Missões evangélicas no início
do século XXI (CC)
(Deverá “clicar” nas referências
bíblicas, para ter acesso aos textos)
1. Introdução:
Há pouco tempo, vi na página Uniãonet, o seguinte apelo dum pastor brasileiro: “A Paz do
Senhor Jesus para todos, tenho um chamado de Deus para abrir uma igreja em
Portugal... Quero saber dos irmãos, se é difícil alugar um pequeno ponto para
um templo... Aguardo respostas ansioso.”
Preferi responder pessoalmente e não
por intermédio da Uniãonet. Mas, como aliás prometi a
esse irmão, considerando que a questão levantada interessa a muitos outros
crentes, resolvo abordar o assunto na minha página. Escrevo estas linhas,
pensando em primeiro lugar nos pais e nos pastores de muitos missionários brasileiros
que têm vindo ultimamente para Portugal.
Muita coisa mudou já no fim do século
XX, e neste início de século XXI. O missionário já não é a pessoa com boa
preparação, a nível superior, que fazia uma longa viagem por mar, e ao fim de
alguns meses chegava ao seu destino, de onde só poderia regressar no ano
seguinte, quando os ventos fossem favoráveis. Nesse novo país, muitas vezes
colonizado pelo país de origem do missionário, onde gozava dos privilégios de
cidadão do país ocupante, ele difundia a sua fé, geralmente sinónimo de
civilização, o que, nesse contexto histórico, era o mesmo que dizer, de
europeização.
Já em fins do século XX, começam as
mudanças, e neste início do século XXI, temos uma realidade bem diferente. Já
não há colónias nem países distantes. Pela Internet, podemos “entrar” nas casas
das pessoas em qualquer parte do mundo em alguns minutos. As grandes viagens de
muitos meses demoram agora algumas horas, ao fim das quais é possível telefonar
para dizer: “Já cá estou. Fiz boa viagem.”
Mas as alterações verificam-se também
no trabalho missionário. Agora é mais fácil ser missionário, e o número de
missionários aumentou muito, mas também perdeu muito em prestígio e qualidade.
Duma maneira geral, o missionário pode
“cair” para dois extremos, que iremos tentar examinar em primeiro lugar, ou o
isolacionismo, ou a sua subordinação às “multinacionais de evangelismo” que
limitam e condicionam a sua acção como pregador do Evangelho. De seguida iremos
buscar a orientação bíblica para a obra missionária.
2. Isolacionismo:
2.1
O que é o isolacionismo:
Considero como isolacionismo, a
situação do missionário que actua isolado, ignorando todos os outros
missionários que o antecederam, e todas as igrejas já implantadas no país onde
vai exercer a sua acção. Nos nossos dias, em praticamente todo o mundo, já há
igrejas evangélicas que têm a sua organização e os seus planos para a
evangelização. Igrejas que certamente conhecem melhor do que ninguém a
realidade dos seus próprios países. Além disso, há organizações de coordenação
e apoio às várias igrejas evangélicas, como é o caso, em Portugal, da AEP
(Aliança Evangélica Portuguesa) ou o COPIC (Conselho Português de Igrejas
Cristãs), ou em Moçambique o “Conselho Cristão de Moçambique”, etc.
Um missionário do tipo isolacionista,
tem tendência a actuar como uma espécie de “D. Quixote de la Mancha”, desfasado
da sua época, ignorando as outras igrejas evangélicas, como se ele fosse o
primeiro a pregar o Evangelho, ou o melhor de todos, ou o mais verdadeiro, assumindo
por vezes atitudes que acabam por prejudicar o Evangelho, tentando implantar
igrejas onde houver maior receptividade, o que geralmente acontece nos locais
já evangelizados, acabando por fundar igrejas com prejuízo das mais antigas,
desviando os crentes das suas antigas igrejas.
2.2
Motivos do isolacionismo:
Vários podem ser os motivos desta
atitude de certos missionários. Pelo que tenho observado em Portugal, posso
citar algumas causas que tenho observado em missionários que vêm do Brasil:
1) Procura dum melhor nível de vida.
Principalmente em relação aos missionários das regiões mais atrasadas do norte
do Brasil, que têm uma “chamada do Senhor” para pregar o Evangelho, não no
interior do Brasil nem em África, mas em Portugal, e que ao chegar a Portugal
preferem pregar em Lisboa ou nas regiões mais desenvolvidas e não nos distritos
onde ainda não há nenhuma igreja evangélica. Claro que todos têm o direito de
procurar melhor nível de vida noutro Estado do Brasil ou em Portugal, mas nas
conversas que tenho com os brasileiros das mais diversas profissões, que
imigraram para Portugal, verifico que todos vieram procurar melhor nível de
vida, excepto os missionários que se sacrificaram para vir evangelizar
Portugal.
2) Mentalidade sectária que o leva a
considerar a sua denominação como a melhor ou a mais verdadeira, quando não, a
única que pode dar a salvação, levando-o a afastar-se de todas as outras
igrejas evangélicas.
3) Pastores que pela sua maneira de pregar
e pelo seu temperamento autoritário e conflituoso, tantos problemas arranjaram
com as suas igrejas no Brasil, tantas vezes mudaram dum Estado para outro, que
apesar do Brasil ser tão grande, conseguiram “acabar o Brasil” e tiveram de vir
para Portugal.
4) Jovens que sempre viveram “dentro de
suas igrejas”, que nada conhecem do mundo real dos nossos dias e que vêm
iludidos para Portugal e outras partes do mundo, pensando organizar uma igreja
com base nos cânticos e nos testemunhos, sem a necessária preparação teológica
e cultura geral e sem uma profissão para poderem sobreviver. Esses geralmente
mantêm-se enquanto houver ajuda económica das igrejas que os enviaram e
regressam ao Brasil quando a ajuda não for suficiente, pois não estão
preparados para trabalhar e sobreviver em ambiente secular. Tarde demais,
acabam por verificar que os seus planos para organizar uma igreja com base na
música, com a mesma facilidade com que o fazem em algumas regiões do Brasil, já
não funciona tão bem, em ambientes onde o povo é mais desconfiado, o nível
cultural mais elevado e já não há tanta atracção pelo folclore musical das
nossas igrejas. Também as contas que faziam da sua sobrevivência com os
dízimos, já não funciona tão bem como nas regiões mais atrasadas do Brasil. Há
missionários que estão há anos em Portugal, sem conseguir evangelizar ninguém e
não têm iniciativa ou preparação para arranjar um emprego.
3. Missionário ao serviço da Globalização:
Nos últimos tempos, muito se tem falado
de globalização, ou mundialização, ou internacionalização, fenómeno para o qual
ainda não se arranjou uma definição aceite por todos, mas segundo alguns, não é
coisa nova, pois começou nos últimos 500 anos, com as grandes viagens dos
navegadores portugueses e espanhóis, que “encurtaram o mundo” e aproximaram
povos que antes nem sabiam da existência uns dos outros.
Mas é nos últimos tempos,
principalmente na década de 80, quando a tecnologia da informática se associou
à das telecomunicações, que mais se nota a influência da globalização, que
alguém já definiu como a ordem absurda em que o dinheiro é a única pátria,
ou desse monstro sem rosto e sem princípios éticos, segundo afirmou o
Dr. Mário Soares. Mas afinal, se temos dificuldade em dizer o que é
propriamente a globalização, todos sentimos os seus efeitos no mercado de
trabalho, nas empresas transnacionais, no meio ambiente, etc. Pessoalmente,
penso que a globalização é um fenómeno inevitável neste século que agora se
inicia, e é neutra, não é boa nem má, mas infelizmente temos sentido mais as
suas características negativas do que as suas vantagens. Já muito se tem
escrito sobre o assunto e não é minha intenção acrescentar mais alguma coisa,
mas sim relacionar a globalização com o que se está a passar com as nossas
igrejas.
Será possível estabelecer um paralelo
de ideias com o que se passa com o comércio tradicional e as pequenas
indústrias que vão sucumbindo sem poder competir com as grandes multinacionais
e o que se passa com as nossas igrejas evangélicas?
Vejamos algumas afirmações do Prof.
Luiz Roberto Lopez no seu artigo “Globalização - A
história interactiva”. Embora ele se refira à globalização em geral, será que a
religião não estará também incluída nessas afirmações?
1) “Globalização implica uniformização
de padrões económicos e culturais em âmbito mundial.” Aconselho a ler o meu
artigo “Evangelho e Cultura”. Temos também notado tais efeitos da uniformização
cultural e cultual na liturgia e nas pregações, que geralmente têm mais a ver
com hábitos culturais do ocidente do que com o genuíno Evangelho de Jesus.
Refiro-me tanto às tradições católicas como protestantes, “evangélicas” ou
ortodoxas. Os que se consideram evangélicos, estão prontos a criticar as vestes
do sacerdote católico que nada tem a ver com a cultura dos nossos dias, mas
defendem o casaco (paletó) e gravata no interior de África ou do Brasil. Por
vezes esquecemo-nos de que o nosso Mestre nasceu e viveu na Ásia Menor, onde
pregou uma mensagem que nada tem a ver com a cultura do continente europeu ou
americano.
2) “Historicamente, ela (a
globalização) tem sido indissociável de conceitos como hegemonia e dominação,
da qual foi sempre, a inevitável e previsível consequência.” Quase todos os
novos movimentos religiosos têm a sua sede na América, como é o caso das
testemunhas de Jeová, da igreja Sabatista, e até igrejas que se declaram como
independentes, sofrem grande influência das cúpulas americanas, como é o caso
das igrejas batistas portuguesas que estão divididas em Convenção e Associação,
porque as organizações americanas que os apoiaram estão também divididas e
ainda mantêm missionários em Portugal. No caso da Convenção Baptista
Portuguesa, até as lições de Escola Dominical são traduzidas de revistas
americanas, embora com uma certa preocupação com a transculturação nem sempre
suficiente.
3) “Ao longo do século XX, a
globalização do capital foi conduzindo à globalização da informação e dos
padrões culturais e de consumo.” É mais fácil as nossas revistas evangélicas
publicarem artigos traduzidos do inglês do que artigos escritos por portugueses
ou brasileiros, e em muitos casos, as nossas revistas evangélicas “portuguesas”
ou “brasileiras”, têm de passar por uma espécie de censura, antes de ter o
“imprimatur” comprovativo de estar conforme o pensamento das elites religiosas,
necessário para a sua publicação. Poderíamos também citar a espécie de “cânon”
da literatura utilizada ou “aconselhada” em muitos dos nossos Seminários de
Teologia. Também, quem se der ao trabalho de folhear os nossos hinários poderá
ver qual a percentagem de hinos escritos originariamente em português, quais as
traduções e qual a língua original dos hinos.
4) “A informação global é a manipulação
da informação para servir aos que controlam a economia global.” Talvez ainda
mais perigosa do que a globalização da economia, será a globalização da
informação em geral, com suas consequências no pensamento, na ética e também na
religião, se é que é possível dissociar todos estes aspectos do nosso
pensamento.
Penso que as igrejas evangélicas
brasileiras têm feito um grande esforço na obra missionária nos últimos anos,
atitude digna de louvor, mas nem sempre tais esforços têm sido bem dirigidos,
pois muitas vezes encaminham os seus jovens para organizações que embora
utilizando nomes como “xxx brasileira” ou “yyy
brasileira”, de brasileiras têm somente o nome, pois na realidade são as tais
“multinacionais de evangelismo” dirigidas e fortemente controladas por
estrangeiros ou “estrangeirados”, ao serviço duma política de direita,
geralmente relacionada com o imperialismo norte-americano. Outras organizações
utilizam os nomes de “mundial” ou “universal”, mas a sua sede é na América, e
se observarmos quem são os seus principais dirigentes ou onde estes estudaram,
facilmente se verifica que se trata de mais um “gato escondido com o rabo de
fora”.
Uma elevada percentagem desses
“missionários”, são jovens sem preparação, para quem a obra missionária foi a
alternativa ao desemprego, pois as tais “multinacionais de evangelismo”
oferecem o título de missionário depois dum “curso de teologia” de cinco meses,
nos quais aprendem a apelar à contribuição e ao dízimo e aprendem a escrever
cartas muito “espirituais” em que pedem ajuda espiritual, pedem para “segurar a
corda”, pedem orações e terminam com a indicação do número da conta bancária.
Sob o aspecto económico, os jovens
“missionários” ficam sob a responsabilidade das suas igrejas que têm de
garantir a sua subsistência, mas passam a actuar de acordo com a rígida
autoridade dessas organizações. Nos novos países, actuam muitas vezes com
flagrante desprezo pelas outras culturas que consideram inferiores e tentam
denegrir (veja os artigos sobre a Índia), e as igrejas que conseguem implantar,
muitas vezes à custa das antigas igrejas evangélicas desses países, ficam sob
autoridade dessas “multinacionais de evangelismo”, certamente ao serviço duma
política de direita, apresentando um “evangelho” ao serviço da globalização.
Certamente que os jovens com pouca preparação, serão os mais indicados para
tais organizações, principalmente os que não têm uma profissão, pois assim
serão pressionados a uma maior lealdade aos seus patrões, e se faltar o apoio
económico de suas igrejas, geralmente regressam ao Brasil, pois não têm uma
profissão para que possam sobreviver.
Não posso deixar de lançar este alerta
aos responsáveis pelas igrejas de todo o nosso mundo lusófono.
Parece que esse “monstro sem rosto e
sem princípios éticos” a que chamamos de globalização, que já controla as
economias dos vários países, está também a apoderar-se das nossas igrejas
evangélicas.
4. Qual a solução?
Certamente que a obra missionária não
pode parar, bem pelo contrário, deverá ser repensada e incentivada. Mas onde
buscar a orientação para a obra missionária dos nossos dias?
Como sempre, é na Bíblia, em especial
no livro de Actos e nas cartas de Paulo que temos a solução.
Referi-me aos dois casos extremos. Por
um lado o isolacionismo e por outro o missionário ao serviço da globalização.
Mas graças a Deus, que a salutar evangelização e os verdadeiros Missionários
ainda existem nos nossos dias. Comecemos por examinar algumas passagens
bíblicas.
2ª Coríntios
8:16/19 Mas,
graças a Deus, que pôs a mesma solicitude por vós no coração de Tito, pois
aceitou a exortação, e muito diligente partiu voluntariamente para vós, e com
ele enviamos aquele irmão cujo louvor no evangelho está espalhado em todas as
igrejas, e não só isso, mas foi, também escolhido pelas igrejas para
companheiro da nossa viagem, nesta graça que por nós é ministrada, para glória
do mesmo Senhor, e prontidão do vosso ânimo.
Filipenses 2:19/20
E espero no
Senhor Jesus que em breve vos mandarei Timóteo, para que também eu esteja de
bom ânimo, sabendo dos vossos negócios, porque a ninguém tenho de igual
sentimento, que sinceramente cuide do vosso estado.
1ª Tessalonicenses 3:2
E enviámos
Timóteo, nosso irmão e ministro de Deus e nosso cooperador no evangelho de
Cristo, para vos confortar e vos exortar acerca da vossa fé.
2ª Coríntios
12:17/19 Porventura
aproveitei-me de vós por algum daqueles que vos
enviei? Roguei a Tito, e enviei com ele um irmão. Porventura Tito se aproveitou
de vós? Não andámos, porventura, no mesmo espírito, sobre as mesmas pisadas?
Cuidais que ainda nos desculpamos convosco? Falamos em Cristo perante Deus, e
tudo isto, ó amados, para vossa edificação.
Poderíamos ainda mencionar Efésios 6:21/22,
Colossences 4:7/14.
Penso que depois duma primeira época em
que Paulo e outros apóstolos foram dirigidos somente pelo Espírito Santo nas
suas viagens missionárias, seguiu-se uma segunda época, dezenas de anos mais
tarde, na história do cristianismo, depois dos anos 50 e 60, em que já havia umas poucas igrejas espalhadas por
todas as províncias do grande Império Romano.
Estas passagens bíblicas que mencionei,
de há quase 2000 anos, referem-se a essa segunda época, em que as igrejas
enviavam os seus missionários que eram dirigidos às novas igrejas, sempre com
uma espécie de carta de recomendação, numa época em que não havia cartas de
correio nem telefones nem internet. Era isso, esse “certificado de qualidade”,
que diferenciava os primeiros missionários cristãos dos judaizantes vindos do
Templo de Jerusalém.
Esse foi também o método utilizado por
muitos Missionários brasileiros que vieram trabalhar para Portugal e deram um
valioso contributo para o Evangelho, estreitando os laços de amizade e sã
cooperação entre as nossas igrejas. E não só do Brasil, pois lembro-me dum
jovem casal de missionários americanos me ter dito que vieram enviados por uma
pequena igreja americana, não para fundar novas igrejas, mas para oferecer a
sua cooperação às igrejas evangélicas portuguesas.
Graças a Deus que até na própria
América ainda há verdadeiras igrejas evangélicas que não se vergaram perante as
pressões da globalização e que sabem ser Igreja nos momentos mais difíceis,
como é o caso da Igreja Metodista Americana (Ver o artigo A Paz precisa de uma
oportunidade). Um pouco por todo o mundo, ainda há algumas igrejas que sabem
ser o sal da terra e a luz do mundo, que sabem ser Igreja, uma referência do
pensamento de Cristo para as nações dos nossos dias, enquanto a maioria das
igrejas ditas “evangélicas” continua entretida com a preservação das suas
tradições litúrgicas e do seu interessante folclore religioso, pairando entre o
céu e a terra, como se não estivessem no nosso mundo ou não fossem do nosso
tempo, ou já foram absorvidas pela globalização, tornando-se mais um
instrumento ao serviço do mais rico ou do mais forte.
Os missionários brasileiros com mais
preparação que conheço, não vieram como se fossem o D. Quixote do século XXI,
para “descobrir” Portugal, mas pelo contrário, eles colocaram-se humildemente
ao serviço das suas igrejas no Brasil que contactaram com a mesma denominação
em Portugal e sujeitaram-se à visão de evangelização dessas igrejas, tal como
Tito ou Timóeto se colocaram à disposição das suas
igrejas.
Evangelização é obrigação inalienável
das igrejas. Não convém que seja acção individual, nem que fique a cargo das
“multinacionais de evangelismo”, geralmente influenciadas por motivos políticos
e económicos.
Muitas vezes se tem apresentado o
exemplo de Paulo para justificar que as primeiras igrejas devem ser implantadas
nas principais cidades, mas julgo que o principal motivo de Paulo ter
implantado igrejas, por exemplo em Hierápolis, Filadélfia, Sardes, Tiatira, Pérgamo Trôade etc, foi simplesmente a via romana que Paulo percorreu e
que ligava todas estas cidades, numa época em que as viagens eram difíceis e
perigosas. Como resultado dessa precipitada interpretação das Escrituras,
lembro-me de que em meados do século passado, em Moçambique, havia várias
igrejas de língua portuguesa das várias denominações, todas somente na sua
capital, pois todas queriam “seguir o exemplo de Paulo”. Mas as antigas
organizações missionárias do protestantismo histórico, organizaram o “Conselho
Cristão de Moçambique”, que de certa maneira orientava as várias igrejas a
evangelizar em determinada área do país, num contexto histórico em que o termo
missão pressupunha não só a parte religiosa, como a existência duma escola ou
dum pequeno posto de assistência médica.
Penso que a obra missionária não pode
ignorar as realidades dos vários países, que só as igrejas desses países
conhecem bem, assim como a especificidade da nossa época.
Como dizia um experiente Missionário
brasileiro na Austrália, “... temos de voltar a
reanimar o órgão estabelecido por Deus para este trabalho, a igreja local. Não
a convenção, não a instituições paralelas, mas somente a igreja”.
Camilo - Marinha Grande
Janeiro de 2003
Estudos bíblicos sem fronteiras
teológicas