Magos do Oriente (CC)
Acontecimento verídico ou tradição?
(Deverá “clicar” nas referências
bíblicas, para ter acesso aos textos)
Texto
bíblico: Mateus
2:1/10
Introdução:
Aproxima-se
mais outro Natal, palavra com que nos referimos ao nascimento de Jesus Cristo,
todos os anos comemorado, segundo a tradição de católicos, protestantes e
evangélicos, no dia 25 de Dezembro.
Quanto
à veracidade da data desse acontecimento, já temos o
artigo Quando
nasceu Jesus? (CC)
Tencionamos
no presente artigo, meditar no episódio dos Magos do Oriente ou dos Reis Magos,
como são conhecidos pela tradição.
Pouca informação temos,
nos textos canónicos, sobre este acontecimento. Só Mateus fala nos homens que
vieram do Oriente. A palavra que vem do grego, como vemos no artigo Magos do
Oriente (MC) do Professor Manuel Pedro da Silva Cardoso,
significava pessoas que previam o futuro através do estudo dos astros. Na nossa
língua o mais apropriado é chamar-lhes de magos ou astrólogos.
O Decálogo
afirma em Êxodo 20:4 Não farás para ti imagem esculpida, nem
figura alguma do que há em cima no céu, nem em baixo na terra, nem nas águas
debaixo da terra.
Devido a
uma interpretação fundamentalista deste versículo, a “astrologia e astronomia”
nunca se desenvolveram em Israel. Só foi possível estabelecer uma cronologia do
Velho Testamento devido às referências às grandes civilizações dessa época,
como o Egipto e a Babilónia, que já tinham um calendário, conseguiam prever os
eclipses e numeravam os anos. Referi-me a “astrologia e astronomia”, pois nessa
época aceitavam a cosmovisão cosmogónica antiga que considerava a terra como um
prato invertido à superfície das águas, apoiado em colunas, com um oceano
inferior por baixo da terra e outro oceano superior por cima das nuvens. Eles
já conheciam alguns dos movimentos aparentes dos astros, portanto podemos
afirmar que tinham conhecimentos de astronomia, mas davam outras explicações
relacionando-os com os acontecimentos do dia-a-dia sendo portanto astrólogos.
Podemos
afirmar que noutros países dessa época, os magos constituíam uma classe
profissional com privilégios especiais, tal como os levitas em Israel. Também,
assim como os levitas, tinham a preocupação de se identificar com vestes
especiais (túnicas compridas e chapéus altos de abas largas) e pretendiam ser
os intermediários entre os deuses e os humanos.
Certamente
que tendo objectivos comuns aos sacerdotes levitas, seria inevitável o atrito
entre eles, que nos nossos dias seria classificado como um conflito
profissional por motivos económicos.
Temos no
NT o caso de Bar-Jesus de Salamina que vemos em Actos
13:05/12, embora o livro de Actos interprete o acontecimento num contexto de
teologia. Nos nossos dias, seria certamente um conflito de interesses
económicos, pois ambos, levitas e magos viviam da
crendice popular.
Podemos
citar um caso semelhante que se passa actualmente em Moçambique com alguns dos
antigos feiticeiros africanos (que se intitulam “médicos tradicionais” e agora
estão organizados na AMETRAMO - Associação
de médicos tradicionais moçambicanos), e muitos dos pastores evangélicos
brasileiros em Moçambique que também pretendem curar todos os doentes sem terem
preparação em medicina e por vezes nem em teologia.
Mas os
feiticeiros eram geralmente confundidos com os curandeiros ou ervanários e
admito que os conhecimentos destes últimos tenham algum valor científico.
Hoje,
ninguém de cultura média confunde a astronomia, ciência séria e prestigiada que
tem conhecido um grande desenvolvimento nos últimos anos, com a superstição da
astrologia que ainda sobrevive. Mas nessa época não havia essa separação e
qualquer dos prestigiados astrónomos dos nossos dias, no Israel dessa época,
corria o risco de ser condenado à morte de acordo com o decálogo em Êxodo 20:4. Assim,
os magos que procuraram a Jesus recém-nascido, correram um sério perigo, mas
devem ter escapado graças à legislação do Império Romano que não permitia que
os judeus aplicassem a pena de morte e os obrigaram a respeitar as outras
religiões, pois Roma concedia liberdade religiosa aos povos sob o seu domínio,
como era o caso de Israel quando Jesus nasceu.
O que dizem os evangelhos.
Antes de
continuar com este estudo, vamos examinar Mateus 2:1/10 noutras traduções.
Tradução
de João Ferreira de Almeida:
1 E,
tendo nascido Jesus em Belém de Judéia, no tempo do
rei Herodes, eis que uns magos vieram do oriente a Jerusalém,
2 Dizendo: Onde está
aquele que é nascido rei dos judeus? porque vimos a
sua estrela no oriente, e viemos a adorá-lo.
3 E
o rei Herodes, ouvindo isto, perturbou-se, e toda Jerusalém com ele.
4 E,
congregados todos os príncipes dos sacerdotes, e os escribas do povo,
perguntou-lhes onde havia de nascer o Cristo.
5 E
eles lhe disseram: Em Belém de Judéia; porque assim
está escrito pelo profeta:
6 E
tu, Belém, terra de Judá, de modo nenhum és a menor entre as capitais de Judá;
Porque de ti sairá o Guia Que há de apascentar o meu
povo de Israel.
7 Entäo
Herodes, chamando secretamente os magos, inquiriu exatamente deles acerca do
tempo em que a estrela lhes aparecera.
8 E,
enviando-os a Belém, disse: Ide, e perguntai diligentemente pelo menino e,
quando o achardes, participai-mo, para que também eu vá e o adore.
9 E,
tendo eles ouvido o rei, partiram; e eis que a
estrela, que tinham visto no oriente, ia adiante deles, até que, chegando, se
deteve sobre o lugar onde estava o menino.
10 E,
vendo eles a estrela, regozijaram-se muito com grande alegria.
Tradução
da Bíblia de Jerusalém:
1. Tendo nascido Jesus
na cidade de Belém, na Judeia, no tempo do rei Herodes, alguns magos do Oriente
chegaram a Jerusalém
2. e
perguntaram: «Onde está o Rei dos judeus recém-nascido? Nós vimos a sua estrela
no Oriente e viemos para Lhe prestar homenagem».
3. Ao saber disso, o rei
Herodes ficou alarmado, assim como toda a cidade de Jerusalém.
4. Herodes reuniu todos
os sumos sacerdotes e os doutores da Lei e
perguntou-lhes onde o Messias deveria nascer.
5. Eles responderam: «Em
Belém, na Judeia, porque assim está escrito por meio do profeta:
6. "E tu, Belém, terra de Judá, não és de modo nenhum a menor
entre as principais cidades de Judá, porque de ti sairá um Chefe, que vai
apascentar Israel, meu povo"».
7. Então Herodes chamou
secretamente os magos, e investigou junto deles sobre o tempo exacto em que a
estrela havia aparecido.
8. Depois, mandou-os a
Belém, dizendo: «Ide e procurai obter informações exactas sobre o Menino. E
avisai-me quando O encontrardes, para que também eu vá
prestar-Lhe homenagem».
9. Depois de terem
ouvido o rei, partiram. E a estrela, que tinham visto
no Oriente, ia adiante deles, até que parou sobre o lugar onde estava o Menino.
10. Ao verem de novo a
estrela, os magos ficaram radiantes de alegria.
Tradução
Ecuménica da Bíblia – TEB
1. Tendo Jesus nascido, em Belém
da Judeia, no tempo do rei Herodes, eis que magos vindos do Oriente chegaram a
Jerusalém
2. e
perguntaram: “Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos o seu astro
no oriente e viemos prestar-lhe homenagem”.
3. A esta notícia, o rei Herodes
ficou perturbado, e toda Jerusalém com ele.
4. Reuniu todos os sumos sacerdotes e os escribas do povo, e lhes perguntou
onde o Messias devia nascer,
5. Em Belém da Judeia,
disseram-lhe eles, pois é isto que foi escrito pelo profeta:
6. E tu, Belém, terra de Judá, não és decerto a menos importante das sedes
distritais de Judá pois é de ti que sairá o chefe que apascentará Israel, meu
povo”
7. Então Herodes mandou chamar
secretamente os magos, inquiriu deles a época exata em que apareceu o astro,
8. e os
enviou a Belém dizendo: “Ide informar-vos com exatidão acerca do menino; e, quando o tiverdes encontrado, avisai-me para que também
eu vá prestar-lhe homenagens”.
9. A estas palavras do rei, eles
se puseram a caminho, e eis que o astro que tinham visto no oriente avançava à
sua frente até parar em cima do lugar onde estava o menino.
10. À vista ao astro, sentiram
uma alegria muito grande.
Certamente
que nenhum evangelista nem nenhum apóstolo esteve
presente nestes acontecimentos, mas parece que a maior parte dos evangelistas
não acreditou nesta referência aos magos que vieram do oriente, pois só Mateus
menciona o aparecimento dos magos.
Não há
passagens paralelas nos textos canónicos neotestamentários, embora os
evangelhos considerados apócrifos tragam mais informações, algumas das quais
dariam base bíblica a certas tradições como o boi e o burro no presépio.
Vou citar
informações de dois evangelhos apócrifos, pois não sendo católico nem estando
ligado a nenhuma igreja protestante nem evangélica, não prescindo de raciocinar
livremente com base em toda a informação que chegou aos nossos dias e que
esteja ao meu alcance, sem me preocupar com o dogma do cânon que protestantes e
evangélicos “herdaram” do catolicismo romano.
Não posso
deixar de questionar: Estará certo tudo que está nos textos canónicos, se o
cânon do Velho Testamento nem foi feito por cristãos? Estará errado tudo que
está nos textos apócrifos? Assim, vou fazer referências a dois
evangelhos apócrifos que poderá ler, se assim o entender.
Referimos
em primeiro lugar o Proto-Evangelho
de Tiago onde vemos que:
Em
17:2 - Maria viajava num jumento e Jesus nasceu num lugar deserto.
Em
18:1 – Jesus nasceu numa gruta.
Em
21:1 - Temos a descrição dos magos, que nos principais pormenores coincide com
a descrição de Mateus. Não sei qual será o mais antigo, se o Proto-Evangelho de
Tiago ou o Evangelho de Mateus (canónico).
Também no Evangelho
Apócrifo de
Pseudo-Mateus vemos que:
Em
13:1 - Antes de Jesus nascer, Maria teve uma visão de dois povos, um que
chorava e outro que se alegrava. José mandou-a calar-se, mas apareceu um anjo
que lhes disse que o povo judeu iria chorar, mas os gentios alegrar-se.
Em
14:1 - Três dias depois do nascimento de Jesus, Maria saiu da gruta, entrou num
estábulo e colocou o menino numa manjedoura, na qual o boi e o burro o
adoraram.
Em
16.1 - Este evangelho de Pseudo-Mateus afirma que no
segundo ano de vida de Jesus, vieram uns magos do Oriente a Jerusalém, com uma
descrição semelhante à do Evangelho de Mateus. Parece-me mais credível que os
magos tenham chegado quando Jesus tinha pelo menos um ano e não logo que Jesus
nasceu, como diz a tradição, pois necessitavam de tempo para preparar essa
grande viagem para a época. Aliás, como vemos em Mateus 2:7, Herodes
investigou há quanto tempo tinha aparecido a estrela, pois sabia que não era
acontecimento recente.
Os magos
Quem
seriam esses magos?
Mateus
só afirma que vieram do oriente, pelo que teriam de ser de países que: Em primeiro lugar, tivessem uma cultura suficiente
desenvolvida para ter magos, e em segundo lugar que estejam a oriente de
Jerusalém. Fica portanto afastada a possibilidade do Egipto, pois tinha uma
cultura avançada, com conhecimentos de astrologia e astronomia, mas o Egipto
fica a sul.
A
oriente de Israel fica a parte norte do deserto da Arábia, que já sobrevoei
várias vezes nas viagens entre a Índia e Frankfurt. Quando o voo é de dia,
tenho a curiosidade de observar para ver se avisto algum vestígio de vida
humana, mas mesmo nos nossos dias só se vê areia e mais areia e por vezes
rochas de imponentes montanhas. Na época de Jesus o isolamento seria certamente
ainda maior. Depois do deserto, em direcção ao oriente, fica a Mesopotâmia e
depois o norte da Índia. O deserto foi a fronteira que limitou o Império
Romano. Portanto, países com civilizações
avançadas a oriente de Israel, só a Mesopotâmia, e mais distantes, a Índia e a
China.
Julgo
que a origem mais provável dos magos seria a Mesopotâmia, nomeadamente a
Babilónia e outras cidades importantes onde nessa época já viviam alguns
comerciantes judeus que sabiam bem onde ficava Jerusalém. Até já havia rotas
comerciais, mas que contornavam o deserto, subindo quase até à nascente do rio
Eufrates, na actual Turquia (De avião avistamos grandes montanhas cobertas de
neve). O mais provável é que os magos tivessem viajado integrados numa caravana
de comerciantes, como aliás foi também a rota de Abraão a caminho da terra
prometida, que não foi em linha recta pelo deserto, mas foi pela margem do
Eufrates, de Ur até Harã, no sul da actual Turquia, para evitar o deserto.
Tiveram de atravessar locais que nos nossos dias pertencem ao Iraque, Síria e
Turquia.
A estrela (versículo 2)
Como
vimos, nas três traduções apresentadas, para a tradução de João Ferreira de
Almeida e para a tradução de Jerusalém era uma “estrela”, mas a TEB fala em
“astro”.
Tentámos
investigar o assunto, mas como não sabemos grego, para consultar as cópias dos
originais, pedimos ajuda ao Professor Cardoso que nos informou de que, embora a
palavra que consta das cópias em grego é a que deu origem à palavra “astro” na
nossa língua, ele preferia traduzir por estrela.
Certamente
que, para o primitivo cristianismo, que não tinha conhecimentos de astronomia,
todas as luzinhas que vissem nos céus durante a noite eram estrelas. Mas com a
palavra astro, englobamos todos os corpos celestes, tanto as estrelas como
planetas ou eventuais cometas.
Várias
explicações têm sido sugeridas para este fenómeno duma estrela que apareceu
durante algum tempo (não sabemos se dias ou meses), segundo o Evangelho de
Mateus, que os evangelhos apócrifos confirmam.
Alguns
sugerem que fosse a conjugação de dois ou mais planetas que desse a aparência
duma grande estrela. Mas não me parece credível que os astrólogos dessa época,
que já conheciam as estrelas e os movimentos dos planetas, fizessem essa
confusão. Também não me parece credível que eles confundissem algum cometa com
uma estrela. Parece-me mais provável que fosse a explosão duma supernova
nalguma galáxia distante, pois eles não tinham equipamento para avistar as
galáxias nem a luz ultravioleta que precede a explosão durante algumas horas,
mas podiam facilmente ver o brilho da distante explosão que demora algumas
semanas e até alguns meses. É bem possível que os magos, de várias cidades do
oriente, habituados a observar as estrelas, notassem o aparecimento duma nova
estrela que se manteve visível durante vários meses, fenómeno que certamente
passou despercebido em Israel que não tinha tradição de astrologia.
Mas há
outros pormenores que ficam por explicar.
Segundo
vemos em Mateus
2:2,
os magos viram uma grande estrela que relacionaram com Jesus. Não sabemos quais
os motivos que levaram os magos a relacionar a estrela com o rei dum país
pequeno e quase desconhecido das grandes potências da época.
Orientados
pela estrela?! (versículo
9)
Em
Mateus
2:9
temos novas referências à estrela.
É
vulgar nos postais de Natal, vermos imagens dos magos, geralmente três,
montados em camelos, seguindo uma estrela pelo deserto. Mas penso que Mateus
não diz isso.
O
versículo 2 em todas as traduções afirma: Vimos a sua estrela (ou astro) no oriente e viemos
adorá-lo (ou prestar-lhe homenagem).
Mas
será que foi um acontecimento pontual, uma estrela que apareceu e desapareceu?
Ou apareceu e permaneceu visível nos céus?
O
versículo 9 “….
E eis que a estrela ..” dá a
ideia de que a estrela apareceu novamente. Portanto, não vejo fundamento
bíblico para acreditar que depois de verem a estrela no seu país de origem,
continuassem a ver a estrela durante a viagem.
Mas,
seria possível os magos caminharem pelo deserto seguindo sempre em direcção a
uma estrela? Seguiam de noite e paravam durante o dia?
Todos
os astros, incluindo o sol e a lua, têm o momento do seu nascimento, quando
aparecem no horizonte, aproximadamente a leste ou nascente, e o momento do seu
ocaso, quando se escondem no horizonte aproximadamente a oeste ou poente. Hoje
sabemos que esse movimento é provocado pela rotação da terra.
Geralmente
só nos referimos ao nascer e ocaso do sol, e por vezes
da lua, mas as tabelas astronómicas indicam as horas do nascer e do ocaso de
outros astros.
Como
seria o trajecto dos magos, se no deserto seguissem sempre em direcção e uma
determinada estrela?
Quando
a estrela aparecia no horizonte, caminhariam para leste, ou nascente, ou
oriente. Seis horas mais tarde estariam certamente um pouco desorientados
devido à estrela estar próxima do zénite (o ponto mais alto) e seis horas
depois estariam a caminhar para oeste ou poente, e teriam de parar quando a
estrela se escondesse no horizonte.
Doze
horas mais tarde, no dia seguinte, a estrela apareceria nas suas costas e
notariam que no dia anterior caminhavam precisamente ao contrário.
Assim,
passariam os dias, caminhando aos círculos pelo deserto?!
O
mesmo aconteceria a quem caminhasse sempre em direcção ao sol, que também é um
a estrela.
Lugar
indicado por uma estrela
Ainda
segundo o mesmo versículo 9 …. a
estrela, chegando, se deteve sobre o
lugar onde estava o menino.
Como
poderia uma estrela tão distante, indicar um lugar ou uma habitação? Mesmo que
fosse a estrela mais próxima, o nosso sol, quando o sol está na vertical duma
cidade, que casa ou que local é que indica?!
Conclusão
Penso
que isto nunca aconteceria com verdadeiros magos ou astrólogos, que nunca iriam
viajar seguindo sempre em direcção a uma estrela.
Mesmo
não sabendo que umas são as estrelas e outros os planetas, sabiam que alguns
dos pontos luminosos que se vêm de noite movem-se em relação aos outros
(planetas), enquanto a maior parte mantem a posição entre eles (estrelas), mas
todos caminham dum ponto no horizonte (nascente ou este ou oriente) para o lado
oposto do horizonte (poente ou oeste ou ocidente) segundo a antiga cosmovisão
cosmogónica que considerava a terra como o centro do universo.
Não
é possível, depois de dois milénios, chegar a uma conclusão, mas como crentes
em Cristo, podemos e devemos raciocinar livremente sobre estes acontecimentos e
não prescindo de pensar que esta descrição de Mateus deve ter sido elaborada
por quem não tinha conhecimentos de astrologia e muito menos de astronomia.
Mateus, que não estava presente quando Jesus nasceu, aceitou esta descrição
como verdadeira.
Podemos
também questionar:
Se
isto foi verdade, então será que se confirma que há alguma relação entre os
astros e a vida e destino dos homens? Ou será influência destas superstições no
primitivo cristianismo?!
Nessa
época, Jesus ainda era uma criança bem pequena. Mas será que Ele teria
simpatizado ou aceite a ideia de ser adorado por quem via o seu futuro
condicionado pelas estrelas?
Eu
apoio a posição de Lucas que, depois de investigar tudo cuidadosamente desde o
início, segundo vemos no início do seu evangelho, em Lucas
1:1/4, optou por omitir a descrição dos magos do oriente.
Literatura
consultada:
Bíblia
de Jerusalém, TEB, Almeida, BPT.
“Evangelhos
Apócrifos” de Luigi Moraldi – Paulus,
São Paulo
“Atlas
Bíblico” das Edições Zairol, Ldª
– Mem Martins, Portugal
Sobre
este assunto, poderá ler também o artigo com o mesmo nome Magos do Oriente
(MC) do Professor de teologia Manuel Pedro Cardoso
Poderá
ver estudos sobre outros “Personagens Bíblicos” em Diversos assuntos
bíblicos
Camilo – Marinha Grande, Portugal.
Dezembro
de 2013
Estudos bíblicos sem fronteiras teológicas
COMENTÁRIOS RECEBIDOS
David de
Oliveira – Goiânia, Brasil
Dezembro de 2013
No Brasil a incidência maior de
curandeirismos é de descendentes africanos, do chamado “baixo espiritismo”, que
trouxeram de sua cultura milenar africana. Quase sempre prescrevem ervas depois
dos seus rituais para complementar ou associar às “curas”.
Quanto aos três tipos de cânones: apócrifos, Novo Testamento e Velho Testamento, ainda não entendi
a razão de desconfiar inteiramente dos textos apócrifos e confiar inteiramente
nos textos do Velho Testamento e do Novo Testamento, apesar de reconhecer que
se trata de “ter fé” e não de confiança.
O Velho Testamento e suas tradições foi
reconhecido pelo povo judeu e a fixação do seu Canon
se deu, supostamente, no concílio de Jamnia no final do
século primeiro liderado pelo rabino Yochanan ben Zakai para fazer frente ao
rápido avanço do cristianismo. O Novo Testamento, o mais confiável, apesar de
ser escrito por cristãos, não é a razão de não conter alguns erros ou
equívocos, apesar de ser genericamente aceitável. Os chamados livros apócrifos
podem conter estórias até mirabolantes, mas também não é a razão de não
conterem verdades.
Talvez Lucas, um médico instruído e por
ser um judeu-cristão, achou inconveniente mencionar os magos e os incidentes
provocados por eles, por achar que os relatos eram “um
tanto apócrifos”! Lucas
1:1/4