22 – Cântico
dos cânticos
- Cat
Cat.1.1- O
cântico dos cânticos, que é de Salomão.
Cat.1.2- Beije-me
ele com os beijos da sua boca; porque melhor é o seu amor do que o vinho.
Cat.1.3- Suave
é o cheiro dos teus perfumes; como perfume derramado é o teu nome; por isso as
donzelas te amam.
Cat.1.4- Leva-me
tu; correremos após ti. O rei me introduziu nas suas recâmaras; em ti nos
alegraremos e nos regozijaremos; faremos menção do teu amor mais do que do
vinho; com razão te amam.
Cat.1.5- Eu
sou morena, mas formosa, ó filhas de Jerusalém, como as tendas de Quedar, como
as cortinas de Salomão.
Cat.1.6- Não
repareis em eu ser morena, porque o sol crestou-me a tez; os filhos de minha
mãe indignaram-se contra mim, e me puseram por guarda de vinhas; a minha vinha,
porém, não guardei.
Cat.1.7- Dize-me, ó tu, a quem ama a minha
alma: Onde apascentas o teu rebanho, onde o fazes deitar pelo meio-dia; pois,
por que razão seria eu como a que anda errante pelos rebanhos de teus
companheiros?
Cat.1.8- Se
não o sabes, ó tu, a mais formosa entre as mulheres, vai seguindo as pisadas
das ovelhas, e apascenta os teus cabritos junto às tendas dos pastores.
Cat.1.9- A
uma égua dos carros de Faraó eu te comparo, ó amada minha.
Cat.1.10- Formosas são as tuas faces entre as tuas tranças, e formoso o
teu pescoço com os colares.
Cat.1.11- Nós te faremos umas tranças de ouro, marchetadas de pontinhos
de prata.
Cat.1.12- Enquanto o rei se assentava à sua mesa, dava o meu nardo o seu
cheiro.
Cat.1.13- O meu amado é para mim como um saquitel de mirra, que repousa
entre os meus seios.
Cat.1.14- O meu amado é para mim como um ramalhete de hena nas vinhas de
En-Gedi.
Cat.1.15- Eis que és formosa, ó amada minha, eis que és formosa; os teus
olhos são como pombas.
Cat.1.16- Eis que és formoso, ó amado meu, como amável és também; o
nosso leito é viçoso.
Cat.1.17- As traves da nossa casa são de cedro, e os caibros de
cipreste.
Cat.2.1- Eu
sou a rosa de Sarom, o lírio dos vales.
Cat.2.2- Qual
o lírio entre os espinhos, tal é a minha amada entre as filhas.
Cat.2.3- Qual
a macieira entre as árvores do bosque, tal é o meu amado entre os filhos; com
grande gozo sentei-me à sua sombra; e o seu fruto era
doce ao meu paladar.
Cat.2.4- Levou-me
à sala do banquete, e o seu estandarte sobre mim era o amor.
Cat.2.5- Sustentai-me
com passas, confortai-me com maçãs, porque desfaleço de amor.
Cat.2.6- A
sua mão esquerda esteja debaixo da minha cabeça, e a sua mão direita me
abrace.
Cat.2.7- Conjuro-vos,
ó filhas de Jerusalém, pelas gazelas e cervas do campo, que não acordeis nem
desperteis o amor, até que ele o queira.
Cat.2.8- A
voz do meu amado! eis que vem aí, saltando sobre os
montes, pulando sobre os outeiros.
Cat.2.9- O
meu amado é semelhante ao gamo, ou ao filho do veado; eis que está detrás da
nossa parede, olhando pelas janelas, lançando os olhos pelas grades.
Cat.2.10- Fala o meu amado e me diz: Levanta-te, amada minha, formosa minha, e vem.
Cat.2.11- Pois eis que já passou o inverno; a chuva cessou, e se
foi;
Cat.2.12- aparecem as flores na terra; já
chegou o tempo de cantarem as aves, e a voz da rola ouve-se em nossa
terra.
Cat.2.13- A figueira começa a dar os seus primeiros figos; as vides
estão em flor e exalam o seu aroma. Levanta-te, amada minha, formosa
minha, e vem.
Cat.2.14- Pomba minha, que andas pelas fendas das penhas, no oculto das
ladeiras, mostra-me o teu semblante faze-me ouvir a
tua voz; porque a tua voz é doce, e o teu semblante formoso.
Cat.2.15- Apanhai-nos as raposas, as raposinhas, que fazem mal às
vinhas; pois as nossas vinhas estão em flor.
Cat.2.16- O meu amado é meu, e eu sou dele; ele apascenta o seu rebanho
entre os lírios.
Cat.2.17- Antes que refresque o dia, e fujam as sombras, volta, amado
meu, e faze-te semelhante ao gamo ou ao filho dos
veados sobre os montes de Beter.
Cat.3.1- De
noite, em meu leito, busquei aquele a quem ama a minha alma; busquei-o, porém
não o achei.
Cat.3.2- Levantar-me-ei,
pois, e rodearei a cidade; pelas ruas e pelas praças buscarei aquele a quem ama
a minha alma. Busquei-o, porém não o achei.
Cat.3.3- Encontraram-me
os guardas que rondavam pela cidade; eu lhes perguntei: Vistes, porventura,
aquele a quem ama a minha alma?
Cat.3.4- Apenas
me tinha apartado deles, quando achei aquele a quem ama a minha alma; detive-o,
e não o deixei ir embora, até que o introduzi na casa de minha mãe, na câmara
daquela que me concebeu:
Cat.3.5- Conjuro-vos,
ó filhos de Jerusalém, pelas gazelas e cervas do campo, que não acordeis, nem
desperteis o amor, até que ele o queira.
Cat.3.6- Que
é isso que sobe do deserto, como colunas de fumaça, perfumado de mirra, de
incenso, e de toda sorte de pós aromáticos do mercador?
Cat.3.7- Eis
que é a liteira de Salomão; estão ao redor dela sessenta valentes, dos valentes
de Israel,
Cat.3.8- todos armados de espadas, destros na guerra, cada um com a
sua espada a cinta, por causa dos temores noturnos.
Cat.3.9- O
rei Salomão fez para si um palanquim de madeira do Líbano.
Cat.3.10- Fez-lhe as colunas de prata, o estrado de ouro, o assento de
púrpura, o interior carinhosamente revestido pelas filhas de Jerusalém.
Cat.3.11- Saí, ó filhas de Sião, e contemplai o rei Salomão com a coroa
de que sua mãe o coroou no dia do seu desposório, no dia do júbilo do seu
coração.
Cat.4.1- Como
és formosa, amada minha, eis que és formosa! os teus
olhos são como pombas por detrás do teu véu; o teu cabelo é como o rebanho de
cabras que descem pelas colinas de Gileade.
Cat.4.2- Os
teus dentes são como o rebanho das ovelhas tosquiadas, que sobem do lavadouro,
e das quais cada uma tem gêmeos, e nenhuma delas é desfilhada.
Cat.4.3- Os
teus lábios são como um fio de escarlate, e a tua boca e formosa; as tuas faces
são como as metades de uma roma por detrás do teu
véu.
Cat.4.4- O
teu pescoço é como a torre de Davi, edificada para sala de armas; no qual
pendem mil broquéis, todos escudos de guerreiros valentes.
Cat.4.5- Os
teus seios são como dois filhos gêmeos da gazela, que se apascentam entre os
lírios.
Cat.4.6- Antes
que refresque o dia e fujam as sombras, irei ao monte da mirra e ao outeiro do
incenso.
Cat.4.7- Tu
és toda formosa, amada minha, e em ti não há mancha.
Cat.4.8- Vem
comigo do Líbano, noiva minha, vem comigo do Líbano. Olha desde o cume de Amana, desde o cume de Senir e de
Hermom, desde os covis dos leões, desde os montes dos
leopardos.
Cat.4.9- Enlevaste-me
o coração, minha irmã, noiva minha; enlevaste- me o coração com um dos teus
olhares, com um dos colares do teu pescoço.
Cat.4.10- Quão doce é o teu amor, minha irmã, noiva minha! quanto melhor é o teu amor do que o vinho! e o aroma dos teus ungüentos do
que o de toda sorte de especiarias!
Cat.4.11- Os teus lábios destilam o mel, noiva minha; mel e leite estão
debaixo da tua língua, e o cheiro dos teus vestidos é como o cheiro do
Líbano.
Cat.4.12- Jardim fechado é minha irmã, minha noiva,
sim, jardim fechado, fonte selada.
Cat.4.13- Os teus renovos são um pomar de romãs, com frutos excelentes;
a hena juntamente com nardo,
Cat.4.14- o nardo, e o açafrão, o cálamo, e o
cinamomo, com toda sorte de árvores de incenso; a mirra e o aloés, com todas as
principais especiarias.
Cat.4.15- És fonte de jardim, poço de águas vivas, correntes que manam
do Líbano!
Cat.4.16- Levanta-te, vento norte, e vem tu, vento sul; assopra no meu
jardim, espalha os seus aromas. Entre o meu amado no seu jardim, e coma os seus
frutos excelentes!
Cat.5.1- Venho
ao meu jardim, minha irmã, noiva minha, para colher a minha mirra com o meu
bálsamo, para comer o meu favo com o meu mel, e beber o meu vinho com o meu
leite. Comei, amigos, bebei abundantemente, ó amados.
Cat.5.2- Eu
dormia, mas o meu coração velava. Eis a voz do meu amado! Está batendo:
Abre-me, minha irmã, amada minha, pomba minha, minha imaculada; porque a minha
cabeça está cheia de orvalho, os meus cabelos das gotas da noite.
Cat.5.3- Já
despi a minha túnica; como a tornarei a vestir? já
lavei os meus pés; como os tornarei a sujar?
Cat.5.4- O
meu amado meteu a sua mão pela fresta da porta, e o meu coração estremeceu por
amor dele.
Cat.5.5- Eu
me levantei para abrir ao meu amado; e as minhas mãos
destilavam mirra, e os meus dedos gotejavam mirra sobre as aldravas da
fechadura.
Cat.5.6- Eu
abri ao meu amado, mas ele já se tinha retirado e ido embora. A minha alma
tinha desfalecido quando ele falara. Busquei-o, mas não o pude encontrar;
chamei-o, porém ele não me respondeu.
Cat.5.7- Encontraram-me
os guardas que rondavam pela cidade; espancaram-me, feriram-me; tiraram-me o
manto os guardas dos muros.
Cat.5.8- Conjuro-vos,
ó filhas de Jerusalém, se encontrardes o meu amado, que lhe digais que estou
enferma de amor.
Cat.5.9- Que
é o teu amado mais do que outro amado, ó tu, a mais
formosa entre as mulheres? Que é o teu amado mais do que outro amado, para que
assim nos conjures?
Cat.5.10- O meu amado é cândido e rubicundo, o primeiro entre dez
mil.
Cat.5.11- A sua cabeça é como o ouro mais refinado, os seus cabelos são
crespos, pretos como o corvo.
Cat.5.12- Os seus olhos são como pombas junto às correntes das águas,
lavados em leite, postos em engaste.
Cat.5.13- As suas faces são como um canteiro de bálsamo, os montões de
ervas aromáticas; e os seus lábios são como lírios que
gotejam mirra.
Cat.5.14- Os seus braços são como cilindros de ouro, guarnecidos de
crisólitas; e o seu corpo é como obra de marfim,
coberta de safiras.
Cat.5.15- As suas pernas como colunas de mármore, colocadas sobre bases
de ouro refinado; o seu semblante como o líbano,
excelente como os cedros.
Cat.5.16- O seu falar é muitíssimo suave; sim, ele é totalmente
desejável. Tal é o meu amado, e tal o meu amigo, ó filhas de Jerusalém.
Cat.6.1- Para
onde foi o teu amado, ó tu, a mais formosa entre as
mulheres? para onde se retirou o teu amado, a fim de
que o busquemos juntamente contigo?
Cat.6.2- O
meu amado desceu ao seu jardim, aos canteiros de bálsamo, para apascentar o
rebanho nos jardins e para colher os lírios.
Cat.6.3- Eu
sou do meu amado, e o meu amado é meu; ele apascenta o rebanho entre os
lírios.
Cat.6.4- Formosa
és, amada minha, como Tirza, aprazível como Jerusalém,
imponente como um exército com bandeiras.
Cat.6.5- Desvia
de mim os teus olhos, porque eles me perturbam. O teu cabelo é como o rebanho
de cabras que descem pelas colinas de Gileade.
Cat.6.6- Os
teus dentes são como o rebanho de ovelhas que sobem do lavadouro, e das quais
cada uma tem gêmeos, e nenhuma delas é desfilhada.
Cat.6.7- As
tuas faces são como as metades de uma romã, por detrás do teu véu.
Cat.6.8- Há
sessenta rainhas, oitenta concubinas, e virgens sem número.
Cat.6.9- Mas
uma só é a minha pomba, a minha imaculada; ela e a única de sua mãe, a
escolhida da que a deu à luz. As filhas viram-na e lhe chamaram bem-aventurada;
viram-na as rainhas e as concubinas, e louvaram-na.
Cat.6.10- Quem é esta que aparece como a alva do dia, formosa como a
lua, brilhante como o sol, imponente como um exército com bandeiras?
Cat.6.11- Desci ao jardim das nogueiras, para ver os renovos do vale,
para ver se floresciam as vides e se as romanzeiras
estavam em flor.
Cat.6.12- Antes de eu o sentir, pôs-me a minha
alma nos carros do meu nobre povo.
Cat.6.13- Volta, volta, ó Sulamita; volta, volta, para que nós te
vejamos. Por que quereis olhar para a Sulamita como para a dança de Maanaim?
Cat.7.1- Quão
formosos são os teus pés nas sandálias, ó filha de príncipe! Os contornos das
tuas coxas são como jóias, obra das mãos de artista.
Cat.7.2- O
teu umbigo como uma taça redonda, a que não falta bebida; o teu ventre como
montão de trigo, cercado de lírios.
Cat.7.3- Os
teus seios são como dois filhos gêmeos da gazela.
Cat.7.4- O
teu pescoço como a torre de marfim; os teus olhos como as piscinas de Hesbom, junto à porta de Bate-Rabim;
o teu nariz é como torre do Líbano, que olha para Damasco.
Cat.7.5- A
tua cabeça sobre ti é como o monte Carmelo, e os cabelos da tua cabeça como a
púrpura; o rei está preso pelas tuas tranças.
Cat.7.6- Quão
formosa, e quão aprazível és, ó amor em
delícias!
Cat.7.7- Essa
tua estatura é semelhante à palmeira, e os teus seios aos cachos de uvas.
Cat.7.8- Disse
eu: Subirei à palmeira, pegarei em seus ramos; então sejam os teus seios como
os cachos da vide, e o cheiro do teu fôlego como o das maçãs,
Cat.7.9- e os teus beijos como o bom vinho para o meu amado, que se
bebe suavemente, e se escoa pelos lábios e dentes.
Cat.7.10- Eu sou do meu amado, e o seu amor é por mim.
Cat.7.11- Vem, ó amado meu, saiamos ao campo, passemos as noites nas
aldeias.
Cat.7.12- Levantemo-nos de manhã para ir às vinhas, vejamos se florescem
as vides, se estão abertas as suas flores, e se as romanzeiras
já estão em flor; ali te darei o meu amor.
Cat.7.13- As mandrágoras exalam perfume, e às nossas portas há toda
sorte de excelentes frutos, novos e velhos; eu os guardei para ti, ó meu
amado.
Cat.8.1- Ah!
quem me dera que foras como meu irmão, que mamou os
seios de minha mãe! quando eu te encontrasse lá fora,
eu te beijaria; e não me desprezariam!
Cat.8.2- Eu
te levaria e te introduziria na casa de minha mãe, e tu me instruirias; eu te
daria a beber vinho aromático, o mosto das minhas romãs.
Cat.8.3- A
sua mão esquerda estaria debaixo da minha cabeça, e a sua direita me
abraçaria.
Cat.8.4- Conjuro-vos,
ó filhas de Jerusalém, que não acordeis nem desperteis o amor, até que ele o
queira.
Cat.8.5- Quem
é esta que sobe do deserto, e vem encostada ao seu amado? Debaixo da macieira
te despertei; ali esteve tua mãe com dores; ali esteve com dores aquela que te
deu à luz.
Cat.8.6- Põe-me
como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu braço; porque o amor é
forte como a morte; o ciúme é cruel como o Seol; a
sua chama é chama de fogo, verdadeira labareda do Senhor.
Cat.8.7- As
muitas águas não podem apagar o amor, nem os rios afogá-
lo. Se alguém oferecesse todos os bens de sua casa pelo amor, seria de todo
desprezado.
Cat.8.8- Temos
uma irmã pequena, que ainda não tem seios; que faremos por nossa irmã, no dia
em que ela for pedida em casamento?
Cat.8.9- Se
ela for um muro, edificaremos sobre ela uma torrezinha de prata; e, se ela for uma porta, cercá-la-emos com tábuas de
cedro.
Cat.8.10- Eu era um muro, e os meus seios eram como as suas torres;
então eu era aos seus olhos como aquela que acha paz.
Cat.8.11- Teve Salomão uma vinha em Baal-Hamom;
arrendou essa vinha a uns guardas; e cada um lhe devia
trazer pelo seu fruto mil peças de prata.
Cat.8.12- A minha vinha que me pertence está diante de mim; tu, ó
Salomão, terás as mil peças de prata, e os que guardam o fruto terão
duzentas.
Cat.8.13- ç tu, que habitas nos jardins, os
companheiros estão atentos para ouvir a tua voz; faze-me,
pois, também ouvi-la:
Cat.8.14- Vem depressa, amado meu, e faze-te
semelhante ao gamo ou ao filho da gazela sobre os montes dos aromas.