21 – Eclesiastes - Ecl

Ecl.1.1-         Palavras do pregador, filho de Davi, rei em Jerusalém.   

Ecl.1.2-         Vaidade de vaidades, diz o pregador; vaidade de vaidades, tudo é vaidade.

Ecl.1.3-         Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, com que se afadiga debaixo do sol?   

Ecl.1.4-         Uma geração vai-se, e outra geração vem, mas a terra permanece para sempre.   

Ecl.1.5-         O sol nasce, e o sol se põe, e corre de volta ao seu lugar donde nasce.   

Ecl.1.6-         O vento vai para o sul, e faz o seu giro vai para o norte; volve-se e revolve-se na sua carreira, e retoma os seus circuitos.   

Ecl.1.7-         Todos os ribeiros vão para o mar, e contudo o mar não se enche; ao lugar para onde os rios correm, para ali continuam a correr.   

Ecl.1.8-         Todas as coisas estão cheias de cansaço; ninguém o pode exprimir: os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos se enchem de ouvir.   

Ecl.1.9-         O que tem sido, isso é o que há de ser; e o que se tem feito, isso se tornará a fazer; nada há que seja novo debaixo do sol.   

Ecl.1.10-       Há alguma coisa de que se possa dizer: Voê, isto é novo? ela já existiu nos séculos que foram antes de nós.   

Ecl.1.11-       Já não há lembrança das gerações passadas; nem das gerações futuras haverá lembrança entre os que virão depois delas.   

Ecl.1.12-       Eu, o pregador, fui rei sobre Israel em Jerusalém.   

Ecl.1.13-       E apliquei o meu coração a inquirir e a investigar com sabedoria a respeito de tudo quanto se faz debaixo do céu; essa enfadonha ocupação deu Deus aos filhos dos homens para nela se exercitarem.   

Ecl.1.14-       Atentei para todas as obras que se e fazem debaixo do sol; e eis que tudo era vaidade e desejo vão.   

Ecl.1.15-       O que é torto não se pode endireitar; o que falta não se pode enumerar.   

Ecl.1.16-       Falei comigo mesmo, dizendo: Eis que eu me engrandeci, e sobrepujei em sabedoria a todos os que houve antes de mim em Jerusalém; na verdade, tenho tido larga experiência da sabedoria e do conhecimento.   

Ecl.1.17-       E apliquei o coração a conhecer a sabedoria e a conhecer os desvarios e as loucuras; e vim a saber que também isso era desejo vao.   

Ecl.1.18-       Porque na muita sabedoria há muito enfado; e o que aumenta o conhecimento aumenta a tristeza.   

Ecl.2.1-         Disse eu a mim mesmo: Ora vem, eu te provarei com a alegria; portanto goza o prazer; mas eis que também isso era vaidade.   

Ecl.2.2-         Do riso disse: Está doido; e da alegria: De que serve estar.   

Ecl.2.3-         Busquei no meu coração como estimular com vinho a minha carne, sem deixar de me guiar pela sabedoria, e como me apoderar da estultícia, até ver o que era bom que os filhos dos homens fizessem debaixo do céu, durante o número dos dias de sua vida.   

Ecl.2.4-         Fiz para mim obras magníficas: edifiquei casas, plantei vinhas;   

Ecl.2.5-         fiz hortas e jardins, e plantei neles árvores frutíferas de todas as espécies.   

Ecl.2.6-         Fiz tanques de águas, para deles regar o bosque em que reverdeciam as árvores.   

Ecl.2.7-         Comprei servos e servas, e tive servos nascidos em casa; também tive grandes possessões de gados e de rebanhos, mais do que todos os que houve antes de mim em Jerusalém.   

Ecl.2.8-         Ajuntei também para mim prata e ouro, e tesouros dos reis e das províncias; provi-me de cantores e cantoras, e das delícias dos filhos dos homens, concubinas em grande número.   

Ecl.2.9-         Assim me engrandeci, e me tornei mais rico do que todos os que houve antes de mim em Jerusalém; perseverou também comigo a minha sabedoria.   

Ecl.2.10-       E tudo quanto desejaram os meus olhos não lho neguei, nem privei o meu coração de alegria alguma; pois o meu coração se alegrou por todo o meu trabalho, e isso foi o meu proveito de todo o meu trabalho.   

Ecl.2.11-       Então olhei eu para todas as obras que as minhas mãos haviam feito, como também para o trabalho que eu aplicara em fazê-las; e eis que tudo era vaidade e desejo vão, e proveito nenhum havia debaixo do sol.   

Ecl.2.12-       Virei-me para contemplar a sabedoria, e a loucura, e a estultícia; pois que fará o homem que seguir ao rei? O mesmo que já se fez!   

Ecl.2.13-       Então vi eu que a sabedoria é mais excelente do que a estultícia, quanto a luz é mais excelente do que as trevas.   

Ecl.2.14-       Os olhos do sábio estão na sua cabeça, mas o louco anda em trevas; contudo percebi que a mesma coisa lhes sucede a ambos.   

Ecl.2.15-       Pelo que eu disse no meu coração: Como acontece ao estulto, assim me sucederá a mim; por que então busquei eu mais a sabedoria; Então respondi a mim mesmo que também isso era vaidade.   

Ecl.2.16-       Pois do sábio, bem como do estulto, a memória não durará para sempre; porquanto de tudo, nos dias futuros, total esquecimento haverá. E como morre o sábio, assim morre o estulto!   

Ecl.2.17-       Pelo que aborreci a vida, porque a obra que se faz debaixo do sol me era penosa; sim, tudo é vaidade e desejo vão.   

Ecl.2.18-       Também eu aborreci todo o meu trabalho em que me afadigara debaixo do sol, visto que tenho de deixá-lo ao homem que virá depois de mim.   

Ecl.2.19-       E quem sabe se será sábio ou estulto? Contudo, ele se assenhoreará de todo o meu trabalho em que me afadiguei, e em que me houve sabiamente debaixo do sol; também isso é vaidade.   

Ecl.2.20-       Pelo que eu me volvi e entreguei o meu coração ao desespero no tocante a todo o trabalho em que me afadigara debaixo do sol.   

Ecl.2.21-       Porque há homem cujo trabalho é feito com sabedoria, e ciência, e destreza; contudo, deixará o fruto do seu labor para ser porção de quem não trabalhou nele; também isso é vaidade e um grande mal.   

Ecl.2.22-       Pois, que alcança o homem com todo o seu trabalho e com a fadiga em que ele anda trabalhando debaixo do sol?   

Ecl.2.23-       Porque todos os seus dias são dores, e o seu trabalho é vexação; nem de noite o seu coração descansa. Também isso é vaidade.   

Ecl.2.24-       Não há nada melhor para o homem do que comer e beber, e fazer que a sua alma goze do bem do seu trabalho. Vi que também isso vem da mão de Deus.   

Ecl.2.25-       Pois quem pode comer, ou quem pode gozar. melhor do que eu?   

Ecl.2.26-       Porque ao homem que lhe agrada, Deus dá sabedoria, e conhecimento, e alegria; mas ao pecador dá trabalho, para que ele ajunte e amontoe, a fim de dá-lo àquele que agrada a Deus: Também isso é vaidade e desejo vão.   

Ecl.3.1-         Tudo tem a sua ocasião própria, e há tempo para todo propósito debaixo do céu.   

Ecl.3.2-         Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;   

Ecl.3.3-         tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derribar, e tempo de edificar;   

Ecl.3.4-         tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar;   

Ecl.3.5-         tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de abster-se de abraçar;   

Ecl.3.6-         tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de deitar fora;   

Ecl.3.7-         tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar;   

Ecl.3.8-         tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.   

Ecl.3.9-         Que proveito tem o trabalhador naquilo em que trabalha?   

Ecl.3.10-       Tenho visto o trabalho penoso que Deus deu aos filhos dos homens para nele se exercitarem.   

Ecl.3.11-       Tudo fez formoso em seu tempo; também pôs na mente do homem a idéia da eternidade, se bem que este não possa descobrir a obra que Deus fez desde o princípio até o fim.   

Ecl.3.12-       Sei que não há coisa melhor para eles do que se regozijarem e fazerem o bem enquanto viverem;   

Ecl.3.13-       e também que todo homem coma e beba, e goze do bem de todo o seu trabalho é dom de Deus.   

Ecl.3.14-       Eu sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe pode acrescentar, e nada se lhe pode tirar; e isso Deus faz para que os homens temam diante dele:   

Ecl.3.15-       O que é, já existiu; e o que há de ser, também já existiu; e Deus procura de novo o que ja se passou.   

Ecl.3.16-       Vi ainda debaixo do sol que no lugar da retidão estava a impiedade; e que no lugar da justiça estava a impiedade ainda.   

Ecl.3.17-       Eu disse no meu coração: Deus julgará o justo e o ímpio; porque há um tempo para todo propósito e para toda obra.   

Ecl.3.18-       Disse eu no meu coração: Isso é por causa dos filhos dos homens, para que Deus possa prová-los, e eles possam ver que são em si mesmos como os brutos.   

Ecl.3.19-       Pois o que sucede aos filhos dos homens, isso mesmo também sucede aos brutos; uma e a mesma coisa lhes sucede; como morre um, assim morre o outro; todos têm o mesmo fôlego; e o homem não tem vantagem sobre os brutos; porque tudo é vaidade.   

Ecl.3.20-       Todos vão para um lugar; todos são pó, e todos ao pó tornarão.   

Ecl.3.21-       Quem sabe se o espírito dos filhos dos homens vai para cima, e se o espírito dos brutos desce para a terra?   

Ecl.3.22-       Pelo que tenho visto que não há coisa melhor do que alegrar-se o homem nas suas obras; porque esse é o seu quinhão; pois quem o fará voltar para ver o que será depois dele?   

Ecl.4.1-         Depois volvi-me, e atentei para todas as opressões que se fazem debaixo do sol; e eis as lágrimas dos oprimidos, e eles não tinham consolador; do lado dos seus opressores havia poder; mas eles não tinham consolador.   

Ecl.4.2-         Pelo que julguei mais felizes os que já morreram, do que os que vivem ainda.   

Ecl.4.3-         E melhor do que uns e outros é aquele que ainda não é, e que não viu as más obras que se fazem debaixo do sol.   

Ecl.4.4-         Também vi eu que todo trabalho e toda destreza em obras provêm da inveja que o homem tem do seu próximo. Também isso é e vaidade e desejo vão.   

Ecl.4.5-         O tolo cruza as mãos, e come a sua; própria carne.   

Ecl.4.6-         Melhor é um punhado com tranqüilidade do que ambas as mãos cheias com trabalho e vão desejo.   

Ecl.4.7-         Outra vez me volvi, e vi vaidade debaixo do sol.   

Ecl.4.8-         Há um que é só, não tendo parente; não tem filho nem irmão e, contudo, de todo o seu trabalho não há fim, nem os seus olhos se fartam de riquezas. E ele não pergunta: Para quem estou trabalhando e privando do bem a minha alma? Também isso é vaidade a e enfadonha ocupação.   

Ecl.4.9-         Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho.   

Ecl.4.10-       Pois se caírem, um levantará o seu companheiro; mas ai do que estiver só, pois, caindo, não haverá outro que o levante.   

Ecl.4.11-       Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só como se aquentará?   

Ecl.4.12-       E, se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; e o cordão de três dobras não se quebra tão depressa.   

Ecl.4.13-       Melhor é o mancebo pobre e sábio do que o rei velho e insensato, que não se deixa mais admoestar,   

Ecl.4.14-       embora tenha saído do cárcere para reinar, ou tenha nascido pobre no seu próprio reino.   

Ecl.4.15-       Vi a todos os viventes que andavam debaixo do sol, e eles estavam com o mancebo, o sucessor, que havia de ficar no lugar do rei.   

Ecl.4.16-       Todo o povo, à testa do qual se achava, era inumerável; contudo os que lhe sucederam não se regozijarão a respeito dele. Na verdade também isso é vaidade e desejo vão.   

Ecl.5.1-         Guarda o teu pé, quando fores à casa de Deus; porque chegar-se para ouvir é melhor do que oferecer sacrifícios de tolos; pois não sabem que fazem mal.   

Ecl.5.2-         Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma na presença de Deus; porque Deus está no céu, e tu estás sobre a terra; portanto sejam poucas as tuas palavras.   

Ecl.5.3-         Porque, da multidão de trabalhos vêm os sonhos, e da multidão de palavras, a voz do tolo.   

Ecl.5.4-         Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos. O que votares, paga-o.   

Ecl.5.5-         Melhor é que não votes do que votares e nao pagares.   

Ecl.5.6-         Não consintas que a tua boca faça pecar a tua carne, nem digas na presença do anjo que foi erro; por que razão se iraria Deus contra a tua voz, e destruiria a obra das tuas mãos?   

Ecl.5.7-         Porque na multidão dos sonhos há vaidades e muitas palavras; mas tu teme a Deus.   

Ecl.5.8-         Se vires em alguma província opressão de pobres, e a perversão violenta do direito e da justiça, não te maravilhes de semelhante caso. Pois quem está altamente colocado tem superior que o vigia; e há mais altos ainda sobre eles.   

Ecl.5.9-         O proveito da terra é para todos; até o rei se serve do campo.   

Ecl.5.10-       Quem ama o dinheiro não se fartará de dinheiro; nem o que ama a riqueza se fartará do ganho; também isso é vaidade.   

Ecl.5.11-       Quando se multiplicam os bens, multiplicam-se também os que comem; e que proveito tem o seu dono senão o de vê-los com os seus olhos?   

Ecl.5.12-       Doce é o sono do trabalhador, quer coma pouco quer muito; mas a saciedade do rico não o deixa dormir.   

Ecl.5.13-       Há um grave mal que vi debaixo do sol: riquezas foram guardadas por seu donó para o seu próprio dano;   

Ecl.5.14-       e as mesmas riquezas se perderam por qualquer má aventura; e havendo algum filho nada fica na sua mão.   

Ecl.5.15-       Como saiu do ventre de sua mãe, assim também se irá, nu como veio; e nada tomará do seu trabalho, que possa levar na mão.   

Ecl.5.16-       Ora isso é um grave mal; porque justamente como veio, assim há de ir; e que proveito lhe vem de ter trabalhado para o vento,   

Ecl.5.17-       e de haver passado todos os seus dias nas trevas, e de haver padecido muito enfado, enfermidades e aborrecimento?   

Ecl.5.18-       Eis aqui o que eu vi, uma boa e bela coisa: alguém comer e beber, e gozar cada um do bem de todo o seu trabalho, com que se afadiga debaixo do sol, todos os dias da vida que Deus lhe deu; pois esse é o seu quinhão.   

Ecl.5.19-       E quanto ao homem a quem Deus deu riquezas e bens, e poder para desfrutá-los, receber o seu quinhão, e se regozijar no seu trabalho, isso é dom de Deus.   

Ecl.5.20-       Pois não se lembrará muito dos dias da sua vida; porque Deus lhe enche de alegria o coração.   

Ecl.6.1-         Há um mal que tenho visto debaixo do sol, e que pesa muito sobre o homem:   

Ecl.6.2-         um homem a quem Deus deu riquezas, bens e honra, de maneira que nada lhe falta de tudo quanto ele deseja, contudo Deus não lhe dá poder para daí comer, antes o estranho lho come; também isso é vaidade e grande mal.   

Ecl.6.3-         Se o homem gerar cem filhos, e viver muitos anos, de modo que os dias da sua vida sejam muitos, porém se a sua alma não se fartar do bem, e além disso não tiver sepultura, digo que um aborto é melhor do que ele;   

Ecl.6.4-         porquanto debalde veio, e em trevas se vai, e de trevas se cobre o seu nome;   

Ecl.6.5-         e ainda que nunca viu o sol, nem o conheceu, mais descanso tem do que o tal;   

Ecl.6.6-         e embora vivesse duas vezes mil anos, mas não gozasse o bem, - não vão todos para um mesmo lugar?   

Ecl.6.7-         Todo o trabalho do homem é para a sua boca, e contudo não se satisfaz o seu apetite.   

Ecl.6.8-         Pois, que vantagem tem o sábio sobre o tolo? e que tem o pobre que sabe andar perante os vivos?   

Ecl.6.9-         Melhor é a vista dos olhos do que o vaguear da cobiça; também isso é vaidade, e desejo vão.   

Ecl.6.10-       Seja qualquer o que for, já há muito foi chamado pelo seu nome; e sabe-se que é homem; e ele não pode contender com o que é mais forte do que ele.   

Ecl.6.11-       Visto que as muitas palavras aumentam a vaidade, que vantagem tira delas o homem?   

Ecl.6.12-       Porque, quem sabe o que é bom nesta vida para o homem, durante os poucos dias da sua vida vã, os quais gasta como sombra? pois quem declarará ao homem o que será depois dele debaixo do sol?   

Ecl.7.1-         Melhor é o bom nome do que o melhor ungüento, e o dia da morte do que o dia do nascimento.   

Ecl.7.2-         Melhor é ir à casa onde há luto do que ir a casa onde há banquete; porque naquela se vê o fim de todos os homens, e os vivos o aplicam ao seu coração.   

Ecl.7.3-         Melhor é a mágoa do que o riso, porque a tristeza do rosto torna melhor o coração.   

Ecl.7.4-         O coração dos sábios está na casa do luto, mas o coração dos tolos na casa da alegria.   

Ecl.7.5-         Melhor é ouvir a repreensão do sábio do que ouvir alguém a canção dos tolos.   

Ecl.7.6-         Pois qual o crepitar dos espinhos debaixo da panela, tal é o riso do tolo; também isso é vaidade.   

Ecl.7.7-         Verdadeiramente a opressão faz endoidecer até o sábio, e a peita corrompe o coração.   

Ecl.7.8-         Melhor é o fim duma coisa do que o princípio; melhor é o paciente do que o arrogante.   

Ecl.7.9-         Não te apresses no teu espírito a irar-te, porque a ira abriga-se no seio dos tolos.   

Ecl.7.10-       Não digas: Por que razão foram os dias passados melhores do que estes; porque não provém da sabedoria esta pergunta.   

Ecl.7.11-       Tão boa é a sabedoria como a herança, e mesmo de mais proveito para os que vêem o sol.   

Ecl.7.12-       Porque a sabedoria serve de defesa, como de defesa serve o dinheiro; mas a excelência da sabedoria é que ela preserva a vida de quem a possui.   

Ecl.7.13-       Considera as obras de Deus; porque quem poderá endireitar o que ele fez torto?   

Ecl.7.14-       No dia da prosperidade regozija-te, mas no dia da adversidade considera; porque Deus fez tanto este como aquele, para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele.   

Ecl.7.15-       Tudo isto vi nos dias da minha vaidade: há justo que perece na sua justiça, e há ímpio que prolonga os seus dias na sua maldade.   

Ecl.7.16-       Não sejas demasiadamente justo, nem demasiadamente sábio; por que te destruirias a ti mesmo?   

Ecl.7.17-       Não sejas demasiadamente ímpio, nem sejas tolo; por que morrerias antes do teu tempo?   

Ecl.7.18-       Bom é que retenhas isso, e que também daquilo não retires a tua mão; porque quem teme a Deus escapa de tudo isso.   

Ecl.7.19-       A sabedoria fortalece ao sábio mais do que dez governadores que haja na cidade.   

Ecl.7.20-       Pois não há homem justo sobre a terra, que faça o bem, e nunca peque.   

Ecl.7.21-       Não escutes a todas as palavras que se disserem, para que não venhas a ouvir o teu servo amaldiçoar-te;   

Ecl.7.22-       pois tu sabes também que muitas vezes tu amaldiçoaste a outros.   

Ecl.7.23-       Tudo isto provei-o pela sabedoria; e disse: Far-me-ei sábio; porém a sabedoria ainda ficou longe de mim.   

Ecl.7.24-       Longe está o que já se foi, e profundíssimo; quem o poderá achar?   

Ecl.7.25-       Eu me volvi, e apliquei o meu coração para saber, e inquirir, e buscar a sabedoria e a razão de tudo, e para conhecer que a impiedade é insensatez e que a estultícia é loucura.   

Ecl.7.26-       E eu achei uma coisa mais amarga do que a morte, a mulher cujo coração são laços e redes, e cujas mãos são grilhões; quem agradar a Deus escapará dela; mas o pecador virá a ser preso por ela.   

Ecl.7.27-       Vedes aqui, isto achei, diz o pregador, conferindo uma coisa com a outra para achar a causa;   

Ecl.7.28-       causa que ainda busco, mas não a achei; um homem entre mil achei eu, mas uma mulher entre todas, essa não achei.   

Ecl.7.29-       Eis que isto tão-somente achei: que Deus fez o homem reto, mas os homens buscaram muitos artifícios.   

Ecl.8.1-         Quem é como o sábio? e quem sabe a interpretação das coisas? A sabedoria do homem faz brilhar o seu rosto, e com ela a dureza do seu rosto se transforma.   

Ecl.8.2-         Eu digo: Observa o mandamento do rei, e isso por causa do juramento a Deus.   

Ecl.8.3-         Não te apresses a sair da presença dele; nem persistas em alguma coisa má; porque ele faz tudo o que lhe agrada.   

Ecl.8.4-         Porque a palavra do rei é suprema; e quem lhe dirá: que fazes?   

Ecl.8.5-         Quem guardar o mandamento não experimentará nenhum mal; e o coração do sábio discernirá o tempo e o juízo.   

Ecl.8.6-         Porque para todo propósito há tempo e juízo; porquanto a miséria do homem pesa sobre ele.   

Ecl.8.7-         Porque não sabe o que há de suceder; pois quem lho dará a entender como há de ser?   

Ecl.8.8-         Nenhum homem que tenha domínio sobre o espírito, para o reter; nem que tenha poder sobre o dia da morte; nem há licença em tempo de guerra; nem tampouco a impiedade livrará aquele que a ela está entregue.   

Ecl.8.9-         Tudo isto tenho observado enquanto aplicava o meu coração a toda obra que se faz debaixo do sol; tempo há em que um homem tem domínio sobre outro homem para o seu próprio dano.   

Ecl.8.10-       Vi também os ímpios sepultados, os que antes entravam e saíam do lugar santo; e foram esquecidos na cidade onde haviam assim procedido; também isso é vaidade.   

Ecl.8.11-       Porquanto não se executa logo o juízo sobre a má obra, o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto para praticar o mal.   

Ecl.8.12-       Ainda que o pecador faça o mal cem vezes, e os dias se lhe prolonguem, contudo eu sei com certeza que bem sucede aos que temem a Deus, porque temem diante dele;   

Ecl.8.13-       ao ímpio, porém, não irá bem, e ele não prolongará os seus dias, que são como a sombra; porque ele não teme diante de Deus.   

Ecl.8.14-       Ainda há outra vaidade que se faz sobre a terra: há justos a quem sucede segundo as obras dos ímpios, e há ímpios a quem sucede segundo as obras dos justos. Eu disse que também isso é vaidade.   

Ecl.8.15-       Exalto, pois, a alegria, porquanto o homem nenhuma coisa melhor tem debaixo do sol do que comer, beber e alegrar-se; porque isso o acompanhará no seu trabalho nos dias da sua vida que Deus lhe dá debaixo do sol.   

Ecl.8.16-       Quando apliquei o meu coração a conhecer a sabedoria, e a ver o trabalho que se faz sobre a terra (pois homens há que nem de dia nem de noite conseguem dar sono aos seus olhos),   

Ecl.8.17-       então contemplei toda obra de Deus, e vi que o homem não pode compreender a obra que se faz debaixo do sol; pois por mais que o homem trabalhe para a descobrir, não a achará; embora o sábio queira conhecê-la, nem por isso a poderá compreender.   

Ecl.9.1-         Deveras a tudo isto apliquei o meu coração, para claramente entender tudo isto: que os justos, e os sábios, e as suas obras, estão nas mãos de Deus; se é amor ou se é ódio, não o sabe o homem; tudo passa perante a sua face.   

Ecl.9.2-         Tudo sucede igualmente a todos: o mesmo sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e ao mau, ao puro e ao impuro; assim ao que sacrifica como ao que não sacrifica; assim ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento.   

Ecl.9.3-         Este é o mal que há em tudo quanto se faz debaixo do sol: que a todos sucede o mesmo. Também o coração dos filhos dos homens está cheio de maldade; há desvarios no seu coração durante a sua vida, e depois se vão aos mortos.   

Ecl.9.4-         Ora, para aquele que está na companhia dos vivos há esperança; porque melhor é o cão vivo do que o leão morto.   

Ecl.9.5-         Pois os vivos sabem que morrerão, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco têm eles daí em diante recompensa; porque a sua memória ficou entregue ao esquecimento.   

Ecl.9.6-         Tanto o seu amor como o seu ódio e a sua inveja já pereceram; nem têm eles daí em diante parte para sempre em coisa alguma do que se faz debaixo do sol.   

Ecl.9.7-         Vai, pois, come com alegria o teu pão .e bebe o teu vinho com coração contente; pois há muito que Deus se agrada das tuas obras.   

Ecl.9.8-         Sejam sempre alvas as tuas vestes, e nunca falte o óleo sobre a tua cabeça.   

Ecl.9.9-         Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias da tua vida vã, os quais Deus te deu debaixo do sol, todos os dias da tua vida vã; porque este é o teu quinhão nesta vida, e do teu trabalho, que tu fazes debaixo do sol.   

Ecl.9.10-       Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças; porque no Seol, para onde tu vais, não há obra, nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma.   

Ecl.9.11-       Observei ainda e vi que debaixo do sol não é dos ligeiros a carreira, nem dos fortes a peleja, nem tampouco dos sábios o pão, nem ainda dos prudentes a riqueza, nem dos entendidos o favor; mas que a ocasião e a sorte ocorrem a todos.   

Ecl.9.12-       Pois o homem não conhece a sua hora. Como os peixes que se apanham com a rede maligna, e como os passarinhos que se prendem com o laço, assim se enlaçam também os filhos dos homens no mau tempo, quando este lhes sobrevém de repente.   

Ecl.9.13-       Também vi este exemplo de sabedoria debaixo do sol, que me pareceu grande:   

Ecl.9.14-       Houve uma pequena cidade em que havia poucos homens; e veio contra ela um grande rei, e a cercou e levantou contra ela grandes tranqueiras.   

Ecl.9.15-       Ora, achou-se nela um sábio pobre, que livrou a cidade pela sua sabedoria; contudo ninguém se lembrou mais daquele homem pobre.   

Ecl.9.16-       Então disse eu: Melhor é a sabedoria do que a força; todavia a sabedoria do pobre é desprezada, e as suas palavras não são ouvidas.   

Ecl.9.17-       As palavras dos sábios ouvidas em silêncio valem mais do que o clamor de quem governa entre os tolos.   

Ecl.9.18-       Melhor é a sabedoria do que as armas de guerra; mas um só pecador faz grande dano ao bem.   

Ecl.10.1-       As moscas mortas fazem com que o ungüento do perfumista emita mau cheiro; assim um pouco de estultícia pesa mais do que a sabedoria e a honra.   

Ecl.10.2-       O coração do sábio o inclina para a direita, mas o coração do tolo o inclina para a esquerda.   

Ecl.10.3-       E, até quando o tolo vai pelo caminho, falta-lhe o entendimento, e ele diz a todos que é tolo.   

Ecl.10.4-       Se se levantar contra ti o espírito do governador, não deixes o teu lugar; porque a deferência desfaz grandes ofensas.   

Ecl.10.5-       Há um mal que vi debaixo do sol, semelhante a um erro que procede do governador:   

Ecl.10.6-       a estultícia está posta em grande dignidade, e os ricos estão assentados em lugar humilde.   

Ecl.10.7-       Tenho visto servos montados a cavalo, e príncipes andando a pé como servos.   

Ecl.10.8-       Aquele que abrir uma cova, nela cairá; e quem romper um muro, uma cobra o morderá.   

Ecl.10.9-       Aquele que tira pedras é maltratado por elas, e o que racha lenha corre perigo nisso.   

Ecl.10.10-     Se estiver embotado o ferro, e não se afiar o corte, então se deve pôr mais força; mas a sabedoria é proveitosa para dar prosperidade.   

Ecl.10.11-     Se a cobra morder antes de estar encantada, não há vantagem no encantador.   

Ecl.10.12-     As palavras da boca do sábio são cheias de graça, mas os lábios do tolo o devoram.   

Ecl.10.13-     O princípio das palavras da sua boca é estultícia, e o fim do seu discurso é loucura perversa.   

Ecl.10.14-     O tolo multiplica as palavras, todavia nenhum homem sabe o que há de ser; e quem lhe poderá declarar o que será depois dele?   

Ecl.10.15-     O trabalho do tolo o fatiga, de sorte que não sabe ir à cidade.   

Ecl.10.16-     Ai de ti, ó terra, quando o teu rei é criança, e quando os teus príncipes banqueteiam de manhã!   

Ecl.10.17-     Bem-aventurada tu, ó terra, quando o teu rei é filho de nobres, e quando os teus príncipes comem a tempo, para refazerem as forças, e não para bebedice!   

Ecl.10.18-     Pela preguiça se enfraquece o teto, e pela frouxidão das mãos a casa tem goteiras.   

Ecl.10.19-     Para rir é que se dá banquete, e o vinho alegra a vida; e por tudo o dinheiro responde.   

Ecl.10.20-     Nem ainda no teu pensamento amaldições o rei; nem tampouco na tua recâmara amaldiçoes o rico; porque as aves dos céus levarão a voz, e uma criatura alada dará notícia da palavra.   

Ecl.11.1-       Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás.   

Ecl.11.2-       Reparte com sete, e ainda até com oito; porque não sabes que mal haverá sobre a terra.   

Ecl.11.3-       Estando as nuvens cheias de chuva, derramam-na sobre a terra. Caindo a árvore para o sul, ou para o norte, no lugar em que a árvore cair, ali ficará.   

Ecl.11.4-       Quem observa o vento, não semeará, e o que atenta para as nuvens não segará.   

Ecl.11.5-       Assim como tu não sabes qual o caminho do vento, nem como se formam os ossos no ventre da que está grávida, assim também não sabes as obras de Deus, que faz todas as coisas.   

Ecl.11.6-       Pela manhã semeia a tua semente, e à tarde não retenhas a tua mão; pois tu não sabes qual das duas prosperará, se esta, se aquela, ou se ambas serão, igualmente boas.   

Ecl.11.7-       Doce é a luz, e agradável é aos olhos ver o sol.   

Ecl.11.8-       Se, pois, o homem viver muitos anos, regozije-se em todos eles; contudo lembre-se dos dias das trevas, porque hão de ser muitos. Tudo quanto sucede é vaidade.   

Ecl.11.9-       Alegra-te, mancebo, na tua mocidade, e anime-te o teu coração nos dias da tua mocidade, e anda pelos caminhos do teu coração, e pela vista dos teus olhos; sabe, porém, que por todas estas coisas Deus te trará a juízo.   

Ecl.11.10-     Afasta, pois, do teu coração o desgosto, remove da tua carne o mal; porque a mocidade e a aurora da vida são vaidade.   

Ecl.12.1-       Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos em que dirás: Não tenho prazer neles;   

Ecl.12.2-       antes que se escureçam o sol e a luz, e a lua, e as estrelas, e tornem a vir as nuvens depois da chuva;   

Ecl.12.3-       no dia em que tremerem os guardas da casa, e se curvarem os homens fortes, e cessarem os moedores, por já serem poucos, e se escurecerem os que olham pelas janelas,   

Ecl.12.4-       e as portas da rua se fecharem; quando for baixo o ruído da moedura, e nos levantarmos à voz das aves, e todas as filhas da música ficarem abatidas;   

Ecl.12.5-       como também quando temerem o que é alto, e houver espantos no caminho; e florescer a amendoeira, e o gafanhoto for um peso, e falhar o desejo; porque o homem se vai à sua casa eterna, e os pranteadores andarão rodeando pela praça;   

Ecl.12.6-       antes que se rompa a cadeia de prata, ou se quebre o copo de ouro, ou se despedace o cântaro junto à fonte, ou se desfaça a roda junto à cisterna,   

Ecl.12.7-       e o pó volte para a terra como o era, e o espírito volte a Deus que o deu.   

Ecl.12.8-       Vaidade de vaidades, diz o pregador, tudo é vaidade.   

Ecl.12.9-       Além de ser sábio, o pregador também ensinou ao povo o conhecimento, meditando, e estudando, e pondo em ordem muitos provérbios.   

Ecl.12.10-     Procurou o pregador achar palavras agradáveis, e escreveu com acerto discursos plenos de verdade.   

Ecl.12.11-     As palavras dos sábios são como aguilhões; e como pregos bem fixados são as palavras coligidas dos mestres, as quais foram dadas pelo único pastor.   

Ecl.12.12-     Além disso, filho meu, sê avisado. De fazer muitos livros não há fim; e o muito estudar é enfado da carne.   

Ecl.12.13-     Este é o fim do discurso; tudo já foi ouvido: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é todo o dever do homem.   

Ecl.12.14-     Porque Deus há de trazer a juízo toda obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau.