Presidente
Lula e a indústria religiosa (CC)
(Deverá “clicar” nas referências
bíblicas, para ter acesso aos textos)
Introdução
Quero dizer, em primeiro lugar, que
utilizei a expressão “indústria religiosa”, por questão de respeito pelas igrejas
evangélicas sérias, que nada têm com o assunto que vou abordar.
Sou um entusiasta pela Internet devido
às suas grandes vantagens, como a rapidez e baixo custo para se obter todo o
tipo de informação (verídica ou falsa, desenvolvida ou ingénua), e contactos
com todo o tipo de pessoas, independentemente das distâncias que nos separam.
Mas há também os aspectos negativos da
Internet. Um desses aspectos, bem negativos, são as mensagens indesejadas que
aparecem no nosso correio electrónico, mensagens de todo o tipo como propaganda
comercial, pornografia, drogas etc, quase tudo em
língua inglesa.
Mas, não é disso que quero falar. O
assunto que tenciono abordar são as mensagens anónimas. Dei este nome por
influência das cartas anónimas em que se fazem impunemente todas as afirmações,
sem se saber quem enviou as cartas.
Na Internet, geralmente aparece o nome
do remetente, mas isso pouco significa, pois pode ter vindo de qualquer ponto
do mundo e o simples endereço electrónico serve somente para se enviar uma
mensagem de resposta, e por vezes nem isso funciona. Na verdade, só se conhece
realmente o remetente duma mensagem da Internet, quando este se dá a conhecer.
Eu penso que tenho tido muita sorte e
dou graças a Deus pelos que encontram a minha página na Internet e me
contactam, pois quase todos, quando lhes pergunto quem são e onde moram,
respondem alegremente e alguns até me enviam suas fotos, da esposa ou do
marido, dos filhos etc, informações que muito me
alegram.
Mas infelizmente, nem sempre é assim, e
por sinal, os casos mais tristes são de alguns pastores evangélicos, que
resolvem repreender-me com a arrogância de quem fala do cimo dum púlpito a uma
audiência de pessoas simples e ingénuas no interior do Brasil.
Um desses casos é o dum… julgo que seja
Pastor, que me enviou a seguinte mensagem através dum prezado amigo e irmão que
serviu de intermediário.
Mensagens recebidas
Irmão xxxxxx
Obrigado pelo
encaminhamento da explicação ao Camilo. Da outra vez que ele se enfezou, ele
havia comentado que preferia um presidente socialista do que um presidente
evangélico. Ele também demonstrou apoio a Lula.
Como cristão, vejo que o
melhor para nosso país é um homem cristão, temente a Deus, na presidência. Vejo
Lula como um homem que precisa de muita ajuda e oração. Ele não tem capacidade
nem de governar seus próprios impulsos, com bem demonstra seu problema de
alcoolismo.
Quando estive com
autoridades em Brasília em novembro passado, um importante líder me confessou
que algumas vezes, quando Lula chega de avião para Brasília, não deixam ninguém
chegar perto, pois Lula está tão bebâdo que precisa
ser carregado. Veja também as fotos anexas, tiradas quando ele brincou de festa
junina com seus ministros em Brasília. Um das pessoas
presentes o fotografou com um celular digital. Apenas peço-lhe não divulgar a
ninguém as informações e as fotos, pois o governo tem se mostrado enfurecido
com toda exibição de sua realidade.
Pergunte ao Camilo por que
antes de ele atacar o texto do Eros ele não leu tudo com atenção? Tenho a impressão
de que ele prefere atirar primeiro e fazer perguntas depois.
Julio Severo
Noutra mensagem, a mesma pessoa, que
assina como Júlio Severo (admito que seja o nome dele) faz a seguinte
afirmação:
Fiquei surpreso com o fato de
que o Camilo ficou indignado com o texto do Pasquini,
mas não ficou indignado com o texto do Gondim. Esse Camilo não é aquele
português comunista admirador de Lula que anteriormente havia criticado meus
textos por não possuírem a idolatria marxista?
Julio Severo
Nossa resposta
Bem gostaria de responder directamente
ao Pastor Júlio Severo.
Mas infelizmente não sei como o
contactar, nem sei se será Pastor de alguma igreja evangélica, pois gostaria de
mencionar o nome dessa igreja, para não ficarmos em dúvida a respeito de muitas
outras igrejas evangélicas, que não se identificam com a atitude e afirmações
deste Pastor.
Verifico que ele me faz algumas
perguntas e até acusações, que afinal muito me honram. Ser acusado ao lado do
Presidente do Brasil… Vejam só a honra que ele me concede!!!.
Mas como ele se serviu dum
intermediário, que não se quer “meter neste assunto”, e julgo que com toda a
razão, e como eu tento sempre responder a todos que me contactam, não tive
outra solução a não ser através desta minha página na Internet. Nesta altura (a
mais fraca do ano), a minha página está com cerca de 200 a 400 visitantes por
dia e alguns deles não se limitam a ler os artigos, mas também me contactam.
Perante o Senhor, tenho de dar prioridade àqueles a quem possa ser útil. Muitos
deles, são crentes desiludidos com as igrejas e muitas vezes excluídos por
alguns desses pastores que se julgam os “santos” que não necessitam de ajuda de
ninguém, nem necessitam de se arrepender, mas pregam o arrependimento aos
pobres, para os explorar com a cobrança do dízimo, que funciona como uma
espécie de “indulgência evangélica”, fruto da deturpação da mensagem de Cristo
(a), a bem da rentabilidade da “indústria
religiosa”. Jesus bem nos avisou de que o joio iria crescer abundantemente ao
lado do seu trigo.
Certamente que o Presidente do Brasil
tem mais em que pensar, para se preocupar com esta gente. Mas quero esclarecer
a minha posição sobre o meu eventual apoio ao Presidente Lula.
Em primeiro lugar, eu sou português.
Não sou brasileiro, pelo que não me compete interferir na eleição do Presidente
do Brasil, mas a minha página na Internet, está à disposição de quem a queira
consultar e tirar as conclusões que entender.
Confirmo a veracidade da “acusação” que
me faz.
Considero-me cristão protestante ou
evangélico, mas geralmente prefiro votar num dirigente ateu, ou agnóstico, e
não há qualquer contradição, pois sou crente em Cristo e não nos religiosos,
muito menos nos pastores ou nos que se servem da religião para a sua auto-promoção.
Embora conheça muitos verdadeiros crentes e verdadeiros Pastores, pessoas
humildes e dignas de todo o respeito e consideração, a minha confiança está
somente em Cristo. Mas sei que 1º Reis 19:18 ainda
é válido nos nossos dias, ainda há muitos milhares que não dobraram os seus joelhos perante as pressões psicológicas,
políticas e económicas dos nossos dias. Se nos nossos dias há muitos que
estão prontos a matar em nome de Cristo, também o Senhor reservou para si,
muitos que estão prontos a dar as suas vidas por Cristo o Filho de Deus ou por
Cristo o Profeta.
Quer a história dos nossos países
(Portugal e Brasil), quer a história universal, já nos tem mostrado que o
grande perigo para a paz reside na escolha dum Rei ou dum Presidente que seja
crente fanático fundamentalista. Isso aconteceu no passado e infelizmente
continua a ser uma realidade em muitos países dos nossos dias.
Sou um democrata que ama a liberdade de
pensamento e de expressão, e penso que um Presidente ateu ou agnóstico é uma
melhor garantia dessa liberdade. Não gostaria de ter no meu país, ou no Brasil,
a liberdade de expressão que há na maior parte das igrejas evangélicas.
Mas, há outro esclarecimento que não
posso deixar de dar ao Pastor Júlio Severo que me chama de comunista, num
contexto em que tal afirmação soa a acusação, como se isso fosse alguma coisa
indigna, e também porque tenho bons amigos comunistas, por quem tenho toda a
consideração e certamente também haverá muitos verdadeiros comunistas que são
leitores da “Estudos bíblicos sem fronteiras teológicas”.
Não sou membro nem militante de nenhum
partido, assim como também não sou membro de nenhuma igreja, embora colabore
com as igrejas que me recebem. A minha página na Internet tem artigos de
protestantes, artigos de católicos, e de ateus, e pequenos comentários que me
foram enviados por islâmicos e hindus, coisa que não encontro nas páginas
evangélicas que conheço, que são página de igrejas evangélicas ou por elas controladas,
onde geralmente não há liberdade de expressão, pois estão ao serviço da sua
linha doutrinária.
Posso considerar-me como evangélico,
por crer no Evangelho, mas até tenho receio dessa palavra “evangélico” e
prefiro o termo “protestante”, pois não gostaria de ser confundido com esses
fanáticos de influência norte-americana. Não ponho em dúvida que esses sejam
pessoas “convertidas”. O problema é saber a que é que se converteram.
Conversão no sentido bíblico
neotestamentário, não é suicídio cultural em que morre o homem velho, que era
verdadeiro brasileiro, para nascer um “brasileiro” americanizado, que logo
comprova a sua “espiritualidade” pelo seu “linguajar denominacional”
estrangeirado e pelo seu mau português. Nas páginas católicas na Internet, fala-se
um melhor português, pois pelo menos culturalmente os católicos são mais
brasileiros (ou mais portugueses) do que esse tipo de “evangélicos”.
Muito menos, conversão será suicídio
intelectual em que o “crente” se remete para uma atitude heterónoma, com base na
infalibilidade do seu pastor ou missionário (muitas vezes estrangeiro), ou
infalibilidade das igrejas, ou das juntas missionárias. Pior ainda, quando se
trata de juntas missionárias estrangeiras, que controlam as igrejas “nacionais”
e impõem agressivamente a sua estratégia de “evangelização”, a cultura do seu
país, e o seu “evangelho” que já pouco tem do Evangelho de Cristo. (b)
A conversão a
que Jesus se refere, não prescinde de toda a capacidade intelectual do crente
que será purificada e ampliada para estar ao seu serviço. Claro que isso é bem
incómodo para determinado tipo de associações religiosas a que até tenho
dificuldade em chamar de igrejas e prefiro o termo “indústrias religiosas”.
Procuro meditar no pensamento de
Cristo, sem me deixar influenciar pela “ajuda” dessas “igrejas”.
Penso que nenhuma igreja nem nenhum
partido político está 100% de acordo com a mensagem de Cristo nem completamente
contra essa mensagem de amor e solidariedade entre os homens.
Embora não seja católico romano, nem
aceite a infalibilidade do Papa, não deixo de me identificar com o actual Papa
na sua defesa intransigente da paz, quando muitas igrejas ditas “evangélicas”
apoiaram a agressão americana ao Iraque, possivelmente para não comprometer as
ajudas económicas que recebem. Se tiver de estabelecer uma hierarquia nos
nossos valores, isso estaria muito acima dos pormenores doutrinários que me
separam do catolicismo. Também reparei, pelas notícias da Internet, que muitos
evangélicos “brasileiros” oraram pela reeleição do Bush enquanto dão ao
Presidente do Brasil o tratamento que bem conhecemos.
Gostaria de deixar bem claro que a
minha lealdade é somente para com Cristo e a sua mensagem, e não tenho nenhum
compromisso com igrejas ou partidos políticos.
Quanto ao título de “português comunista, admirador de Lula,” que esse
Pastor Júlio Severo me fez o favor de atribuir, atendendo a que não o conheço
de lado nenhum, só pode ter sido pelos meus artigos que estão disponíveis na
Internet a quem os queira ler. Quero afirmar que me baseio directamente na
mensagem de Cristo e não nas ideologias dos partidos políticos.
Não ponho em dúvida que nos ideais
comunistas de justiça social, igualdade e fraternidade entre todo o ser humano,
há pontos em comum com a mensagem de Cristo. Não conheço todos os partidos
políticos brasileiros, mas não acredito que os outros partidos não defendam
também uma sociedade mais justa e mais fraterna para o povo brasileiro, pelo
que, se fosse a relacionar todas as referências ao pensamento de Cristo só com
o marxismo, estaria a ser injusto para com os outros partidos políticos.
Aquilo que penso e escrevo, é fruto da minha meditação na mensagem do Mestre e da
observação do que se passa no mundo em que vivemos, sem me preocupar com quaisquer
ideias teológicas ou políticas.
Se o Pastor Júlio Severo me acusa de
ser comunista porque, o que escrevo, com base na mensagem de Cristo lhe parece
“idolatria marxista” ….eu não tenho culpa do elogio
que Júlio Severo faz ao Partido Comunista Brasileiro. A afirmação e a
responsabilidade é somente dele.
Mas… se esse Júlio Severo tem razão na
analogia que notou entre o Evangelho e o comunismo... será que, como aconteceu
há vinte séculos, também nos nossos dias, a hipocrisia de certos religiosos
leva a que Cristo se afaste dos “santos” para procurar o convívio dos
pecadores, que melhor compreendem a sua mensagem? Então, quem não encontrar o
Mestre nos templos, sinagogas e igrejas dos nossos dias, que veja pelos
evangelhos, onde ele costumava andar. Não era entre os “religiosos
profissionais” dos seus dias. Que o procure entre os excluídos, entre os
marginalizados, pois é entre estes que Ele costumava andar.
Camilo -
Fevereiro de 2005
NOTA: Poderá enviar os seus comentários
para publicação nesta página, desde que estejam em linguagem correcta e
acompanhados da sua identificação e endereço na Internet, “clicando” em ---
(a) A quem tiver dúvidas a respeito desta afirmação sobre o dízimo, que considero como uma “indulgência evangélica”, aconselho a leitura dos seguintes artigos da minha página:
Dízimo – Será doutrina neotestamentária?
Dízimo - Contribuição da Lei ou da Graça?
(b) A quem tiver dúvidas sobre os métodos de “evangelização” utilizados por algumas dessas “multinacionais de evangelismo”, aconselho a ler os artigos:
Cruzada americano/batista (CC)
Sacrifícios Humanos na Índia dos nossos dias?
Estudos
bíblicos sem fronteiras teológicas