Salmo – 69 (68)
69.1 Salva-me, ó Deus, pois as águas
me sobem até o pescoço.
69.2 Atolei-me em profundo lamaçal,
onde não se pode firmar o pé; entrei na profundeza das águas, onde a corrente
me submerge.
69.3 Estou cansado de clamar;
secou-se-me a garganta; os meus olhos desfalecem de esperar por meu Deus.
69.4 Aqueles que me odeiam sem causa
são mais do que os cabelos da minha cabeça; poderosos são aqueles que procuram
destruir-me, que me atacam com mentiras; por isso tenho de restituir o que não
extorqui.
69.5 Tu, ó Deus, bem conheces a
minha estultícia, e as minhas culpas não são ocultas.
69.6 Não sejam envergonhados por
minha causa aqueles que esperam em ti, ó Senhor Deus dos exércitos; não sejam
confundidos por minha causa, aqueles que te buscam, ó Deus de Israel.
69.7 Porque por amor de ti tenho
suportado afrontas; a confusão me cobriu o rosto.
69.8 Tornei-me como um estranho para
os meus irmãos, e um desconhecido para os filhos de minha mãe.
69.9 Pois o zelo da tua casa me
devorou, e as afrontas dos que te afrontam caíram sobre mim.
69.10 Quando chorei e castiguei com
jejum a minha alma, isto se me tornou em afrontas.
69.11 Quando me vesti de cilício,
fiz-me para eles um provérbio.
69.12 Aqueles que se sentem à porta
falam de mim; e sou objecto das cantigas dos bêbedos.
69.13 Eu, porém, faço a minha oração
a ti, ó Senhor, em tempo aceitável; ouve-me, ó Deus, segundo a grandeza da tua
benignidade, segundo a fidelidade da tua salvação.
69.14 Tira-me do lamaçal, e não me
deixes afundar; seja eu salvo dos meus inimigos, e das profundezas das águas.
69.15 Não me submerja a corrente das
águas e não me trague o abismo, nem cerre a cova a sua boca sobre mim.
69.16 Ouve-me, Senhor, pois grande é
a tua benignidade; volta-te para mim segundo a tua muitíssima compaixão.
69.17 Não escondas o teu rosto do
teu servo; ouve-me depressa, pois estou angustiado.
69.18 Aproxima-te da minha alma, e
redime-a; resgata-me por causa dos meus inimigos.
69.19 Tu conheces o meu opróbrio, a
minha vergonha, e a minha ignomínia; diante de ti estão todos os meus
adversários.
69.20 Afrontas quebrantaram-me o
coração, e estou debilitado. Esperei por alguém que tivesse compaixão, mas não
houve nenhum; e por consoladores, mas não os achei.
69.21 Deram-me fel por mantimento, e
na minha sede me deram a beber vinagre.
69.22 Torne-se a sua mesa diante
deles em laço, e sejam-lhes as suas ofertas pacíficas uma armadilha.
69.23 Obscureçam-se-lhes os olhos,
para que não vejam, e faz com que os seus lombos tremam constantemente.
69.24 Derrama sobre eles a tua
indignação, e apanhe-os o ardor da tua ira.
69.25 Fique desolada a sua
habitação, e não haja quem habite nas suas tendas.
69.26 Pois perseguem a quem
afligiste, e aumentam a dor daqueles a quem feriste.
69.27 Acrescenta iniquidade à iniquidade
deles, e não encontrem eles absolvição na tua justiça.
69.28 Sejam riscados do livro da
vida, e não sejam inscritos com os justos.
69.29 Eu, porém, estou aflito e
triste; a tua salvação, ó Deus, me ponha num alto retiro.
69.30 Louvarei o nome de Deus com um
cântico, e engrandecê-lo-ei com acção de graças.
69.31 Isto será mais agradável ao
Senhor do que um boi, ou um novilho que tem pontas e unhas.
69.32 Vejam isto os mansos, e se
alegrem; vós que buscais a Deus reviva o vosso
coração.
69.33 Porque o Senhor ouve os
necessitados, e não despreza os seus, embora sejam prisioneiros.
69.34 Louvem-no os céus e a terra,
os mares e tudo quanto neles se move.
69.35 Porque Deus salvará a Sião, e
edificará as cidades de Judá, e ali habitarão os seus servos e a possuirão.
69.36 E herdá-la-á a descendência de
seus servos, e os que amam o seu nome habitarão nela.
Estudos
bíblicos sem fronteiras teológicas