27 – Daniel - Dan
Dan.1.1- No
ano terceiro do reinado de Jeoiaquim, rei de Judá, veio Nabucodonozor, rei de
Babilônia, a Jerusalém, e a sitiou.
Dan.1.2- E
o Senhor lhe entregou nas mãos a Jeoiaquim, rei de Judá, e uma parte dos vasos
da casa de Deus; e ele os levou para a terra de Sinar, para a casa do seu deus;
e os pôs na casa do tesouro do seu deus.
Dan.1.3- Então
disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos que trouxesse alguns dos filhos
de Israel, dentre a linhagem real e dos nobres,
Dan.1.4- jovens
em quem não houvesse defeito algum, de bela aparência, dotados de sabedoria,
inteligência e instrução, e que tivessem capacidade para assistirem no palácio
do rei; e que lhes ensinasse as letras e a língua dos caldeus.
Dan.1.5- E
o rei lhes determinou a porção diária das iguarias do rei, e do vinho que ele
bebia, e que assim fossem alimentados por três anos; para que no fim destes
pudessem estar diante do rei.
Dan.1.6- Ora,
entre eles se achavam, dos filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e
Azarias.
Dan.1.7- Mas
o chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes, a saber: a Daniel, o de Beltessazar;
a Hananias, o de Sadraque; a Misael, o de Mesaque; e a Azarias, o de
Abednego.
Dan.1.8- Daniel,
porém, propôs no seu coração não se contaminar com a porção das iguarias do
rei, nem com o vinho que ele bebia; portanto pediu ao chefe dos eunucos que lhe
concedesse não se contaminar.
Dan.1.9- Ora,
Deus fez com que Daniel achasse graça e misericórdia diante do chefe dos
eunucos.
Dan.1.10- E disse o chefe dos eunucos a Daniel: Tenho medo do meu senhor,
o rei, que determinou a vossa comida e a vossa bebida; pois veria ele os vossos
rostos mais abatidos do que os dos outros jovens da vossa idade? Assim poríeis
em perigo a minha cabeça para com o rei.
Dan.1.11- Então disse Daniel ao despenseiro a quem o chefe dos eunucos
havia posto sobre Daniel, Hananias, Misael e Azarias:
Dan.1.12- Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias; e que se nos
dêem legumes a comer e água a beber.
Dan.1.13- Então se examine na tua presença o nosso semblante e o dos
jovens que comem das iguarias reais; e conforme vires procederás para com os
teus servos.
Dan.1.14- Assim ele lhes atendeu o pedido, e os experimentou dez
dias.
Dan.1.15- E, ao fim dos dez dias, apareceram os seus semblantes melhores,
e eles estavam mais gordos do que todos os jovens que comiam das iguarias
reais.
Dan.1.16- Pelo que o despenseiro lhes tirou as iguarias e o vinho que
deviam beber, e lhes dava legumes.
Dan.1.17- Ora, quanto a estes quatro jovens, Deus lhes deu o conhecimento
e a inteligência em todas as letras e em toda a sabedoria; e Daniel era
entendido em todas as visões e todos os sonhos.
Dan.1.18- E ao fim dos dias, depois dos quais o rei tinha ordenado que
fossem apresentados, o chefe dos eunucos os apresentou diante de
Nabucodonozor.
Dan.1.19- Então o rei conversou com eles; e entre todos eles não foram
achados outros tais como Daniel, Hananias, Misael e Azarias; por isso ficaram
assistindo diante do rei.
Dan.1.20- E em toda matéria de sabedoria e discernimento, a respeito da
qual lhes perguntou o rei, este os achou dez vezes mais doutos do que todos os
magos e encantadores que havia em todo o seu reino.
Dan.1.21- Assim Daniel continuou até o primeiro ano do rei Ciro.
Dan.2.1- Ora
no segundo ano do reinado de Nabucodonozor, teve este uns sonhos; e o seu
espírito se perturbou, e passou-se-lhe o sono.
Dan.2.2- Então
o rei mandou chamar os magos, os encantadores, os adivinhadores, e os caldeus, para
que declarassem ao rei os seus sonhos; eles vieram, pois, e se apresentaram
diante do rei.
Dan.2.3- E
o rei lhes disse: Tive um sonho, e para saber o sonho está perturbado o meu
espírito.
Dan.2.4- Os
caldeus disseram ao rei em aramaico:Ó rei, vive eternamente; diz o sonho a teus
servos, e daremos a interpretação
Dan.2.5- Respondeu
o rei, e disse aos caldeus: Esta minha palavra é irrevogável se não me fizerdes
saber o sonho e a sua interpretação, sereis despedaçados, e as vossas casas
serão feitas um monturo;
Dan.2.6- mas
se vós me declarardes o sonho e a sua interpretação, recebereis de mim dádivas,
recompensas e grande honra. Portanto declarai-me o sonho e a sua
interpretação.
Dan.2.7- Responderam
pela segunda vez: Diga o rei o sonho a seus servos, e daremos a
interpretação.
Dan.2.8- Respondeu
o rei, e disse: Bem sei eu que vós quereis ganhar tempo; porque vedes que a
minha palavra é irrevogável.
Dan.2.9- se
não me fizerdes saber o sonho, uma só sentença será a vossa; pois vós
preparastes palavras mentirosas e perversas para as proferirdes na minha
presença, até que se mude o tempo. portanto dizei-me o sonho, para que eu saiba
que me podeis dar a sua interpretação.
Dan.2.10- Responderam os caldeus na presença do rei, e disseram: Não há
ninguém sobre a terra que possa cumprir a palavra do rei; pois nenhum rei, por
grande e poderoso que fosse, tem exigido coisa semelhante de algum mago ou
encantador, ou caldeu.
Dan.2.11- A coisa que o rei requer é difícil, e ninguém há que a possa
declarar ao rei, senão os deuses, cuja morada não é com a carne mortal.
Dan.2.12- Então o rei muito se irou e enfureceu, e ordenou que matassem a
todos os sábios de Babilônia.
Dan.2.13- saiu, pois, o decreto, segundo o qual deviam ser mortos os
sábios; e buscaram a Daniel e aos seus companheiros, para que fossem
mortos.
Dan.2.14- Então Daniel falou avisada e prudentemente a Arioque, capitão
da guarda do rei, que tinha saído para matar os sábios de Babilônia;
Dan.2.15- pois disse a Arioque, capitão do rei: Por que é o decreto do
rei tão urgente? Então Arioque explicou o caso a Daniel.
Dan.2.16- Ao que Daniel se apresentou ao rei e pediu que lhe designasse o
prazo, para que desse ao rei a interpretação.
Dan.2.17- Então Daniel foi para casa, e fez saber o caso a Hananias,
Misael e Azarias, seus companheiros,
Dan.2.18- para que pedissem misericórdia ao Deus do céu sobre este
mistério, a fim de que Daniel e seus companheiros não perecessem, juntamente
com o resto dos sábios de Babilônia.
Dan.2.19- Então foi revelado o mistério a Daniel numa visão de noite;
pelo que Daniel louvou o Deus do céu.
Dan.2.20- Disse Daniel: Seja bendito o nome de Deus para todo o sempre,
porque são dele a sabedoria e a força.
Dan.2.21- Ele muda os tempos e as estações; ele remove os reis e
estabelece os reis; é ele quem dá a sabedoria aos sábios e o entendimento aos
entendidos.
Dan.2.22- Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em
trevas, e com ele mora a luz.
Dan.2.23- ç Deus de meus pais, a ti dou graças e louvor porque me deste
sabedoria e força; e agora me fizeste saber o que te pedimos; pois nos fizeste
saber este assunto do rei.
Dan.2.24- Por isso Daniel foi ter com Arioque, ao qual o rei tinha
constituído para matar os sábios de Babilônia; entrou, e disse-lhe assim: Não
mates os sábios de Babilônia; introduze-me na presença do rei, e lhe darei a
interpretação.
Dan.2.25- Então Arioque depressa introduziu Daniel à presença do rei, e
disse-lhe assim: Achei dentre os filhos dos cativos de Judá um homem que fará
saber ao rei a interpretação.
Dan.2.26- Respondeu o rei e disse a Daniel, cujo nome era Beltessazar:
Podes tu fazer-me saber o sonho que tive e a sua interpretação?
Dan.2.27- Respondeu Daniel na presença do rei e disse: O mistério que o
rei exigiu, nem sábios, nem encantadores, nem magos, nem adivinhadores lhe
podem revelar;
Dan.2.28- mas há um Deus no céu, o qual revela os mistérios; ele, pois,
fez saber ao rei Nabucodonozor o que há de suceder nos últimos dias. O teu
sonho e as visões que tiveste na tua cama são estas:
Dan.2.29- Estando tu, ó rei, na tua cama, subiram os teus pensamentos
sobre o que havia de suceder no futuro. Aquele, pois, que revela os mistérios
te fez saber o que há de ser.
Dan.2.30- E a mim me foi revelado este mistério, não por ter eu mais
sabedoria que qualquer outro vivente, mas para que a interpretação se fizesse
saber ao rei, e para que entendesses os pensamentos do teu coração.
Dan.2.31- Tu, ó rei, na visão olhaste e eis uma grande estátua. Esta
estátua, imensa e de excelente esplendor, estava em pé diante de ti; e a sua
aparência era terrível.
Dan.2.32- A cabeça dessa estátua era de ouro fino; o peito e os braços de
prata; o ventre e as coxas de bronze;
Dan.2.33- as pernas de ferro; e os pés em parte de ferro e em parte de
barro.
Dan.2.34- Estavas vendo isto, quando uma pedra foi cortada, sem auxílio
de mãos, a qual feriu a estátua nos pés de ferro e de barro, e os
esmiuçou.
Dan.2.35- Então foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a
prata e o ouro, os quais se fizeram como a pragana das eiras no estio, e o
vento os levou, e não se podia achar nenhum vestígio deles; a pedra, porém, que
feriu a estátua se tornou uma grande montanha, e encheu toda a terra.
Dan.2.36- Este é o sonho; agora diremos ao rei a sua interpretação.
Dan.2.37- Tu, ó rei, és rei de reis, a quem o Deus do céu tem dado o
reino, o poder, a força e a glória;
Dan.2.38- e em cuja mão ele entregou os filhos dos homens, onde quer que
habitem, os animais do campo e as aves do céu, e te fez reinar sobre todos
eles; tu és a cabeça de ouro.
Dan.2.39- Depois de ti se levantará outro reino, inferior ao teu; e um
terceiro reino, de bronze, o qual terá domínio sobre toda a terra.
Dan.2.40- E haverá um quarto reino, forte como ferro, porquanto o ferro
esmiúça e quebra tudo; como o ferro quebra todas as coisas, assim ele
quebrantará e esmiuçará.
Dan.2.41- Quanto ao que viste dos pés e dos dedos, em parte de barro de
oleiro, e em parte de ferro, isso será um reino dividido; contudo haverá nele
alguma coisa da firmeza do ferro, pois que viste o ferro misturado com barro de
lodo.
Dan.2.42- E como os dedos dos pés eram em parte de ferro e em parte de
barro, assim por uma parte o reino será forte, e por outra será frágil.
Dan.2.43- Quanto ao que viste do ferro misturado com barro de lodo,
misturar-se-ão pelo casamento; mas não se ligarão um ao outro, assim como o ferro
não se mistura com o barro.
Dan.2.44- Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu suscitará um reino que
não será jamais destruído; nem passará a soberania deste reino a outro povo;
mas esmiuçará e consumirá todos esses reinos, e subsistirá para sempre.
Dan.2.45- Porquanto viste que do monte foi cortada uma pedra, sem auxílio
de mãos, e ela esmiuçou o ferro, o bronze, o barro, a prata e o ouro, o grande
Deus faz saber ao rei o que há de suceder no futuro. Certo é o sonho, e fiel a
sua interpretação.
Dan.2.46- Então o rei Nabucodonozor caiu com o rosto em terra, e adorou a
Daniel, e ordenou que lhe oferecessem uma oblação e perfumes suaves.
Dan.2.47- Respondeu o rei a Daniel, e disse: Verdadeiramente, o vosso
Deus é Deus dos deuses, e o Senhor dos reis, e o revelador dos mistérios, pois
pudeste revelar este misterio.
Dan.2.48- Então o rei engrandeceu a Daniel, e lhe deu muitas e grandes
dádivas, e o pôs por governador sobre toda a província de Babilônia, como
também o fez chefe principal de todos os sábios de Babilônia.
Dan.2.49- A pedido de Daniel, o rei constituiu superintendentes sobre os
negócios da província de Babilônia a Sadraque, Mesaque e Abednego; mas Daniel
permaneceu na corte do rei.
Dan.3.1- O
rei Nabucodonozor fez uma estátua de ouro, a altura da qual era de sessenta
côvados, e a sua largura de seis côvados; levantou-a no campo de Dura, na
província de Babilônia.
Dan.3.2- Então
o rei Nabucodonozor mandou ajuntar os sátrapas, os prefeitos, os governadores,
os conselheiros, os tesoureiros, os juízes, os magistrados, e todos os oficiais
das províncias, para que viessem à dedicação da estátua que ele fizera
levantar.
Dan.3.3- Então
se ajuntaram os sátrapas, os prefeitos, os governadores, os conselheiros, os
tesoureiros, os juízes, os magistrados, e todos os oficiais das províncias,
para a dedicação da estátua que o rei Nabucodonozor fizera levantar; e estavam
todos em pé diante da imagem.
Dan.3.4- E
o pregoeiro clamou em alta voz: Ordena-se a vós, ó povos, nações e gentes de
todas as línguas:
Dan.3.5- Logo
que ouvirdes o som da trombeta, da flauta, da harpa, da cítara, do saltério, da
gaita de foles, e de toda a sorte de música, prostrar-vos-eis, e adorareis a
imagem de ouro que o rei Nabucodonozor tem levantado.
Dan.3.6- E
qualquer que não se prostrar e não a adorar, será na mesma hora lançado dentro
duma fornalha de fogo ardente.
Dan.3.7- Portanto,
no mesmo instante em que todos os povos ouviram o som da trombeta, da flauta,
da harpa, da cítara, do saltério, e de toda a sorte de música, se prostraram
todos os povos, nações e línguas, e adoraram a estátua de ouro que o rei
Nabucodonozor tinha levantado.
Dan.3.8- Ora,
nesse tempo se chegaram alguns homens caldeus, e acusaram os judeus.
Dan.3.9- E
disseram ao rei Nabucodonozor:Ó rei, vive eternamente.
Dan.3.10- Tu, ó rei, fizeste um decreto, pelo qual todo homem que ouvisse
o som da trombeta, da flauta, da harpa, da cítara, do saltério, da gaita de
foles, e de toda a sorte de música, se prostraria e adoraria a estátua de
ouro;
Dan.3.11- e qualquer que não se prostrasse e adorasse seria lançado numa
fornalha de fogo ardente.
Dan.3.12- Há uns homens judeus, que tu constituíste sobre os negócios da
província de Babilônia: Sadraque, Mesaque e Abednego; estes homens, ó rei, não
fizeram caso de ti; a teus deuses não servem, nem adoram a estátua de ouro que
levantaste.
Dan.3.13- Então Nabucodonozor, na sua ira e fúria, mandou chamar
Sadraque, Mesaque e Abednego. Logo estes homens foram trazidos perante o
rei.
Dan.3.14- Falou Nabucodonozor, e lhes disse: E verdade, ó Sadraque,
Mesaque e Abednego, que vós não servis a meus deuses nem adorais a estátua de
ouro que levantei?
Dan.3.15- Agora, pois, se estais prontos, quando ouvirdes o som da trombeta,
da flauta, da harpa, da cítara, do saltério, da gaita de foles, e de toda a
sorte de música, para vos prostrardes e adorardes a estátua que fiz, bom é;
mas, se não a adorardes, sereis lançados, na mesma hora, dentro duma fornalha
de fogo ardente; e quem é esse deus que vos poderá livrar das minhas
mãos?
Dan.3.16- Responderam Sadraque, Mesaque e Abednego, e disseram ao rei:Ó
Nabucodonozor, não necessitamos de te responder sobre este negócio.
Dan.3.17- Eis que o nosso Deus a quem nós servimos pode nos livrar da
fornalha de fogo ardente; e ele nos livrará da tua mão, ó rei.
Dan.3.18- Mas se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus
deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste.
Dan.3.19- Então Nabucodonozor se encheu de raiva, e se lhe mudou o
aspecto do semblante contra Sadraque, Mesaque e Abednego; e deu ordem para que
a fornalha se aquecesse sete vezes mais do que se costumava aquecer;
Dan.3.20- e ordenou a uns homens valentes do seu exército, que atassem a
Sadraque, Mesaque e Abednego, e os lançassem na fornalha de fogo ardente.
Dan.3.21- Então estes homens foram atados, vestidos de seus mantos, suas
túnicas, seus turbantes e demais roupas, e foram lançados na fornalha de fogo
ardente.
Dan.3.22- Ora, tão urgente era a ordem do rei e a fornalha estava tão
quente, que a chama do fogo matou os homens que carregaram a Sadraque, Mesaque
e Abednego.
Dan.3.23- E estes três, Sadraque, Mesaque e Abednego, caíram atados
dentro da fornalha de fogo ardente.
Dan.3.24- Então o rei Nabucodonozor se espantou, e se levantou depressa;
falou, e disse aos seus conselheiros: Não lançamos nós dentro do fogo três
homens atados? Responderam ao rei: É verdade, ó rei.
Dan.3.25- Disse ele: Eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam
passeando dentro do fogo, e nenhum dano sofrem; e o aspacto do quarto é
semelhante a um filho dos deuses.
Dan.3.26- Então chegando-se Nabucodonozor à porta da fornalha de fogo
ardente, falou, dizendo: Sadraque, Mesaque e Abednego, servos do Deus
Altíssimo, saí e vinde! Logo Sadraque, Mesaque e Abednego saíram do meio do
fogo.
Dan.3.27- E os sátrapas, os prefeitos, os governadores, e os conselheiros
do rei, estando reunidos, viram que o fogo não tinha tido poder algum sobre os
corpos destes homens, nem foram chamuscados os cabelos da sua cabeça, nem
sofreram mudança os seus mantos, nem sobre eles tinha passado o cheiro de
fogo.
Dan.3.28- Falou Nabucodonozor, e disse: Bendito seja o Deus de Sadraque,
Mesaque e Abednego, o qual enviou o seu anjo e livrou os seus servos, que
confiaram nele e frustraram a ordem do rei, escolhendo antes entregar os seus
corpos, do que servir ou adorar a deus algum, senão o seu Deus.
Dan.3.29- Por mim, pois, é feito um decreto, que todo o povo, nação e
língua que proferir blasfêmia contra o Deus de Sadraque, Mesaque e Abednego,
seja despedaçado, e as suas casas sejam feitas um monturo; porquanto não há
outro deus que possa livrar desta maneira.
Dan.3.30- Então o rei fez prosperar a Sadraque, Mesaque e Abednego na
província de Babilonia.
Dan.4.1- Nabucodonozor
rei, a todos os povos, nações, e línguas, que moram em toda a terra: Paz vos
seja multiplicada.
Dan.4.2- Pareceu-me
bem fazer conhecidos os sinais e maravilhas que Deus, o Altíssimo, tem feito
para comigo.
Dan.4.3- Quão
grandes são os seus sinais, e quão poderosas as suas maravilhas! O seu reino é
um reino sempiterno, e o seu domínio de geração em geração.
Dan.4.4- Eu,
Nabucodonozor, estava sossegado em minha casa, e próspero no meu palácio.
Dan.4.5- Tive
um sonho que me espantou; e estando eu na minha cama, os pensamentos e as
visões da minha cabeça me perturbaram.
Dan.4.6- Portanto
expedi um decreto, que fossem introduzidos à minha presença todos os sábios de
Babilônia, para que me fizessem saber a interpretação do sonho.
Dan.4.7- Então
entraram os magos, os encantadores, os caldeus, e os adivinhadores, e lhes
contei o sonho; mas não me fizeram saber a interpretação do mesmo.
Dan.4.8- Por
fim entrou na minha presença Daniel, cujo nome é Beltessazar, segundo o nome do
meu deus, e no qual há o espírito dos deuses santos; e eu lhe contei o sonho,
dizendo:
Dan.4.9- ç
Beltessazar, chefe dos magos, porquanto eu sei que há em ti o espírito dos
deuses santos, e nenhum mistério te é difícil, dize-me as visões do meu sonho
que tive e a sua interpretação.
Dan.4.10- Eram assim as visões da minha cabeça, estando eu na minha cama:
eu olhava, e eis uma árvore no meio da terra, e grande era a sua altura;
Dan.4.11- crescia a árvore, e se fazia forte, de maneira que a sua altura
chegava até o céu, e era vista até os confins da terra.
Dan.4.12- A sua folhagem era formosa, e o seu fruto abundante, e havia
nela sustento para todos; debaixo dela os animais do campo achavam sombra, e as
aves do céu faziam morada nos seus ramos, e dela se mantinha toda a
carne.
Dan.4.13- Eu via isso nas visões da minha cabeça, estando eu na minha
cama, e eis que um vigia, um santo, descia do céu.
Dan.4.14- Ele clamou em alta voz e disse assim: Derrubai a árvore, e
cortai-lhe os ramos, sacudi as suas folhas e espalhai o seu fruto; afugentem-se
os animais de debaixo dela, e as aves dos seus ramos.
Dan.4.15- Contudo deixai na terra o tronco com as suas raízes, numa cinta
de ferro e de bronze, no meio da tenra relva do campo; e seja molhado do
orvalho do céu, e seja a sua porção com os animais na erva da terra.
Dan.4.16- Seja mudada a sua mente, para que não seja mais a de homem, e
lhe seja dada mente de animal; e passem sobre ele sete tempos.
Dan.4.17- Esta sentença é por decreto dos vigias, e por mandado dos
santos; a fim de que conheçam os viventes que o Altíssimo tem domínio sobre o
reino dos homens, e o dá a quem quer, e até o mais humilde dos homens constitui
sobre eles.
Dan.4.18- Este sonho eu, rei Nabucodonozor, o vi. Tu, pois, Beltessazar,
diz a interpretação; porquanto todos os sábios do meu reino não puderam
fazer-me saber a interpretação; mas tu podes; pois há em ti o espírito dos
deuses santos.
Dan.4.19- Então Daniel, cujo nome era Beltessazar, esteve atônito por
algum tempo, e os seus pensamentos o perturbaram. Falou, pois, o rei e disse:
Beltessazar, não te espante o sonho, nem a sua interpretação. Respondeu
Beltessazar, e disse: Senhor meu, seja o sonho para os que te odeiam, e a sua
interpretação para os teus inimigos:
Dan.4.20- A árvore que viste, que cresceu, e se fez forte, cuja altura
chegava até o céu, e que era vista por toda a terra;
Dan.4.21- cujas folhas eram formosas, e o seu fruto abundante, e em que
para todos havia sustento, debaixo da qual os animais do campo achavam sombra,
e em cujos ramos habitavam as aves do céu;
Dan.4.22- és ,tu, ó rei, que cresceste, e te fizeste forte; pois a tua
grandeza cresceu, e chegou até o céu, e o teu domínio até a extremidade da
terra.
Dan.4.23- E quanto ao que viu o rei, um vigia, um santo, que descia do
céu, e que dizia: Cortai a árvore, e destruí-a; contudo deixai na terra o
tronco com as suas raízes, numa cinta de ferro e de bronze, no meio da tenra
relva do campo; e seja molhado do orvalho do céu, e seja a sua porção com os
animais do campo, até que passem sobre ele sete tempos;
Dan.4.24- esta é a interpretação, ó rei é o decreto do Altíssimo, que é
vindo sobre o rei, meu senhor:
Dan.4.25- serás expulso do meio dos homens, e a tua morada será com os
animais do campo, e te farão comer erva como os bois, e serás molhado do
orvalho do céu, e passar-se-ão sete tempos por cima de ti; até que conheças que
o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer.
Dan.4.26- E quanto ao que foi dito, que deixassem o tronco com as raízes
da árvore, o teu reino voltará para ti, depois que tiveres conhecido que o céu
reina.
Dan.4.27- Portanto, ó rei, aceita o meu conselho, e põe fim aos teus
pecados, praticando a justiça, e às tuas iniqüidades, usando de misericórdia
com os pobres, se, porventura, se prolongar a tua tranqüilidade.
Dan.4.28- Tudo isso veio sobre o rei Nabucodonozor.
Dan.4.29- Ao cabo de doze meses, quando passeava sobre o palácio real de
Babilônia,
Dan.4.30- falou o rei, e disse: Não é esta a grande Babilônia que eu
edifiquei para a morada real, pela força do meu poder, e para a glória da minha
majestade?
Dan.4.31- Ainda estava a palavra na boca do rei, quando caiu uma voz do
céu: A ti se diz, ó rei Nabucodonozor: Passou de ti o reino.
Dan.4.32- E serás expulso do meio dos homens, e a tua morada será com os
animais do campo; far-te-ão comer erva como os bois, e passar-se- ão sete
tempos sobre ti, até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos
homens, e o dá a quem quer.
Dan.4.33- Na mesma hora a palavra se cumpriu sobre Nabucodonozor, e foi
expulso do meio dos homens, e comia erva como os bois, e o seu corpo foi
molhado do orvalho do ceu, até que lhe cresceu o cabelo como as penas da águia,
e as suas unhas como as das aves:
Dan.4.34- Mas ao fim daqueles dias eu, Nabucodonozor, levantei ao céu os
meus olhos, e voltou a mim o meu entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e
louvei, e glorifiquei ao que vive para sempre; porque o seu domínio é um
domínio sempiterno, e o seu reino é de geração em geração.
Dan.4.35- E todos os moradores da terra são reputados em nada; e segundo
a sua vontade ele opera no exército do céu e entre os moradores da terra; não
há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?
Dan.4.36- No mesmo tempo voltou a mim o meu entendimento; e para a glória
do meu reino voltou a mim a minha majestade e o meu resplendor. Buscaram-me os
meus conselheiros e os meus grandes; e fui restabelecido no meu reino, e foi-me
acrescentada excelente grandeza.
Dan.4.37- Agora, pois, eu, Nabucodonozor, louvo, e exalço, e glorifico ao
Rei do céu; porque todas as suas obras são retas, e os seus caminhos justos, e
ele pode humilhar aos que andam na soberba.
Dan.5.1- O
rei Belsazar deu um grande banquete a mil dos seus grandes, e bebeu vinho na
presença dos mil.
Dan.5.2- Havendo
Belsazar provado o vinho, mandou trazer os vasos de ouro e de prata que
Nabucodonozor, seu pai, tinha tirado do templo que estava em Jerusalém, para
que bebessem por eles o rei, e os seus grandes, as suas mulheres e
concubinas.
Dan.5.3- Então
trouxeram os vasos de ouro que foram tirados do templo da casa de Deus, que
estava em Jerusalém, e beberam por eles o rei, os seus grandes, as suas
mulheres e concubinas.
Dan.5.4- Beberam
vinho, e deram louvores aos deuses de ouro, e de prata, de bronze, de ferro, de
madeira, e de pedra.
Dan.5.5- Na
mesma hora apareceram uns dedos de mão de homem, e escreviam, defronte do
castiçal, na caiadura da parede do palácio real; e o rei via a parte da mão que
estava escrevendo.
Dan.5.6- Mudou-se,
então, o semblante do rei, e os seus pensamentos o perturbaram; as juntas dos
seus lombos se relaxaram, e os seus joelhos batiam um no outro.
Dan.5.7- E
ordenou o rei em alta voz, que se introduzissem os encantadores, os caldeus e
os adivinhadores; e falou o rei, e disse aos sábios de Babilônia: Qualquer que
ler esta escritura, e me declarar a sua interpretação, será vestido de púrpura,
e trará uma cadeia de ouro ao pescoço, e no reino será o terceiro
governante.
Dan.5.8- Então
entraram todos os sábios do rei; mas não puderam ler o escrito, nem fazer saber
ao rei a sua interpretação.
Dan.5.9- Nisto
ficou o rei Belsazar muito perturbado, e se lhe mudou o semblante; e os seus
grandes estavam perplexos.
Dan.5.10- Ora a rainha, por causa das palavras do rei e dos seus grandes,
entrou na casa do banquete; e a rainha disse:Ó rei, vive para sempre; não te
perturbem os teus pensamentos, nem se mude o teu semblante.
Dan.5.11- Há no teu reino um homem que tem o espírito dos deuses santos;
e nos dias de teu pai se achou nele luz, e inteligência, e sabedoria, como a
sabedoria dos deuses; e teu pai, o rei Nabucodonozor, sim, teu pai, ó rei, o
constituiu chefe dos magos, dos encantadores, dos caldeus, e dos
adivinhadores;
Dan.5.12- porquanto se achou neste Daniel um espírito excelente, e
conhecimento e entendimento para interpretar sonhos, explicar enigmas e
resolver dúvidas, ao qual o rei pôs o nome de Beltessazar. Chame-se, pois,
agora Daniel, e ele dará a interpretação.
Dan.5.13- Então Daniel foi introduzido à presença do rei. Falou o rei, e
disse à Daniel: És tu aquele Daniel, um dos cativos de Judá, que o rei, meu
pai, trouxe de Judá?
Dan.5.14- Tenho ouvido dizer a teu respeito que o espírito dos deuses
está em ti, e que em ti se acham a luz, o entendimento e a excelente
sabedoria.
Dan.5.15- Acabam de ser introduzidos à minha presença os sábios, os
encantadores, para lerem o escrito, e me fazerem saber a sua interpretação; mas
não puderam dar a interpretação destas palavras.
Dan.5.16- Ouvi dizer, porém, a teu respeito que podes dar interpretações
e resolver dúvidas. Agora, pois, se puderes ler esta escritura e fazer-me saber
a sua interpretação, serás vestido de púrpura, e terás cadeia de ouro ao
pescoço, e no reino serás o terceiro governante.
Dan.5.17- Então respondeu Daniel, e disse na presença do rei: Os teus
presentes fiquem contigo, e dá os teus prêmios a outro; todavia vou ler ao rei
o escrito, e lhe farei saber a interpretação.
Dan.5.18- O Altíssimo Deus, ó rei, deu a Nabucodonozor, teu pai, o reino
e a grandeza, glória e majestade;
Dan.5.19- e por causa da grandeza que lhe deu, todos os povos, nações, e
línguas tremiam e temiam diante dele; a quem queria matava, e a quem queria
conservava em vida; a quem queria exaltava, e a quem queria abatia.
Dan.5.20- Mas quando o seu coração se elevou, e o seu espírito se
endureceu para se haver arrogantemente, foi derrubado do seu trono real, e
passou dele a sua glória.
Dan.5.21- E foi expulso do meio dos filhos dos homens, e o seu coração
foi feito semelhante aos dos animais, e a sua morada foi com os jumentos
monteses; deram-lhe a comer erva como aos bois, e do orvalho do céu foi molhado
o seu corpo, até que conheceu que o Altíssinuo Deus tem domínio sobre o reino
dos homens, e a quem quer constitui sobre ele.
Dan.5.22- E tu, Belsazar, que és seu filho, não humilhaste o teu coração,
ainda que soubeste tudo isso;
Dan.5.23- porém te elevaste contra o Senhor do céu; pois foram trazidos a
tua presença os vasos da casa dele, e tu, os teus grandes, as tua mulheres e as
tuas concubinas, bebestes vinho neles; além disso, deste louvores aos deuses de
prata, de ouro, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra, que não vêem, não
ouvem, nem sabem; mas a Deus, em cuja mão está a tua vida, e de quem são todos
os teus caminhos, a ele não glorificaste.:
Dan.5.24- Então dele foi enviada aquela parte da mão que traçou o
escrito.
Dan.5.25- Esta, pois, é a escritura que foi traçada: MENE, MENE, TEQUEL,
UFARSlM.
Dan.5.26- Esta é a interpretação daquilo: MENE: Contou Deus o teu reino,
e o acabou.
Dan.5.27- TEQUEL: Pesado foste na balança, e foste achado em falta.
Dan.5.28- PERES: Dividido está o teu reino, e entregue aos medos e
persas.
Dan.5.29- Então Belsazar deu ordem, e vestiram a Daniel de púrpura,
puseram-lhe uma cadeia de ouro ao pescoço, e proclamaram a respeito dele que
seria o terceiro em autoridade no reino.
Dan.5.30- Naquela mesma noite Belsazar, o rei dos caldeus, foi
morto.
Dan.5.31- E Dario, o medo, recebeu o reino, tendo cerca de sessenta e
dois anos de idade.
Dan.6.1- Pareceu
bem a Dario constituir sobre o reino cento e vinte sátrapas, que estivessem por
todo o reino;
Dan.6.2- e
sobre eles três presidentes, dos quais Daniel era um; a fim de que estes
sátrapas lhes dessem conta, e que o rei não sofresse dano.
Dan.6.3- Então
o mesmo Daniel sobrepujava a estes presidentes e aos sátrapas; porque nele
havia um espírito excelente; e o rei pensava constituí-lo sobre todo o
reino:
Dan.6.4- Nisso
os presidentes e os sátrapas procuravam achar ocasião contra Daniel a respeito
do reino mas não podiam achar ocasião ou falta alguma; porque ele era fiel, e
não se achava nele nenhum erro nem falta.
Dan.6.5- Pelo
que estes homens disseram: Nunca acharemos ocasião alguma contra este Daniel, a
menos que a procuremos no que diz respeito a lei do seu Deus.
Dan.6.6- Então
os presidentes e os sátrapas foram juntos ao rei, e disseram-lhe assim:Ó rei
Dario, vive para sempre.
Dan.6.7- Todos
os presidentes do reino, os prefeitos e os sátrapas, os conselheiros e os
governadores, concordaram em que o rei devia baixar um decreto e publicar o
respectivo interdito, que qualquer que, por espaço de trinta dias, fizer uma
petição a qualquer deus, ou a qualquer homem, exceto a ti, ó rei, seja lançado
na cova dos leões.
Dan.6.8- Agora
pois, ó rei, estabelece o interdito, e assina o edital, para que não seja
mudado, conforme a lei dos medos e dos persas, que não se pode revogar.
Dan.6.9- Em
virtude disto o rei Dario assinou o edital e o interdito.
Dan.6.10- Quando Daniel soube que o edital estava assinado, entrou em sua
casa, no seu quarto em cima, onde estavam abertas as janelas que davam para o
lado de Jerusalém; e três vezes no dia se punha de joelhos e orava, e dava
graças diante do seu Deus, como também antes costumava fazer.
Dan.6.11- Então aqueles homens foram juntos, e acharam a Daniel orando e
suplicando diante do seu Deus.
Dan.6.12- Depois se foram à presença do rei e lhe perguntaram no tocante
ao interdito real: Porventura não assinaste um interdito pelo qual todo homem que
fizesse uma petição a qualquer deus, ou a qualquer homem por espaço de trinta
dias, exceto a ti, ó rei, fosse lançado na cova dos leões? Respondeu o rei, e
disse: Esta palavra é certa, conforme a lei dos medos e dos persas, que não se
pode revogar.
Dan.6.13- Então responderam ao rei, dizendo-lhe Esse Daniel, que é dos
exilados de Judá, e não tem feito caso de ti, ó rei, nem do interdito que
assinaste; antes três vezes por dia faz a sua oração.
Dan.6.14- Ouvindo então o rei a notícia, ficou muito penalizado, e a
favor de Daniel propôs dentro do seu coração livrá-lo; e até o pôr do sol
trabalhou para o salvar.
Dan.6.15- Nisso aqueles homens foram juntos ao rei, e lhe disseram: Sabe,
ó rei, que é lei dos medos e persas que nenhum interdito ou decreto que o rei
estabelecer, se pode mudar.
Dan.6.16- Então o rei deu ordem, e trouxeram Daniel, e o lançaram na cova
dos leões. Ora, disse o rei a Daniel: O teu Deus, a quem tu continuamente
serves, ele te livrará.
Dan.6.17- E uma pedra foi trazida e posta sobre a boca da cova; e o rei a
selou com o seu anel e com o anel dos seus grandes, para que no tocante a
Daniel nada se mudasse:
Dan.6.18- Depois o rei se dirigiu para o seu palácio, e passou a noite em
jejum; e não foram trazidos à sua presença instrumentos de música, e fugiu dele
o sono.
Dan.6.19- Então o rei se levantou ao romper do dia, e foi com pressa à
cova dos leões.
Dan.6.20- E, chegando-se à cova, chamou por Daniel com voz triste; e
disse o rei a Daniel:Ó Daniel, servo do Deus vivo, dar-se-ia o caso que o teu
Deus, a quem tu continuamente serves, tenha podido livrar- te dos leões?
Dan.6.21- Então Daniel falou ao rei:Ó rei, vive para sempre.
Dan.6.22- O meu Deus enviou o seu anjo, e fechou a boca dos leões, e eles
não me fizeram mal algum; porque foi achada em mim inocência diante dele; e
também diante de ti, ó rei, não tenho cometido delito algum.
Dan.6.23- Então o rei muito se alegrou, e mandou tirar a Daniel da cova.
Assim foi tirado Daniel da cova, e não se achou nele lesão alguma, porque ele
havia confiado em seu Deus.
Dan.6.24- E o rei deu ordem, e foram trazidos aqueles homens que tinham
acusado Daniel, e foram lançados na cova dos leões, eles, seus filhos e suas
mulheres; e ainda não tinham chegado ao fundo da cova quando os leões se
apoderaram deles, e lhes esmigalharam todos os ossos.
Dan.6.25- Então o rei Dario escreveu a todos os povos, nações e línguas
que moram em toda a terra: Paz vos seja multiplicada.
Dan.6.26- Com isto faço um decreto, pelo qual em todo o domínio do meu
reino os homens tremam e temam perante o Deus de Daniel; porque ele é o Deus
vivo, e permanece para sempre; e o seu reino nunca será destruído; o seu
domínio durará até o fim.
Dan.6.27- Ele livra e salva, e opera sinais e maravilhas no céu e na
terra; foi ele quem livrou Daniel do poder dos leões.
Dan.6.28- Este Daniel, pois, prosperou no reinado de Dario, e no reinado
de Ciro, o persa.
Dan.7.1- No
primeiro ano de Belsazar, rei de Babilônia, teve Daniel, na sua cama, um sonho e
visões da sua cabeça. Então escreveu o sonho, e relatou a suma das
coisas.
Dan.7.2- Falou
Daniel, e disse: Eu estava olhando, numa visão noturna, e eis que os quatro
ventos do céu agitavam o Mar Grande.
Dan.7.3- E
quatro grandes animais, diferentes uns dos outros, subiam do mar.
Dan.7.4- O
primeiro era como leão, e tinha asas de águia; enquanto eu olhava, foram-lhe
arrancadas as asas, e foi levantado da terra, e posto em dois pés como um
homem; e foi-lhe dado um coração de homem.
Dan.7.5- Continuei
olhando, e eis aqui o segundo animal, semelhante a um urso, o qual se levantou
de um lado, tendo na boca três costelas entre os seus dentes; e foi-lhe dito
assim: Levanta-te, devora muita carne.
Dan.7.6- Depois
disto, continuei olhando, e eis aqui outro, semelhante a um leopardo, e tinha
nas costas quatro asas de ave; tinha também este animal quatro cabeças; e
foi-lhe dado domínio.
Dan.7.7- Depois
disto, eu continuava olhando, em visões noturnas, e eis aqui o quarto animal,
terrível e espantoso, e muito forte, o qual tinha grandes dentes de ferro; ele
devorava e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava; era diferente de
todos os animais que apareceram antes dele, e tinha dez chifres.
Dan.7.8- Eu
considerava os chifres, e eis que entre eles subiu outro chifre, pequeno,
diante do qual três dos primeiros chifres foram arrancados; e eis que neste
chifre havia olhos, como os de homem, e uma boca que falava grandes
coisas.
Dan.7.9- Eu
continuei olhando, até que foram postos uns tronos, e um ancião de dias se
assentou; o seu vestido era branco como a neve, e o cabelo da sua cabeça como
lã puríssima; o seu trono era de chamas de fogo, e as rodas dele eram fogo
ardente.
Dan.7.10- Um rio de fogo manava e saía de diante dele; milhares de milhares
o serviam, e miríades de miríades assistiam diante dele. Assentou-se para o
juízo, e os livros foram abertos.
Dan.7.11- Então estive olhando, por causa da voz das grandes palavras que
o chifre proferia; estive olhando até que o animal foi morto, e o seu corpo
destruído; pois ele foi entregue para ser queimado pelo fogo.
Dan.7.12- Quanto aos outros animais, foi-lhes tirado o domínio; todavia
foi-lhes concedida prolongação de vida por um prazo e mais um tempo.
Dan.7.13- Eu estava olhando nas minhas visões noturnas, e eis que vinha
com as nuvens do céu um como filho de homem; e dirigiu-se ao ancião de dias, e
foi apresentado diante dele.
Dan.7.14- E foi-lhe dado domínio, e glória, e um reino, para que todos os
povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não
passará, e o seu reino tal, que não será destruído.
Dan.7.15- Quanto a mim, Daniel, o meu espírito foi abatido dentro do
corpo, e as visões da minha cabeça me perturbavam.
Dan.7.16- Cheguei-me a um dos que estavam perto, e perguntei-lhe a
verdadeira significação de tudo isso. Ele me respondeu e me fez saber a
interpretação das coisas.
Dan.7.17- Estes grandes animais, que são quatro, são quatro reis, que se
levantarão da terra.
Dan.7.18- Mas os santos do Altíssimo receberão o reino e o possuirão para
todo o sempre, sim, para todo o sempre.
Dan.7.19- Então tive desejo de conhecer a verdade a respeito do quarto
animal, que era diferente de todos os outros, sobremodo terrível, com dentes de
ferro e unhas de bronze; o qual devorava, fazia em pedaços, e pisava aos pés o
que sobrava;
Dan.7.20- e também a respeito dos dez chifres que ele tinha na cabeça, e
do outro que subiu e diante do qual caíram três, isto é, daquele chifre que
tinha olhos, e uma boca que falava grandes coisas, e parecia ser mais robusto
do que os seus companheiros.
Dan.7.21- Enquanto eu olhava, eis que o mesmo chifre fazia guerra contra
os santos, e prevalecia contra eles,
Dan.7.22- até que veio o ancião de dias, e foi executado o juízo a favor
dos santos do Altíssimo; e chegou o tempo em que os santos possuíram o
reino.
Dan.7.23- Assim me disse ele: O quarto animal será um quarto reino na
terra, o qual será diferente de todos os reinos; devorará toda a terra, e a
pisará aos pés, e a fará em pedaços.
Dan.7.24- Quanto aos dez chifres, daquele mesmo reino se levantarão dez
reis; e depois deles se levantará outro, o quál será diferente dos primeiros, e
abaterá a três reis.
Dan.7.25- Proferirá palavras contra o Altíssimo, e consumirá os santos do
Altíssimo; cuidará em mudar os tempos e a lei; os santos lhe serão entregues na
mão por um tempo, e tempos, e metade de um tempo.
Dan.7.26- Mas o tribunal se assentará em juízo, e lhe tirará o domínio,
para o destruir e para o desfazer até o fim.
Dan.7.27- O reino, e o domínio, e a grandeza dos reinos debaixo de todo o
céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo. O seu reino será um reino
eterno, e todos os domínios o servirão, e lhe obedecerão.
Dan.7.28- Aqui é o fim do assunto. Quanto a mim, Daniel, os meus
pensamentos muito me perturbaram e o meu semblante se mudou; mas guardei estas
coisas no coração.
Dan.8.1- No
ano terceiro do reinado do rei Belsazar apareceu-me uma visão, a mim, Daniel, depois
daquela que me apareceu no princípio.
Dan.8.2- E
na visão que tive, parecia-me que eu estava na cidadela de Susã, na província
de Elão; e conforme a visão, eu estava junto ao rio Ulai.
Dan.8.3- Levantei
os olhos, e olhei, e eis que estava em pé diante do rio um carneiro, que tinha
dois chifres; e os dois chifres eram altos; mas um era mais alto do que o
outro, e o mais alto subiu por último.
Dan.8.4- Vi
que o carneiro dava marradas para o ocidente, e para o norte e para o sul; e
nenhum dos animais lhe podia resistir, nem havia quem pudesse livrar-se do seu
poder; ele, porém, fazia conforme a sua vontade, e se engrandecia.
Dan.8.5- E,
estando eu considerando, eis que um bode vinha do ocidente sobre a face de toda
a terra, mas sem tocar no chão; e aquele bode tinha um chifre notável entre os
olhos.
Dan.8.6- E
dirigiu-se ao carneiro que tinha os dois chifres, ao qual eu tinha visto em pé
diante do rio, e correu contra ele no furor da sua força.
Dan.8.7- Vi-o
chegar perto do carneiro; e, movido de cólera contra ele, o feriu, e lhe
quebrou os dois chifres; não havia força no carneiro para lhe resistir, e o
bode o lançou por terra, e o pisou aos pés; também não havia quem pudesse
livrar o carneiro do seu poder.
Dan.8.8- O
bode, pois, se engrandeceu sobremaneira; e estando ele forte, aquele grande
chifre foi quebrado, e no seu lugar outros quatro também notáveis nasceram para
os quatro ventos do céu.
Dan.8.9- Ainda
de um deles saiu um chifre pequeno, o qual cresceu muito para o sul, e para o
oriente, e para a terra formosa;
Dan.8.10- e se engrandeceu até o exército do céu; e lançou por terra
algumas das estrelas desse exército, e as pisou.
Dan.8.11- Sim, ele se engrandeceu até o príncipe do exército; e lhe tirou
o holocausto contínuo, e o lugar do seu santuário foi deitado abaixo.
Dan.8.12- E o exército lhe foi entregue, juntamente com o holocausto
contínuo, por causa da transgressão; lançou a verdade por terra; e fez o que
era do seu agrado, e prosperou.
Dan.8.13- Depois ouvi um santo que falava; e disse outro santo àquele que
falava: Até quando durará a visão relativamente ao holocausto contínuo e à
transgressão assoladora, e à entrega do santuário e do exército, para serem
pisados?
Dan.8.14- Ele me respondeu: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs;
então o santuário será purificado.
Dan.8.15- Havendo eu, Daniel, tido a visão, procurei entendê-la, e eis
que se me apresentou como que uma semelhança de homem.
Dan.8.16- E ouvi uma voz de homem entre as margens do Ulai, a qual
gritou, e disse: Gabriel, faz que este homem entenda a visão.
Dan.8.17- Veio, pois, perto de onde eu estava; e vindo ele, fiquei
amedrontado, e caí com o rosto em terra. Mas ele me disse: Entende, filho do
homem, pois esta visão se refere ao tempo do fim.
Dan.8.18- Ora, enquanto ele falava comigo, caí num profundo sono, com o
rosto em terra; ele, porém, me tocou, e me pôs em pé.
Dan.8.19- e disse: Eis que te farei saber o que há de acontecer no último
tempo da ira; pois isso pertence ao determinado tempo do fim.
Dan.8.20- Aquele carneiro que viste, o qual tinha dois chifres, são estes
os reis da Média e da Pérsia.
Dan.8.21- Mas o bode peludo é o rei da Grécia; e o grande chifre que
tinha entre os olhos é o primeiro rei.
Dan.8.22- O ter sido quebrado, levantando-se quatro em lugar dele,
significa que quatro reinos se levantarão da mesma nação, porém não com a força
dele.
Dan.8.23- Mas, no fim do reinado deles, quando os transgressores tiverem
chegado ao cúmulo, levantar-se-á um rei, feroz de semblante e que entende
enigmas.
Dan.8.24- Grande será o seu poder, mas não de si mesmo; e destruirá
terrivelmente, e prosperará, e fará o que lhe aprouver; e destruirá os
poderosos e o povo santo.
Dan.8.25- Pela sua sutileza fará prosperar o engano na sua mão; no seu
coração se engrandecerá, e destruirá a muitos que vivem em segurança; e se
levantará contra o príncipe dos príncipes; mas será quebrado sem intervir mão
de homem.
Dan.8.26- E a visão da tarde e da manhã, que foi dita, é verdadeira. Tu,
porém, cerra a visão, porque se refere a dias muito distantes.
Dan.8.27- E eu, Daniel, desmaiei, e estive enfermo alguns dias; então me
levantei e tratei dos negócios do rei. E espantei-me acerca da visão, pois não
havia quem a entendesse.
Dan.9.1- No
ano primeiro de Dario, filho de Assuero, da linhagem dos medos, o qual foi
constituído rei sobre o reino dos caldeus.
Dan.9.2- no
ano primeiro do seu reinado, eu, Daniel, entendi pelos livros que o número de anos,
de que falara o Senhor ao profeta Jeremias, que haviam de durar as desolações
de Jerusalém, era de setenta anos.
Dan.9.3- Eu,
pois, dirigi o meu rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração e súplicas,
com jejum, e saco e cinza.
Dan.9.4- E
orei ao Senhor meu Deus, e confessei, e disse:Ó Senhor, Deus grande e tremendo,
que guardas o pacto e a misericórdia para com os que te amam e guardam os teus
mandamentos;
Dan.9.5- pecamos
e cometemos iniqüidades, procedemos impiamente, e fomos rebeldes, apartando-nos
dos teus preceitos e das tuas ordenanças.
Dan.9.6- Não
demos ouvidos aos teus servos, os profetas, que em teu nome falaram aos nossos
reis, nossos príncipes, e nossos pais, como também a todo o povo da
terra.
Dan.9.7- A
ti, ó Senhor, pertence a justiça, porém a nós a confusão de rosto, como hoje se
vê; aos homens de Judá, e aos moradores de Jerusalém, e a todo o Israel; aos de
perto e aos de longe, em todas as terras para onde os tens lançado por causa
das suas transgressões que cometeram contra ti.
Dan.9.8- ç
Senhor, a nós pertence a confusão de rosto, aos nossos reis, aos nossos
príncipes, e a nossos pais, porque temos pecado contra ti.
Dan.9.9- Ao
Senhor, nosso Deus, pertencem a misericórdia e o perdão; pois nos rebelamos
contra ele,
Dan.9.10- e não temos obedecido à voz do Senhor, nosso Deus, para
andarmos nas suas leis, que nos deu por intermédio de seus servos, os
profetas.
Dan.9.11- Sim, todo o Israel tem transgredido a tua lei, desviando-se,
para não obedecer à tua voz; por isso a maldição, o juramento que está escrito
na lei de Moisés, servo de Deus, se derramou sobre nós; porque pecamos contra
ele.
Dan.9.12- E ele confirmou a sua palavra, que falou contra nós, e contra
os nossos juízes que nos julgavam, trazendo sobre nós um grande mal; porquanto
debaixo de todo o céu nunca se fez como se tem feito a Jerusalém.
Dan.9.13- Como está escrito na lei de Moisés, todo este mal nos
sobreveio; apesar disso, não temos implorado o favor do Senhor nosso Deus, para
nos convertermos das nossas iniqüidades, e para alcançarmos discernimento na
tua verdade.
Dan.9.14- por isso, o Senhor vigiou sobre o mal, e o trouxe sobre nós;
pois justo é o Senhor, nosso Deus, em todas as obras que faz; e nós não temos
obedecido à sua voz.
Dan.9.15- Na verdade, ó Senhor, nosso Deus, que tiraste o teu povo da
terra do Egito com mão poderosa, e te adquiriste nome como hoje se vê, temos
pecado, temos procedido impiamente.
Dan.9.16- e Senhor, segundo todas as tuas justiças, apartem-se a tua ira
e o teu furor da tua cidade de Jerusalém, do teu santo monte; porquanto por
causa dos nossos pecados, e por causa das iniqüidades de nossos pais, tornou-se
Jerusalém e o teu povo um opróbrio para todos os que estão em redor de
nós.
Dan.9.17- Agora, pois, ó Deus nosso, ouve a oração do teu servo, e as
suas súplicas, e sobre o teu santuário assolado faz resplandecer o teu rosto,
por amor do Senhor.
Dan.9.18- Inclina, ó Deus meu, os teus ouvidos, e ouve; abre os teus
olhos, e olha para a nossa desolação, e para a cidade que é chamada pelo teu
nome; pois não lançamos as nossas súplicas perante a tua face fiados em nossas
justiças, mas em tuas muitas misericórdias.
Dan.9.19- ç Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e põe
mãos à obra sem tardar, por amor de ti mesmo, ó Deus meu, porque a tua cidade e
o teu povo se chamam pelo teu nome.
Dan.9.20- Enquanto estava eu ainda falando e orando, e confessando o meu
pecado, e o pecado do meu povo Israel, e lançando a minha súplica perante a
face do Senhor, meu Deus, pelo monte santo do meu Deus,
Dan.9.21- sim enquanto estava eu ainda falando na oração, o varão
Gabriel, que eu tinha visto na minha visão ao princípio, veio voando
rapidamente, e tocou-me à hora da oblação da tarde.
Dan.9.22- Ele me instruiu, e falou comigo, dizendo: Daniel, vim agora
para fazer-te sábio e entendido.
Dan.9.23- No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim, para to
declarar, pois és muito amado; considera, pois, a palavra e entende a
visão.
Dan.9.24- Setenta semanas estão decretadas sobre o teu povo, e sobre a
tua santa cidade, para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, e
para expiar a iniqüidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a
profecia, e para ungir o santíssimo.
Dan.9.25- Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para
edificar Jerusalém até o ungido, o príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e
duas semanas; com praças e tranqueiras se reedificará, mas em tempos
angustiosos.
Dan.9.26- E depois de sessenta e duas semanas será cortado o ungido, e
nada lhe subsistirá; e o povo do príncipe que há de vir destruirá a cidade e o
santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até o fim haverá guerra; estão
determinadas assolações.
Dan.9.27- E ele fará um pacto firme com muitos por uma semana; e na
metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das
abominações virá o assolador; e até a destruição determinada, a qual será
derramada sobre o assolador.
Dan.10.1- No ano terceiro de Ciro, rei da Pérsia, foi revelada uma
palavra a Daniel, cujo nome se chama Beltessazar, uma palavra verdadeira
concernente a um grande conflito; e ele entendeu esta palavra, e teve
entendimento da visão.
Dan.10.2- Naqueles dias eu, Daniel, estava pranteando por três semanas
inteiras.
Dan.10.3- Nenhuma coisa desejável comi, nem carne nem vinho entraram na
minha boca, nem me ungi com ungüento, até que se cumpriram as três semanas
completas.
Dan.10.4- No dia vinte e quatro do primeiro mês, estava eu à borda do
grande rio, o Tigre;
Dan.10.5- levantei os meus olhos, e olhei, e eis um homem vestido de
linho e os seus lombos cingidos com ouro fino de Ufaz;
Dan.10.6- o seu corpo era como o berilo, e o seu rosto como um relâmpago;
os seus olhos eram como tochas de fogo, e os seus braços e os seus pés como o
brilho de bronze polido; e a voz das suas palavras como a voz duma
multidão.
Dan.10.7- Ora, só eu, Daniel, vi aquela visão; pois os homens que estavam
comigo não a viram: não obstante, caiu sobre eles um grande temor, e fugiram
para se esconder.
Dan.10.8- Fiquei pois eu só a contemplar a grande visão, e não ficou
força em mim; desfigurou-se a feição do meu rosto, e não retive força
alguma.
Dan.10.9- Contudo, ouvi a voz das suas palavras; e, ouvindo o som das
suas palavras, eu caí num profundo sono, com o rosto em terra.
Dan.10.10- E eis que uma mão me tocou, e fez com que me levantasse,
tremendo, sobre os meus joelhos e sobre as palmas das minhas mãos.
Dan.10.11- E me disse: Daniel, homem muito amado, entende as palavras que te
vou dizer, e levanta-te sobre os teus pés; pois agora te sou enviado. Ao falar
ele comigo esta palavra, pus-me em pé tremendo.
Dan.10.12- Então me disse: Não temas, Daniel; porque desde o primeiro dia em
que aplicaste o teu coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus,
são ouvidas as tuas palavras, e por causa das tuas palavras eu vim.
Dan.10.13- Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte e um
dias; e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar- me, e eu
o deixei ali com os reis da Pérsia.
Dan.10.14- Agora vim, para fazer-te entender o que há de suceder ao teu povo
nos derradeiros dias; pois a visão se refere a dias ainda distantes.
Dan.10.15- Ao falar ele comigo estas palavras, abaixei o rosto para a terra
e emudeci.
Dan.10.16- E eis que um que tinha a semelhança dos filhos dos homens me
tocou os lábios; então abri a boca e falei, e disse àquele que estava em pé
diante de mim: Senhor meu, por causa da visão sobrevieram-me dores, e não
retenho força alguma.
Dan.10.17- Como, pois, pode o servo do meu Senhor falar com o meu Senhor?
pois, quanto a mim, desde agora não resta força em mim, nem fôlego ficou em
mim.
Dan.10.18- Então tornou a tocar-me um que tinha a semelhança dum homem, e me
consolou.
Dan.10.19- E disse: Não temas, homem muito amado; paz seja contigo; sê
forte, e tem bom ânimo. E quando ele falou comigo, fiquei fortalecido, e disse:
Fala, meu senhor, pois me fortaleceste.
Dan.10.20- Ainda disse ele: Sabes por que eu vim a ti? Agora tornarei a
pelejar contra o príncipe dos persas; e, saindo eu, eis que virá o príncipe da
Grécia.
Dan.10.21- Contudo eu te declararei o que está gravado na escritura da
verdade; e ninguém há que se esforce comigo contra aqueles, senão Miguel, vosso
príncipe.
Dan.11.1- Eu, pois, no primeiro ano de Dario, medo, levantei-me para o
animar e fortalecer.
Dan.11.2- E agora te declararei a verdade: Eis que ainda se levantarão
três reis na Pérsia, e o quarto será muito mais rico do que todos eles; e
tendo-se tornado forte por meio das suas riquezas, agitará todos contra o reino
da Grécia.
Dan.11.3- Depois se levantará um rei poderoso, que reinará com grande
domínio, e fará o que lhe aprouver.
Dan.11.4- Mas, estando ele em pé, o seu reino será quebrado, e será
repartido para os quatro ventos do céu; porém não para os seus descendentes,
nem tampouco segundo o poder com que reinou; porque o seu reino será arrancado,
e passará a outros que não eles.
Dan.11.5- O rei do sul será forte, como também um dos seus príncipes; e
este será mais forte do que ele, e reinará, e grande será o seu domínio,
Dan.11.6- mas, ao cabo de anos, eles se aliarão; e a filha do rei do sul
virá ao rei do norte para fazer um tratado. Ela, porém, não conservara a força
de seu braço; nem subsistirá ele, nem o seu braço; mas será ela entregue, e bem
assim os que a tiverem trazido, e seu pai, e o que a fortalecia naqueles
tempos.
Dan.11.7- Mas dum renovo das raízes dela um se levantará em seu lugar, e
virá ao exército, e entrará na fortaleza do rei do norte, e operará contra eles
e prevalecerá.
Dan.11.8- Também os seus deuses, juntamente com as suas imagens de
fundição, com os seus vasos preciosos de prata e ouro, ele os levará cativos
para o Egito; e por alguns anos ele deixará de atacar ao rei do norte.
Dan.11.9- E entrará no reino do rei do sul, mas voltará para a sua
terra.
Dan.11.10- Mas seus filhos intervirão, e reunirão uma multidão de grandes
forças; a qual avançará, e inundará, e passará para adiante; e, voltando,
levará a guerra até a sua fortaleza.
Dan.11.11- Então o rei do sul se exasperará, e sairá, e pelejará contra ele,
contra o rei do norte; este porá em campo grande multidão, e a multidão será
entregue na mão daquele.
Dan.11.12- E a multidão será levada, e o coração dele se exaltará; mas,
ainda que derrubará miríades, não prevalecerá.
Dan.11.13- Porque o rei do norte tornará, e porá em campo uma multidão maior
do que a primeira; e ao cabo de tempos, isto é, de anos, avançará com grande
exército e abundantes provisões.
Dan.11.14- E, naqueles tempos, muitos se levantarão contra o rei do sul; e
os violentos dentre o teu povo se levantarão para cumprir a visão, mas eles
cairão.
Dan.11.15- Assim virá o rei do norte, e levantará baluartes, e tomará uma
cidade bem fortificada; e as forças do sul não poderão resistir, nem o seu povo
escolhido, pois não haverá força para resistir.
Dan.11.16- O que, porém, há de vir contra ele fará o que lhe aprouver, e
ninguém poderá resistir diante dele; ele se fincará na terra gloriosa, tendo-a
inteiramente sob seu poder.
Dan.11.17- E firmará o propósito de vir com toda a força do seu reino, e
entrará em acordo com ele, e lhe dará a filha de mulheres, para ele a
corromper; ela, porém, não subsistirá, nem será para ele.
Dan.11.18- Depois disso virará o seu rosto para as ilhas, e tomará muitas;
mas um príncipe fará cessar o seu opróbrio contra ele, e ainda fará recair
sobre ele o seu opróbrio.
Dan.11.19- Virará então o seu rosto para as fortalezas da sua própria terra,
mas tropeçará, e cairá, e não será achado.
Dan.11.20- Então no seu lugar se levantará quem fará passar um exator de
tributo pela glória do reino; mas dentro de poucos dias será quebrantado, e
isto sem ira e sem batalha.
Dan.11.21- Depois se levantará em seu lugar um homem vil, ao qual não tinham
dado a majestade real; mas ele virá caladamente, e tomará o reino com
lisonja.
Dan.11.22- E as forças inundantes serão varridas de diante dele, e serão
quebrantadas, como também o príncipe do pacto.
Dan.11.23- E, depois de feita com ele a aliança, usará de engano; e subirá,
e se tornará forte com pouca gente.
Dan.11.24- Virá também em tempo de segurança sobre os lugares mais férteis
da província; e fará o que nunca fizeram seus pais, nem os pais de seus pais;
espalhará entre eles a presa, os despojos e os bens; e maquinará os seus
projetos contra as fortalezas, mas por certo tempo.
Dan.11.25- E suscitará a sua força e a sua coragem contra o rei do sul com
um grande exército; e o rei do sul sairá à guerra com um grande e muito
poderoso exército, mas não subsistirá, pois maquinarão projetos contra
ele.
Dan.11.26- E os que comerem os seus manjares o quebrantarão; e o exército
dele será varrido por uma inundação, e cairão muitos traspassados.
Dan.11.27- Também estes dois reis terão o coração atento para fazerem o mal,
e assentados à mesma mesa falarão a mentira; esta, porém, não prosperará,
porque ainda virá o fim no tempo determinado.
Dan.11.28- Então tornará para a sua terra com muitos bens; e o seu coração
será contra o santo pacto; e fará o que lhe aprouver, e tornará para a sua
terra.
Dan.11.29- No tempo determinado voltará, e entrará no sul; mas não sucederá
desta vez como na primeira.
Dan.11.30- Porque virão contra ele navios de Quitim, que lhe causarão
tristeza; por isso voltará, e se indignará contra o santo pacto, e fará como
lhe aprouver. Voltará e atenderá aos que tiverem abandonado o santo
pacto.
Dan.11.31- E estarão ao lado dele forças que profanarão o santuário, isto é,
a fortaleza, e tirarão o holocausto contínuo, estabelecendo a abominação
desoladora.
Dan.11.32- Ainda aos violadores do pacto ele perverterá com lisonjas; mas o
povo que conhece ao seu Deus se tornará forte, e fará proezas.
Dan.11.33- Os entendidos entre o povo ensinarão a muitos; todavia por muitos
dias cairão pela espada e pelo fogo, pelo cativeiro e pelo despojo.
Dan.11.34- Mas, caindo eles, serão ajudados com pequeno socorro; muitos,
porém, se ajuntarão a eles com lisonjas.
Dan.11.35- Alguns dos entendidos cairão para serem acrisolados, purificados
e embranquecidos, até o fim do tempo; pois isso ainda será para o tempo
determinado.
Dan.11.36- e o rei fará conforme lhe aprouver; exaltar-se-á, e se
engrandecerá sobre todo deus, e contra o Deus dos deuses falará coisas
espantosas; e será próspero, até que se cumpra a indignação: pois aquilo que
está determinado será feito.
Dan.11.37- E não terá respeito aos deuses de seus pais, nem ao amado das
mulheres, nem a qualquer outro deus; pois sobre tudo se engrandecerá.
Dan.11.38- Mas em seu lugar honrará ao deus das fortalezas; e a um deus a quem
seus pais não conheceram, ele o honrará com ouro e com prata, com pedras
preciosas e com coisas agradáveis.
Dan.11.39- E haver-se-á com os castelos fortes com o auxílio dum deus
estranho; aos que o reconhecerem, multiplicará a glória; e os fará reinar sobre
muitos, e lhes repartirá a terra por preço.
Dan.11.40- Ora, no fim do tempo, o rei do sul lutará com ele; e o rei do
norte virá como turbilhão contra ele, com carros e cavaleiros, e com muitos
navios; e entrará nos países, e os inundará, e passará para adiante.
Dan.11.41- Entrará na terra gloriosa, e dezenas de milhares cairão; mas da
sua mão escaparão estes: Edom e Moabe, e as primícias dos filhos de Amom.
Dan.11.42- E estenderá a sua mão contra os paises; e a terra do Egito não
escapará.
Dan.11.43- Apoderar-se-á dos tesouros de ouro e de prata, e de todas as
coisas preciosas do Egito; os líbios e os etíopes o seguirão.
Dan.11.44- Mas os rumores do oriente e do norte o espantarão; e ele sairá
com grande furor, para destruir e extirpar a muitos.
Dan.11.45- E armará as tendas do seu palácio entre o mar grande e o glorioso
monte santo; contudo virá ao seu fim, e não haverá quem o socorra.
Dan.12.1- Naquele tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, que se
levanta a favor dos filhos do teu povo; e haverá um tempo de tribulação, qual
nunca houve, desde que existiu nação até aquele tempo; mas naquele tempo
livrar-se-á o teu povo, todo aquele que for achado escrito no livro.
Dan.12.2- E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para
a vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno.
Dan.12.3- Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do
firmamento; e os que converterem a muitos para a justiça, como as estrelas
sempre e eternamente.
Dan.12.4- Tu, porém, Daniel, cerra as palavras e sela o livro, até o fim
do tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e a ciência se
multiplicará.
Dan.12.5- Então eu, Daniel, olhei, e eis que estavam em pé outros dois,
um de uma banda à beira do rio, e o outro da outra banda à beira do rio.
Dan.12.6- E perguntei ao homem vestido de linho, que estava por cima das
águas do rio: Quanto tempo haverá até o fim destas maravilhas?
Dan.12.7- E ouvi o homem vestido de linho, que estava por cima das águas
do rio, quando levantou ao céu a mão direita e a mão esquerda, e jurou por
aquele que vive eternamente que isso seria para um tempo, dois tempos, e metade
de um tempo. E quando tiverem acabado de despedaçar o poder do povo santo,
cumprir-se-ão todas estas coisas.
Dan.12.8- Eu, pois, ouvi, mas não entendi; por isso perguntei: Senhor
meu, qual será o fim destas coisas?
Dan.12.9- Ele respondeu: Vai-te, Daniel, porque estas palavras estão
cerradas e seladas até o tempo do fim.
Dan.12.10- Muitos se purificarão, e se embranquecerão, e serão acrisolados;
mas os ímpios procederão impiamente; e nenhum deles entenderá; mas os sábios
entenderão.
Dan.12.11- E desde o tempo em que o holocausto contínuo for tirado, e
estabelecida a abominação desoladora, haverá mil duzentos e noventa dias.
Dan.12.12- Bem-aventurado é o que espera e chega aos mil trezentos e trinta
e cinco dias.
Dan.12.13- Tu, porém, vai-te, até que chegue o fim; pois descansarás, e
estarás no teu quinhão ao fim dos dias.