17 – Ester - Est
Est.1.1- Sucedeu
nos dias de Assuero, o Assuero que reinou desde a Índia até a Etiópia, sobre
cento e vinte e seis províncias,
Est.1.2- que, estando o rei Assuero assentado no seu trono do seu
reino em Susã, a capital,
Est.1.3- no terceiro ano de seu reinado, deu um banquete a todos os
seus príncipes e seus servos, estando assim perante ele o poder da Pérsia e da
Média, os nobres e os oficiais das províncias.
Est.1.4- Nessa
ocasião ostentou as riquezas do seu glorioso reino, e o esplendor da sua
excelente grandeza, por muitos dias, a saber cento e oitenta dias.
Est.1.5- E,
acabado aqueles dias, deu o rei um banquete a todo
povo que se achava em Susã, a capital, tanto a grandes como a pequenos, por
sete dias, no pátio do jardim do palácio real.
Est.1.6- As
cortinas eram de pano branco verde e azul celeste, atadas com cordões de linho
fino e de púrpura a argola de prata e a colunas de mármore; os leitos eram de
ouro e prata sobre um pavimento mosaico de pórfiro, de mármore, de madrepérola
e de pedras preciosas.
Est.1.7- Dava-se
de beber em copos de ouro, os quais eram diferentes uns dos outros; e havia vinho real em abundância, segundo a generosidade do
rei.
Est.1.8- E bebiam como estava prescrito, sem constrangimento; pois o
rei tinha ordenado a todos os oficiais do palácio que fizessem conforme a
vontade de cada um.
Est.1.9- Também
a rainha Vasti deu um banquete às mulheres no palácio
do rei Assuero.
Est.1.10- Ao sétimo dia, o rei, estando já o seu coração alegre do
vinho, mandou a Meumã, Bizta, Harbona, Bigta, Abagta, Zétar e Carcás, os sete eunucos que serviam na presença do
rei Assuero,
Est.1.11- que introduzissem à presença do rei
a rainha Vasti, com a coroa real, para mostrar aos
povos e aos príncipes a sua formosura, pois era formosíssima.
Est.1.12- A rainha Vasti, porém, recusou
atender à ordem do rei dada por intermédio dos eunucos; pelo que o rei muito se
enfureceu, e se inflamou de ira.
Est.1.13- Então perguntou o rei aos sábios que conheciam os tempos
(pois assim se tratavam os negócios do rei, na presença de todos os que sabiam
a lei e o direito;
Est.1.14- e os mais chegados a ele eram: Carsena, Setar, Admata, Társis, Meres, Marsena, Memucã, os sete
príncipes da Pérsia e da Média, que viam o rosto do rei e ocupavam os primeiros
assentos no reino)
Est.1.15- o que se devia fazer, segundo a lei,
à rainha Vasti, por não haver cumprido a ordem do rei
Assuero dada por intermédio dos eunucos.
Est.1.16- Respondeu Memucã na presença do rei
e dos príncipes: Não somente contra o rei pecou a rainha Vasti,
mas também contra todos os príncipes, e contra todos os povos que há em todas
as províncias do rei Assuero.
Est.1.17- Pois o que a rainha fez chegará ao conhecimento de todas as
mulheres, induzindo-as a desprezarem seus maridos quando se disser: O rei
Assuero mandou que introduzissem à sua presença a rainha Vasti,
e ela não veio.
Est.1.18- E neste mesmo dia as princesas da
Pérsia e da Média, sabendo do que fez a rainha, dirão o mesmo a todos os príncipes
do rei; e assim haverá muito desprezo e
indignação.
Est.1.19- Se bem parecer ao rei, saia da sua parte um edito real, e
escreva-se entre as leis dos persas e dos medos para que não seja alterado, que
Vasti não entre mais na presença do rei Assuero, e dê
o rei os seus direitos de rainha a outra que seja melhor do que ela.
Est.1.20- E quando o decreto que o rei baixar
for publicado em todo o seu reino, grande como é, todas as mulheres darão honra
a seus maridos, tanto aos nobres como aos humildes.
Est.1.21- Pareceu bem este conselho ao rei e aos príncipes; e o rei fez conforme a palavra de Memucã,
Est.1.22- enviando cartas a todas as
províncias do rei, a cada província segundo o seu modo de escrever e a cada
povo segundo a sua língua, mandando que cada homem fosse senhor em sua casa, e
que falasse segundo a língua de seu povo.
Est.2.1- Passadas
estas coisas e aplacada a ira do rei Assuero, lembrou-se ele de Vasti, do que ela fizera e do que se decretara a seu
respeito.
Est.2.2- Então
disseram os servos do rei que lhe ministravam: Busquem-se para o rei moças
virgens e formosas.
Est.2.3- Ponha
o rei em todas as províncias do seu reino oficiais que ajuntem todas as moças
virgens e formosas em Susã, a capital, na casa das mulheres, sob a custódia de Hegai, eunuco do rei, guarda das mulheres; e dêem-se-lhes os seus cosméticos.
Est.2.4- E a donzela que agradar ao rei seja rainha em lugar de Vasti. E isso pareceu bem ao rei; e ele assim fez.
Est.2.5- Havia
então em Susã, a capital, certo judeu, benjamita,
cujo nome era Mardoqueu, filho de Jair, filho de Simei,
filho de Quis,
Est.2.6- que tinha sido levado de Jerusalém com os cativos que foram
deportados com Jeconias, rei de Judá, o qual nabucodonosor, rei de Babilônia, transportara.
Est.2.7- Criara
ele Hadassa, isto é, Ester, filha de seu tio, pois não tinha ela nem pai nem
mãe; e era donzela esbelta e formosa; e, morrendo seu pai e sua mãe, Mardoqueu a tomara por
filha.
Est.2.8- Tendo
se divulgado a ordem do rei e o seu edito, e
ajuntando-se muitas donzelas em Susã, a capital, sob a custódia de Hegai, levaram também Ester ao palácio do rei, à custódia
de Hegai, guarda das mulheres.
Est.2.9- E a donzela gradou-lhe, e alcançou o favor dele; pelo que
ele se apressou em dar-lhe os cosméticos e os devidos alimentos, como também
sete donzelas escolhidas do palácio do rei; e a fez
passar com as suas donzelas ao melhor lugar na casa das mulheres.
Est.2.10- Ester, porém, não tinha declarado o seu povo nem a sua
parentela, pois Mardoqueu lhe tinha ordenado que não o declarasse.
Est.2.11- E cada dia Mardoqueu passeava diante
do pátio da casa das mulheres, para lhe informar como Ester passava e do que
lhe sucedia.
Est.2.12- Ora, quando chegava a vez de cada donzela vir ao Rei Assuero,
depois que fora feito a cada uma segundo prescrito para as mulheres, por doze
meses (pois assim se cumpriam os dias de seus preparativos, a saber, seis meses
com óleo de mirra, e seis meses com especiarias e ungüentos
em uso entre as mulheres);
Est.2.13- desta maneira vinha a donzela ao
rei: dava-lhe tudo quanto ela quisesse para levar consigo da casa das mulheres
para o palácio do rei;
Est.2.14- à tarde ela entrava, e pela manhã
voltava para a segunda casa das mulheres, à custódia de Saasgaz,
eunuco do rei, guarda das concubinas; ela não tornava mais ao rei, salvo se o
rei desejasse, e fosse ela chamada por nome.
Est.2.15- Ora, quando chegou a vez de Ester, filha de Abiail, tio de mardoqueu, que a
tomara por sua filha, para ir ao rei, coisa nenhuma pediu senão o que indicou Hegai, eunuco do rei, guarda das mulheres. Mas Ester
alcançava graça aos olhos de todos quantos a viam.
Est.2.16- Ester foi levada ao rei Assuero, ao palácio real, no décimo
mês, que é o mês de tebete, no sétimo ano de seu
reinado.
Est.2.17- E o rei amou a Ester mais do que a
todas mulheres, e ela alcançou graça e favor diante dele mais do que todas as
virgens; de sorte que lhe pôs sobre a cabeça a coroa real, e afez rainha em lugar
de Vasti.
Est.2.18- Então o rei deu um grande banquete a todos os seus príncipes
e aos seus servos; era um banquete em honra de Ester; e
concedeu alívio às províncias, e fez presentes com régia liberalidade.
Est.2.19- Quando pela segunda vez se ajuntavam as virgens, Mardoqueu
estava sentado à porta do rei.
Est.2.20- Ester, porém, como Mardoqueu lhe ordenara, não tinha
declarado a sua parentela nem o seu povo: porque obedecia as ordens de
Mardoqueu como quando estava sendo criada em casa dele.
Est.2.21- Naqueles dias, estando Mardoqueu sentado à porta do rei, dois
eunucos do rei, os guardas da porta, Bigtã e Teres,
se indignaram e procuravam tirar a vida ao rei Assuero.
Est.2.22- E veio isto ao conhecimento de
Mardoqueu, que revelou à rainha Ester; e Ester o disse
ao rei em nome de Mardoqueu.
Est.2.23- Quando se investigou o negócio e se achou ser verdade, ambos
foram enforcados; e isso foi escrito no livro das
crônicas perante o rei.
Est.3.1- Depois
destas coisas o rei Assuero engrandeceu a Hamã, filho
de Hamedata, o agagita, e o
exaltou, pondo-lhe o assento acima dos de todos os príncipes que estavam com
ele.
Est.3.2- E todos os servos do rei que estavam à porta do rei se
inclinavam e se prostravam perante Hamã, porque assim
ordenara o rei a seu respeito: porém Mardoqueu não se inclinava nem se
prostrava.
Est.3.3- Então
os servos do rei que estavam à porta do rei disseram a Mardoqueu: Por que
transgrides a ordem do rei?
Est.3.4- E
sucedeu que, dizendo-lhe eles isso dia após dia, e não lhes dando ele ouvidos, o fizeram saber a Hamã,
para verem se o procedimento de Mardoqueu seria tolerado; pois ele lhes tinha
declarado que era judeu.
Est.3.5- Vendo,
pois, Hamã que Mardoqueu não se inclinava nem se
prostrava diante dele, encheu-se de furor.
Est.3.6- Mas,
achou pouco tirar a vida somente a Mardoqueu; porque lhe haviam declarado o
povo de Mardoqueu. Por esse motivo Hamã procurou
destruir todos os judeus, o povo de Mardoqueu, que havia em todo o reino de
Assuero.
Est.3.7- No
primeiro mês, que é o mês de nisã, no ano duodécimo
do rei Assuero, se lançou Pur, isto é, a sorte,
perante Hamã, para cada dia e para mês, até o
duodécimo, que é o mês de adar.
Est.3.8- E Hamã disse ao rei Assuero:
Existe espalhado e disperso entre os povos em todas as províncias do teu reino
um povo, cujas leis são diferentes das leis de todos os povos, e que não
cumprem as leis do rei; pelo que não convém ao rei tolerá-lo.
Est.3.9- Se
bem parecer ao rei, decrete-se que seja destruído; e
eu pagarei dez mil talentos de prata aos encarregados dos negócios do rei, para
os recolherem ao tesouro do rei.
Est.3.10- Então o rei tirou do seu dedo o anel, e o deu a Hamã, filho de Hamedata, o agagita, o inimigo dos judeus;
Est.3.11- e disse o rei a Hamã:
Essa prata te é dada, como também esse povo, para fazeres dele o que bem
parecer aos teus olhos.
Est.3.12- Então foram chamados os secretários do rei no primeiro mês, no
dia treze do mesmo e, conforme tudo, quando Hamã
ordenou, se escreveu aos sátrapas do rei, e aos governadores que havia sobre
todas as províncias, e aos príncipes de todos os povos; a cada província
segundo o seu modo de escrever, e a cada povo segundo a sua língua; em nome do
rei Assuero se escreveu, e com o anel do rei se selou.
Est.3.13- Entiaram-se as cartas pelos
correios a todas províncias do rei, para que destruíssem, matassem, e fizessem
perecer todos os judeus, moços e velhos, crianças e mulheres, em um mesmo dia,
a treze do duodécimo mês, que é o mês de adar, e para
que lhes saqueassem os bens.
Est.3.14- Uma cópia do documento havia de ser publicada como decreto em
cada província, para que todos os povos estivessem preparados para aquele dia.
Est.3.15- Os correios saíram às pressas segundo a ordem do rei, e o
decreto foi proclamado em Susã, a capital. Então, o rei e Hamã
se assentaram a beber, mas a cidade de Susã estava perplexa.
Est.4.1- Quando
Mardoqueu soube tudo quanto se havia passado, rasgou as suas vestes, vestiu-se
de saco e de cinza, e saiu pelo meio da cidade, clamando com grande e amargo
clamor;
Est.4.2- e chegou até diante da porta do rei, pois ninguém vestido de
saco podia entrar elas portas do rei.
Est.4.3- Em
todas as províncias aonde chegava a ordem do rei, e o seu decreto, havia entre
os judeus grande pranto, com jejum, e choro, e lamentação; e
muitos se deitavam em saco e em cinza.
Est.4.4- Quando
vieram as moças de Ester e os eunucos lho fizeram saber, a rainha muito se
entristeceu; e enviou roupa para Mardoqueu, a fim de
que, despindo-lhe o saco, lha vestissem; ele, porém, não a aceitou.
Est.4.5- Então
Ester mandou chamar Hataque, um dos eunucos do rei,
que este havia designado para a servir, e o mandou ir ter com Mardoqueu para
saber que era aquilo, e por que era.
Est.4.6- Hataque, pois, saiu a ter com Mardoqueu à praça da cidade,
diante da porta do rei;
Est.4.7- e Mardoqueu lhe fez saber tudo quanto lhe tinha sucedido,
como também a soma exata do dinheiro que Hamã
prometera pagar ao tesouro do rei pela destruição dos judeus.
Est.4.8- Também
lhe deu a cópia do decreto escrito que se publicara em susã para os destruir,
para que a mostrasse a Ester, e lha explicasse, ordenando-lhe que fosse ter com
o rei, e lhe pedisse misericórdia e lhe fizesse súplica ao seu povo.
Est.4.9- Veio,
pois, Hataque, e referiu a Ester as palavras de
Mardoqueu.
Est.4.10- Então falou Ester a Hataque,
mandando-o dizer a Mardoqueu:
Est.4.11- Todos os servos do rei, e o povo das províncias do rei, bem
sabem que, para todo homem ou mulher que entrar à presença do rei no pátio
interior sem ser chamado, não há senão uma sentença, a de morte, a menos que o
rei estenda para ele o cetro de ouro, para que viva; mas eu já há trinta dias
não sou chamada para entrar a ter com o rei.
Est.4.12- E referiram a Mardoqueu as palavras
de Ester.
Est.4.13- Então Mardoqueu mandou que respondessem a Ester: Não imagines
que, por estares no palácio do rei, terás mais sorte para escapar do que todos
os outros judeus.
Est.4.14- Pois, se de todo te calares agora, de outra parte se
levantarão socorro e livramento para os judeus, mas tu e a casa de teu pai
perecereis; e quem sabe se não foi para tal tempo como
este que chegaste ao reino?
Est.4.15- De novo Ester mandou-os responder a Mardoqueu:
Est.4.16- Vai, ajunta todos os judeus que se acham em Susã, e jejuai
por mim, e não comais nem bebais por três dias, nem de noite nem de dia; e eu e as minhas moças também assim jejuaremos. Depois irei
ter com o rei, ainda que isso não é segundo a lei; e
se eu perecer, pereci.
Est.4.17- Então Mardoqueu foi e fez conforme tudo quanto Ester lhe
ordenara.
Est.5.1- Ao
terceiro dia Ester se vestiu de trajes reais, e se pôs no pátio interior do
palácio do rei, defronte da sala do rei; e o rei
estava assentado sobre o seu trono, na sala real, defronte da entrada.
Est.5.2- E sucedeu que, vendo o rei à rainha Ester, que estava em pé
no pátio, ela alcançou favor dele; e o rei estendeu
para Ester o cetro de ouro que tinha na sua mão. Ester, pois, chegou-se e tocou
na ponta do cetro.
Est.5.3- Então
o rei lhe disse: O que é, rainha Ester? qual é a tua
petição? Até metade do reino se te dará.
Est.5.4- Ester
respondeu: Se parecer bem ao rei, venha hoje com Hamã
ao banquete que tenho preparado para o rei.
Est.5.5- Então
disse o rei: Fazei Hamã apressar-se para que se
cumpra a vontade de Ester. Vieram, pois, o rei e Hamã
ao banquete que Ester tinha preparado.
Est.5.6- De
novo disse o rei a Ester, no banquete do vinho: Qual é a tua petição? e ser-te-á concedida; e qual é o
teu rogo? e se te dará, ainda que seja metade do
reino.
Est.5.7- Ester
respondeu, dizendo; Eis a minha petição e o meu rogo:
Est.5.8- Se
tenho alcançado favor do rei, e se parecer bem ao rei concerder-me
a minha petição e cumprir o meu rogo, venha o rei com Hamã
ao banquete que lhes hei de preparar, e amanhã farei conforme a palavra do rei.
Est.5.9- Então
naquele dia Hamã saiu alegre e de bom ânimo; porém,
vendo Mardoqueu à porta do rei, e que ele não se levantava nem tremia diante
dele, Hamã se encheu de furor contra Mardoqueu.
Est.5.10- Contudo Hamã se refreou, e foi para
casa; enviou e mandou vir os seus amigos, e Zéres,
sua mulher.
Est.5.11- E contou-lhes Hamã
a glória de suas riquezas, a multidão de seus filhos, e tudo em que o rei o
tinha engrandecido, e como o havia exaltado sobre os príncipes e servos do rei.
Est.5.12- E acrescentou: Tampouco a rainha
Ester a ninguém fez vir com o rei ao banquete que preparou, senão a mim; e
também para amanhã estou convidado por ela juntamente
com o rei.
Est.5.13- Todavia tudo isso não me satisfaz, enquanto eu vir o judeu
Mardoqueu sentado à porta do rei.
Est.5.14- Então lhe disseram Zéres, sua
mulher, e todos os seus amigos: Faça-se uma forca de cinquenta côvados de
altura, e pela manhã diz ao rei que nela seja enforcado Mardoqueu; e então entra alegre com o rei para o banquete. E este conselho agradou a Hamã,
que mandou fazer a forca.
Est.6.1- Naquela
mesma noite fugiu do rei o sono; então ele mandou trazer o livro de registro
das crônicas, as quais se leram diante do rei.
Est.6.2- E achou-se escrito que Mardoqueu tinha denunciado Bigtã e Teres, dois dos eunucos do rei, guardas da porta,
que tinham procurado tirar a vida ao rei Assuero.
Est.6.3- E o rei perguntou: Que honra, ou dignidade, foi conferida a
Mardoqueu por Isso? Responderam os moços do rei que o serviam: Coisa nenhuma se
lhe fez.
Est.6.4- Então
disse o rei: Quem está no pátio? Ora, Hamã acabara de
entrar no pátio exterior do palácio real para falar com o rei, a fim de que se
enforcasse Mardoqueu na forca que lhe tinha preparado.
Est.6.5- E os servos do rei lhe responderam: Eis que Hamã está esperando no pátio. E
disse o rei que entrasse.
Est.6.6- Hamã, pois, entrou. Perguntou-lhe o rei: Que se fará ao
homem a quem o rei se agrada honrar? Então Hamã disse
consigo mesmo: A quem se agradaria o rei honrar mais do que a mim?
Est.6.7- Pelo
que disse Hamã ao rei: Para o homem a quem o rei se
agrada honrar,
Est.6.8- sejam trazidos trajes reais que o rei tenha usado, e o
cavalo em que o rei costuma andar, e ponha-se-lhe na cabeça uma coroa
real;
Est.6.9- sejam entregues os trajes e o cavalo à mão dum dos príncipes
mais nobres do rei, e vistam deles aquele homem a quem o rei se agrada honrar,
e façam-no andar montado pela praça da cidade, e proclamem diante dele: Assim
se faz ao homem a quem o rei se agrada honrar!
Est.6.10- Então disse o rei a Hamã:
Apressa-te, toma os trajes e o cavalo como disseste, e faz assim para com o
judeu Mardoqueu, que está sentado à porta do rei; e
não deixes falhar coisa alguma de tudo quanto disseste.
Est.6.11- Hamã, pois, tomou os trajes e o
cavalo e vestiu a Mardoqueu, e o fez andar montado pela praça da cidade, e
proclamou diante dele: Assim se faz ao homem a quem o rei se agrada
honrar!
Est.6.12- Depois disto Mardoqueu voltou para a
porta do rei; porém Hamã se recolheu a toda pressa
para sua casa, lamentando-se e de cabeça coberta.
Est.6.13- E contou Hamã
a Zerés, sua mulher, e a todos os seus amigos tudo
quanto lhe tinha sucedido. Então os seus sábios e Zerés,
sua mulher, lhe disseram: Se Mardoqueu, diante de quem já começaste a cair, é
da linhagem dos judeus, não prevalecerás contra ele, antes certamente cairás
diante dele.
Est.6.14- Enquanto estes ainda falavam com ele, chegaram os eunucos do
rei, e se apressaram a levar Hamã ao banquete que
Ester preparara.
Est.7.1- Entraram,
pois, o rei e Hamã para se banquetearem com a rainha
Ester.
Est.7.2- Ainda
outra vez disse o rei a Ester, no segundo dia, durante o banquete do vinho:
Qual é a tua petição, rainha Ester? e ser-te-á
concedida; e qual é o teu rogo? Até metade do reino se
te dará.
Est.7.3- Então
respondeu a rainha Ester, e disse: Ó rei! se eu tenho
alcançado o teu favor, e se parecer bem ao rei, seja-me concedida a minha vida,
eis a minha petição, e o meu povo, eis o meu rogo;
Est.7.4- porque fomos vendidos, eu e o meu povo, para sermos
destruídos, mortos e exterminados; se ainda por servos e por servas nos
tivessem vendido, eu teria me calado, ainda que o
adversário não poderia ter compensado a perda do rei.
Est.7.5- Então
falou o rei Assuero, e disse à rainha Ester: Quem é e onde está esse, cujo
coração o instigou a fazer assim?
Est.7.6- Respondeu
Ester: Um adversário e inimigo, este perverso Hamã!
Então Hamã ficou aterrorizado perante o rei e a
rainha.
Est.7.7- E o rei, no seu furor, se levantou do banquete do vinho e
entrou no jardim do palácio; Hamã, porém, ficou para
rogar à rainha Ester pela sua vida, porque viu que já o mal lhe estava
determinado pelo rei.
Est.7.8- Ora,
o rei voltou do jardim do palácio à sala do banquete do vinho; e Hamã havia caído prostrado sobre
o leito em que estava Ester. Então disse o rei: Porventura quereria ele também
violar a rainha perante mim na minha própria casa? Ao sair essa palavra da boca
do rei, cobriram a Hamã o rosto.
Est.7.9- Então
disse Harbona, um dos eunucos que serviam diante do
rei: Eis que a forca de cinqüenta côvados de altura
que Hamã fizera para Mardoqueu, que falara em defesa
do rei, está junto à casa de Hamã. Então disse o rei:
Enforcai-o nela.
Est.7.10- Enforcaram-no, pois, na forca que ele tinha preparado para
Mardoqueu. Então o furor do rei se aplacou.
Est.8.1- Naquele
mesmo dia deu o rei Assuero à rainha Ester a casa de Hamã,
o inimigo dos judeus. E Mardoqueu apresentou-se
perante o rei, pois Ester tinha declarado o que ele era.
Est.8.2- O
rei tirou o seu anel que ele havia tomado a Hamã, e o
deu a Mardoqueu. E Ester encarregou Mardoqueu da casa
de Hamã.
Est.8.3- Tornou
Ester a falar perante o rei e, lançando-se-lhe aos pés, com lágrimas suplicou
que revogasse a maldade de Hamã, o agagita, e o intento que este projetara contra os judeus.
Est.8.4- Então
o rei estendeu para Ester o cetro de ouro. Ester, pois, levantou-se e, pondo-se
em pé diante do rei,
Est.8.5- disse: Se parecer bem ao rei, e se eu tenho alcançado o seu
favor, e se este negócio é recto diante do rei, e se eu lhe agrado, escreva-se
que se revoguem as cartas concebidas por Hamã, filho
de Hamedata, o agagita, as
quais ele escreveu para destruir os judeus que há em todas as províncias do
rei.
Est.8.6- Pois
como poderei ver a calamidade que sobrevirá ao meu povo? ou
como poderei ver a destruição da minha parentela?
Est.8.7- Então
disse o rei Assuero à rainha Ester e ao judeu Mardoqueu: Eis que dei a Ester a
casa de Hamã, e a ele enforcaram, porquanto estenderá
as mãos contra os judeus.
Est.8.8- Escrevei
vós também a respeito dos judeus, em nome do rei, como vos parecer bem, e
selai-o com o anel do rei; pois um documento escrito em nome do rei e selado
com o anel do rei não se pode revogar.
Est.8.9- Então
foram chamados os secretários do rei naquele mesmo tempo, no terceiro mês, que
é o mês de sivã, no vigésimo terceiro dia; e se escreveu conforme tudo quanto Mardoqueu ordenou a
respeito dos judeus, aos sátrapas, aos governadores e aos príncipes das províncias,
que se estendem da Índia até a Etiópia, cento e vinte e sete províncias, a cada
província segundo o seu modo de escrever, e a cada povo conforme a sua língua;
como também aos judeus segundo o seu modo de escrever e conforme a tua língua.
Est.8.10- Mardoqueu escreveu as cartas em nome do rei Assuero e,
selando-as com anel do rei, enviou-as pela mão dos correios montados, que
cavalgavam sobre ginetes que se usavam no serviço real e que eram da coudelaria
do rei.
Est.8.11- Nestas cartas o rei concedia aos judeus que havia em cada
cidade que se reunissem e se dispusessem para defenderem as suas vidas, e para
destruírem, matarem e esterminarem todas as forças do
povo e da província que os quisessem assaltar, juntamente com os seus
pequeninos e as suas mulheres, e que saqueassem os seus bens,
Est.8.12- num mesmo dia, em todas as
províncias do rei Assuero, do dia treze do duodécimo mês, que é o mês de adar.
Est.8.13- E uma cópia da carta, que seria
divulgada como decreto em todas as províncias, foi publicada entre todos os
povos, para que os judeus estivessem preparados para aquele dia, a fim de se
vingarem de seus inimigos.
Est.8.14- Partiram, pois, os correios montados em ginetes que se usavam
no serviço real, apressados e impelidos pela ordem do rei; e
foi proclamado o decreto em Susã, a capital.
Est.8.15- Então Mardoqueu saiu da presença do rei, vestido de um traje
real azul celeste e branco, trazendo uma grande coroa de ouro, e um manto de
linho fino e de púrpura, e a cidade de Susã exultou e se alegrou.
Est.8.16- E para os judeus houve luz e
alegria, gozo e honra.
Est.8.17- Também em toda a província, e em toda cidade, aonde chegava a
ordem do rei ao seu decreto, havia entre os judeus alegria e gozo, banquetes e
festas; e muitos, dentre os povos da terra, se fizeram
judeus, pois o medo dos judeus tinha caído sobre eles.
Est.9.1- Ora,
no duodécimo mês que é o mês de adar, no dia treze do
mês, em que a ordem do rei e o seu decreto estavam para se executar, no dia em
que os inimigos dos judeus esperavam assenhorar-se deles, sucedeu o contrário,
de modo que os judeus foram os que se assenhorearam do que os odiavam.
Est.9.2- Ajuntaram-se,
pois os judeus nas suas cidades, em todas as províncias do rei Assuero, para
pôr as mãos naqueles que procuravam o seu mal; e
ninguém podia resistir-lhes, porque o medo deles caíra sobre todos aqueles
povos.
Est.9.3- E todos os príncipes das províncias, os sátrapas, os
governadores e os que executavam os negócios do rei auxiliavam aos judeus,
porque tinha caído sobre eles o medo de Mardoqueu.
Est.9.4- Pois
Mardoqueu era grande na casa do rei, e a sua fama se espalhava por todas as
províncias, porque o homem ia se tornando cada vez mais poderoso.
Est.9.5- Feriram,
pois, os judeus a todos os seus inimigos a golpes de espada, matando-os e
destruindo-os; e aos que os odiavam trataram como
quiseram.
Est.9.6- E em Susã, a capital, os judeus mataram e destruíram
quinhentos homens;
Est.9.7- como também mataram Parsandata, Dalfom, Aspata,
Est.9.8- Porata, Adalia, Aridata,
Est.9.9- Parmasta, Arisai, Aridai e Vaizata,
Est.9.10- os dez filhos de Hamã,
filho de Hamedata, o inimigo dos judeus; porém ao
despojo não estederam a mão.
Est.9.11- Nesse mesmo dia veio ao conhecimento do rei o número dos
mortos em Susã, a capital.
Est.9.12- E disse o rei à rainha Ester: Em
Susã, a capital, os judeus mataram e destruíram quinhentos homens e os dez
filhos de Hamã; que não teriam feito nas demais províncias
do rei? Agora, qual é a tua petição? e te será
concedida; e qual é ainda o teu rogo? e atender-se-á.
Est.9.13- Respondeu Ester: Se parecer bem ao rei, conceda aos judeus se
acham em Susã que façam ainda amanhã conforme o decreto de hoje; e que os dez filhos de Hamã sejam
pendurados na forca.
Est.9.14- Então o rei mandou que assim se fizesse; e foi publicado em edito em Susã, e os dez filhos de Hamã
foram dependurados.
Est.9.15- Os judeus que se achavam em Susã reuniram-se também no dia catorze
do mês de adar, e mataram em Susã trezentos homens;
porém ao despojo não estenderam a mão.
Est.9.16- Da mesma sorte os demais judeus que se achavam nas províncias
do rei se reuniram e se dispuseram em defesa das suas vidas, e tiveram repouso
dos seus inimigos, matando dos que os odiavam setenta e cinco mil; porém ao
despojo não estenderam a mão.
Est.9.17- Sucedeu isso no dia treze do mês de adar
e no dia catorze descansaram, e o fizeram dia de banquetes e de alegria.
Est.9.18- Mas os judeus que se achavam em Susã se ajuntaram no dia
treze como também no dia catorze; e descansaram no dia
quinze, fazendo-o dia de banquetes e de alegria.
Est.9.19- Portanto os judeus das aldeias, que habitam nas cidades não
muradas, fazem do dia catorze do mês de adar dia de
alegria e de banquetes, e de festas, e dia de mandarem porções escolhidas uns
aos outros.
Est.9.20- mardoqueu
escreveu estas coisas, e enviou cartas a todos os judeus que se achavam em
todas as províncias do rei Assuero, aos de perto e aos de longe,
Est.9.21- ordenando-lhes que guardassem o dia
catorze do mês de adar e o dia quinze do mesmo, todos
os anos,
Est.9.22- como os dias em que os judeus
tiveram repouso dos seus inimigos, e o mês em que se lhes mudou a tristeza em
alegria, e o pranto em dia de festa, a fim de que os fizessem dias de banquetes
e de alegria, e de mandarem porções escolhidas uns aos outros, e dádivas aos
pobres.
Est.9.23- E os judeus se comprometeram a fazer
como já tinham começado, e como Mardoqueu lhes tinha escrito;
Est.9.24- porque Hamã,
filho de Hamedata, o agagita,
o inimigo de todos os judeus, tinha intentado destruir os judeus, e tinha
lançado Pur, isto é, a sorte, para os assolar e
destruir;
Est.9.25- mas quando isto veio perante o rei,
ordenou ele por cartas que o mau intento que Hamã
formara contra os judeus recaísse sobre a sua cabeça, e que ele e seus filhos
fossem pendurados na forca.
Est.9.26- Por isso aqueles dias se chamaram Purim, segundo o nome Pur. portanto, por causa de todas
as palavras daquela carta, e do que tinham testemunhado nesse sentido, e do que
lhes havia sucedido,
Est.9.27- os judeus concordaram e se
comprometeram por si, sua descendência, e por todos os que haviam de unir-se
com eles, a não deixarem de guardar estes dois dias, conforme o que se
escreveras a respeito deles, e segundo o seu tempo determinado, todos os
anos;
Est.9.28- e a fazerem com que esses dias
fossem lembrados e guardados por toda geração, família, província e cidade; e que esses dias de Purim não fossem revogados entre os
judeus, e que a memória deles nunca perecesse dentre a sua descendência.
Est.9.29- Então a rainha Ester, filha de Abiail,
e o judeu Mardoqueu escreveram cartas com toda a autoridade para confirmar esta
segunda carta a respeito de Purim,
Est.9.30- e enviaram-nas a todos os judeus, às
cento e vinte e sete províncias do reino de Assuero, com palavras de paz e de
verdade,
Est.9.31- para confirmar esses dias de Purim
nos seus tempos determinados, como o judeu Mardoqueu e a rainha Ester lhes
tinham ordenado, e como eles se haviam obrigado por si e pela sua descendência
no tocante a seus jejuns e suas lamentações.
Est.9.32- A ordem de Ester confirmou o que dizia respeito ao Purim; e foi isso registrado nos anais.
Est.10.1- O rei Assuero impôs tributo à terra e às ilhas do mar.
Est.10.2- Quanto a todos os atos do seu poder e do seu valor, e a
narrativa completa da grandeza de Mardoqueu, com que o rei o exaltou,
porventura não estão eles escritos no livro dos anais dos reis da Média e da
Pérsia?
Est.10.3- Pois o judeu Mardoqueu foi o segundo depois do rei Assuero, e
grande entre os judeus, e estimado pela multidão de seus irmãos, porque
procurava o bem-estar do seu povo, e falava pela paz de toda sua nação.