deuses regionais que combatiam a favor do seu povo, contra todos os outros povos, estavam limitados a um povo, um local, uma cultura, enquanto o Novo Testamento apresenta uma religião universal, que se destina a todos e não está limitada a nenhum povo, nenhum local, nenhuma cultura. Já não é a revelação do deus dum povo, mas do Deus de toda a humanidade, que Jesus ensinou a tratar por Pai.

 

4.6 A tradução de algumas placas de barro da civilização da Babilónia, que a arqueologia conseguiu recuperar, revelam descrições muito semelhantes às do livro de Génesis quanto à criação do mundo e ao dilúvio, em que se referem à arca e aos 40 dias.

Mas também o Mahabharata da religião hindu, contém descrições da criação do mundo e do dilúvio, com semelhanças que nos levam a pensar que as informações tenham sido copiadas dumas religiões para outras. (e) Penso que faz sentido pensar que as religiões mais recentes tenham copiado essa informação das religiões mais antigas.

Não sei há quantos anos começou a religião da Babilónia, mas Abraão nasceu na cidade de Ur, na Caldeia, cidade perto da Babilónia que era a capital. Ele nasceu, cresceu e estudou na Caldeia de onde deve ter levado essa informação.

O hinduísmo é geralmente considerada a religião mais antiga, não sendo possível definir quando começou (f). Há informação desses povos do ano 6000 AC, mas será que se pode considerar como o início do hinduísmo? Ou deveremos considerar outra data, mais recente, quando esses livros foram escritos? Alguns sugerem uma época entre os anos 2100 AC e 1500 AC.

Mas, também se coloca a questão: Será que o Judaísmo começou com Abraão? Ou começou quando Moisés definiu as leis do Judaísmo? (g)

Abraão viveu cerca de 1900 anos antes de Cristo, mas não se sabe quem foi o autor do livro de Génesis nem em que época foi escrito. Alguns defendem que foi escrito por Moisés cerca de 1200 AC e outros sugerem a época de Salomão cerca de 950 AC.

Certamente que, depois de tantos anos, não é fácil reconstituir o que se passou. Isso é trabalho para historiadores e não para um simples curioso como eu. Mas considero mais provável que o conhecimento dos velhos textos hindus tenha sido levado por comerciantes ou emigrantes indianos que foram para a Caldeia onde foi incluído na religião da Babilónia. Abraão adquiriu essa informação que transmitiu aos seus descendentes, até que anos mais tarde (muitas gerações depois), foram incluídos no livro de Génesis, quando a tradição oral foi reduzida à escrita.

Também em Êxodo, o Decálogo, parece ser uma cópia, ou simplificação de documentos mais antigos, da religião do Velho Egipto ou da Babilónia. Compare Êxodo 20:1/17 com o que diziam textos semelhantes da Religião Assírio-Caldaica  ou a Religião do Velho Egipto no capítulo 125 do Livro dos Mortos. Moisés foi educado no Egipto e certamente que conhecia estes velhos textos.

 

4.7 Nem tudo é bom no Velho Testamento, pois há passagens horrorosas em que o deus de Moisés manda matar com manifesto desprezo pela vida humana e manda os seus crentes tomar atitudes que nos nossos dias seriam horrorosos crimes de guerra. Claro que as tais passagens mais escandalosas, nunca são mencionadas nas igrejas evangélicas. No catolicismo romano, bem como no protestantismo histórico, os leccionários (textos que são lidos e comentados aos domingos), que se repetem de três em três anos acabaram, na prática, por formar como que um “cânon do cânon” onde tais passagens não estão incluídas.

 

4.8 Não podemos ignorar que há fortes motivos económicos para que algumas igrejas mantenham uma certa indefinição sobre o valor do Velho Testamento no aspecto legislativo e normativo, pois assim o Velho Testamento funciona como um “grande hipermercado” onde qualquer pastor pode ir buscar e escolher o que lhe interessa, que não encontre no Novo Testamento. Não me refiro só ao fundamento para a doutrina do dízimo. No Velho Testamento havia vários privilégios para o sacerdócio que pertencia à tribo de Levi e era hereditário. Tudo isso acaba com o sacerdócio universal do Novo Testamento.   

 

 

5 - Duas denominações no primitivo cristianismo

 

Para empregar uma expressão dos nossos dias, diria que encontro nas descrições do primitivo cristianismo, nomeadamente no livro de Actos e nas epístolas, a existência, ou pelo menos a “gestação” de dois grupos a que poderei chamar igrejas, ou denominações Actos 6:1, Actos 15:1/2, 1ª Coríntios 1:22/24, 1ª Coríntios 9:20/23, Gálatas 2:11/14 Eram dois povos, duas teologias e duas culturas diferentes, a ponto de Paulo ter de utilizar dois tipos de pregação.

 

5.1 - Igreja Cristã dos judeus, que inicialmente correspondia à grande maioria dos cristãos e interpretava o cristianismo como uma continuidade do judaísmo.

Para essa igreja, com uma mentalidade sacerdotal e hierárquica, Cristo era o cumprimento das antigas profecias. Assim, a pregação era baseada no Velho Testamento onde as profecias adquiriam a maior importância. Se eles já aceitavam o Velho Testamento, as pregações limitavam-se a provar que Jesus era o Cristo, o cumprimento das antigas profecias.

Essa igreja teria tendência a estagnar no tempo, vindo a tornar-se mais uma das seitas do judaísmo, com fraco índice de crescimento, pois só falavam aos judeus. Actos 11:19.

 

5.2 - Igreja Cristã dos gentios, de início com poucos crentes, era considerada por alguns como uma curiosidade, enquanto eram poucos, e por outros como “cristãos de segunda classe” que eles faziam o favor de receber. Mas, com o passar do tempo, esse grupo foi crescendo em número e aumentando a sua influência em todos os aspectos.

Na Igreja Cristã dos gentios, a mentalidade já era mais aberta, pois aceitavam o sacerdócio universal e somente Cristo era a origem de toda a autoridade. O Velho Testamento, longe de ser uma ajuda, seria uma dificuldade para a pregação. Como explicar à Igreja dos gentios que Jeová era o mesmo Deus Pai que Jesus lhes revelara, se no passado esse deus cometera tantos crimes de que foram vítimas os seus antepassados? Seria o mesmo que um judeu dos nossos dias tentar pregar o judaísmo na Palestina!!!

 

Se tal acontecesse nos nossos dias no Brasil, certamente que teriam surgido não duas, mas mais de uma dúzia de igrejas diferentes. Mas devido à presença dos apóstolos, aos esforços de Paulo, e devido a esse contexto cultural, em que não havia a tradição de formar novas denominações, eles mantiveram-se juntos, embora com ideias divergentes.

Na igreja dos gentios já não se nota a mesma fidelidade ao passado que não lhes dizia respeito, mas era a mensagem libertadora para todos os povos, aproveitando a globalização do Império Romano, muito antes da palavra globalização ter sido inventada.

Se a religião sofre influência do contexto histórico em que nasce, podemos afirmar que enquanto no tempo de Moisés, o povo caminhava pelo deserto, só vendo outros seres humanos nas suas lutas, certamente que a mensagem compreendida e desejada pelo povo era a do deus desse povo, que lutava a favor do seu povo, contra todos os outros povos. Já no tempo de Jesus, com a aproximação de todos os povos do grande Império Romano, o verdadeiro Deus, teria de ser certamente o Deus de todos os povos.

Com o passar dos anos, a Igreja dos gentios prevaleceu em número, mas muito da influência dos cristãos judeus ficou na teologia cristã.

 

Penso que, o problema da posição da Igreja perante o Velho Testamento não foi resolvido no primitivo cristianismo, para manter unidas as duas igrejas, dos cristãos de origem judaica e dos cristãos de origem gentia. Mas o custo dessa união, foi demasiado pesado, pois essa indefinição manteve-se através dos tempos, por vezes com grande dificuldade e arriscados malabarismos hermenêuticos a fim de alegorizar as passagens mais escandalosas do Velho Testamento.

 

 

6 - Várias posições teológicas perante o Velho Testamento

 

6.1 - Rejeição do Velho Testamento como texto inspirado.

 

Esta posição teológica sempre teve defensores, desde o primitivo cristianismo, embora tal não seja mencionado nas igrejas. Compreende-se que a Igreja Católica não fale neste assunto contrariar um dos seus dogmas. Mas também as igrejas protestantes e evangélicas parecem aceitar este dogma da inspiração de toda a Bíblia.

Já cerca do ano 150, Marcião rejeitava o deus dos judeus que não consegue identificar com a descrição que Jesus faz de Deus o Pai. Mas a sua mensagem foi abafada, os marcionistas atacados e destruída a sua literatura no fim do século II, e ainda hoje, a maior parte dos dicionários bíblicos começa por lhe fazer acusações, não sei se verdadeiras, mas que nada têm a ver com os seus ensinos.

As informações sobre Marcião, que chegaram aos nossos dias, vieram através dos seus inimigos.

Pouca informação chegou aos nossos dias desses grupos da igreja primitiva.

O Velho Testamento deve ser entendido literalmente e não de modo alegórico, pois através dos tempos muitos morreram (não alegoricamente) vítimas dum deus sanguinário que aplicava a pena de morte pelos mais variados motivos, com manifesto desprezo pela vida humana. Assim, o Velho Testamento torna-se um documento duma religião estranha, bem diferente do cristianismo. Não se trata duma simples questão teológica, mas da realidade duma perigosa influência.   

Nos séculos XII e XIII apareceram os Bogomilos e os Cátaros defendendo ideias semelhantes às de Marcião.

 

6.2 – Outras posições defendidas por grupos mais reduzidos.

 

Nos nossos dias, a grande maioria das cristãs, limita-se a aceitar o dogma da inspiração de toda a Bíblia sem qualquer tipo de questionamento. No entanto, já há alguns poucos que se juntam para meditar em teologia, livremente, sem a tutela das igrejas e há inclusive algumas páginas na internet em quase todas as línguas que rejeitam a posição tradicional para com o Velho Testamento.

Tenho notado nesses pequenos grupos, mais capacidade de reflexão do que nas grandes igrejas.

Em português posso citar as seguintes páginas da internet que se recusam a aceitar que o deus de Moisés seja o Deus Pai que Jesus revelou:

 

Demiurgo decifrado  http://www.demiurgo.decifrado.oswnet.com/

Verdades bíblicas  http://www.verdadesbiblicas.com.br/

Coisas do Espírito Santo  http://coisasdoespiritosanto.blogspot.com

Examinando a Verdade  http://examinandoaverdade.blogspot.com/ 

 

6.3 – Aceitação parcial do Velho Testamento

Esta posição pode ter vários níveis.

 

6.3.1 - Ou considerando a abolição da velha Lei, mas mantendo os outros aspectos.

Segundo sugere Antonius Gunneweg, o legado veterotestamentário, abolido como lei, torna-se assim um antes, cuja importância reside em seu carácter de profecia….. Também este enfoque hermenêutico foi posteriormente retomado e ampliado repetidas vezes, dando origem a uma concepção da história da salvação na qual o Antigo Testamento se enquadra como livro da pré-história; em sentido amplo,…

Esta foi também a posição de Lutero que rejeitou a lei do Velho Testamento, visto que esta não é, como no caso da lei moral ou natural, comum a todos os seres humanos. O Velho Testamento previa uma sociedade cívico-religiosa, tendo a maior parte das leis aspectos puramente civis que se aplicavam só a esse país. 

 

6.3.2 - Ou mantendo a validade do Velho Testamento como livro histórico e cultural, mas não legislativo nem normativo.

Penso que poucos terão dúvidas sobre o valor do Velho Testamento como livro histórico, pois são registos milenares que chegaram aos nossos dias. A dúvida está na nossa atitude perante estes registos. Só o facto de serem registos milenares, é suficiente para lhes dar grande importância, pelas informações que nos fornecem. Mas o mesmo podemos dizer dos outros livros religiosos, alguns, como no caso das religiões do Velho Egipto ou Babilónia ou os antigos Vedas do Hinduísmo, são textos ainda mais antigos. Uma coisa é o valor histórico e outra é o valor teológico.

Certamente que há pensamentos profundos e óptimos exemplos no Velho Testamento, mas também há pensamentos e ideais que eram válidos, nessa cultura primitiva e se tornaram impraticáveis para quem já conhece o Evangelho de Cristo. Não só nos nossos dias, mas também no primitivo cristianismo, seria um grande retrocesso voltar à “ditadura de religião”, onde não havia liberdade de pensamento nem liberdade de religião, depois dos contactos com o pensamento grego e depois da colonização romana lhes ter levado a civilização com a liberdade de pensamento e inclusive a liberdade de religião que não é permitida no Velho Testamento.

 

6.3.3 - Penso que também poderemos incluir neste capítulo a aceitação do Velho Testamento, como a revelação gradual de Deus ao homem, revelação que foi sempre a revelação possível, isto é, a revelação que o homem estava preparado para compreender. Assim, nota-se em todo o Velho Testamento uma evolução do pensamento religioso que continuou no Novo Testamento, atingindo o seu ponto máximo com a revelação de Cristo.

Assim, no tempo de Moisés (1200 AC) para esse “bando” de escravos inconstantes, volúveis, habituados a viver sob o chicote, a Lei teria de ser rígida a implacável, não podia exigir mais que o cumprimento de regras bem definidas, enquanto em Isaías 1:1/19 cerca do ano 480 AC, já o simples cumprimento da Lei de Moisés não era suficiente.

Mas esta teoria, da revelação gradual através dos textos da Bíblia, acaba por considerar o Velho Testamento revogado pelo Novo Testamento, por ser o mais recente, ou pelo menos só o Novo Testamento será o padrão ou a chave hermenêutica para podermos decidir o que podemos aceitar no Velho Testamento e o que está definitivamente revogado.

 

6.4– Aceitação de toda a Bíblia, incluindo o Velho Testamento, como texto inspirado, isento de erros, eterno e imutável.

 

Esta é a opinião dos crentes fundamentalistas, que implica a aceitação de toda a Bíblia em todos os aspectos, colocando o Velho Testamento ao mesmo nível do Novo Testamento, pois afirmam que o Velho Testamento foi instituído pelo mesmo Deus do Novo Testamento.

Como reacção ao nosso artigo Fanatismo Evangélico (CC), recebemos várias mensagens, entre elas, uma do Arquitecto Samuel Pinheiro, dirigente da AEP (Aliança Evangélica Portuguesa) que podem ler em Comentários ao artigo Fanatismo Evangélico. Embora não fale em nome da AEP, trata-se da posição teológica dum prestigiado evangélico que se identifica como fundamentalista.

Os defensores desta posição teológica costumam citar Mateus 5:17/19, afirmação que só se encontra no evangelho de Mateus pois não há passagens paralelas e parece contradizer todos os outros ensinamentos do Mestre, pois dá razão aos fariseus, que tantas vezes criticou bem negativamente.   

 

6.5 – O Novo Testamento na sequência do Velho Testamento

 

Eu não tenho dúvidas em afirmar que o Novo Testamento vem na sequência cronológica do Velho Testamento. O grande problema é que nessa transição entre Velho Testamento e o Novo Testamento muita coisa muda, repentina ou gradualmente. Muda o ambiente, muda o contexto cultural, é outra gente, outra religião, outra mentalidade. Caem as barreiras culturais, rácicas, sexuais ou nacionais, impostas pela velha religião, acaba-se o deus dos judeus para se revelar o Deus Pai, de toda a humanidade.

 

Noto no entanto, que todas ou quase todas, as opiniões que mencionei, embora muitas não estejam em sintonia com a ortodoxia evangélica, não deixam de ser culturalmente evangélicas, pois raciocinam baseadas na Bíblia e todos os seus argumentos são ou procuram ser bíblicos, dando a entender que partem do princípio de que todos os textos canónicos são inspirados e inerrantes, pois nunca são colocados em dúvida. Embora discordando das doutrinas evangélicas tradicionais, não deixam de estar culturalmente integrados no contexto evangélico.

Partem sempre do princípio de que foi Deus, ou algum ser espiritual (outro deus ou anjo) o autor dos textos que foram incluídos no Velho Testamento.

A busca da Verdade não pode ter quaisquer fronteiras. Refiro-me às influências de outras religiões, aos vários contextos culturais ao longo dos milénios de história e aos interesses materialistas que quem escreveu.

Penso que não é necessário procurar um significado espiritual para as passagens mais escandalosas do Velho Testamento, como a pena de morte aplicada para uma infinidade de transgressões, com manifesto desprezo pela vida humana, para não falar em populações inteiras dizimadas mesmo depois da guerra terminar. Prefiro ser realista e considerar que tais crimes foram cometidos pelos próprios judeus que se justificaram dizendo que foram ordens de Jeová, pois o seu deus estava acima de qualquer crítica. 

 

 

7 - Perigos duma interpretação fundamentalista do Velho Testamento

 

Só quem nunca conheceu a Jesus, nem compreendeu a sua mensagem poderá aceitar que Ele se refira ao deus de Moisés quando nos fala do Pai.

Até tenho medo dos “espirituais”, dos que passam por uma experiência a que chamam de “conversão” e julgo que geralmente não passa dum “suicídio intelectual”, em que morre o velho homem, o português, ou brasileiro, ou moçambicano etc. com todos os seus defeitos e algumas virtudes, para “nascer” um perigoso homem novo, fanático, irracional, estrangeirado e agressivo, que logo comprova a sua nova natureza falando um português americanizado e mais perigoso se torna se aceitar os incentivos à violência do Velho Testamento. 

Digo isto a pensar nos actos de violência ocorridos recentemente no Brasil com ataques de evangélicos a templos de outras religiões. Cabe às autoridades brasileiras resolver esses casos, mas penso que a teologia tem também uma palavra a dizer, pois esses jovens, que atacaram templos de outras religiões, nada roubaram. Foram nitidamente actos de intolerância religiosa e vejo que as igrejas em vez de debaterem o problema, continuam com um silêncio comprometedor a afirmar que o Velho Testamento faz parte de Bíblia, em pé de igualdade com o Novo Testamento. Veja o que dizem algumas Leis do Velho Testamento que muitos afirmam ser Palavra de Deus, eterna e imutável.

Essas horrorosas passagens em que o deus de Moisés manda arrasar populações inteiras e indefesas, até depois da guerra acabar, serão sempre difíceis de explicar a quem conhece a Cristo e ao Deus Pai que Cristo nos revelou.

 

 

8 - Perguntas que continuam sem resposta

  

8.1 - Que fazer com estas passagens escandalosas que mencionei e nunca são abordadas nas pregações, em que o deus de Moisés toma atitudes em nítida contradição com a revelação que Cristo fez do Deus Pai?

 

8.2 - Estará tudo certo num livro canónico? Estará tudo errado num apócrifo? Em que se baseia esta afirmação? Não estaremos a perder preciosas informações na literatura apócrifa ou deuterocanónica se nem tudo estiver errado?

 

8.3 – Se o Velho Testamento é um conjunto de vários livros, de vários autores, escritos ao longo de vários séculos, será que faz sentido colocar a questão da aceitação ou rejeição de todos esses livros ao mesmo tempo?

  

8.4 – Para saber, se o deus de Moisés é o mesmo Deus Pai que Jesus nos revelou, como se pode identificar uma pessoa ou o autor dum documento ou revelação?

Se for documento escrito, será pela assinatura, ou pela letra se for documento manuscrito, ou pela língua utilizada, ou pelo estilo literário, sistemas que não podemos utilizar.

Mas, resta-nos outro sistema de identificação. Pelas ideias que transmite.

Por vezes recebo estranhas mensagens pela internet, quando os computadores estão infectados por vírus que as enviam em nome de pessoas conhecidas. Mas logo os identifico, pois não são as ideias das pessoas que conheço.

No capítulo 6 apresentamos várias posições teológicas possíveis perante o Velho Testamento, pois esta é uma página de livre reflexão teológica. Ao contrário das páginas das igrejas que apresentam a sua posição teológica, preferimos apresentar várias opções possíveis e caberá aos nossos leitores optar pela posição que entenderem a mais verdadeira.

Ao conhecer Jesus e depois de, através dele, conhecer o Deus Pai que Jesus revelou, cabe a cada um de nós, que conhecemos o verdadeiro Deus, avaliar se as atitudes de Jeová, o deus de Moisés estão em sintonia com o que conhecemos do nosso Pai que Jesus nos revelou. Será que foi o nosso Pai, que inspirou todo o Velho Testamento? Está todo o Velho Testamento de acordo com o que conhecemos do nosso Pai?

 

8.5 – Considerando o Novo Testamento como a “chave hermenêutica” para a compreensão do Velho Testamento, rejeitando as passagens em nítida contradição com a mensagem do Mestre, que restará Velho Testamento? Teremos de rejeitar as partes mais importantes, inclusive toda a velha Lei.

 

8.6 - Não poderia Deus Pai ter revelado ao ser humano alguma coisa através de outras religiões, que por vezes até apresentam uma maior sintonia com a mensagem do Mestre? Poderá a teologia limitar o direito de Deus contactar com qualquer ser humano, estabelecendo como que um monopólio da revelação divina através da Bíblia? Isto até faz lembrar a pretensão do Papa ser o único legítimo representante de Deus.

 

8.7 - Será que Deus, várias vezes se revelou ao ser humano, em várias culturas e várias religiões, mas a sua mensagem foi alterada, comercializada, deturpada, para servir os interesses das “autoridades religiosas”, até que resolve enviar o seu próprio Filho, e a nossa teologia colocou a Revelação do Filho de Deus em pé de igualdade com a mensagem do Velho Testamento, afirmando que é tudo igualmente inspirado? Lucas 20:9/19

 

 

9 - Informação disponível

 

Penso que há pouca informação sobre o assunto que nos propomos investigar: A aceitação (ou rejeição) do Velho Testamento através dos tempos. Mas o mais grave é que a informação que nos chegou é geralmente tendenciosa.

 Como já afirmei, na literatura que consultei sobre Marcião vem em primeiro lugar a informação de que levava uma vida imoral, mas quando se fala de Calvino, nada se diz de ter transformado a cidade de Genebra numa ditadura teológica, no género do Velho Testamento, onde não havia liberdade de expressão e nada se diz da condenação à fogueira de Michael Servetus e Castélio, que foram executados devido a heresia, quando afinal heresia é uma diferença de opinião. As fogueiras da Reforma, onde os hereges foram mortos, não foram muito diferentes das fogueiras de Santa Inquisição Católica.

Não está em causa a competência de Calvino como teólogo, mas o seu comportamento como dirigente. Será que se pode dizer que ele foi o Ratzinger da Reforma? Calvino era protestante no pensamento teológico, mas católico medieval no seu comportamento.

Julgo que o outro grande teólogo do passado, que estudou a Bíblia com mais atenção, e conseguiu libertar-se das antigas tradições, foi Lutero embora certamente não seja perfeito. Foi ele que mais se aproximou da posição de Marcião e, como diz Gunneweg com o retorno ao sentido literal, na época da Reforma, rasgou o véu que a alegorese, o dogma, a tradição, e a autoridade eclesiástica tinham lançado sobre o Antigo Testamento e tornou a revelar a estranheza dessa colectânea de textos. Afinal, a grande maioria dos teólogos judeus têm razão na interpretação literal do Antigo Testamento. Essa também é, duma maneira geral, a minha interpretação, apesar de todos os esforços para encobrir os crimes do deus de Moisés.

Não admira que a violência e intolerância religiosa, incentivada pelo Velho Testamento, esteja ainda bem presente nas igrejas em geral, visto aceitarem o Velho Testamento como inspirado, e mais perigoso se o considerarem como normativo para os nossos dias.

 

 

10 – Será o Velho Testamento necessário para a salvação? 

 

Penso que haverá uma quase unanimidade de teólogos a optar pela resposta de que a salvação do cristão não depende do Velho Testamento.

Muitos acrescentarão que Cristo é o único e todo suficiente meio de salvação, ou por outras palavras, nem o Velho Testamento, nem a Igreja, nem pastores, nem padres, nem sacramentos ou ordenanças são necessários para a salvação do crente. Todos esses meios têm utilidade para apontar para Cristo, mas nunca poderão salvar ninguém. Até o próprio Novo Testamento só tem utilidade para nos revelar a Cristo, o único e todo suficiente meio de salvação.

 

 

11 – Utilidade do Velho Testamento

 

Penso que o Velho Testamento, além de ter uma inquestionável utilidade como informação histórica e cultural, como já afirmámos, também é útil no aspecto teológico, por nos levar a uma melhor compreensão do contexto histórico e cultural em que Jesus viveu, para assim melhor podermos compreender a sua mensagem.

Mas o Velho Testamento também pode ser perigoso, num contexto de teologia, se formos além da utilidade que mencionei. O grande perigo do Velho Testamento é sermos tentados a aceitar a mensagem de Moisés ao mesmo nível da mensagem do Filho de Deus. Não podemos servir a Cristo e a Moisés.

Noto uma grande falta de liberdade de reflexão teológica nas igrejas duma maneira geral, pois crente que medita na mensagem de Cristo, desrespeitando as fronteiras da tradição, torna-se crente perigoso e indesejado. Pior ainda se for algum pastor que tenha a coragem de contradizer a posição teológica oficial da sua denominação.

Vi igrejas no Brasil, onde até no momento de “silêncio” ou no momento da oração “individual”, a música continua a tocar e o pastor continua a falar, dizendo o que o crente deve orar na sua oração “individual” e “privada” com o Pai.

A experiência de muitos que me contactam pela internet, tem-me mostrado que é precisamente quando o crente é excluído, quando deixa de haver o tal controle do seu pensamento, que surge pela primeira vez a oportunidade de livremente orar ao Pai e meditar na mensagem de Cristo sem a tutela das igrejas.

Penso que é urgente revitalizar a verdadeira reflexão teológica. A Reforma Protestante devolveu as Escrituras ao povo. Muitos deram as suas vidas nas fogueiras da arrogância e intransigência católica ou protestante, para que tal fosse possível nos nossos dias. Trata-se dum bem demasiado precioso para que o possamos negligenciar.

 

 

12 – Conclusão

 

Que me desculpem, os irmãos que me contactaram pela internet, com as mais variadas perguntas sobre o Velho Testamento, se esperavam uma resposta mais simples da minha parte. É natural que os tenha desiludido, mas a minha página não é página de igreja, para impor determinada posição teológica. Muito mais importante que conhecerem o meu pensamento é que conheçam o problema e as várias respostas possíveis, para que meditem no assunto e tomem conscientemente a vossa opção. 

 

Quando João Batista iniciou o seu ministério, fez estremecer toda a velha teologia, mas quando Jesus apresenta a sua mensagem, todo o Velho Testamento se torna definitivamente deuterocanónico, ou seja, de inspiração duvidosa, ou menos inspirado, porque muitos pormenores da mensagem veterotestamentária não estão em sintonia com a mensagem do nosso único Mestre, o próprio Filho de Deus.

No passado o Velho Testamento impôs-se pela violência, pelo autoritarismo, terror e falta de liberdade de pensamento e de expressão, pois qualquer heresia, que etimologicamente significa divergência de opinião ou liberdade de escolha, era punida com a pena de morte. A crença no Velho Testamento é dogma para católicos, que protestantes e evangélicos herdaram do catolicismo romano, mas o bom senso nos obriga a rejeitá-lo. A civilização, tal como a concebemos na nossa cultura cristã, com liberdade de pensamento e liberdade de expressão, afinal, só entrou em Israel com a colonização romana.

No entanto os evangelhos não necessitam de ser apresentados como dogma. Aliás isso até pode diminuir a sua aceitação universal, pois o Mestre impõe-se pelo valor da sua revelação.

Durante muitos anos fomos treinados para dizer que não vemos qualquer diferença entre o deus de Moisés e o Deus Pai, que Jesus nos revelou. Mas quando chega o dia em que somos confrontados com a realidade, o dia em que as “ovelhas do Senhor” ouvem a antiga voz que as chama para a casa do Pai, não há fronteiras teológicas nem culturais que possam reter as genuínas “ovelhas do Senhor”, pois elas bem conhecem essa voz e conseguem distingui-la no meio de muitas outras vozes.

O vulgar homem secular, não religioso, não poderá deixar de dar valor ao Novo Testamento, enquanto o seu bom senso o leva a rejeitar o Velho Testamento como livro perigoso e impróprio para ensino. Só quem passou por um processo de “conversão” tipo “suicídio intelectual” se sente obrigado a afirmar que o Velho Testamento está em perfeita sintonia com o Novo Testamento.

Penso que afinal, havia razões para, no passado, o catolicismo não incentivar a leitura da Bíblia. O grande problema está na primeira parte da Bíblia, no Velho Testamento.

Aos irmãos católicos, devotos de Maria, quero lembrar o que ela disse, referindo-se a Jesus, numa situação de difícil solução: “…Fazei tudo o que Ele vos disser”, João 2:5

No monte da transfiguração, em Mateus 17:5/8, temos um dos poucos pedidos de Deus Pai depois de desaparecerem todos os personagens veterotestamentários: Ouçam a Jesus. Só olhando para Jesus podemos ver a Deus, só ouvindo a Jesus podemos compreender a Deus, podemos nos identificar com Deus.

                                      

Camilo – Marinha Grande, Portugal

Outubro de 2009

 

 

(a)- Neste artigo considero como igrejas:

Católicareferimo-nos à Igreja Católica Romana.

Protestantes”, as igrejas do protestantismo histórico como a Presbiteriana, Metodista, Lusitana, Congregacional etc., igrejas de origem europeia, com uma teologia mais elaborada e atitude mais aberta e ecuménica.

Evangélicas”, as igrejas cristãs não católicas, geralmente de origem ou influência norte-americana, que dão ênfase à doutrina do dízimo e têm uma liturgia mais emocional.

Pentecostais” são também igrejas evangélicas que dão toda a ênfase ao dom de línguas e têm cultos com forte apelo à emoção.

 

(b) Veja quem foi Michael Servetus em  http://en.wikipedia.org/wiki/Michael_Servetus, em especial, por que Calvino o mandou matar.

 

(c) Veja quem foi Castéllio em http://en.wikipedia.org/wiki/Sebastian_Castellio" e qual o motivo da sua execução na fogueira, por decisão de Calvino.

 

(d) A respeito do Antigo Testamento, segundo nos informa Antonius H. Gunneweg na página 89 do seu livro “Hermenêutica do Antigo Testamento”, …permanecem obscuros os primórdios da formação do cânon, os quais só podem ser reconstruídos hipoteticamente. 

 

(e) Sobre este assunto, quem souber inglês, poderá ler nas páginas da internet que apresentamos a seguir. Claro que alguns programas podem traduzir automaticamente, mas devido à tradução informática ainda não estar suficientemente desenvolvida e atendendo a que estas páginas que indicamos, já serem possivelmente traduções de hindi para inglês, aconselhamos a leitura na língua inglesa, salvo se souber hindi. 

 

Pagan Roots: The Bible and the Vedas

The Vedas and Manu, those monuments of the old Asiatic thought, ... which shows Vishnu himself as saving the Vedas from the deluge -- a tradition which, ...

http://www.blavatsky.net/magazine/theosophy/ww/additional/christianity/TheBibleAndTheVedas.html

 

The Vedas are Infinite from the Chapter "The Vedas", in Hindu ...

Brahma, the Creator, alone knows the Vedas in their entirety. Before the present Brahma there was a great deluge and, preceding it, there was another Brahma

www.kamakoti.org/hindudharma/part5/chap12.htm

 

The Age Of Vedas : kamakoti.org     

The Age of Vedas The sacred books of Buddhism, Christianity and Ismal have ... Pralaya and srshti (deluge and creation) alternate The Old Testament speaks

www.kamakoti.org/acall/ac-ageofvedas.html

 

LORD BRAHMA : APPEARANCE OF BRAHMAJI

Even the great deluge (Pralaya) could not destroy Vedas for almighty Brahma himself had taken incarnation to save Vedas during deluge. Hence Vedas have no ...  www.urday.com/gbrahma.html

 

(f) Certamente que as religiões mais antigas foram as que nos deixaram as figuras rupestres das paredes das cavernas, do “homo sapiens” do paleolítico superior 40 000 anos AC, que muitas vezes estavam relacionadas com ideias religiosas. Mas referimo-nos à religião mais antiga da história, com informação escrita e uma teologia organizada que tenha continuidade até aos nossos dias.

 

(g) Segundo Karl-Heinz Ohlig no seu livro sobre história das religiões que consta da bibliografia deste artigo: “A época que se seguiu ao fim da pré-história é descrita e classificada de formas muito diferentes pela literatura da especialidade. O período das culturas superiores primitivas e os primórdios da sua evolução serão designados, nas páginas que se seguem, pura e simplesmente, como “culturas superiores”embora saibamos que nem o seu início, nem o seu “fim” podem ser determinados com toda a clareza.

 

 

Bibliografia:

 

Dicionário de teologia bíblica de Bauer - Ed. Loyola - Escritura de J. Michl

Enciclopédia Histórico-teológica da Igreja Cristã – Ed. Vida Nova

História da interpretação da Bíblia de Augustus Nicodemus Lopes

Hermenêutica de Calvino de Martorelli Daantas da Silva

Hermenêutica do Antigo Testamento por Antonius H. GunnewegEd. Sinodal

Religião – Tudo o que é preciso saber, Por Karl-Heinz Ohlig – Casa das Letras

 

 

 

ÍNDICE

Que fazer com o Velho Testamento? (CC)

 

1 – Introdução

2 – Várias tendências da hermenêutica através dos tempos

2.1 – Antiguidade

2.2 – Idade Média

2.3 – Época da Reforma

3 – O Velho Testamento através dos tempos

4 – Alguns factos históricos

5 – Duas denominações no primitivo cristianismo

5.1 – Igreja cristã dos judeus

5.2 – Igreja cristã dos gentios

6 – Várias posições teológicas perante o Velho Testamento

6.1 – Rejeição do Velho Testamento como texto inspirado

6.2 – Outras posições defendidas por grupos mais pequenos

6.3 – Aceitação parcial do Velho Testamento

6.4 – Aceitação de toda a Bíblia, incluindo o Velho Testamento, como texto inspirado, isento de erros, eterno e imutável.

6.5 – Novo Testamento na sequência do Velho Testamento

7 – Perigos duma interpretação fundamentalista do Velho Testamento

8 – Perguntas que continuam sem resposta

9 – Informação disponível 

10 – Será o Velho Testamento necessário para a salvação?

11 – Utilidade do Velho Testamento

12 - Conclusão

 

 

NOTA: O assunto deste artigo, embora venha desde o primitivo cristianismo, pode-se considerar como “novo”, visto que não tem havido condições para um estudo imparcial, com liberdade de expressão. Assim, se puder acrescentar novos pensamentos ou argumentos, convido a enviar a sua colaboração sobre o assunto, para eventual publicação nesta página, desde que tenha alguma coisa a acrescentar que seja fruto da sua reflexão pessoal, mesmo que as suas ideias sejam divergentes, pois respeitamos a liberdade de expressão, inclusive o direito à heresia.

Se for para dizer simplesmente que este artigo não está de acordo com a tradição teológica protestante ou evangélica ou católica, não vale a pena, pois isso já sabemos.

Se for para dizer simplesmente em que crê, terá de enviar para páginas que publicam testemunhos de crentes, pois isso não publicamos. Não é esse o objectivo desta página na internet.

Esta é uma página de reflexão teológica. Não nos interessa propriamente aquilo em que crê, mas os motivos da sua crença. Por favor, não perca tempo para dizer simplesmente o que vem nos livros ou o que aprendeu no Seminário se não puder acrescentar alguma coisa do seu próprio pensamento.

Não fazemos censura teológica, mas fazemos um certo “controle de qualidade” no que publicamos, pelo que todos os comentários terão de estar em bom português, ter algum interesse teológico e devem estar acompanhados da sua identificação, salvo se já for colaborador desta página. 

As mensagens deverão ser enviadas para ---

Este artigo poderá ser livremente divulgado, desde que o seja na totalidade, com o nome do autor do artigo e o nome da página, a “Estudos Bíblicos sem Fronteiras Teológicas”. Mas preferimos que faça uma ligação informática da sua página a esta, e neste caso, teremos todo o prazer em receber uma mensagem sua.

 

 

 

 

Comentários recebidos

 

 

Oswaldo Carvalho – Crente de São Paulo, Brasil - Engenheiro da Indústria Automobilística Brasil

Li seu artigo sobre o Velho Testamento e achei que está com bom conteúdo investigativo.

Quanto às referências sobre Marcião como se fosse um homem imoral, penso que são infundadas, pois até mesmos os seus opositores, de quem temos as maiores informações a seu respeito, normalmente faziam referência à sua austeridade moral e tendências celibatárias, pois considerava o casamento como indecente, bem como tudo que desse vazão aos instintos materiais, e nunca mencionaram algum tipo de licenciosidade em sua conduta.

Em meu livro “Deus incoerente? Essa não!” eu faço várias referências à Marcião na parte I, páginas 28 a 34, que são fruto de minhas pesquisas e livros apologéticos (p. ex. de Irineu de Lião, um de seus mais ferrenhos opositores).

Um abraço,

Oswaldo oswaldocarvalho@hotmail.com

 

 

Walmir Teodoro Monteiro - Crente indenominacional de Feira de Santana, Bahia, Brasil

Prezado irmão Camilo

Louvor a Deus Pai por você ter abordado da forma que abordou este nobre e polémico tema. A forma que o desenvolveste fará os leitores da tua página pensarem e reflectirem mais sobre o VT e o seu “Deus”.

De minha parte já sei o que fazer com o VT Filipenses 3:7/8.

Aos leitores deste artigo, a conselho a lerem sem preconceito e a serem sensíveis ao divino Espírito Santo.

Fraternalmente,

Walmir walmirt.m@hotmail.com

 

 

Valdecir Vieira Corrêa – Crente de Belo Horizonte, MG - Brasil

Caro Camilo

Pude ler o artigo “Que fazer com o Velho Testamento” enviado pelo irmão e achei-o bastante importante, principalmente pelo ponto de vista pouco comum com que foram abordadas questões tão polêmicas que raramente são debatidas em nossas escolas dominicais e seminários e talvez ignoradas por grande parte das lideranças das nossas igrejas. Penso que boa parte dos líderes atuais, uns por ignorância e outros deliberadamente, usam o velho testamento apenas como uma espécies de “celeiro de conveniências” de onde tiram a bel-prazer, textos para explicar ou muitas vezes justificar suas doutrinas particulares quase sempre acompanhadas por condutas bizarras que constantemente contradizem os mais singelos ensinamentos de Jesus. Eu particularmente, quanto ao AT , aplico as palavras de Paulo encontradas em 1ª Tessalonicenses 5:21 -  Examinai tudo, retende o que é bom”.

Abraços

Valdecir Vieira Corrêa forbaid@gmail.com

 

 

Estudos bíblicos sem fronteiras teológicas