Lucas
Luc.1.1- Visto
que muitos têm empreendido fazer uma narração coordenada dos fatos que entre
nós se realizaram,
Luc.1.2- segundo
no-los transmitiram os que desde o princípio foram testemunhas oculares e
ministros da palavra,
Luc.1.3- também a
mim, depois de haver investigado tudo cuidadosamente desde o começo, pareceu-me
bem, ó excelentíssimo Teófilo, escrever-te uma narração em ordem.
Luc.1.4- para
que conheças plenamente a verdade das coisas em que foste instruído.
Luc.1.5- Houve
nos dias do Rei Herodes, rei da Judeia, um sacerdote chamado Zacarias, da turma
de Abias; e sua mulher era descendente de Arão, e chamava-se Isabel.
Luc.1.6- Ambos
eram justos diante de Deus, andando irrepreensíveis em todos os mandamentos e
preceitos do Senhor.
Luc.1.7- Mas não
tinham filhos, porque Isabel era estéril, e ambos avançados em idade.
Luc.1.8- Ora,
estando ele a exercer as funções sacerdotais perante Deus, na ordem da sua
turma,
Luc.1.9- segundo
o costume do sacerdócio, coube-lhe por sorte entrar no santuário do Senhor,
para oferecer o incenso;
Luc.1.10- e toda
a multidão do povo orava da parte de fora, à hora do
incenso.
Luc.1.11-
Apareceu-lhe, então, um anjo do Senhor, em pé à direita do altar do incenso.
Luc.1.12- E
Zacarias, vendo-o, ficou turbado, e o temor o assaltou.
Luc.1.13- Mas o
anjo lhe disse: Não temais, Zacarias; porque a tua oração foi ouvida, e Isabel,
tua mulher, te dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João;
Luc.1.14- e
terás alegria e regozijo, e muitos se alegrarão com o seu nascimento;
Luc.1.15- porque
ele será grande diante do Senhor; não beberá vinho, nem bebida forte; e será
cheio do Espírito Santo já desde o ventre de sua mãe;
Luc.1.16-
converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus;
Luc.1.17- irá
adiante dele no espírito e poder de Elias, para converter os corações dos pais
aos filhos, e os rebeldes à prudência dos justos, a fim de preparar para o
Senhor um povo apercebido.
Luc.1.18- Disse
então Zacarias ao anjo: Como terei certeza disso? Pois eu sou velho, e minha mulher
também está avançada em idade.
Luc.1.19- Ao que
lhe respondeu o anjo: Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado
para te falar e te dar estas boas novas;
Luc.1.20- e eis
que ficarás mudo, e não poderás falar até o dia em que estas coisas aconteçam;
porquanto não creste nas minhas palavras, que a seu tempo hão-de
cumprir-se.
Luc.1.21- O povo
estava esperando Zacarias, e se admirava da sua demora no santuário.
Luc.1.22- Quando
saiu, porém, não lhes podia falar, e perceberam que tivera uma visão no
santuário. E falava-lhes por acenos, mas permanecia mudo.
Luc.1.23- E,
terminados os dias do seu ministério, voltou para casa.
Luc.1.24- Depois
desses dias Isabel, sua mulher, concebeu, e por cinco meses se ocultou,
dizendo:
Luc.1.25- Assim
me fez o Senhor nos dias em que atentou para mim, a fim de acabar com o meu
opróbrio diante dos homens.
Luc.1.26- Ora,
no sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galileia,
chamada Nazaré,
Luc.1.27- a uma virgem
desposada com um varão cujo nome era José, da casa de David; e o nome da virgem
era Maria.
Luc.1.28- E,
entrando o anjo onde ela estava disse: Salve, agraciada; o Senhor é contigo.
Luc.1.29- Ela,
porém, ao ouvir estas palavras, turbou-se muito e pôs-se a pensar que saudação
seria essa.
Luc.1.30-
Disse-lhe então o anjo: Não temas, Maria; pois achaste graça diante de Deus.
Luc.1.31- Eis
que conceberás e darás à luz um filho, ao qual porás o
nome de Jesus.
Luc.1.32- Este
será grande e será chamado filho do Altíssimo; o Senhor Deus lhe dará o trono
de David seu pai;
Luc.1.33- e
reinará eternamente sobre a casa de Jacob, e o seu reino não terá fim.
Luc.1.34- Então
Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, uma vez que não conheço varão?
Luc.1.35-
Respondeu-lhe o anjo: Virá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te
cobrirá com a sua sombra; por isso o que há-de nascer será chamado santo, Filho
de Deus.
Luc.1.36- Eis
que também Isabel, tua parenta concebeu um filho em sua velhice; e é este o
sexto mês para aquela que era chamada estéril;
Luc.1.37- porque
para Deus nada será impossível.
Luc.1.38- Disse
então Maria. Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua
palavra. E o anjo ausentou-se dela.
Luc.1.39-
Naqueles dias levantou-se Maria, foi apressadamente à região montanhosa, a uma
cidade de Judá,
Luc.1.40- entrou
em casa de Zacarias e saudou a Isabel.
Luc.1.41- Ao
ouvir Isabel a saudação de Maria, saltou a criancinha no seu ventre, e Isabel
ficou cheia do Espírito Santo,
Luc.1.42- e exclamou
em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu
ventre!
Luc.1.43- E
donde me provém isto, que venha visitar-me a mãe do meu Senhor?
Luc.1.44- Pois
logo que me soou aos ouvidos a voz da tua saudação, a criancinha saltou de alegria
dentro de mim.
Luc.1.45-
Bem-aventurada aquela que creu que se hão-de cumprir
as coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas.
Luc.1.46- Disse
então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor,
Luc.1.47- e o
meu espírito exulta em Deus meu Salvador;
Luc.1.48- porque
atentou na condição humilde de sua serva. Desde agora, pois, todas as gerações
me chamarão bem-aventurada,
Luc.1.49- porque
o Poderoso me fez grandes coisas; e santo é o seu nome.
Luc.1.50- E a
sua misericórdia vai de geração em geração sobre os que o temem.
Luc.1.51- Com o
seu braço manifestou poder; dissipou os que eram soberbos nos pensamentos de
seus corações;
Luc.1.52- depôs
dos tronos os poderosos, e elevou os humildes.
Luc.1.53- Aos
famintos encheu de bens, e vazios despediu os ricos.
Luc.1.54-
Auxiliou a Isabel, seu servo, lembrando-se de misericórdia
Luc.1.55- (como
falou a nossos pais) para com Abraão e a sua descendência para sempre.
Luc.1.56- E
Maria ficou com ela cerca de três meses; e depois voltou para sua casa.
Luc.1.57- Ora, completou-se
para Isabel o tempo de dar à luz, e teve um filho.
Luc.1.58-
Ouviram seus vizinhos e parentes que o Senhor lhe multiplicara a sua
misericórdia, e se alegravam com ela.
Luc.1.59-
Sucedeu, pois, no oitavo dia, que vieram circuncidar o menino; e queriam
dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias.
Luc.1.60-
Respondeu, porém, sua mãe: De modo nenhum, mas será chamado João.
Luc.1.61- Ao que
lhe disseram: Ninguém há na tua parentela que se chame por este nome.
Luc.1.62- E
perguntaram por acenos ao pai como queria que se chamasse.
Luc.1.63- E
pedindo ele uma tabuinha, escreveu: Seu nome é João. E
todos se admiraram.
Luc.1.64-
Imediatamente a boca se lhe abriu, e a língua se lhe soltou; louvando a Deus.
Luc.1.65- Então
veio temor sobre todos os seus vizinhos; e em toda a região montanhosa da
Judeia foram divulgadas todas estas coisas.
Luc.1.66- E
todos os que delas souberam as guardavam no coração, dizendo: Que virá a ser,
então, este menino? Pois a mão do Senhor estava com ele.
Luc.1.67-
Zacarias, seu pai, ficou cheio do Espírito Santo e profetizou, dizendo:
Luc.1.68-
Bendito, seja o Senhor Deus de Israel, porque visitou e remiu o seu povo,
Luc.1.69- e para
nós fez surgir uma salvação poderosa na casa de David, seu servo;
Luc.1.70- assim
como desde os tempos antigos tem anunciado pela boca dos seus santos profetas;
Luc.1.71- para
nos livrar dos nossos inimigos e da mão de todos os que nos odeiam;
Luc.1.72- para
usar de misericórdia com nossos pais, e lembrar-se do seu santo pacto
Luc.1.73- e do
juramento que fez a Abraão, nosso pai,
Luc.1.74- de
conceder-nos que, libertados da mão de nossos inimigos, o servíssemos sem
temor,
Luc.1.75- em
santidade e justiça perante ele, todos os dias da nossa vida.
Luc.1.76- E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque irás
ante a face do Senhor, a preparar os seus caminhos;
Luc.1.77- para
dar ao seu povo conhecimento da salvação, na remissão dos seus pecados,
Luc.1.78- graças
à entranhável misericórdia do nosso Deus, pela qual nos há-de visitar a aurora
lá do alto,
Luc.1.79- para
alumiar aos que jazem nas trevas e na sombra da morte, a fim de dirigir os
nossos pés no caminho da paz.
Luc.1.80- Ora, o
menino crescia, e se robustecia em espírito; e habitava nos desertos até o dia
da sua manifestação a Israel.
Luc.2.1- Naqueles
dias saiu um decreto da parte de César Augusto, para que todo o mundo fosse
recenseado.
Luc.2.2- Este
primeiro recenseamento foi feito quando Quirinio era governador da Síria.
Luc.2.3- E todos
iam alistar-se, cada um à sua própria cidade.
Luc.2.4- Subiu
também José, da Galileia, da cidade de Nazaré, à cidade de David, chamada
Belém, porque era da casa e família de David,
Luc.2.5- a fim
de alistar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida.
Luc.2.6-
Enquanto estavam ali, chegou o tempo em que ela havia de dar à luz,
Luc.2.7- e teve
a seu filho primogénito; envolveu-o em faixas e o deitou em uma manjedoura,
porque não havia lugar para eles na estalagem.
Luc.2.8- Ora,
havia naquela mesma região pastores que estavam no campo, e guardavam durante
as vigílias da noite o seu rebanho.
Luc.2.9- E um
anjo do Senhor apareceu-lhes, e a glória do Senhor os cercou de resplendor;
pelo que se encheram de grande temor.
Luc.2.10- O
anjo, porém, lhes disse: Não temais, porquanto vos trago novas de grande alegria
que o será para todo o povo:
Luc.2.11- É que
vos nasceu hoje, na cidade de David, o Salvador, que é Cristo, o Senhor.
Luc.2.12- E isto
vos será por sinal: Achareis um menino envolto em faixas, e deitado em uma
manjedoura.
Luc.2.13- Então,
de repente, apareceu junto ao anjo grande multidão da milícia celestial,
louvando a Deus e dizendo:
Luc.2.14- Glória
a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens a quem ele quer bem.
Luc.2.15- E logo
que os anjos se retiraram deles para o céu, diziam os pastores uns aos outros:
Vamos já até Belém, e vejamos isso que aconteceu e que o Senhor nos deu a
conhecer.
Luc.2.16- Foram,
pois, a toda a pressa, e acharam Maria e José, e o menino deitado na
manjedoura;
Luc.2.17- e,
vendo-o, divulgaram a palavra que acerca do menino lhes fora dita;
Luc.2.18- e
todos os que a ouviram se admiravam do que os pastores lhes diziam.
Luc.2.19- Maria,
porém, guardava todas estas coisas, meditando-as em seu coração.
Luc.2.20- E
voltaram os pastores, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham
ouvido e visto, como lhes havia dito.
Luc.2.21- Quando
se completaram os oito dias para ser circuncidado o menino, foi-lhe dado o nome
de Jesus, que pelo anjo lhe fora posto antes de ser concebido.
Luc.2.22-
Terminados os dias da purificação, segundo a lei de Moisés, levaram-no a
Jerusalém, para apresentá-lo ao Senhor
Luc.2.23-
(conforme está escrito na lei do Senhor: Todo primogénito será consagrado ao
Senhor),
Luc.2.24- e para
oferecerem um sacrifício segundo o disposto na lei do Senhor: um par de rolas,
ou dois pombinhos.
Luc.2.25- Ora,
havia em Jerusalém um homem cujo nome era Simeão; e este homem, justo e temente
a Deus, esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele.
Luc.2.26- E lhe
fora revelado pelo Espírito Santo que ele não morreria antes de ver o Cristo do
Senhor.
Luc.2.27- Assim
pelo Espírito foi ao templo; e quando os pais trouxeram o menino Jesus, para
fazerem por ele segundo o costume da lei,
Luc.2.28- Simeão
o tomou em seus braços, e louvou a Deus, e disse:
Luc.2.29- Agora,
Senhor, despede em paz o teu servo, segundo a tua palavra;
Luc.2.30- pois
os meus olhos já viram a tua salvação,
Luc.2.31- a qual
tu preparaste ante a face de todos os povos;
Luc.2.32- luz para
revelação aos gentios, e para glória do teu povo Israel.
Luc.2.33-
Enquanto isso, seu pai e sua mãe se admiravam das coisas que deles se diziam.
Luc.2.34- E
Simeão os abençoou, e disse a Maria, mãe do menino: Eis que este é posto para
queda e para levantamento de muitos em Israel, e para ser alvo de contradição,
Luc.2.35- sim, e
uma espada trespassará a tua própria alma, para que se manifestem os
pensamentos de muitos corações.
Luc.2.36- Havia
também uma profetisa, Ana, filha de Fanuel, da tribo
de Aser. Era já avançada em idade, tendo vivido com o marido sete anos desde a
sua virgindade;
Luc.2.37- e era
viúva, de quase oitenta e quatro anos. Não se afastava do templo, servindo a
Deus noite e dia em jejuns e orações.
Luc.2.38-
Chegando ela na mesma hora, deu graças a Deus, e falou
a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém.
Luc.2.39- Assim
que cumpriram tudo segundo a lei do Senhor, voltaram à Galileia, para sua
cidade de Nazaré.
Luc.2.40- E o
menino ia crescendo e fortalecendo-se, ficando cheio de sabedoria; e a graça de
Deus estava sobre ele.
Luc.2.41- Ora,
seus pais iam todos os anos a Jerusalém, à festa da Páscoa.
Luc.2.42- Quando
Jesus completou doze anos, subiram eles segundo o costume da festa;
Luc.2.43- e,
terminados aqueles dias, ao regressarem, ficou o menino Jesus em Jerusalém sem
o saberem seus pais;
Luc.2.44-
julgando, porém, que estivesse entre os companheiros de viagem, andaram caminho
de um dia, e o procuravam entre os parentes e conhecidos;
Luc.2.45- e não
o achando, voltaram a Jerusalém em busca dele.
Luc.2.46- E
aconteceu que, passados três dias, o acharam no templo, sentado no meio dos
doutores, ouvindo-os, e interrogando-os.
Luc.2.47- E
todos os que o ouviam se admiravam da sua inteligência e das suas respostas.
Luc.2.48- Quando
o viram, ficaram maravilhados, e disse-lhe sua mãe: Filho, por que procedeste
assim para connosco? Eis que teu pai e eu ansiosos te procurávamos.
Luc.2.49-
Respondeu-lhes ele: Por que me procuráveis? Não sabíeis que eu devia estar na
casa de meu Pai?
Luc.2.50- Eles,
porém, não entenderam as palavras que lhes dissera.
Luc.2.51- Então,
descendo com eles, foi para Nazaré, e era-lhes sujeito. E sua mãe guardava
todas estas coisas em seu coração.
Luc.2.52- E
crescia Jesus em sabedoria, em estatura e em graça diante de Deus e dos homens.
Luc.3.1- No
décimo quinto ano do reinado de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos governador
da Judeia, Herodes tetrarca da Galileia, seu irmão Filipe tetrarca da região da
Itureia e de Traconites, e Lisânias tetrarca de Abilínia,
Luc.3.2- sendo
Anás e Caifás sumos-sacerdotes, veio a palavra de Deus a João, filho de
Zacarias, no deserto.
Luc.3.3- E ele percorreu toda a circunvizinhança do Jordão, pregando o
batismo de arrependimento para remissão de pecados;
Luc.3.4- como
está escrito no livro das palavras do profeta Isaías: Voz do que clama no
deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai as suas veredas.
Luc.3.5- Todo
vale se encherá, e se abaixará todo monte e outeiro; o que é tortuoso se
endireitará, e os caminhos escabrosos se aplanarão;
Luc.3.6- e toda
a carne verá a salvação de Deus.
Luc.3.7- João
dizia, pois, às multidões que saíam para ser batizadas por ele: Raça de
víboras, quem vos ensina a fugir da ira vindoura?
Luc.3.8- Produzi,
pois, frutos dignos de arrependimento; e não comeceis a dizer em vós mesmos:
Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que até destas pedras Deus pode
suscitar filhos a Abraão.
Luc.3.9- Também
já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz
bom fruto, é cortada e lançada no fogo.
Luc.3.10- Ao que
lhe perguntavam as multidões: Que faremos, pois?
Luc.3.11-
Respondia-lhes então: Aquele que tem duas túnicas, reparta com o que não tem
nenhuma, e aquele que tem alimentos, faça o mesmo.
Luc.3.12-
Chegaram também uns publicanos para serem batizados, e perguntaram-lhe: Mestre,
que havemos nós de fazer?
Luc.3.13-
Respondeu-lhes ele: Não cobreis além daquilo que vos foi prescrito.
Luc.3.14-
Interrogaram-no também uns soldados: E nós, que faremos? Disse-lhes: A ninguém
queirais extorquir coisa alguma; nem deis denúncia falsa; e contentai-vos com o
vosso soldo.
Luc.3.15- Ora,
estando o povo em expectativa e arrazoando todos em seus corações a respeito de
João, se porventura seria ele o Cristo,
Luc.3.16-
respondeu João a todos, dizendo: Eu, na verdade, vos batizo com água, mas vem
aquele que é mais poderoso do que eu, de quem não sou digno de desatar a
correia das alparcas; ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.
Luc.3.17- A sua
pá ele tem na mão para limpar bem a sua eira, e recolher o trigo ao seu
celeiro; mas queimará a palha em fogo inextinguível.
Luc.3.18- Assim
pois, com muitas outras exortações ainda, anunciava o evangelho ao povo.
Luc.3.19- Mas o
tetrarca Herodes, sendo repreendido por ele por causa de Herodias, mulher de
seu irmão, e por todas as maldades que havia feito,
Luc.3.20-
acrescentou a todas elas ainda esta, a de encerrar João no cárcere.
Luc.3.21- Quando
todo o povo fora batizado, tendo sido Jesus também batizado, e estando ele a
orar, o céu se abriu;
Luc.3.22- e o
Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea,
como uma pomba; e ouviu-se do céu esta voz: Tu és o meu Filho amado; em ti me
comprazo.
Luc.3.23- Ora,
Jesus, ao começar o seu ministério, tinha cerca de trinta anos; sendo (como se
cuidava) filho de José, filho de Eli;
Luc.3.24- Eli de
Matate, Matate de Levi,
Levi de Melqui, Melqui de Janai, Janai de José,
Luc.3.25- José
de Matatias, Matatias de
Amós, Amós de Naum, Naum de Esli, Esli
de Nagai,
Luc.3.26- Nagai de Maate, Maate de Matatias, Matatias de Semei, Semei de Joseque, Joseque de Jodá,
Luc.3.27- Jodá de Joanã, Joanã de Resa, Resa de Zorobabel, Zorobabel de Salatiel,
Salatiel de Neri,
Luc.3.28- Neri de Melqui, Melqui de Adi, Adi de Cosão, Cosão de Elmodã, Elmodão de Er,
Luc.3.29- Er de Josué, Josué de Eliézer, Eliézer de Jorim, Jorim de Matate, Matate de Levi,
Luc.3.30- Levi
de Simeão, Simeão de Judá, Judá de José, José de Jonã,
Jonã de Eliaquim,
Luc.3.31- Eliaquim de Meleá, Meleá de Mená, Mená de Matatá, Matatá de Natã, Natã de David,
Luc.3.32- David
de Jessé, Jessé de Obede, Obede
de Boaz, Boaz de Salá, Salá de Nasom,
Luc.3.33- Nasom de Aminadabe, Aminadabe de Admim,
Admim de Arni, Arni de Esrom, Esrom de Farés, Farés de Judá,
Luc.3.34- Judá de
Jacob, Jacob de Isaque, Isaque de Abraão, Abraão de Tará,
Tará de Naor,
Luc.3.35- Naor de Seruque, Seruque de Ragaú, Ragaú de Faleque, Faleque de Eber, Eber de Salá,
Luc.3.36- Salá de Cainã, Cainã de Arfaxade, Arfaxade de Sem, Sem de Noé, Noé de Lameque,
Luc.3.37- Lameque de Matusalém, Matusalém de Enoque, Enoque de Jarede, Jarede de Maleleel, Maleleel de Cainã,
Luc.3.38- Cainã de Enos, Enos de Sete, Sete de Adão, e Adão de Deus.
Luc.4.1- Jesus, pois, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão; e era levado
pelo Espírito no deserto,
Luc.4.2- durante quarenta dias, sendo tentado pelo Diabo. E naqueles dias
não comeu coisa alguma; e terminados eles, teve fome.
Luc.4.3- Disse-lhe então o Diabo: Se tu és Filho de Deus, manda a esta
pedra que se torne em pão.
Luc.4.4- Jesus, porém, lhe respondeu: Está escrito: Nem só de pão viverá o
homem.
Luc.4.5- Então o Diabo, levando-o a um lugar elevado, mostrou-lhe num
relance todos os reinos do mundo.
Luc.4.6- E disse-lhe: Dar-te-ei toda a autoridade e glória destes reinos,
porque me foi entregue, e a dou a quem eu quiser;
Luc.4.7- se tu, me adorares, será toda tua.
Luc.4.8- Respondeu-lhe Jesus: Está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás.
Luc.4.9- Então o levou a Jerusalém e o colocou sobre o pináculo do templo e
lhe disse: Se tu és Filho de Deus, lança-te daqui abaixo;
Luc.4.10- porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito, que
te guardem;
Luc.4.11- e: eles te susterão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma
pedra.
Luc.4.12- Respondeu-lhe Jesus: Dito está: Não tentarás o Senhor teu Deus.
Luc.4.13- Assim, tendo o Diabo acabado toda sorte de tentação, retirou-se
dele até ocasião oportuna.
Luc.4.14- Então voltou Jesus para a Galileia no poder do Espírito; e a sua
fama correu por toda a circunvizinhança.
Luc.4.15- Ensinava nas sinagogas deles, e por todos era louvado.
Luc.4.16- Chegando a Nazaré, onde fora criado; entrou na sinagoga no dia de
sábado, segundo o seu costume, e levantou-se para ler.
Luc.4.17- Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías; e abrindo-o, achou o
lugar em que estava escrito:
Luc.4.18- O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para
anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos
cativos, e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos,
Luc.4.19- e para proclamar o ano aceitável do Senhor.
Luc.4.20- E fechando o livro, devolveu-o ao assistente e sentou-se; e os
olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele.
Luc.4.21- Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta escritura aos
vossos ouvidos.
Luc.4.22- E todos lhe davam testemunho, e se admiravam das palavras de
graça que saíam da sua boca; e diziam: Este não é filho de José?
Luc.4.23- Disse-lhes Jesus: Sem dúvida me direis este provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo; Tudo o que ouvimos teres feito em
Cafarnaum, faz também aqui na tua terra.
Luc.4.24- E prosseguiu: Em verdade vos digo que nenhum profeta é aceito na
sua terra.
Luc.4.25- Em verdade vos digo que muitas viúvas
havia em Israel nos dias de Elias, quando céu se fechou por três anos e seis
meses, de sorte que houve grande fome por toda a terra;
Luc.4.26- e a nenhuma
delas foi enviado Elias, senão a uma viúva em Serepta
de Sídon.
Luc.4.27- Também muitos leprosos havia em Israel no tempo do profeta
Eliseu, mas nenhum deles foi purificado senão Naamã, o sírio.
Luc.4.28- Todos os que estavam na sinagoga, ao ouvirem estas coisas,
ficaram cheios de ira.
Luc.4.29- e, levantando-se, expulsaram-no da cidade e o levaram até o
despenhadeiro do monte em que a sua cidade estava edificada, para dali o
precipitarem.
Luc.4.30- Ele, porém, passando pelo meio deles, seguiu o seu caminho.
Luc.4.31- Então desceu a Cafarnaum, cidade da Galileia, e os ensinava no
sábado.
Luc.4.32- e maravilharam-se da sua doutrina, porque a sua palavra era com
autoridade.
Luc.4.33- Havia na sinagoga um homem que tinha o espírito de um demónio
imundo; e gritou em alta voz:
Luc.4.34- Ah! Que temos nós contigo, Jesus, nazareno? Vieste destruir-nos?
Bem sei quem és: o Santo de Deus.
Luc.4.35- Mas Jesus o repreendeu, dizendo: Cala-te, e sai dele. E o
demónio, tendo-o lançado por terra no meio do povo, saiu dele sem lhe fazer mal
algum.
Luc.4.36- E veio espanto sobre todos, e falavam entre si, perguntando uns
aos outros: Que palavra é esta, pois com autoridade e poder ordena aos
espíritos imundos, e eles saem?
Luc.4.37- E se divulgava a sua fama por todos os lugares da
circunvizinhança.
Luc.4.38- Ora, levantando-se Jesus, saiu da sinagoga e entrou em casa de Simão;
e estando a sogra de Simão enferma com muita febre, rogaram-lhe por ela.
Luc.4.39- E ele, inclinando-se para ela,
repreendeu a febre, e esta a deixou. Imediatamente ela se levantou e os servia.
Luc.4.40- Ao pôr-do-sol, todos os que tinham enfermos de várias doenças
lhos traziam; e ele punha as mãos sobre cada um deles e os curava.
Luc.4.41- Também de muitos saíam demónios, gritando e dizendo: Tu és o
Filho de Deus. Ele, porém, os repreendia, e não os deixava falar; pois sabiam
que ele era o Cristo.
Luc.4.42- Ao romper do dia saiu, e foi a um lugar deserto; e as multidões
procuravam-no e, vindo a ele, queriam detê-lo, para que não se ausentasse
delas.
Luc.4.43- Ele, porém, lhes disse: É necessário que também às outras cidades
eu anuncie o evangelho do reino de Deus; porque para isso é que fui enviado.
Luc.4.44- E pregava nas sinagogas da Judeia.
Luc.5.1- Certa vez, quando a multidão apertava Jesus para ouvir a palavra
de Deus, ele estava junto ao lago de Genesaré;
Luc.5.2- e viu dois barcos junto à praia do lago; mas os pescadores haviam
descido deles, e estavam lavando as redes.
Luc.5.3- Entrando ele num dos barcos, que era o de
Simão, pediu-lhe que o afastasse um pouco da terra; e, sentando-se, ensinava do
barco as multidões.
Luc.5.4- Quando acabou de falar, disse a Simão: Faz-te ao largo e lançai as
vossas redes para a pesca.
Luc.5.5- Ao que disse Simão: Mestre, trabalhamos a noite toda, e nada
apanhamos; mas, sobre tua palavra, lançarei as redes.
Luc.5.6- Feito isto, apanharam uma grande quantidade de peixes, de modo que
as redes se rompiam.
Luc.5.7- Acenaram então aos companheiros que estavam no outro barco, para
virem ajudá-los. Eles, pois, vieram, e encheram ambos os barcos, de maneira tal
que quase iam a pique.
Luc.5.8- Vendo isso Simão Pedro, prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo:
Retira-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador.
Luc.5.9- Pois, à vista da pesca que haviam feito, o espanto se apoderara
dele e de todos os que com ele estavam,
Luc.5.10- bem como de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram sócios de
Simão. Disse Jesus a Simão: Não temas; de agora em diante serás pescador de
homens.
Luc.5.11- E, levando eles os barcos para a terra,
deixaram tudo e o seguiram.
Luc.5.12- Estando ele numa das cidades, apareceu
um homem cheio de lepra que, vendo a Jesus, prostrou-se com o rosto em terra e
suplicou-lhe: Senhor, se quiseres, bem podes tornar-me limpo.
Luc.5.13- Jesus, pois, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero; sê
limpo. No mesmo instante desapareceu dele a lepra.
Luc.5.14- Ordenou-lhe, então, que a ninguém contasse isto. Mas vai, disse
ele, mostra-te ao sacerdote e faz a oferta pela tua purificação, conforme
Moisés determinou, para lhes servir de testemunho.
Luc.5.15- A sua fama, porém, se divulgava cada vez mais, e grandes
multidões se ajuntavam para ouvi-lo e serem curadas das suas enfermidades.
Luc.5.16- Mas ele se retirava para os desertos, e
ali orava.
Luc.5.17- Um dia, quando ele estava ensinando, achavam-se ali sentados
fariseus e doutores da lei, que tinham vindo de todas as aldeias da Galileia e
da Judeia, e de Jerusalém; e o poder do Senhor estava com ele para curar.
Luc.5.18- E eis que uns homens, trazendo num leito um paralítico,
procuravam introduzi-lo e pô-lo diante dele.
Luc.5.19- Mas, não achando por onde o pudessem introduzir por causa da
multidão, subiram ao eirado e, por entre as telhas, o baixaram com o leito,
para o meio de todos, diante de Jesus.
Luc.5.20- E vendo-lhes a fé, disse ele: Homem,
são-te perdoados os teus pecados.
Luc.5.21- Então os escribas e os fariseus começaram a arrazoar, dizendo:
Quem é este que profere blasfémias? Quem pode perdoar pecados, senão só Deus?
Luc.5.22- Jesus, porém, percebendo os seus pensamentos, respondeu, e
disse-lhes: Por que arrazoais em vossos corações?
Luc.5.23- Qual é mais fácil? Dizer: São-te perdoados os teus pecados; ou
dizer: Levanta-te, e anda?
Luc.5.24- Ora, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra
autoridade para perdoar pecados (disse ao paralítico), a ti te digo: Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa.
Luc.5.25- Imediatamente se levantou diante deles, tomou o leito em que
estivera deitado e foi para sua casa, glorificando a Deus.
Luc.5.26- E, tomados de pasmo, todos glorificavam a Deus; e diziam, cheios
de temor: Hoje vimos coisas extraordinárias.
Luc.5.27- Depois disso saiu e, vendo um publicano chamado Levi, sentado na
recebedoria, disse-lhe: Segue-me.
Luc.5.28- Este, deixando tudo, levantou-se e o seguiu.
Luc.5.29- Deu-lhe então Levi um lauto banquete em sua casa; havia ali grande
número de publicanos e outros que estavam com eles à mesa.
Luc.5.30- Murmuravam, pois, os fariseus e seus escribas contra os
discípulos, perguntando: Por que comeis e bebeis com publicanos e pecadores?
Luc.5.31- Respondeu-lhes Jesus: Não necessitam de médico os sãos, mas sim
os enfermos;
Luc.5.32- eu não vim chamar justos, mas pecadores,
ao arrependimento.
Luc.5.33- Disseram-lhe eles: Os discípulos de João jejuam frequentemente e
fazem orações, como também os dos fariseus, mas os teus comem e bebem.
Luc.5.34- Respondeu-lhes Jesus: Podeis, porventura, fazer jejuar os
convidados às núpcias enquanto o noivo está com eles?
Luc.5.35- Dias virão, porém, em que lhes será tirado o noivo; naqueles
dias, sim hão-de jejuar.
Luc.5.36- Propôs-lhes também uma parábola: Ninguém tira um pedaço de um
vestido novo para o coser em vestido velho; do contrário, não somente rasgará o
novo, mas também o pedaço do novo não condirá com o velho.
Luc.5.37- E ninguém deita vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho
novo romperá os odres e se derramará, e os odres se perderão;
Luc.5.38- mas vinho novo deve ser deitado em odres novos.
Luc.5.39- E ninguém, tendo bebido o velho, quer o novo; porque diz: O velho
é que é bom.
Luc.6.1- E sucedeu que, num dia de sábado, passava Jesus pelas searas; e
seus discípulos iam colhendo espigas e, debulhando-as com as mãos, as comiam.
Luc.6.2- Alguns dos fariseus, porém, perguntaram; Por que estais fazendo o
que não é lícito fazer nos sábados?
Luc.6.3- E Jesus, respondendo-lhes, disse: Nem ao menos tendes lido o que
fez David quando teve fome, ele e seus companheiros?
Luc.6.4- Como entrou na casa de Deus, tomou os pães da proposição, dos
quais não era lícito comer senão só aos sacerdotes, e deles comeu e deu também
aos companheiros?
Luc.6.5- Também lhes disse: O Filho do homem é Senhor do sábado.
Luc.6.6- Ainda em outro sábado entrou na sinagoga, e pôs-se a ensinar.
Estava ali um homem que tinha a mão direita atrofiada.
Luc.6.7- E os escribas e os fariseus observavam-no, para ver se curaria em
dia de sábado, para acharem de que o acusar.
Luc.6.8- Mas ele, conhecendo-lhes os pensamentos,
disse ao homem que tinha a mão atrofiada: Levanta-te, e fica em pé aqui no
meio. E ele, levantando-se, ficou em pé.
Luc.6.9- Disse-lhes, então, Jesus: Eu vos pergunto: É lícito no sábado
fazer bem, ou fazer mal? Salvar a vida, ou tirá-la?
Luc.6.10- E olhando para todos em redor, disse ao homem: Estende a tua mão.
Ele assim o fez, e a mão lhe foi restabelecida.
Luc.6.11- Mas eles se encheram de furor; e uns com
os outros conferenciam sobre o que fariam a Jesus.
Luc.6.12- Naqueles dias retirou-se para o monte a fim de orar; e passou a
noite toda em oração a Deus.
Luc.6.13- Depois do amanhecer, chamou seus
discípulos, e escolheu doze dentre eles, aos quais deu também o nome de
apóstolos:
Luc.6.14- Simão, ao qual também chamou Pedro, e André, seu irmão; Tiago e
João; Filipe e Bartolomeu;
Luc.6.15- Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelote;
Luc.6.16- Judas, filho de Tiago; e Judas Iscariotes, que veio a ser o
traidor.
Luc.6.17- E Jesus, descendo com eles, parou num lugar plano, onde havia não
só grande número de seus discípulos, mas também grande multidão do povo, de
toda a Judeia e Jerusalém, e do litoral de Tiro e de Sídon, que tinham vindo
para ouvi-lo e serem curados das suas doenças;
Luc.6.18- e os que eram atormentados por espíritos imundos ficavam curados.
Luc.6.19- E toda a multidão procurava tocar-lhe; porque saía dele poder que
curava a todos.
Luc.6.20- Então, levantando ele os olhos para os
seus discípulos, dizia: Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino
de Deus.
Luc.6.21- Bem-aventurados vós, que agora tendes
fome, porque sereis fartos. Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque
haveis de rir.
Luc.6.22- Bem-aventurados sereis quando os homens vos odiarem, e quando vos
expulsarem da sua companhia, e vos injuriarem, e rejeitarem o vosso nome como
indigno, por causa do Filho do homem.
Luc.6.23- Regozijai-vos nesse dia e exultai,
porque eis que é grande o vosso galardão no céu; pois assim faziam os seus pais
aos profetas.
Luc.6.24- Mas ai de vós que sois ricos! Porque já recebestes a vossa
consolação.
Luc.6.25- Ai de vós, os que agora estais fartos! Porque tereis fome. Ai de
vós, os que agora rides! Porque vos lamentareis e chorareis.
Luc.6.26- Ai de vós, quando todos os homens vos louvarem! Porque assim
faziam os seus pais aos falsos profetas.
Luc.6.27- Mas a vós que ouvis, digo: Amai a vossos
inimigos, fazei bem aos que vos odeiam,
Luc.6.28- bendizei aos que vos maldizem, e orai pelos que vos caluniam.
Luc.6.29- Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra; e ao que
te houver tirado a capa, não lhe negues também a túnica.
Luc.6.30- Dá a todo o que te pedir; e ao que tomar o que é teu, não lho
reclames.
Luc.6.31- Assim como quereis que os homens vos façam, do mesmo modo lhes
fazei vós também.
Luc.6.32- Se amardes aos que vos amam, que mérito
há nisso? Pois também os pecadores amam aos que os amam.
Luc.6.33- E se fizerdes bem aos que vos fazem bem,
que mérito há nisso? Também os pecadores fazem o mesmo.
Luc.6.34- E se emprestardes àqueles de quem esperais receber, que mérito há
nisso? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para receberem outro tanto.
Luc.6.35- Amai, porém a vossos inimigos, fazei bem
e emprestai, nunca desanimando; e grande será a vossa recompensa, e sereis
filhos do Altíssimo; porque ele é benigno até para com os ingratos e maus.
Luc.6.36- Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso.
Luc.6.37- Não julgueis, e não sereis julgados; não
condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados.
Luc.6.38- Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e
transbordando vos deitarão no regaço; porque com a mesma medida com que medis,
vos medirão a vós.
Luc.6.39- E propôs-lhes também uma parábola: Pode porventura um cego guiar
outro cego? Não cairão ambos no barranco?
Luc.6.40- Não é o discípulo mais do que o seu mestre; mas todo o que for
bem instruído será como o seu mestre.
Luc.6.41- Por que vês o argueiro no olho de teu irmão, e não reparas na
trave que está no teu próprio olho?
Luc.6.42- Ou como podes dizer a teu irmão: Irmão,
deixa-me tirar o argueiro que está no teu olho, não vendo tu mesmo a trave que
está no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho; e então verás bem
para tirar o argueiro que está no olho de teu irmão.
Luc.6.43- Porque não há árvore boa que dê mau fruto nem tampouco árvore má
que dê bom fruto.
Luc.6.44- Porque cada árvore se conhece pelo seu próprio fruto; pois dos
espinheiros não se colhem figos, nem dos abrolhos se vindimam uvas.
Luc.6.45- O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem; e o homem
mau, do seu mau tesouro tira o mal; pois do que há em abundância no coração,
disso fala a boca.
Luc.6.46- E por que me chamais: Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu vos
digo?
Luc.6.47- Todo aquele que vem a mim, e ouve as minhas palavras, e as
pratica, eu vos mostrarei a quem é semelhante.
Luc.6.48- É semelhante ao homem que, edificando uma casa, cavou, abriu
profunda vala, e pôs os alicerces sobre a rocha; e vindo a enchente, bateu com
ímpeto a torrente naquela casa, e não a pôde abalar, porque tinha sido bem
edificada.
Luc.6.49- Mas o que ouve e não pratica é semelhante a um homem que edificou
uma casa sobre terra, sem alicerces, na qual bateu com ímpeto a torrente, e
logo caiu; e foi grande a ruína daquela casa.
Luc.7.1- Quando acabou de proferir todas estas palavras aos ouvidos do
povo, entrou em Cafarnaum.
Luc.7.2- E um servo de certo centurião, de quem era muito estimado, estava
doente, quase à morte.
Luc.7.3- O centurião, pois, ouvindo falar de Jesus, enviou-lhes uns anciãos
dos judeus, a pedir-lhe que viesse curar o seu servo.
Luc.7.4- E chegando eles junto de Jesus, rogavam-lhe com instância,
dizendo: É digno de que lhe concedas isto;
Luc.7.5- porque ama a nossa nação, e ele mesmo nos edificou a sinagoga.
Luc.7.6- Ia, pois, Jesus com eles; mas, quando já estava perto da casa,
enviou o centurião uns amigos a dizer-lhe: Senhor, não te incomodes;
porque não sou digno de que entres debaixo do meu telhado;
Luc.7.7- por isso nem ainda me julguei digno de ir
à tua presença; diz, porém, uma palavra, e seja o meu servo curado.
Luc.7.8- Pois também eu sou homem sujeito à autoridade, e tenho soldados às
minhas ordens; e digo a este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao
meu servo: Faz isto, e ele o faz.
Luc.7.9- Jesus, ouvindo isso, admirou-se dele e, voltando-se para a
multidão que o seguia, disse: Eu vos afirmo que nem mesmo em Israel encontrei
tamanha fé.
Luc.7.10- E voltando para casa os que haviam sido enviados, encontraram o
servo com saúde.
Luc.7.11- Pouco depois seguiu ele viagem para uma cidade chamada Naim; e
iam com ele seus discípulos e uma grande multidão.
Luc.7.12- Quando chegou perto da porta da cidade, eis que levavam para fora
um defunto, filho único de sua mãe, que era viúva; e com ela ia uma grande
multidão da cidade.
Luc.7.13- Logo que o Senhor a viu, encheu-se de compaixão por ela, e
disse-lhe: Não chores.
Luc.7.14- Então, chegando-se, tocou no esquife e, quando pararam os que o
levavam, disse: Moço, a ti te digo: Levanta-te.
Luc.7.15- O que estivera morto sentou-se e começou a falar. Então Jesus o
entregou à sua mãe.
Luc.7.16- O medo se apoderou de todos, e glorificavam a Deus, dizendo: Um
grande profeta se levantou entre nós; e: Deus visitou o seu povo.
Luc.7.17- E correu a notícia disto por toda a Judeia e por toda a região
circunvizinha.
Luc.7.18- Ora, os discípulos de João anunciaram-lhe todas estas coisas.
Luc.7.19- E João, chamando a dois deles, enviou-os ao Senhor para
perguntar-lhe: És tu aquele que havia de vir, ou havemos de esperar outro?
Luc.7.20- Quando aqueles homens chegaram junto dele, disseram: João, o
Batista, enviou-nos a perguntar-te: És tu aquele que havia de vir, ou havemos
de esperar outro?
Luc.7.21- Naquela mesma hora, curou a muitos de doenças, de moléstias e de
espíritos malignos; e deu vista a muitos cegos.
Luc.7.22- Então lhes respondeu: Ide, e contai a João o que tens visto e
ouvido: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados, e os surdos
ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho.
Luc.7.23- E bem-aventurado aquele que não se escandalizar de mim.
Luc.7.24- E, tendo-se retirado os mensageiros de João, Jesus começou a
dizer às multidões a respeito de João: Que saístes a ver no deserto? Um caniço
agitado pelo vento?
Luc.7.25- Mas que saístes a ver? Um homem trajado de vestes luxuosas? Eis
que aqueles que trajam roupas preciosas, e vivem em delícias, estão nos paços
reais.
Luc.7.26- Mas que saístes a ver? Um profeta? Sim, vos digo, e muito mais do
que profeta.
Luc.7.27- Este é aquele de quem está escrito: Eis aí envio ante a tua face
o meu mensageiro, que há-de preparar adiante de ti o teu caminho.
Luc.7.28- Pois eu vos digo que, entre os nascidos
de mulher, não há nenhum maior do que João; mas aquele que é o menor no reino
de Deus é maior do que ele.
Luc.7.29- E todo o povo que o ouviu, e até os publicanos, reconheceram a
justiça de Deus, recebendo o batismo de João.
Luc.7.30- Mas os fariseus e os doutores da lei rejeitaram o desígnio de
Deus quanto a si mesmos, não sendo batizados por ele.
Luc.7.31- A que, pois, compararei os homens desta geração, e a que são semelhantes?
Luc.7.32- São semelhantes aos meninos que, sentados nas praças, gritam uns
para os outros: Tocámo-vos flauta, e não dançastes;
cantamos lamentações, e não chorastes.
Luc.7.33- Porquanto veio João, o Batista, não comendo pão nem bebendo
vinho, e dizeis: Tem demónio;
Luc.7.34- veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizeis: Eis aí um
comilão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e
pecadores.
Luc.7.35- Mas a sabedoria é justificada por todos os seus filhos.
Luc.7.36- Um dos fariseus convidou-o para comer com ele; e entrando em casa
do fariseu, reclinou-se à mesa.
Luc.7.37- E eis que uma mulher pecadora que havia na cidade, quando soube
que ele estava à mesa em casa do fariseu, trouxe um vaso de alabastro com
bálsamo;
Luc.7.38- e estando por detrás, aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe
os pés com lágrimas e os enxugava com os cabelos da sua cabeça; e beijava-lhe
os pés e ungia-os com o bálsamo.
Luc.7.39- Mas, ao ver isso, o fariseu que o convidara falava consigo,
dizendo: Se este homem fosse profeta, saberia quem e de que qualidade é essa
mulher que o toca, pois é uma pecadora.
Luc.7.40- E respondendo Jesus, disse-lhe: Simão,
tenho uma coisa a dizer-te. Respondeu ele: Diz, Mestre.
Luc.7.41- Certo credor tinha dois devedores; um lhe devia quinhentos
denários, e outro cinquenta.
Luc.7.42- Não tendo eles com que pagar, perdoou a ambos. Qual deles, pois,
o amará mais?
Luc.7.43- Respondeu Simão: Suponho que é aquele a quem mais perdoou.
Replicou-lhe Jesus: Julgaste bem.
Luc.7.44- E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês tu esta mulher?
Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; mas esta com suas lágrimas
os regou e com seus cabelos os enxugou.
Luc.7.45- Não me deste ósculo; ela, porém, desde que entrei, não tem
cessado de beijar-me os pés.
Luc.7.46- Não me ungiste a cabeça com óleo; mas
esta com bálsamo ungiu-me os pés.
Luc.7.47- Por isso te digo: Perdoados lhe são os
pecados, que são muitos; porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se
perdoa, pouco ama.
Luc.7.48- E disse a ela: Perdoados são os teus pecados.
Luc.7.49- Mas os que estavam com ele à mesa começaram a dizer entre si:
Quem é este que até perdoa pecados?
Luc.7.50- Jesus, porém, disse à mulher: A tua fé te salvou; vai-te em paz.
Luc.8.1- Logo depois disso, andava Jesus de cidade em cidade, e de aldeia
em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus; e iam com ele os
doze,
Luc.8.2- bem como algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos
malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete
demónios.
Luc.8.3- Joana, mulher de Cuza, procurador de
Herodes, Susana, e muitas outras que os serviam com os seus bens.
Luc.8.4- Ora, ajuntando-se uma grande multidão, e vindo ter com ele gente de todas as cidades, disse Jesus por parábola:
Luc.8.5- Saiu o semeador a semear a sua semente. E quando semeava, uma
parte da semente caiu à beira do caminho; e foi pisada, e as aves do céu a
comeram.
Luc.8.6- Outra caiu sobre pedra; e, nascida, secou-se porque não havia
humidade.
Luc.8.7- E outra caiu no meio dos espinhos; e crescendo com ela os
espinhos, sufocaram-na.
Luc.8.8- Mas outra caiu em boa terra; e, nascida, produziu fruto, cem por
um. Dizendo ele estas coisas, clamava: Quem tem
ouvidos para ouvir, ouça.
Luc.8.9- Perguntaram-lhe então seus discípulos o que significava essa
parábola.
Luc.8.10- Respondeu ele: A vós é dado conhecer os
mistérios do reino de Deus; mas aos outros se fala por parábolas; para que
vendo, não vejam, e ouvindo, não entendam.
Luc.8.11- É, pois, esta a parábola: A semente é a palavra de Deus.
Luc.8.12- Os que estão à beira do caminho são os que ouvem; mas logo vem o
Diabo e tira-lhe do coração a palavra, para que não suceda que, crendo, sejam
salvos.
Luc.8.13- Os que estão sobre a pedra são os que, ouvindo a palavra, a
recebem com alegria; mas estes não têm raiz, apenas crêem por algum tempo, mas
na hora da provação se desviam.
Luc.8.14- A parte que caiu entre os espinhos são os que ouviram e, indo seu
caminho, são sufocados pelos cuidados, riquezas, e deleites desta vida e não
dão fruto com perfeição.
Luc.8.15- Mas a que caiu em boa terra são os que, ouvindo a palavra com
coração recto e bom, a retêm e dão fruto com perseverança.
Luc.8.16- Ninguém, pois, acende uma candeia e a cobre
com algum vaso, ou a põe debaixo da cama; mas põe-na no velador, para que os
que entram vejam a luz.
Luc.8.17- Porque não há coisa encoberta que não haja de manifestar-se, nem
coisa secreta que não haja de saber-se e vir à luz.
Luc.8.18- Vede, pois, como ouvis; porque a
qualquer que tiver lhe será dado, e a qualquer que não tiver, até o que parece
ter lhe será tirado.
Luc.8.19- Vieram, então, ter com ele sua mãe e seus irmãos, e não podiam
aproximar-se dele por causa da multidão.
Luc.8.20- Foi-lhe dito: Tua mãe e teus irmãos estão lá fora, e querem
ver-te.
Luc.8.21- Ele, porém, lhes respondeu: Minha mãe e meus irmãos são estes que
ouvem a palavra de Deus e a observam.
Luc.8.22- Ora, aconteceu certo dia que entrou num barco com seus
discípulos, e disse-lhes: Passemos à outra margem do lago. E partiram.
Luc.8.23- Enquanto navegavam, ele adormeceu; e desceu uma tempestade de
vento sobre o lago; e o barco se enchia de água, de sorte que perigavam.
Luc.8.24- Chegando-se a ele, o despertaram, dizendo: Mestre, Mestre, estamos perecendo. E ele, levantando-se, repreendeu o vento
e a fúria da água; e cessaram, e fez-se bonança.
Luc.8.25- Então lhes perguntou: Onde está a vossa fé? Eles, atemorizados,
admiraram-se, dizendo uns aos outros: Quem, pois, é este, que até aos ventos e
à água manda, e lhe obedecem?
Luc.8.26- Apontaram à terra dos gerasenos, que
está defronte da Galileia.
Luc.8.27- Logo que saltou em terra, saiu-lhe ao encontro um homem da
cidade, possesso de demónios, que havia muito tempo não vestia roupa, nem
morava em casa, mas nos sepulcros.
Luc.8.28- Quando ele viu a Jesus, gritou,
prostrou-se diante dele, e com grande voz exclamou: Que tenho eu contigo,
Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Rogo-te que não me atormentes.
Luc.8.29- Porque Jesus ordenara ao espírito imundo que saísse do homem.
Pois já havia muito tempo que se apoderara dele; e guardavam-no preso com
grilhões e cadeias; mas ele, quebrando as prisões, era impelido pelo demónio
para os desertos.
Luc.8.30- Perguntou-lhe Jesus: Qual é o teu nome? Respondeu ele: Legião;
porque tinham entrado nele muitos demónios.
Luc.8.31- E rogavam-lhe que não os mandasse para o abismo.
Luc.8.32- Ora, andava ali pastando no monte uma grande manada de porcos;
rogaram-lhe, pois que lhes permitisse entrar neles, e lho permitiu.
Luc.8.33- E tendo os demónios saído do homem, entraram nos porcos; e a
manada precipitou-se pelo despenhadeiro no lago, e afogou-se.
Luc.8.34- Quando os pastores viram o que acontecera, fugiram, e foram
anunciá-lo na cidade e nos campos.
Luc.8.35- Saíram, pois, a ver o que tinha acontecido, e foram ter com
Jesus, a cujos pés acharam sentado, vestido e em perfeito juízo, o homem de
quem haviam saído os demónios; e se atemorizaram.
Luc.8.36- Os que tinham visto aquilo contaram-lhes como fora curado o
endemoninhado.
Luc.8.37- Então todo o povo da região dos gerasenos
rogou-lhe que se retirasse deles; porque estavam possuídos de grande medo. Pelo
que ele entrou no barco, e voltou.
Luc.8.38- Pedia-lhe, porém, o homem de quem haviam saído os demónios que o
deixasse estar com ele; mas Jesus o despediu, dizendo:
Luc.8.39- Volta para tua casa, e conta tudo quanto Deus te fez. E ele se
retirou, publicando por toda a cidade tudo quanto Jesus lhe fizera.
Luc.8.40- Quando Jesus voltou, a multidão o recebeu; porque todos o estavam
esperando.
Luc.8.41- E eis que veio um homem chamado Jairo,
que era chefe da sinagoga; e prostrando-se aos pés de Jesus, rogava-lhe que
fosse a sua casa;
Luc.8.42- porque tinha uma filha única, de cerca de doze anos, que estava à
morte. Enquanto, pois, ele ia, apertavam-no as multidões.
Luc.8.43- E certa mulher, que tinha uma hemorragia havia doze anos [e
gastara com os médicos todos os seus haveres] e por ninguém pudera ser curada,
Luc.8.44- chegando-se por detrás, tocou-lhe a orla do manto, e
imediatamente cessou a sua hemorragia.
Luc.8.45- Perguntou Jesus: Quem é que me tocou? Como todos negassem,
disse-lhe Pedro: Mestre, as multidões te apertam e te oprimem.
Luc.8.46- Mas disse Jesus: Alguém me tocou; pois percebi que de mim saiu
poder.
Luc.8.47- Então, vendo a mulher que não passara despercebida, aproximou-se
tremendo e, prostrando-se diante dele, declarou-lhe perante todo o povo a causa
por que lhe havia tocado, e como fora imediatamente curada.
Luc.8.48- Disse-lhe ele: Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz.
Luc.8.49- Enquanto ainda falava, veio alguém da casa do chefe da sinagoga
dizendo: A tua filha já está morta; não incomodes mais o Mestre.
Luc.8.50- Jesus, porém, ouvindo-o, respondeu-lhe: Não temas: crê somente, e
será salva.
Luc.8.51- Tendo chegado à casa, a ninguém deixou entrar com ele, senão a
Pedro, João, Tiago, e o pai e a mãe da menina.
Luc.8.52- E todos choravam e pranteavam; ele, porém, disse: Não choreis;
ela não está morta, mas dorme.
Luc.8.53- E riam-se dele, sabendo que ela estava morta.
Luc.8.54- Então ele, tomando-lhe a mão, exclamou:
Menina, levanta-te.
Luc.8.55- E o seu espírito voltou, e ela se levantou imediatamente; e Jesus
mandou que lhe desse de comer.
Luc.8.56- E seus pais ficaram maravilhados; e ele mandou-lhes que a ninguém
contassem o que havia sucedido.
Luc.9.1- Reunindo os doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os
demónios, e para curarem doenças;
Luc.9.2- e enviou-os a pregar o reino de Deus, e fazer curas,
Luc.9.3- dizendo-lhes: Nada leveis para o caminho, nem bordão, nem alforge,
nem pão, nem dinheiro; nem tenhais duas túnicas.
Luc.9.4- Em qualquer casa em que entrardes, nela ficai, e dali partireis.
Luc.9.5- Mas, onde quer que não vos receberem, saindo daquela cidade, sacudi o pó dos vossos pés, em testemunho contra eles.
Luc.9.6- Saindo, pois, os discípulos percorreram as aldeias, anunciando o
evangelho e fazendo curas por toda parte.
Luc.9.7- Ora, o tetrarca Herodes soube de tudo o que se passava, e ficou
muito perplexo, porque diziam uns: João ressuscitou dos mortos;
Luc.9.8- outros: Elias apareceu; e outros: Um dos antigos profetas se
levantou.
Luc.9.9- Herodes, porém, disse: A João eu mandei
degolar; quem é, pois, este a respeito de quem ouço tais coisas? E procurava
vê-lo.
Luc.9.10- Quando os apóstolos voltaram, contaram-lhe tudo o que havia
feito. E ele, levando-os consigo, retirou-se à parte para uma cidade chamada
Betsaida.
Luc.9.11- Mas as multidões, percebendo isto, seguiram-no; e ele as recebeu,
e falava-lhes do reino de Deus, e sarava os que necessitavam de cura.
Luc.9.12- Ora, quando o dia começava a declinar, aproximando-se os doze,
disseram-lhe: Despede a multidão, para que, indo às aldeias e aos sítios em
redor, se hospedem, e achem o que comer; porque aqui estamos em lugar deserto.
Luc.9.13- Mas ele lhes disse: Dai-lhes vós de
comer. Responderam eles: Não temos senão cinco pães e dois peixes; salvo se nós
formos comprar comida para todo este povo.
Luc.9.14- Pois eram cerca de cinco mil homens. Então disse a seus
discípulos: Fazei-os reclinar-se em grupos de cerca de cinquenta cada um.
Luc.9.15- Assim o fizeram, mandando que todos se reclinassem.
Luc.9.16- E tomando Jesus os cinco pães e os dois peixes, e olhando para o
céu, os abençoou e partiu, e os entregava aos seus discípulos para os porem
diante da multidão.
Luc.9.17- Todos, pois, comeram e se fartaram; e foram levantados, do que
lhes sobejou, doze cestos de pedaços.
Luc.9.18- Enquanto ele estava orando à parte achavam-se com ele somente
seus discípulos; e perguntou-lhes: Quem dizem as multidões que eu sou?
Luc.9.19- Responderam eles: Uns dizem: João, o
Batista; outros: Elias; e ainda outros, que um dos antigos profetas se
levantou.
Luc.9.20- Então lhes perguntou: Mas vós, quem dizeis que eu sou?
Respondendo Pedro, disse: O Cristo de Deus.
Luc.9.21- Jesus, porém, advertindo-os, mandou que não contassem isso a
ninguém;
Luc.9.22- e disse-lhes: É necessário que o Filho do homem padeça muitas
coisas, que seja rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e
escribas, que seja morto, e que ao terceiro dia ressuscite.
Luc.9.23- Em seguida dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a
si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e siga-me.
Luc.9.24- Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a
sua vida por amor de mim, esse a salvará.
Luc.9.25- Pois, que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, e perder-se,
ou prejudicar-se a si mesmo?
Luc.9.26- Porque, quem se envergonhar de mim e das minhas palavras, dele se
envergonhará o Filho do homem, quando vier na sua glória, e na do Pai e dos
santos anjos.
Luc.9.27- Mas em verdade vos digo: Alguns há, dos
que estão aqui, que de modo nenhum provarão a morte até que vejam o reino de
Deus.
Luc.9.28- Cerca de oito dias depois de ter proferido essas palavras, tomou
Jesus consigo a Pedro, a João e a Tiago, e subiu ao monte para orar.
Luc.9.29- Enquanto ele orava, mudou-se a aparência
do seu rosto, e a sua roupa tornou-se branca e resplandecente.
Luc.9.30- E eis que estavam falando com ele dois varões, que eram Moisés e
Elias,
Luc.9.31- os quais apareceram com glória, e falavam da sua partida que
estava para cumprir-se em Jerusalém.
Luc.9.32- Ora, Pedro e os que estavam com ele se haviam deixado vencer pelo
sono; despertando, porém, viram a sua glória e os dois varões que estavam com
ele.
Luc.9.33- E, quando estes se apartavam dele, disse Pedro a Jesus: Mestre,
bom é estarmos nós aqui: façamos, pois, três cabanas, uma para ti, uma para
Moisés, e uma para Elias, não sabendo o que dizia.
Luc.9.34- Enquanto ele ainda falava, veio uma
nuvem que os cobriu; e se atemorizaram ao entrarem na nuvem.
Luc.9.35- E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho, o meu
eleito; a ele ouvi.
Luc.9.36- Ao soar esta voz, Jesus foi achado sozinho; e eles calaram-se, e
por aqueles dias não contaram a ninguém nada do que tinham visto.
Luc.9.37- No dia seguinte, quando desceram do monte, veio-lhe ao encontro
uma grande multidão.
Luc.9.38- E eis que um homem dentre a multidão clamou, dizendo: Mestre,
peço-te que olhes para meu filho, porque é o único que tenho;
Luc.9.39- pois um espírito se apodera dele, fazendo-o gritar subitamente,
convulsiona-o até escumar e, mesmo depois de o ter quebrantado, dificilmente o
larga.
Luc.9.40- E roguei aos teus discípulos que o expulsassem, mas não puderam.
Luc.9.41- Respondeu Jesus: Ó geração incrédula e perversa! Até quando
estarei convosco e vos sofrerei? Traz-me cá o teu filho.
Luc.9.42- Ainda quando ele vinha chegando, o demónio o derribou e o
convulsionou; mas Jesus repreendeu o espírito imundo, curou o menino e o
entregou a seu pai.
Luc.9.43- E todos se maravilhavam da majestade de Deus. E admirando-se
todos de tudo o que Jesus fazia, disse ele a seus discípulos:
Luc.9.44- Ponde vós estas palavras em vossos ouvidos; pois o Filho do homem
está para ser entregue nas mãos dos homens.
Luc.9.45- Eles, porém, não entendiam essa palavra, cujo sentido lhes era
encoberto para que não o compreendessem; e temiam interrogá-lo a esse respeito.
Luc.9.46- E suscitou-se entre eles uma discussão
sobre qual deles seria o maior.
Luc.9.47- Mas Jesus, percebendo o pensamento de seus corações, tomou uma
criança, pô-la junto de si,
Luc.9.48- e disse-lhes: Qualquer que receber esta criança em meu nome, a
mim me recebe; e qualquer que me receber a mim, recebe
aquele que me enviou; pois aquele que entre vós todos é o menor, esse é grande.
Luc.9.49- Disse-lhe João: Mestre, vimos um homem que em teu nome expulsava
demónios; e lho proibimos, porque não segue connosco.
Luc.9.50- Respondeu-lhe Jesus: Não lho proibais; porque quem não é contra
vós é por vós.
Luc.9.51- Ora, quando se completavam os dias para a sua assunção,
manifestou o firme propósito de ir a Jerusalém.
Luc.9.52- Enviou, pois, mensageiros adiante de si. Indo eles, entraram numa
aldeia de samaritanos para lhe prepararem pousada.
Luc.9.53- Mas não o receberam, porque viajava em direcção a Jerusalém.
Luc.9.54- Vendo isto os discípulos Tiago e João, disseram: Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para os consumir
[como Elias também fez?]
Luc.9.55- Ele porém, voltando-se, repreendeu-os, [e disse: Vós não sabeis
de que espírito sois.]
Luc.9.56- [Pois o Filho do Homem não veio para destruir as vidas dos
homens, mas para salvá-las.] E foram para outra aldeia.
Luc.9.57- Quando iam pelo caminho, disse-lhe um homem: Seguir-te-ei para
onde quer que fores.
Luc.9.58- Respondeu-lhe Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu têm
ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.
Luc.9.59- E a outro disse: Segue-me. Ao que este respondeu: Permite-me ir
primeiro sepultar meu pai.
Luc.9.60- Replicou-lhe Jesus: Deixa os mortos sepultar os seus próprios
mortos; tu, porém, vai e anuncia o reino de Deus.
Luc.9.61- Disse, também, outro. Senhor, eu te seguirei, mas deixa-me
despedir primeiro dos que estão em minha casa.
Luc.9.62- Jesus, porém, lhe respondeu: Ninguém que lança mão do arado e
olha para trás é apto para o reino de Deus.
Luc.10.1- Depois disso designou o Senhor outros setenta, e os enviou
adiante de si, de dois em dois, a todas as cidades e lugares aonde ele havia de
ir.
Luc.10.2- E dizia-lhes: Na verdade, a seara é grande, mas os trabalhadores
são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua
seara.
Luc.10.3- Ide; eis que vos envio como cordeiros ao meio de lobos.
Luc.10.4- Não leveis bolsa, nem alforge, nem
alparcas; e a ninguém saudeis pelo caminho.
Luc.10.5- Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: Paz seja com
esta casa.
Luc.10.6- E se ali houver um filho da paz, repousará sobre ele a vossa paz;
e se não, voltará para vós.
Luc.10.7- Ficai nessa casa, comendo e bebendo do que eles tiverem; pois digno é o trabalhador do seu
salário. Não andeis de casa em casa.
Luc.10.8- Também, em qualquer cidade em que entrardes, e vos receberem, comei do que puserem diante de vós.
Luc.10.9- Curai os enfermos que nela houver, e dizer-lhes: É chegado a vós
o reino de Deus.
Luc.10.10- Mas em qualquer cidade em que entrardes, e vos não receberem,
saindo pelas ruas, dizei:
Luc.10.11- Até o pó da vossa cidade, que se nos pegou aos pés, sacudimos
contra vós. Contudo, sabei isto: que o reino de Deus é chegado.
Luc.10.12- Digo-vos que naquele dia haverá menos rigor para Sodoma, do que
para aquela cidade.
Luc.10.13- Ai de ti, Corazim! ai de ti, Betsaida!
Porque, se em Tiro e em Sídon se tivessem operado os milagres que em vós se
operaram, há muito, sentadas em cilício e cinza, elas se teriam arrependido.
Luc.10.14- Contudo, para Tiro e Sídon haverá menos rigor no juízo do que
para vós.
Luc.10.15- E tu, Cafarnaum, porventura serás
elevada até o céu? Até o hades descerás.
Luc.10.16- Quem vos ouve, a mim me ouve; e quem vos rejeita, a mim me
rejeita; e quem a mim me rejeita, rejeita aquele que me enviou.
Luc.10.17- Voltaram depois os setenta com alegria, dizendo: Senhor, em teu nome, até os demónios se nos submetem.
Luc.10.18- Respondeu-lhes ele: Eu via Satanás, como raio, cair do céu.
Luc.10.19- Eis que vos dei autoridade para pisar
serpentes e escorpiões, e sobre todo o poder do inimigo; e nada vos fará dano
algum.
Luc.10.20- Contudo, não vos alegreis porque se vos
submetem os espíritos; alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos
nos céus.
Luc.10.21- Naquela mesma hora exultou Jesus no Espírito Santo, e disse:
Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas
aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos; sim, ó Pai, porque
assim foi do teu agrado.
Luc.10.22- Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém
conhece quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho, e aquele a
quem o Filho o quiser revelar.
Luc.10.23- E voltando-se para os discípulos, disse-lhes em particular:
Bem-aventurados os olhos que vêem o que vós vedes.
Luc.10.24- Pois vos digo que muitos profetas e reis desejaram ver o que vós
vedes, e não o viram; e ouvir o que ouvis, e não o ouviram.
Luc.10.25- E eis que se levantou certo doutor da lei e, para o
experimentar, disse: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?
Luc.10.26- Perguntou-lhe Jesus: Que está escrito na lei? Como lês tu?
Luc.10.27- Respondeu-lhe ele: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu
coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu
entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.
Luc.10.28- Tornou-lhe Jesus: Respondeste bem; faz isso, e viverás.
Luc.10.29- Ele, porém, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: E quem é
o meu próximo?
Luc.10.30- Jesus, prosseguindo, disse: Um homem descia de Jerusalém a
Jericó, e caiu nas mãos de salteadores, os quais o despojaram e espancando-o,
se retiraram, deixando-o meio morto.
Luc.10.31- Casualmente, descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e
vendo-o, passou de largo.
Luc.10.32- De igual modo também um levita chegou àquele lugar, viu-o, e
passou de largo.
Luc.10.33- Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou perto dele e,
vendo-o, encheu-se de compaixão;
Luc.10.34- e aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e
vinho; e pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou
dele.
Luc.10.35- No dia seguinte tirou dois denários, deu-os ao hospedeiro e
disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que gastares a mais, eu to pagarei
quando voltar.
Luc.10.36- Qual, pois, destes três te parece ter sido o próximo daquele que
caiu nas mãos dos salteadores?
Luc.10.37- Respondeu o doutor da lei: Aquele que usou de misericórdia para
com ele. Disse-lhe, pois, Jesus: Vai, e faz tu o mesmo.
Luc.10.38- Ora, quando iam de caminho, entrou Jesus numa aldeia; e certa
mulher, por nome Marta, o recebeu em sua casa.
Luc.10.39- Tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual, sentando-se aos pés
do Senhor, ouvia a sua palavra.
Luc.10.40- Marta, porém, andava preocupada com muito serviço; e
aproximando-se, disse: Senhor, não se te dá que minha irmã me tenha deixado a
servir sozinha? Diz-lhe, pois, que me ajude.
Luc.10.41- Respondeu-lhe o Senhor: Marta, Marta, estás
ansiosa e perturbada com muitas coisas;
Luc.10.42- entretanto poucas são necessárias, ou mesmo uma só; e Maria
escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada.
Luc.11.1- Estava Jesus em certo lugar orando e, quando acabou, disse-lhe um
dos seus discípulos: Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos
seus discípulos.
Luc.11.2- Ao que ele lhes disse: Quando orardes, dizei: Pai, santificado
seja o teu nome; venha o teu reino;
Luc.11.3- dá-nos cada dia o nosso pão quotidiano;
Luc.11.4- e perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todo
aquele que nos deve; e não nos deixes entrar em tentação, [mas livra-nos do
mal.]
Luc.11.5- Disse-lhes também: Se um de vós tiver um amigo, e se for
procurá-lo à meia-noite e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães,
Luc.11.6- pois que um amigo meu, estando em viagem, chegou a minha casa, e
não tenho o que lhe oferecer;
Luc.11.7- e se ele, de dentro, responder: Não me incomodes; já está a porta
fechada, e os meus filhos estão comigo na cama; não posso levantar-me para te
atender;
Luc.11.8- digo-vos que, ainda que se levante para lhos dar por ser seu
amigo, todavia, por causa da sua importunação, se levantará e lhe dará quantos
pães ele precisar.
Luc.11.9- Pelo que eu vos digo: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis;
batei, e abrir-se-vos-á;
Luc.11.10- pois todo o que pede, recebe; e quem busca acha; e ao que bate,
abrir-se-lhe-á.
Luc.11.11- E qual o pai dentre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará
uma pedra? Ou, se lhe pedir peixe, lhe dará por peixe uma serpente?
Luc.11.12- Ou, se pedir um ovo, lhe dará um escorpião?
Luc.11.13- Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos
filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho
pedirem?
Luc.11.14- Estava Jesus expulsando um demónio, que era mudo; e aconteceu
que, saindo o demónio, o mudo falou; e as multidões se admiraram.
Luc.11.15- Mas alguns deles disseram: É por Belzebu, o príncipe dos
demónios, que ele expulsa os demónios.
Luc.11.16- E outros, experimentando-o, lhe pediam um sinal do céu.
Luc.11.17- Ele, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse-lhes: Todo
reino dividido contra si mesmo será assolado, e casa sobre casa cairá.
Luc.11.18- Ora, pois, se Satanás está dividido contra si mesmo, como
subsistirá o seu reino? Pois dizeis que eu expulso os demónios por Belzebu.
Luc.11.19- E, se eu expulso os demónios por Belzebu, por quem os expulsam
os vossos filhos? Por isso eles mesmos serão os vossos juízes.
Luc.11.20- Mas, se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demónios, logo é
chegado a vós o reino de Deus.
Luc.11.21- Quando o valente guarda, armado, a sua casa, em segurança estão
os seus bens;
Luc.11.22- mas, sobrevindo outro mais valente do que ele, e vencendo-o,
tira-lhe toda a armadura em que confiava, e reparte os seus despojos.
Luc.11.23- Quem não é comigo, é contra mim; e quem comigo não ajunta,
espalha.
Luc.11.24- Ora, havendo o espírito imundo saindo do homem, anda por lugares
áridos, buscando repouso; e não o encontrando, diz: Voltarei para minha casa,
donde saí.
Luc.11.25- E chegando, acha-a varrida e adornada.
Luc.11.26- Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores do que
ele e, entrando, habitam ali; e o último estado desse homem vem a ser pior do
que o primeiro.
Luc.11.27- Ora, enquanto ele dizia estas coisas, certa mulher dentre a
multidão levantou a voz e lhe disse: Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os
peitos em que te amamentaste.
Luc.11.28- Mas ele respondeu: Antes
bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus, e a observam.
Luc.11.29- Como afluíssem as multidões, começou ele a dizer: Geração
perversa é esta; ela pede um sinal; e nenhum sinal se lhe dará, senão o de Jonas;
Luc.11.30- porquanto, assim como Jonas foi sinal para os ninivitas, também
o Filho do homem o será para esta geração.
Luc.11.31- A rainha do sul se levantará no juízo com os homens desta
geração, e os condenará; porque veio dos confins da terra para ouvir a
sabedoria de Salomão; e eis, aqui quem é maior do que Salomão.
Luc.11.32- Os homens de Ninive se levantarão no juízo com esta geração, e a
condenarão; porque se arrependeram com a pregação de Jonas; e eis aqui quem é
maior do que Jonas.
Luc.11.33- Ninguém, depois de acender uma candeia, a põe em lugar oculto,
nem debaixo do alqueire, mas no velador, para que os que entram vejam a luz.
Luc.11.34- A candeia do corpo são os olhos. Quando, pois, os teus olhos
forem bons, todo o teu corpo será luminoso; mas, quando forem maus, o teu corpo
será tenebroso.
Luc.11.35- Vê, então, que a luz que há em ti não sejam trevas.
Luc.11.36- Se, pois, todo o teu corpo estiver iluminado, sem ter parte
alguma em trevas, será inteiramente luminoso, como quando a candeia te alumia
com o seu resplendor.
Luc.11.37- Acabando Jesus de falar, um fariseu o convidou para almoçar com
ele; e havendo Jesus entrado, reclinou-se à mesa.
Luc.11.38- O fariseu admirou-se, vendo que ele não se lavara antes de
almoçar.
Luc.11.39- Ao que o Senhor lhe disse: Ora vós, os fariseus, limpais o
exterior do copo e do prato; mas o vosso interior está cheio de rapina e
maldade.
Luc.11.40- Loucos! Quem fez o exterior, não fez também o inferior?
Luc.11.41- Dai, porém, de esmola o que está dentro do copo e do prato, e
eis que todas as coisas vos serão limpas.
Luc.11.42- Mas ai de vós, fariseus! Porque dais o dízimo da hortelã, e da
arruda, e de toda hortaliça, e desprezais a justiça e o amor de Deus. Ora, estas
coisas importava fazer, sem deixar aquelas.
Luc.11.43- Ai de vós, fariseus! Porque gostais dos primeiros assentos nas
sinagogas, e das saudações nas praças.
Luc.11.44- Ai de vós! Porque sois como as sepulturas que não aparecem,
sobre as quais andam os homens sem o saberem.
Luc.11.45- Disse-lhe, então, um dos doutores da lei: Mestre, quando dizes
isso, também nos afrontas a nós.
Luc.11.46- Ele, porém, respondeu: Ai de vós também, doutores da lei! Porque
carregais os homens com fardos difíceis de suportar, e vós mesmos nem ainda com
um dos vossos dedos tocais nesses fardos.
Luc.11.47- Ai de vós! Porque edificais os túmulos dos profetas, e vossos
pais os mataram.
Luc.11.48- Assim sois testemunhas e aprovais as
obras de vossos pais; porquanto eles os mataram, e vós lhes edificais os
túmulos.
Luc.11.49- Por isso diz também a sabedoria de Deus: Profetas e apóstolos
lhes mandarei; e eles matarão uns, e perseguirão
outros;
Luc.11.50- para que a esta geração se peçam contas do sangue de todos os
profetas que, desde a fundação do mundo, foi derramado;
Luc.11.51- desde o sangue de Abel, até o sangue de Zacarias, que foi morto
entre o altar e o santuário; sim, eu vos digo, a esta geração se pedirão
contas.
Luc.11.52- Ai de vós, doutores da lei! Porque tirastes a chave da ciência;
vós mesmos não entrastes, e impedistes aos que entravam.
Luc.11.53- Ao sair ele dali, começaram os escribas e os fariseus a
apertá-lo fortemente, e a interrogá-lo acerca de muitas coisas,
Luc.11.54- armando-lhe ciladas, a fim de o apanharem em alguma coisa que
dissesse.
Luc.12.1- Ajuntando-se entretanto muitos milhares de pessoas, de sorte que
se atropelavam uns aos outros, começou Jesus a dizer primeiro aos seus
discípulos: Acautelai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia.
Luc.12.2- Mas nada há encoberto, que não haja de ser descoberto; nem
oculto, que não haja de ser conhecido.
Luc.12.3- Porquanto tudo o que em trevas
dissestes, à luz será ouvido; e o que falaste ao ouvido no gabinete, dos
eirados será apregoado.
Luc.12.4- Digo-vos, amigos meus:
Não temais os que matam o corpo, e depois disso nada mais
podem fazer.
Luc.12.5- Mas eu vos mostrarei a quem é que deveis
temer; temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno;
sim, digo, a esse temei.
Luc.12.6- Não se vendem cinco passarinhos por dois asses?
E nenhum deles está esquecido diante de Deus.
Luc.12.7- Mas até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não
temais, pois mais valeis vós do que muitos passarinhos.
Luc.12.8- E digo-vos que todo aquele que me confessar
diante dos homens, também o Filho do homem o confessará diante dos anjos de
Deus;
Luc.12.9- mas quem me negar diante dos homens, será negado diante dos anjos
de Deus.
Luc.12.10- E a todo aquele que proferir uma palavra contra o Filho do
homem, isso lhe será perdoado; mas ao que blasfemar contra o Espírito Santo,
não lhe será perdoado.
Luc.12.11- Quando, pois, vos levarem às sinagogas, aos magistrados e às
autoridades, não estejais solícitos de como ou do que haveis de responder, nem
do que haveis de dizer.
Luc.12.12- Porque o Espírito Santo vos ensinará na mesma hora o que deveis
dizer.
Luc.12.13- Disse-lhe alguém dentre a multidão: Mestre, diz a meu irmão que
reparta comigo a herança.
Luc.12.14- Mas ele lhe respondeu: Homem, quem me
constituiu a mim juiz ou repartidor entre vós?
Luc.12.15- E disse ao povo: Acautelai-vos e guardai-vos de toda espécie de
cobiça; porque a vida do homem não consiste na abundância das coisas que
possui.
Luc.12.16- Propôs-lhes então uma parábola, dizendo: O campo de um homem
rico produzira com abundância;
Luc.12.17- e ele arrazoava consigo, dizendo: Que
farei? Pois não tenho onde recolher os meus frutos.
Luc.12.18- Disse então: Farei isto: derribarei os meus celeiros e
edificarei outros maiores, e ali recolherei todos os meus cereais e os meus
bens;
Luc.12.19- e direi à minha alma: Alma, tens em
depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe, regala-te.
Luc.12.20- Mas Deus lhe disse: Insensato, esta noite te
pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?
Luc.12.21- Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para
com Deus.
Luc.12.22- E disse aos seus discípulos: Por isso vos digo: Não estejais
ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer, nem quanto ao corpo,
pelo que haveis de vestir.
Luc.12.23- Pois a vida é mais do que o alimento, e o corpo mais do que o
vestuário.
Luc.12.24- Considerai os corvos, que não semeiam nem ceifam; não têm
despensa nem celeiro; contudo, Deus os alimenta. Quanto mais não valeis vós do
que as aves
Luc.12.25- Ora, qual de vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar
um côvado à sua estatura?
Luc.12.26- Porquanto, se não podeis fazer nem as coisas mínimas, por que
estais ansiosos pelas outras?
Luc.12.27- Considerai os lírios, como crescem; não trabalham, nem fiam;
contudo vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um
deles.
Luc.12.28- Se, pois, Deus assim veste a erva que hoje está no campo e
amanhã é lançada no forno, quanto mais vós, homens de pouca fé?
Luc.12.29- Não procureis, pois, o que haveis de comer, ou o que haveis de
beber, e não andeis preocupados.
Luc.12.30- Porque a todas estas coisas os povos do mundo procuram; mas
vosso Pai sabe que precisais delas.
Luc.12.31- Buscai antes o seu reino, e estas coisas vos serão
acrescentadas.
Luc.12.32- Não temas, ó pequeno rebanho! Porque a vosso Pai agradou dar-vos
o reino.
Luc.12.33- Vendei o que possuís, e dai esmolas. Fazei para vós bolsas que
não envelheçam; tesouro nos céus que jamais acabe, aonde não chega ladrão e a
traça não rói.
Luc.12.34- Porque, onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso
coração.
Luc.12.35- Estejam cingidos os vossos lombos e acesas as vossas candeias;
Luc.12.36- e sede semelhantes a homens que esperam o seu senhor, quando
houver de voltar das bodas, para que, quando vier e bater, logo possam
abrir-lhe.
Luc.12.37- Bem-aventurados aqueles servos, aos quais o senhor, quando vier,
achar vigiando! Em verdade vos digo que se cingirá, e os fará reclinar-se à
mesa e, chegando-se, os servirá.
Luc.12.38- Quer venha na segunda vigília, quer na terceira, bem-aventurados
serão eles, se assim os achar.
Luc.12.39- Sabei, porém, isto: se o dono da casa soubesse a que hora havia
de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa.
Luc.12.40- Estai vós também apercebidos; porque,
numa hora em que não penseis, virá o Filho do homem.
Luc.12.41- Então Pedro perguntou: Senhor, dizes
essa parábola a nós, ou também a todos?
Luc.12.42- Respondeu o Senhor: Qual é, pois, o mordomo fiel e prudente, que
o Senhor porá sobre os seus servos, para lhes dar a tempo a ração?
Luc.12.43- Bem-aventurado aquele servo a quem o seu senhor, quando vier,
achar fazendo assim.
Luc.12.44- Em verdade vos digo que o porá sobre
todos os seus bens.
Luc.12.45- Mas, se aquele servo disser em teu coração: O meu senhor tarda
em vir; e começar a espancar os criados e as criadas, e a comer, a beber e a
embriagar-se,
Luc.12.46- virá o senhor desse servo num dia em que não o
espera, e numa hora de que não sabe, e cortá-lo-á pelo meio, e lhe dará
a sua parte com os infiéis.
Luc.12.47- O servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou,
nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites;
Luc.12.48- mas o que não a soube, e fez coisas que mereciam castigo, com
poucos açoites será castigado. Daquele a quem muito é dado, muito se lhe
requererá; e a quem muito é confiado, mais ainda se lhe pedirá.
Luc.12.49- Vim lançar fogo à terra; e que mais quero, se já está aceso?
Luc.12.50- Há um batismo em que hei-de ser batizado; e como me angustio até
que venha a cumprir-se!
Luc.12.51- Cuidais vós que vim trazer paz à terra? Não, eu vos digo, mas
antes dissensão:
Luc.12.52- pois daqui em diante estarão cinco pessoas numa casa divididas, três
contra duas, e duas contra três;
Luc.12.53- estarão divididos: pai contra filho, e filho contra pai; mãe
contra filha, e filha contra mãe; sogra contra nora, e nora contra sogra.
Luc.12.54- Dizia também às multidões: Quando vedes subir uma nuvem do ocidente,
logo dizeis: Lá vem chuva; e assim sucede;
Luc.12.55- e quando vedes soprar o vento sul dizeis; Haverá calor; e assim
sucede.
Luc.12.56- Hipócritas, sabeis discernir a face da
terra e do céu; como não sabeis então discernir este tempo?
Luc.12.57- E por que não julgais também por vós mesmos o que é justo?
Luc.12.58- Quando, pois, vais com o teu adversário ao magistrado, procura
fazer as pazes com ele no caminho; para que não suceda que ele te arraste ao
juiz, e o juiz te entregue ao meirinho, e o meirinho te lance na prisão
Luc.12.59- Digo-te que não sairás dali enquanto não pagares o derradeiro
lepto.
Luc.13.1- Ora, naquele mesmo tempo estavam presentes
alguns que lhe falavam dos galileus cujo sangue
Pilatos misturara com os sacrifícios deles.
Luc.13.2- Respondeu-lhes Jesus: Pensais vós que esses foram maiores
pecadores do que todos os galileus, por terem padecido tais coisas?
Luc.13.3- Não, eu vos digo; antes, se não vos
arrependerdes, todos de igual modo perecereis.
Luc.13.4- Ou pensais que aqueles dezoito, sobre os
quais caiu a torre de Siloé e os matou, foram mais culpados do que todos os
outros habitantes de Jerusalém?
Luc.13.5- Não, eu vos digo; antes, se não vos
arrependerdes, todos de igual modo perecereis.
Luc.13.6- E passou a narrar esta parábola: Certo homem tinha uma figueira
plantada na sua vinha; e indo procurar fruto nela, e não o achou.
Luc.13.7- Disse então ao viticultor: Eis que há três anos venho procurar
fruto nesta figueira, e não o acho; corta-a; para que ocupa ela ainda a terra inutilmente?
Luc.13.8- Respondeu-lhe ele: Senhor, deixa-a este ano ainda, até que eu
cave ao redor, e lhe deite estrume;
Luc.13.9- e se no futuro der fruto, bem; mas, se não, cortá-la-ás.
Luc.13.10- Jesus estava ensinando numa das sinagogas no sábado.
Luc.13.11- E estava ali uma mulher que tinha um espírito de enfermidade
havia já dezoito anos; e andava encurvada, e não podia de modo algum
endireitar-se.
Luc.13.12- Vendo-a Jesus, chamou-a, e disse-lhe: Mulher,
estás livre da tua enfermidade;
Luc.13.13- e impôs-lhe as mãos e imediatamente ela se endireitou, e
glorificava a Deus.
Luc.13.14- Então o chefe da sinagoga, indignado porque Jesus curara no
sábado, tomando a palavra disse à multidão: Seis dias há em que se deve
trabalhar; vinde, pois, neles para serdes curados, e não no dia de sábado.
Luc.13.15- Respondeu-lhe, porém, o Senhor: Hipócritas, no sábado não
desprende da manjedoura cada um
de vós o seu boi, ou jumento, para o levar a beber?
Luc.13.16- E não devia ser solta desta prisão, no dia de sábado, esta que é
filha de Abraão, a qual há dezoito anos Satanás tinha presa?
Luc.13.17- E dizendo ele essas coisas, todos os
seus adversário ficavam envergonhados; e todo o povo se alegrava por todas as
coisas gloriosas que eram feitas por ele.
Luc.13.18- Ele, pois, dizia: A que é semelhante o reino de Deus, e a que o
compararei?
Luc.13.19- É semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou e lançou
na sua horta; cresceu, e fez-se árvore, e em seus ramos se aninharam as aves do
céu.
Luc.13.20- E disse outra vez: A que compararei o reino de Deus?
Luc.13.21- É semelhante ao fermento que uma mulher tomou e misturou com
três medidas de farinha, até ficar toda ela levedada.
Luc.13.22- Assim percorria Jesus as cidades e as aldeias, ensinando, e
caminhando para Jerusalém.
Luc.13.23- E alguém lhe perguntou: Senhor, são poucos os que se salvam? Ao
que ele lhes respondeu:
Luc.13.24- Porfiai por entrar pela porta estreita; porque eu vos digo que
muitos procurarão entrar, e não poderão.
Luc.13.25- Quando o dono da casa se tiver levantado e cerrado a porta, e
vós começardes, de fora, a bater à porta, dizendo: Senhor,
abre-nos; e ele vos responder: Não sei donde vós sois;
Luc.13.26- então começareis a dizer: Comemos e
bebemos na tua presença, e tu ensinaste nas nossas ruas;
Luc.13.27- e ele vos responderá: Não sei donde
sois; apartai-vos de mim, vós todos os que praticais a iniquidade.
Luc.13.28- Ali haverá choro e ranger de dentes quando virdes Abraão,
Isaque, Jacob e todos os profetas no reino de Deus, e vós lançados fora.
Luc.13.29- Muitos virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e
reclinar-se-ão à mesa no reino de Deus.
Luc.13.30- Pois há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão
últimos.
Luc.13.31- Naquela mesma hora chegaram alguns fariseus que lhe disseram:
Sai, e retira-te daqui, porque Herodes quer matar-te.
Luc.13.32- Respondeu-lhes Jesus: Ide e dizei a essa raposa: Eis que vou
expulsando demónios e fazendo curas, hoje e amanhã, e no terceiro dia serei
consumado.
Luc.13.33- Importa, contudo, caminhar hoje, amanhã, e no dia seguinte;
porque não convém que morra um profeta fora de Jerusalém.
Luc.13.34- Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que
a ti são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha
ajunta a sua ninhada debaixo das asas, e não quiseste!
Luc.13.35- Eis aí, abandonada vos é a vossa casa. E eu vos digo que não me
vereis até que venha o tempo em que digais: Bendito aquele que vem em nome do
Senhor.
Luc.14.1- Tendo Jesus entrado, num sábado, em casa de um dos chefes dos
fariseus para comer pão, eles o estavam observando.
Luc.14.2- Achava-se ali diante dele certo homem hidrópico.
Luc.14.3- E Jesus, tomando a palavra, falou aos doutores da lei e aos
fariseus, e perguntou: É lícito curar no sábado, ou não?
Luc.14.4- Eles, porém, ficaram calados. E Jesus, pegando no homem, o curou,
e o despediu.
Luc.14.5- Então lhes perguntou: Qual de vós, se lhe cair num poço um filho,
ou um boi, não o tirará logo, mesmo em dia de sábado?
Luc.14.6- A isto nada puderam responder.
Luc.14.7- Ao notar como os convidados escolhiam os primeiros lugares,
propôs-lhes esta parábola:
Luc.14.8- Quando por alguém fores convidado às bodas, não te reclines no
primeiro lugar; não aconteça que esteja convidado outro mais digno do que tu;
Luc.14.9- e vindo o que te convidou a ti e a ele, te diga: Dá o lugar a
este; e então, com vergonha, tenhas de tomar o último lugar.
Luc.14.10- Mas, quando fores convidado, vai e reclina-te no último lugar,
para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, sobe mais para cima.
Então terás honra diante de todos os que estiverem contigo à mesa.
Luc.14.11- Porque todo o que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele
que a si mesmo se humilhar será exaltado.
Luc.14.12- Disse também ao que o havia convidado: Quando deres um jantar,
ou uma ceia, não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem
os vizinhos ricos, para que não suceda que também eles te tornem a convidar, e
te seja isso retribuído.
Luc.14.13- Mas quando deres um banquete, convida os pobres, os aleijados,
os mancos e os cegos;
Luc.14.14- e serás bem-aventurado; porque eles não têm com que te
retribuir; pois retribuído te será na ressurreição dos justos.
Luc.14.15- Ao ouvir isso um
dos que estavam com ele à mesa, disse-lhe: Bem-aventurado aquele que comer pão
no reino de Deus.
Luc.14.16- Jesus, porém, lhe disse: Certo homem dava uma grande ceia, e
convidou a muitos.
Luc.14.17- E à hora da ceia mandou o seu servo dizer aos convidados: vinde,
porque tudo já está preparado.
Luc.14.18- Mas todos à uma começaram a escusar-se. Disse-lhe o primeiro:
Comprei um campo, e preciso ir vê-lo; rogo-te que me dês por escusado.
Luc.14.19- Outro disse: Comprei cinco juntas de bois, e vou
experimentá-los; rogo-te que me dês por escusado.
Luc.14.20- Ainda outro disse: Casei-me e portanto não posso ir.
Luc.14.21- Voltou o servo e contou tudo isto a seu senhor: Então o dono da
casa, indignado, disse a seu servo: Sai depressa para as ruas e becos da cidade
e traz aqui os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos.
Luc.14.22- Depois disse o servo: Senhor, feito está como o ordenaste, e
ainda há lugar.
Luc.14.23- Respondeu o senhor ao servo: Sai pelos caminhos e valados, e
obriga-os a entrar, para que a minha casa se encha.
Luc.14.24- Pois eu vos digo que nenhum daqueles
homens que foram convidados provará a minha ceia.
Luc.14.25- Ora, iam com ele grandes multidões; e, voltando-se, disse-lhes:
Luc.14.26- Se alguém vier a mim, e não aborrecer a pai e mãe, a mulher e
filhos, a irmãos e irmãs, e ainda também à própria vida, não pode ser meu
discípulo.
Luc.14.27- Quem não leva a sua cruz e não me segue, não pode ser meu
discípulo.
Luc.14.28- Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se senta
primeiro a calcular as despesas, para ver se tem com que a acabar?
Luc.14.29- Para não acontecer que, depois de haver posto os alicerces, e
não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a zombar dele,
Luc.14.30- dizendo: Este homem começou a edificar e não pode acabar.
Luc.14.31- Ou qual é o rei que, indo entrar em guerra contra outro rei, não
se senta primeiro a consultar se com dez mil pode sair ao encontro do que vem
contra ele com vinte mil?
Luc.14.32- No caso contrário, enquanto o outro ainda está longe, manda
embaixadores, e pede condições de paz.
Luc.14.33- Assim, pois, todo aquele dentre vós que
não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo.
Luc.14.34- Bom é o sal; mas se o sal se tornar insípido, com que se há-de
restaurar-lhe o sabor?
Luc.14.35- Não presta nem para terra, nem para adubo; lançam-no fora. Quem
tem ouvidos para ouvir, ouça.
Luc.15.1- Ora, chegavam-se a ele todos os publicanos e pecadores para o
ouvir.
Luc.15.2- E os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo: Este recebe
pecadores, e come com eles.
Luc.15.3- Então ele lhes propôs esta parábola:
Luc.15.4- Qual de vós é o homem que, possuindo cem ovelhas, e perdendo uma
delas, não deixa as noventa e nove no deserto, e não vai após a perdida até que
a encontre?
Luc.15.5- E achando-a, põe-na sobre os ombros, cheio de júbilo;
Luc.15.6- e chegando a casa, reúne os amigos e vizinhos e lhes diz:
Alegrai-vos comigo, porque achei a minha ovelha que se havia perdido.
Luc.15.7- Digo-vos que assim haverá maior alegria
no céu por um pecador que se arrepende, do que por noventa e nove justos que
não necessitam de arrependimento.
Luc.15.8- Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas e perdendo uma dracma,
não acende a candeia, e não varre a casa, buscando com diligência até
encontrá-la?
Luc.15.9- E achando-a, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos
comigo, porque achei a dracma que eu havia perdido.
Luc.15.10- Assim, digo-vos, há alegria na presença
dos anjos de Deus por um só pecador que se arrepende.
Luc.15.11- Disse-lhe mais: Certo homem tinha dois filhos.
Luc.15.12- O mais moço deles disse ao pai: Pai,
dá-me a parte dos bens que me toca. Repartiu-lhes, pois, os seus haveres.
Luc.15.13- Poucos dias depois, o filho mais moço ajuntando tudo, partiu
para um país distante, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente.
Luc.15.14- E, havendo ele dissipado tudo, houve naquela terra uma grande
fome, e começou a passar necessidades.
Luc.15.15- Então foi encontrar-se a um dos cidadãos daquele país, o qual o
mandou para os seus campos a apascentar porcos.
Luc.15.16- E desejava encher o estômago com as alfarrobas que os porcos
comiam; e ninguém lhe dava nada.
Luc.15.17- Caindo, porém, em si, disse: Quantos empregados de meu pai têm
abundância de pão, e eu aqui pereço de fome!
Luc.15.18- Levantar-me-ei, irei ter com meu pai e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e diante de ti;
Luc.15.19- já não sou digno de ser chamado teu
filho; trata-me como um dos teus empregados.
Luc.15.20- Levantou-se, pois, e foi para seu pai. Estando ele ainda longe,
seu pai o viu, encheu-se de compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o
beijou.
Luc.15.21- Disse-lhe o filho: Pai, pequei conta o céu e diante de ti; já
não sou digno de ser chamado teu filho.
Luc.15.22- Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa,
e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e alparcas nos pés;
Luc.15.23- trazei também o bezerro, cevado e
matai-o; comamos, e regozijemo-nos,
Luc.15.24- porque este meu filho estava morto, e reviveu; tinha-se perdido,
e foi achado. E começaram a regozijar-se.
Luc.15.25- Ora, o seu filho mais velho estava no campo; e quando voltava,
ao aproximar-se de casa, ouviu a música e as danças;
Luc.15.26- e chegando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo.
Luc.15.27- Respondeu-lhe este: Chegou teu irmão; e teu pai matou o bezerro
cevado, porque o recebeu são e salvo.
Luc.15.28- Mas ele se indignou e não queria
entrar. Saiu então o pai e instava com ele.
Luc.15.29- Ele, porém, respondeu ao pai: Eis que há tantos anos te sirvo, e
nunca transgredi um mandamento teu; contudo nunca me deste um cabrito para eu
me regozijar com os meus amigos;
Luc.15.30- vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com
as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado.
Luc.15.31- Replicou-lhe o pai: Filho, tu sempre estás comigo, e tudo o que
é meu é teu;
Luc.15.32- era justo, porém, regozijarmo-nos e alegramo-nos, porque este
teu irmão estava morto, e reviveu; tinha-se perdido, e foi achado.
Luc.16.1- Dizia Jesus também aos seus discípulos: Havia certo homem rico,
que tinha um mordomo; e este foi acusado perante ele de estar dissipando os
seus bens.
Luc.16.2- Chamou-o, então, e lhe disse: Que é isso que ouço dizer de ti?
Presta contas da tua mordomia; porque já não podes mais ser meu mordomo.
Luc.16.3- Disse, pois, o mordomo consigo: Que
hei-de fazer, já que o meu senhor me tira a mordomia? Para cavar, não tenho
forças; de mendigar, tenho vergonha.
Luc.16.4- Agora sei o que vou fazer, para que,
quando for desapossado da mordomia, me recebam em suas casas.
Luc.16.5- E chamando a si cada um dos devedores do
seu senhor, perguntou ao primeiro: Quanto deves ao meu senhor?
Luc.16.6- Respondeu ele: Cem medidas de azeite.
Disse-lhe então: Toma a tua conta, senta-te depressa e escreve cinquenta.
Luc.16.7- Perguntou depois a outro: E tu, quanto deves? Respondeu ele: Cem
coros de trigo. E disse-lhe: Toma a tua conta e escreve oitenta.
Luc.16.8- E louvou aquele senhor ao injusto mordomo por haver procedido com
sagacidade; porque os filhos deste mundo são mais sagazes para com a sua
geração do que os filhos da luz.
Luc.16.9- Eu vos digo ainda: Granjeai amigos por
meio das riquezas da injustiça; para que, quando estas vos faltarem, vos
recebam eles nos tabernáculos eternos.
Luc.16.10- Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito; quem é injusto no
pouco, também é injusto no muito.
Luc.16.11- Se, pois, nas riquezas injustas não fostes
fiéis, quem vos confiará as verdadeiras?
Luc.16.12- E se no alheio não fostes fiéis, quem vos dará o que é vosso?
Luc.16.13- Nenhum servo pode servir dois senhores; porque ou há-de odiar a
um e amar ao outro, ou o há-de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis
servir a Deus e às riquezas.
Luc.16.14- Os fariseus, que eram gananciosos, ouviam todas essas coisas e
zombavam dele.
Luc.16.15- E ele lhes disse: Vós sois os que vos
justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece os vossos
corações; porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.
Luc.16.16- A lei e os profetas vigoraram até João; desde então é anunciado
o evangelho do reino de Deus, e todo homem se esforça por entrar nele.
Luc.16.17- É, porém, mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til
da lei.
Luc.16.18- Todo aquele que repudia sua mulher e casa com outra, comete
adultério; e quem casa com a que foi repudiada pelo marido, também comete
adultério.
Luc.16.19- Ora, havia um homem rico que se vestia de púrpura e de linho
finíssimo, e todos os dias se regalava esplendidamente.
Luc.16.20- Ao seu portão fora deitado um mendigo, chamado Lázaro, todo
coberto de úlceras;
Luc.16.21- o qual desejava alimentar-se com as migalhas que caíam da mesa
do rico; e os próprios cães vinham lamber-lhe as úlceras.
Luc.16.22- Veio a morrer o mendigo, e foi levado pelos anjos para o seio de
Abraão; morreu também o rico, e foi sepultado.
Luc.16.23- No hades, ergueu os olhos, estando em
tormentos, e viu ao longe a Abraão, e a Lázaro no seu seio.
Luc.16.24- E, clamando, disse: Pai Abraão, tem
misericórdia de mim, e envia-me Lázaro, para que molhe na água a ponta do dedo
e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama.
Luc.16.25- Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que em tua vida
recebeste os teus bens, e Lázaro de igual modo os males; agora, porém, ele aqui
é consolado, e tu atormentado.
Luc.16.26- E além disso, entre nós e vós está posto um grande abismo, de
sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem os de lá
passar para nós.
Luc.16.27- Disse ele então: Rogo-te, pois, ó pai, que o mandes à casa de
meu pai,
Luc.16.28- porque tenho cinco irmãos; para que
lhes dê testemunho, a fim de que não venham eles também para este lugar de
tormento.
Luc.16.29- Disse-lhe Abraão: Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos.
Luc.16.30- Respondeu ele: Não! Pai Abraão; mas, se
alguém dentre os mortos for ter com eles, hão de se arrepender.
Luc.16.31- Abraão, porém, lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos profetas,
tampouco acreditarão, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos.
Luc.17.1- Disse Jesus a seus discípulos: É impossível que não venham
tropeços, mas ai daquele por quem vierem!
Luc.17.2- Melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de
moinho e fosse lançado ao mar, do que fazer tropeçar um destes pequeninos.
Luc.17.3- Tende cuidado de vós mesmos; se teu irmão pecar, repreende-o; e
se ele se arrepender, perdoa-lhe.
Luc.17.4- Mesmo se pecar contra ti sete vezes no dia, e sete vezes vier ter
contigo, dizendo: Arrependo-me; tu lhe perdoarás.
Luc.17.5- Disseram então os apóstolos ao Senhor: Aumenta-nos a fé.
Luc.17.6- Respondeu o Senhor: Se tivésseis fé como um grão de mostarda,
diríeis a esta amoreira: Desarreiga-te, e planta-te no mar; e ela vos obedeceria.
Luc.17.7- Qual de vós, tendo um servo a lavrar ou a apascentar gado, lhe
dirá, ao voltar ele do campo: chega-te já, e reclina-te à mesa?
Luc.17.8- Não lhe dirá antes: Prepara-me a ceia, e cinge-te, e serve-me,
até que eu tenha comido e bebido, e depois comerás tu e beberás?
Luc.17.9- Porventura agradecerá ao servo, porque este fez o que lhe foi
mandado?
Luc.17.10- Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado,
dizei: Somos servos inúteis; fizemos somente o que devíamos fazer.
Luc.17.11- E aconteceu que, indo ele a Jerusalém, passava pela divisa entre
a Samaria e a Galileia.
Luc.17.12- Ao entrar em certa aldeia, saíram-lhe ao encontro dez leprosos,
os quais pararam de longe,
Luc.17.13- e levantaram a voz, dizendo: Jesus, Mestre, tem compaixão de
nós!
Luc.17.14- Ele, logo que os viu, disse-lhes: Ide, e mostrai-vos aos
sacerdotes. E aconteceu que, enquanto iam, ficaram limpos.
Luc.17.15- Um deles, vendo que fora curado, voltou glorificando a Deus em
alta voz;
Luc.17.16- e prostrou-se com o rosto em terra aos pés de Jesus, dando-lhe
graças; e este era samaritano.
Luc.17.17- Perguntou, pois, Jesus: Não foram limpos os dez? E os nove, onde
estão?
Luc.17.18- Não se achou quem voltasse para dar glória a Deus, senão este
estrangeiro?
Luc.17.19- E disse-lhe: Levanta-te, e vai; a tua fé te salvou.
Luc.17.20- Sendo Jesus interrogado pelos fariseus sobre quando viria o
reino de Deus, respondeu-lhes: O reino de Deus não vem com aparência exterior;
Luc.17.21- nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo ali! Pois o reino de Deus está
dentro de vós.
Luc.17.22- Então disse aos discípulos: Dias virão em que desejareis ver um
dos dias do Filho do homem, e não o vereis.
Luc.17.23- Dir-vos-ão: Ei-lo ali! Ou: Ei-lo aqui! Não vades, nem os sigais;
Luc.17.24- Pois, assim como o relâmpago, fuzilando em uma extremidade do
céu, ilumina até a outra extremidade, assim será também o Filho do homem no seu
dia.
Luc.17.25- Mas primeiro é necessário que ele padeça muitas coisas, e que
seja rejeitado por esta geração.
Luc.17.26- Como aconteceu nos dias de Noé, assim também será nos dias do
Filho do homem.
Luc.17.27- Comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até o dia em
que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio e os destruiu a todos.
Luc.17.28- Como também da mesma forma aconteceu nos dias de Lot: comiam,
bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam;
Luc.17.29- mas no dia em que Lot saiu de Sodoma choveu do céu fogo e
enxofre, e os destruiu a todos;
Luc.17.30- assim será no dia em que o Filho do homem se há-de manifestar.
Luc.17.31- Naquele dia, quem estiver no eirado, tendo os seus bens em casa,
não desça para tirá-los; e, da mesma sorte, o que estiver no campo, não volte
para trás.
Luc.17.32- Lembrai-vos da mulher de Lot.
Luc.17.33- Qualquer que procurar preservar a sua vida, perdê-la-á, e
qualquer que a perder, conservá-la-á.
Luc.17.34- Digo-vos: Naquela noite estarão dois
numa cama; um será tomado, e o outro será deixado.
Luc.17.35- Duas mulheres estarão juntas moendo; uma será tomada, e a outra
será deixada.
Luc.17.36- [Dois homens estarão no campo; um será tomado, e o outro será
deixado.]
Luc.17.37- Perguntaram-lhe: Onde, Senhor? E respondeu-lhes: Onde estiver o
corpo, aí se ajuntarão também os abutres.
Luc.18.1- Contou-lhes também uma parábola sobre o dever de orar sempre, e
nunca desfalecer.
Luc.18.2- dizendo: Havia em certa cidade um juiz que não temia a Deus, nem
respeitava os homens.
Luc.18.3- Havia também naquela mesma cidade uma viúva que ia ter com ele,
dizendo: Faz-me justiça contra o meu adversário.
Luc.18.4- E por algum tempo não quis atendê-la; mas depois disse consigo:
Ainda que não temo a Deus, nem respeito os homens,
Luc.18.5- todavia, como esta viúva me incomoda, hei-de fazer-lhe justiça,
para que ela não continue a vir molestar-me.
Luc.18.6- Prosseguiu o Senhor: Ouvi o que diz esse juiz injusto.
Luc.18.7- E não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que dia e noite
clamam a ele, já que é longânime para com eles?
Luc.18.8- Digo-vos que depressa lhes fará justiça.
Contudo quando vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?
Luc.18.9- Propôs também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos,
crendo que eram justos, e desprezavam os outros:
Luc.18.10- Dois homens subiram ao templo para orar; um fariseu, e o outro
publicano.
Luc.18.11- O fariseu, de pé, assim orava consigo mesmo: Ó Deus, graças te dou que não sou como os demais homens, ladrões, injustos,
adúlteros, nem ainda com este publicano.
Luc.18.12- Jejuo duas vezes na semana, e dou o dízimo de tudo quanto ganho.
Luc.18.13- Mas o publicano, estando em pé de longe, nem ainda queria
levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus,
sê propício a mim, o pecador!
Luc.18.14- Digo-vos que este desceu justificado
para sua casa, e não aquele; porque todo o que a si mesmo se exaltar será
humilhado; mas o que a si mesmo se humilhar será exaltado.
Luc.18.15- Traziam-lhe também as crianças, para que as tocasse; mas os
discípulos, vendo isso, os repreendiam.
Luc.18.16- Jesus, porém, chamando-as para si, disse: Deixai vir a mim as
crianças, e não as impeçais, porque de tais é o reino de Deus.
Luc.18.17- Em verdade vos digo que, qualquer que não receber o reino de
Deus como criança, de modo algum entrará nele.
Luc.18.18- E perguntou-lhe um dos principais: Bom Mestre, que hei-de fazer
para herdar a vida eterna?
Luc.18.19- Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Ninguém é bom, senão
um, que é Deus.
Luc.18.20- Sabes os mandamentos: Não adulterarás; não matarás; não furtarás;
não dirás falso testemunho; honra a teu pai e a tua mãe.
Luc.18.21- Replicou o homem: Tudo isso tenho
guardado desde a minha juventude.
Luc.18.22- Quando Jesus ouviu isso, disse-lhe: Ainda te falta uma coisa;
vende tudo quanto tens e reparte-o pelos pobres, e terás um tesouro no céu; e
vem, segue-me.
Luc.18.23- Mas, ouvindo ele isso,
encheu-se de tristeza; porque era muito rico.
Luc.18.24- E Jesus, vendo-o assim, disse: Quão dificilmente entrarão no
reino de Deus os que têm riquezas!
Luc.18.25- Pois é mais fácil um camelo passar pelo fundo duma agulha, do
que entrar um rico no reino de Deus.
Luc.18.26- Então os que ouviram isso disseram: Quem pode, então, ser salvo?
Luc.18.27- Respondeu-lhes: As coisas que são impossíveis aos homens são
possíveis a Deus.
Luc.18.28- Disse-lhe Pedro: Eis que nós deixamos tudo, e te seguimos.
Luc.18.29- Respondeu-lhes Jesus: Em verdade vos digo que ninguém há que
tenha deixado casa, ou mulher, ou irmãos, ou pais, ou filhos, por amor do reino
de Deus,
Luc.18.30- que não haja de receber no presente muito mais, e no mundo
vindouro a vida eterna.
Luc.18.31- Tomando Jesus consigo os doze,
disse-lhes: Eis que subimos a Jerusalém e se cumprirá no filho do homem tudo o
que pelos profetas foi escrito;
Luc.18.32- pois será entregue aos gentios, e escarnecido, injuriado e
cuspido;
Luc.18.33- e depois de o açoitarem, o matarão; e ao terceiro dia
ressurgirá.
Luc.18.34- Mas eles não entenderam nada disso;
essas palavras lhes eram obscuras, e não percebiam o que lhes dizia.
Luc.18.35- Ora, quando ele ia chegando a Jericó, estava um cego sentado
junto do caminho, mendigando.
Luc.18.36- Este, pois, ouvindo passar a multidão, perguntou que era aquilo.
Luc.18.37- Disseram-lhe que Jesus, o nazareno, ia passando.
Luc.18.38- Então ele se pôs a clamar, dizendo:
Jesus, Filho de David, tem compaixão de mim!
Luc.18.39- E os que iam à frente repreendiam-no, para que se calasse; ele,
porém, clamava ainda mais: Filho de David, tem
compaixão de mim!
Luc.18.40- Parou, pois, Jesus, e mandou que lho trouxessem. Tendo ele
chegado, perguntou-lhe:
Luc.18.41- Que queres que te faça? Respondeu ele:
Senhor, que eu veja.
Luc.18.42- Disse-lhe Jesus: Vê; a tua fé te salvou.
Luc.18.43- Imediatamente recuperou a vista, e o foi seguindo, glorificando
a Deus. E todo o povo, vendo isso, dava louvores a Deus.
Luc.19.1- Tendo Jesus entrado em Jericó, ia atravessando a cidade.
Luc.19.2- Havia ali um homem chamado Zaqueu, o qual era chefe de publicanos
e era rico.
Luc.19.3- Este procurava ver quem era Jesus, e não podia, por causa da
multidão, porque era de pequena estatura.
Luc.19.4- E correndo adiante, subiu a um si cômoro a fim de vê-lo, porque
havia de passar por ali.
Luc.19.5- Quando Jesus chegou àquele lugar, olhou para cima e disse-lhe:
Zaqueu, desce depressa; porque importa que eu fique
hoje em tua casa.
Luc.19.6- Desceu, pois, a toda a pressa, e o recebeu com alegria.
Luc.19.7- Ao verem isso, todos murmuravam, dizendo: Entrou para ser hóspede
de um homem pecador.
Luc.19.8- Zaqueu, porém, levantando-se, disse ao Senhor: Eis aqui, Senhor, dou aos pobres metade dos meus bens; e se em alguma coisa
tenho defraudado alguém, eu lho restituo quadruplicado.
Luc.19.9- Disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, porquanto também
este é filho de Abraão.
Luc.19.10- Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia
perdido.
Luc.19.11- Ouvindo eles isso, prosseguiu Jesus, e
contou uma parábola, visto estar ele perto de Jerusalém, e pensarem eles que o
reino de Deus se havia de manifestar imediatamente.
Luc.19.12- Disse pois: Certo homem nobre partiu para uma terra longínqua, a
fim de tomar posse de um reino e depois voltar.
Luc.19.13- E chamando dez servos seus, deu-lhes dez minas, e disse-lhes:
Negociai até que eu venha.
Luc.19.14- Mas os seus concidadãos odiavam-no, e enviaram após ele uma
embaixada, dizendo: Não queremos que este homem reine sobre nós.
Luc.19.15- E sucedeu que, ao voltar ele, depois de ter tomado posse do
reino, mandou chamar aqueles servos a quem entregara o dinheiro, a fim de saber
como cada um havia negociado.
Luc.19.16- Apresentou-se, pois, o primeiro, e disse: Senhor, a tua mina
rendeu dez minas.
Luc.19.17- Respondeu-lhe o senhor: Bem está, servo bom! Porque no mínimo
foste fiel, sobre dez cidades terás autoridade.
Luc.19.18- Veio o segundo, dizendo: Senhor, a tua mina rendeu cinco minas.
Luc.19.19- A este também respondeu: Sê tu também sobre cinco cidades.
Luc.19.20- E veio outro, dizendo: Senhor, eis aqui a tua mina, que guardei
num lenço;
Luc.19.21- pois tinha medo de ti, porque és homem severo; tomas o que não
puseste, e ceifas o que não semeaste.
Luc.19.22- Disse-lhe o Senhor: Servo mau! Pela tua boca te julgarei. Sabias
que eu sou homem severo, que tomo o que não pus, e ceifo o que não semeei;
Luc.19.23- por que, pois, não puseste o meu dinheiro no banco? Então vindo
eu, o teria retirado com os juros.
Luc.19.24- E disse aos que estavam ali: Tirai-lhe a mina, e dai-a ao que
tem as dez minas.
Luc.19.25- Responderam-lhe eles: Senhor, ele tem dez minas.
Luc.19.26- Pois eu vos digo que a todo o que tem,
dar-se-lhe-á; mas ao que não tem, até aquilo que tem ser-lhe-á tirado.
Luc.19.27- Quanto, porém, àqueles meus inimigos que não quiseram que eu
reinasse sobre eles, trazei-os aqui, e matai-os diante de mim.
Luc.19.28- Tendo Jesus assim falado, ia caminhando adiante deles, subindo
para Jerusalém.
Luc.19.29- Ao aproximar-se de Betfagé e de Betânia, junto do monte que se
chama das Oliveiras, enviou dois dos discípulos,
Luc.19.30- dizendo-lhes: Ide à aldeia que está defronte, e aí, ao entrar,
achareis preso um jumentinho em que ninguém jamais montou; desprendei-o e
trazei-o.
Luc.19.31- Se alguém vos perguntar: Por que o desprendeis? Respondereis
assim: O Senhor precisa dele.
Luc.19.32- Partiram, pois, os que tinham sido enviados, e acharam conforme
lhes dissera.
Luc.19.33- Enquanto desprendiam o jumentinho, os seus donos lhes
perguntaram: Por que desprendeis o jumentinho?
Luc.19.34- Responderam eles: O Senhor precisa
dele.
Luc.19.35- Trouxeram-no, pois, a Jesus e, lançando os seus mantos sobre o
jumentinho, fizeram que Jesus montasse.
Luc.19.36- E, enquanto ele ia passando, outros estendiam no caminho os seus
mantos.
Luc.19.37- Quando já ia chegando à descida do Monte das Oliveiras, toda a
multidão dos discípulos, regozijando-se, começou a louvar a Deus em alta voz,
por todos os milagres que tinha visto,
Luc.19.38- dizendo: Bendito o Rei que vem em nome do Senhor; Paz no céu, e
glória nas alturas.
Luc.19.39- Nisso, disseram-lhe alguns dos fariseus dentre a multidão:
Mestre, repreende os teus discípulos.
Luc.19.40- Ao que ele respondeu: Digo-vos que, se estes se calarem, as
pedras clamarão.
Luc.19.41- E quando chegou perto e viu a cidade, chorou sobre ela,
Luc.19.42- dizendo: Ah! Se tu conhecesses, ao menos neste dia, o que te
poderia trazer a paz! Mas agora isso está encoberto aos teus olhos.
Luc.19.43- Porque dias virão sobre ti em que os teus inimigos te cercarão
de trincheiras, e te sitiarão, e te apertarão de todos os lados,
Luc.19.44- e te derribarão, a ti e aos teus filhos que dentro de ti
estiverem; e não deixarão em ti pedra sobre pedra,
porque não conheceste o tempo da tua visitação.
Luc.19.45- Então, entrando ele no templo, começou a expulsar os que ali
vendiam,
Luc.19.46- dizendo-lhes: Está escrito: A minha casa será casa de oração;
vós, porém, a fizestes covil de salteadores.
Luc.19.47- E todos os dias ensinava no templo; mas os principais
sacerdotes, os escribas, e os principais do povo procuravam matá-lo;
Luc.19.48- mas não achavam meio de o fazer; porque todo o povo ficava
enlevado ao ouvi-lo.
Luc.20.1- Num desses dias, quando Jesus ensinava o povo no templo, e
anunciava o evangelho, sobrevieram os principais sacerdotes e os escribas, com
os anciãos.
Luc.20.2- e falaram-lhe deste modo: Diz-nos, com que autoridade fazes tu estas coisas? Ou, quem é o que te deu esta
autoridade?
Luc.20.3- Respondeu-lhes ele: Eu também vos farei uma pergunta; dizei-me,
pois:
Luc.20.4- O batismo de João era do céu ou dos homens?
Luc.20.5- Ao que eles arrazoavam entre si: Se dissermos: do céu, ele dirá:
Por que não crestes?
Luc.20.6- Mas, se dissermos: Dos homens, todo o
povo nos apedrejará; pois está convencido de que João era profeta.
Luc.20.7- Responderam, pois, que não sabiam donde era.
Luc.20.8- Replicou-lhes Jesus: Nem eu vos digo com que autoridade faço estas coisas.
Luc.20.9- Começou então a dizer ao povo esta parábola: Um homem plantou uma
vinha, arrendou-a a uns lavradores, e ausentou-se do país por muito tempo.
Luc.20.10- No tempo próprio mandou um servo aos lavradores, para que lhe
dessem dos frutos da vinha; mas os lavradores, espancando-o, mandaram-no embora
de mãos vazias.
Luc.20.11- Tornou a mandar outro servo; mas eles espancaram também a este
e, afrontando-o, mandaram-no embora de mãos vazias.
Luc.20.12- E mandou ainda um terceiro; mas feriram também a este e
lançaram-no fora.
Luc.20.13- Disse então o senhor da vinha: Que farei? Mandarei o meu filho
amado; a ele talvez respeitarão.
Luc.20.14- Mas quando os lavradores o viram, arrazoaram entre si, dizendo:
Este é o herdeiro; matemo-lo, para que a herança seja nossa.
Luc.20.15- E lançando-o fora da vinha, o mataram. Que lhes fará, pois, o
senhor da vinha?
Luc.20.16- Virá e destruirá esses lavradores, e dará a vinha a outros.
Ouvindo eles isso, disseram:
Tal não aconteça!
Luc.20.17- Mas Jesus, olhando para eles, disse: Pois, que quer dizer isto
que está escrito: A pedra que os edificadores rejeitaram, essa foi posta como
pedra angular?
Luc.20.18- Todo o que cair sobre esta pedra será despedaçado; mas aquele
sobre quem ela cair será reduzido a pó.
Luc.20.19- Ainda na mesma hora os escribas e os principais sacerdotes,
percebendo que contra eles proferira essa parábola, procuraram deitar-lhe as
mãos, mas temeram o povo.
Luc.20.20- E, aguardando oportunidade, mandaram espias, os quais se fingiam
justos, para o apanharem em alguma palavra, e o entregarem à jurisdição e à
autoridade do governador.
Luc.20.21- Estes, pois, o interrogaram, dizendo: Mestre, sabemos que falas
e ensinas rectamente, e que não consideras a aparência da pessoa, mas ensinas
segundo a verdade o caminho de Deus;
Luc.20.22- é-nos lícito dar tributo a César, ou não?
Luc.20.23- Mas Jesus, percebendo a astúcia deles, disse-lhes:
Luc.20.24- Mostrai-me um denário. De quem é a
imagem e a inscrição que ele tem? Responderam: De César.
Luc.20.25- Disse-lhes então: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus
o que é de Deus.
Luc.20.26- E não puderam apanhá-lo em palavra alguma diante do povo; e
admirados da sua resposta, calaram-se.
Luc.20.27- Chegaram então alguns dos saduceus, que dizem não haver
ressurreição, e perguntaram-lhe:
Luc.20.28- Mestre, Moisés nos deixou escrito que se morrer alguém, tendo
mulher mas não tendo filhos, o irmão dele case com a viúva, e suscite
descendência ao irmão.
Luc.20.29- Havia, pois, sete irmãos. O primeiro casou-se e morreu sem
filhos;
Luc.20.30- então o segundo, e depois o terceiro, casaram com a viúva;
Luc.20.31- e assim todos os sete, e morreram, sem deixar filhos.
Luc.20.32- Depois morreu também a mulher.
Luc.20.33- Portanto, na ressurreição, de qual deles será ela esposa, pois
os sete por esposa a tiveram?
Luc.20.34- Respondeu-lhes Jesus: Os filhos deste mundo casaram-se e dão-se
em casamento;
Luc.20.35- mas os que são julgados dignos de alcançar o mundo vindouro, e a
ressurreição dentre os mortos, nem se casam nem se dão em casamento;
Luc.20.36- porque já não podem mais morrer; pois são iguais aos anjos, e
são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição.
Luc.20.37- Mas que os mortos hão-de ressurgir, o
próprio Moisés o mostrou, na passagem a respeito da sarça, quando chama ao
Senhor; Deus de Abraão, e Deus de Isaque, e Deus de Jacob.
Luc.20.38- Ora, ele não é Deus de mortos, mas de vivos; porque para ele todos
vivem.
Luc.20.39- Responderam alguns dos escribas: Mestre, disseste bem.
Luc.20.40- Não ousavam, pois, perguntar-lhe mais coisa alguma.
Luc.20.41- Jesus, porém, lhes perguntou: Como dizem que o Cristo é filho de
David?
Luc.20.42- Pois o próprio David diz no livro dos Salmos: Disse o Senhor ao
meu Senhor: Assenta-te à minha direita,
Luc.20.43- até que eu ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés.
Luc.20.44- Logo David lhe chama Senhor como, pois, é ele seu filho?
Luc.20.45- Enquanto todo o povo o ouvia, disse Jesus aos seus discípulos:
Luc.20.46- Guardai-vos dos escribas, que querem andar com vestes compridas,
e gostam das saudações nas praças, dos primeiros assentos nas sinagogas, e dos
primeiros lugares nos banquetes;
Luc.20.47- que devoram as casas das viúvas, fazendo, por pretexto, longas
orações; estes hão-de receber maior condenação.
Luc.21.1- Jesus, levantando os olhos, viu os ricos deitarem as suas ofertas
no cofre;
Luc.21.2- viu também uma pobre viúva lançar ali dois leptos;
Luc.21.3- e disse: Em verdade vos digo que esta pobre viúva deu mais do que
todos;
Luc.21.4- porque todos aqueles deram daquilo que lhes sobrava; mas esta, da
sua pobreza, deu tudo o que tinha para o seu sustento.
Luc.21.5- E falando-lhe alguns a respeito do templo, como estava ornado de
formosas pedras e dádivas, disse ele:
Luc.21.6- Quanto a isto que vedes, dias virão em que não se deixará aqui
pedra sobre pedra, que não seja derribada.
Luc.21.7- Perguntaram-lhe então: Mestre, quando, pois, sucederão estas
coisas? E que sinal haverá, quando elas estiverem para se cumprir?
Luc.21.8- Respondeu então ele: Acautelai-vos; não sejais enganados; porque
virão muitos em meu nome, dizendo: Sou eu; e: O tempo é chegado! Não vades após
eles.
Luc.21.9- Quando ouvirdes de guerras e tumultos, não vos assusteis; pois é necessário que primeiro aconteçam essas coisas; mas o fim
não será logo.
Luc.21.10- Então lhes disse: Levantar-se-á nação contra nação, e reino
contra reino;
Luc.21.11- e haverá em vários lugares grandes terramotos, e pestes e fomes;
haverá também coisas espantosas, e grandes sinais do céu.
Luc.21.12- Mas antes de todas essas coisas vos hão-de prender e perseguir,
entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, e conduzindo-vos à presença de reis
e governadores, por causa do meu nome.
Luc.21.13- Isso vos acontecerá para que deis testemunho.
Luc.21.14- Proponde, pois, em vossos corações não premeditar como haveis de
fazer a vossa defesa;
Luc.21.15- porque eu vos darei boca e sabedoria, a que nenhum dos vossos adversário poderá resistir nem contradizer.
Luc.21.16- E até pelos pais, e irmãos, e parentes, e amigos sereis entregues; e matarão alguns de vós;
Luc.21.17- e sereis odiados de todos por causa do meu nome.
Luc.21.18- Mas não se perderá um único cabelo da vossa cabeça.
Luc.21.19- Pela vossa perseverança ganhareis as vossas almas.
Luc.21.20- Mas, quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabei então que é chegada a sua desolação.
Luc.21.21- Então, os que estiverem na Judeia fujam para os montes; os que
estiverem dentro da cidade, saiam; e os que estiverem
nos campos não entrem nela.
Luc.21.22- Porque dias de vingança são estes, para que se cumpram todas as
coisas que estão escritas.
Luc.21.23- Ai das que estiverem grávidas, e das que amamentarem naqueles
dias! Porque haverá grande angústia sobre a terra, e ira contra este povo.
Luc.21.24- E cairão ao fio da espada, e para todas as nações serão levados
cativos; e Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos destes se
completem.
Luc.21.25- E haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas; e sobre a terra
haverá angústia das nações em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas.
Luc.21.26- os homens desfalecerão de terror, e pela expectação das coisas
que sobrevirão ao mundo; porquanto os poderes do céu serão abalados.
Luc.21.27- Então verão vir o Filho do homem em uma nuvem, com poder e
grande glória.
Luc.21.28- Ora, quando essas coisas começarem a acontecer, exultai e
levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção se aproxima.
Luc.21.29- Propôs-lhes então uma parábola: Olhai para a figueira, e para
todas as árvores;
Luc.21.30- quando começam a brotar, sabeis por vós
mesmos, ao vê-las, que já está próximo o verão.
Luc.21.31- Assim também vós, quando virdes acontecerem estas coisas, sabei
que o reino de Deus está próximo.
Luc.21.32- Em verdade vos digo que não passará
esta geração até que tudo isso se cumpra.
Luc.21.33- Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras jamais passarão.
Luc.21.34- Olhai por vós mesmos; não aconteça que os vossos corações se
carreguem de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e aquele dia
vos sobrevenha de improviso como um laço.
Luc.21.35- Porque há-de vir sobre todos os que habitam na face da terra.
Luc.21.36- Vigiai, pois, em todo o tempo, orando, para que possais escapar
de todas estas coisas que hão-de acontecer, e estar em pé na presença do Filho
do homem.
Luc.21.37- Ora, de dia ensinava no templo, e à noite, saindo, pousava no
monte chamado das Oliveiras.
Luc.21.38- E todo o povo ia ter com ele no templo, de manhã cedo, para o
ouvir.
Luc.22.1- Aproximava-se a festa dos pães ázimos, que se chama a Páscoa.
Luc.22.2- E os principais sacerdotes e os escribas andavam procurando um
modo de o matar; pois temiam o povo.
Luc.22.3- Entrou então Satanás em Judas, que tinha por sobrenome
Iscariotes, que era um dos doze;
Luc.22.4- e foi ele tratar com os principais sacerdotes e com os capitães
de como lho entregaria.
Luc.22.5- Eles se alegraram com isso, e convieram em lhe dar dinheiro.
Luc.22.6- E ele concordou, e buscava ocasião para
lho entregar sem alvoroço.
Luc.22.7- Ora, chegou o dia dos pães ázimos, em que se devia imolar a
Páscoa;
Luc.22.8- e Jesus enviou a Pedro e a João,
dizendo: Ide, preparai-nos a Páscoa, para que a comamos.
Luc.22.9- Perguntaram-lhe eles: Onde queres que a preparemos?
Luc.22.10- Respondeu-lhes: Quando entrardes na cidade, sair-vos-á ao
encontro um homem, levando um cântaro de água; segui-o até a casa em que ele
entrar.
Luc.22.11- E direis ao dono da casa: O Mestre
manda perguntar-te: Onde está o aposento em que hei de comer a Páscoa com os
meus discípulos?
Luc.22.12- Então ele vos mostrará um grande
cenáculo mobilado; aí fazei os preparativos.
Luc.22.13- Foram, pois, e acharam tudo como lhes dissera e prepararam a
Páscoa.
Luc.22.14- E, chegada a hora, pôs-se Jesus à mesa, e com ele
os apóstolos.
Luc.22.15- E disse-lhes: Tenho desejado ardentemente comer convosco esta
Páscoa, antes da minha paixão;
Luc.22.16- pois vos digo que não a comerei mais
até que ela se cumpra no reino de Deus.
Luc.22.17- Então havendo recebido um cálice, e tendo dado graças, disse:
Tomai-o, e reparti-o entre vós;
Luc.22.18- porque vos digo que desde agora não
mais beberei do fruto da videira, até que venha o reino de Deus.
Luc.22.19- E tomando pão, e havendo dado graças, partiu-o e deu-lho,
dizendo: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim.
Luc.22.20- Semelhantemente, depois da ceia, tomou o cálice, dizendo: Este
cálice é o novo pacto em meu sangue, que é derramado por vós.
Luc.22.21- Mas eis que a mão do que me trai está comigo à mesa.
Luc.22.22- Porque, na verdade, o Filho do homem vai segundo o que está
determinado; mas ai daquele homem por quem é traído!
Luc.22.23- Então eles começaram a perguntar entre si qual deles o que ia
fazer isso.
Luc.22.24- Levantou-se também entre eles contenda,
sobre qual deles parecia ser o maior.
Luc.22.25- Ao que Jesus lhes disse: Os reis dos gentios dominam sobre eles,
e os que sobre eles exercem autoridade são chamados benfeitores.
Luc.22.26- Mas vós não sereis assim; antes o maior
entre vós seja como o mais novo; e quem governa como quem serve.
Luc.22.27- Pois qual é maior, quem está à mesa, ou quem serve? Porventura
não é quem está à mesa? Eu, porém, estou entre vós como quem serve.
Luc.22.28- Mas vós sois os que tendes permanecido
comigo nas minhas provações;
Luc.22.29- e assim como meu Pai me conferiu domínio, eu vo-lo confiro a
vós;
Luc.22.30- para que comais e bebais à minha mesa no meu reino, e vos
senteis sobre tronos, julgando as doze tribos de Israel.
Luc.22.31- Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como
trigo;
Luc.22.32- mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu,
quando te converteres, fortalece teus irmãos.
Luc.22.33- Respondeu-lhe Pedro: Senhor, estou
pronto a ir contigo tanto para a prisão como para a morte.
Luc.22.34- Tornou-lhe Jesus: Digo-te, Pedro, que não cantará hoje o galo
antes que três vezes tenhas negado que me conheces.
Luc.22.35- E perguntou-lhes: Quando vos mandei sem bolsa, alforge, ou
alparcas, faltou-vos porventura alguma coisa? Eles responderam: Nada.
Luc.22.36- Disse-lhes pois: Mas agora, quem tiver bolsa, tome-a, como
também o alforge; e quem não tiver espada, venda o seu manto e compre-a.
Luc.22.37- Porquanto vos digo que importa que se
cumpra em mim isto que está escrito: E com os malfeitores foi contado. Pois o
que me diz respeito tem seu cumprimento.
Luc.22.38- Disseram eles: Senhor, eis aqui duas
espadas. Respondeu-lhes: Basta.
Luc.22.39- Então saiu e, segundo o seu costume, foi para o Monte das
Oliveiras; e os discípulos o seguiam.
Luc.22.40- Quando chegou àquele lugar, disse-lhes: Orai, para que não
entreis em tentação.
Luc.22.41- E apartou-se deles cerca de um tiro de pedra; e pondo-se de
joelhos, orava,
Luc.22.42- dizendo: Pai, se queres afasta de mim este cálice; todavia não
se faça a minha vontade, mas a tua.
Luc.22.43- Então lhe apareceu um anjo do céu, que o confortava.
Luc.22.44- E, posto em agonia, orava mais intensamente; e o seu suor
tornou-se como grandes gotas de sangue, que caíam sobre o chão.
Luc.22.45- Depois, levantando-se da oração, veio para os seus discípulos, e
achou-os dormindo de tristeza;
Luc.22.46- e disse-lhes: Por que estais dormindo? Levantai-vos, e orai,
para que não entreis em tentação.
Luc.22.47- E estando ele ainda a falar, eis que surgiu uma multidão; e
aquele que se chamava Judas, um dos doze, ia adiante dela, e chegou-se a Jesus
para o beijar.
Luc.22.48- Jesus, porém, lhe disse: Judas, com um beijo trais
o Filho do homem?
Luc.22.49- Quando os que estavam com ele viram o que ia suceder, disseram:
Senhor, feri-los-emos a espada?
Luc.22.50- Então um deles feriu o servo do sumo-sacerdote, e cortou-lhe a
orelha direita.
Luc.22.51- Mas Jesus disse: Deixei-os; basta. E tocando-lhe a orelha, o
curou.
Luc.22.52- Então disse Jesus aos principais sacerdotes, oficiais do templo
e anciãos, que tinham ido contra ele: Saístes, como a um salteador, com espadas
e varapaus?
Luc.22.53- Todos os dias estava eu convosco no templo, e não estendestes as
mãos contra mim; mas esta é a vossa hora e o poder das trevas.
Luc.22.54- Então, prendendo-o, o levaram e o introduziram na casa do
sumo-sacerdote; e Pedro seguia-o de longe.
Luc.22.55- E tendo eles acendido fogo no meio do pátio e havendo-se sentado
à roda, sentou-se Pedro entre eles.
Luc.22.56- Uma criada, vendo-o sentado ao lume, fixou os olhos nele e
disse: Esse também estava com ele.
Luc.22.57- Mas Pedro o negou, dizendo: Mulher, não o conheço.
Luc.22.58- Daí a pouco, outro o viu, e disse: Tu também és um deles. Mas
Pedro disse: Homem, não sou.
Luc.22.59- E, tendo passado quase uma hora, outro
afirmava, dizendo: Certamente este também estava com ele, pois é galileu.
Luc.22.60- Mas Pedro respondeu: Homem, não sei o
que dizes. E imediatamente estando ele ainda a falar, cantou o galo.
Luc.22.61- Virando-se o Senhor, olhou para Pedro; e Pedro lembrou-se da
palavra do Senhor, como lhe havia dito: Hoje, antes que o galo cante, três
vezes me negarás.
Luc.22.62- E, havendo saído, chorou amargamente.
Luc.22.63- Os homens que detinham Jesus zombavam dele, e feriam-no;
Luc.22.64- e, vendando-lhe os olhos, perguntavam, dizendo: Profetiza, quem
foi que te bateu?
Luc.22.65- E, blasfemando, diziam muitas outras coisas contra ele.
Luc.22.66- Logo que amanheceu reuniu-se a assembleia dos anciãos do povo,
tanto os principais sacerdotes como os escribas, e o conduziam ao sinédrio
deles, onde lhe disseram:
Luc.22.67- Se tu és o Cristo, dize-no-lo.
Replicou-lhes ele: Se eu vo-lo disser, não o crereis;
Luc.22.68- e se eu vos interrogar, de modo algum me respondereis.
Luc.22.69- Mas desde agora estará assentado o Filho do homem à mão direita
do poder de Deus.
Luc.22.70- Ao que perguntaram todos: Logo, tu és o Filho de Deus? Respondeu-lhes:
Vós dizeis que eu sou.
Luc.22.71- Então disseram: Por que ainda temos necessidade de testemunho?
Pois nós mesmos o ouvimos da sua própria boca.
Luc.23.1- E levantando-se toda a multidão deles, conduziram Jesus a
Pilatos.
Luc.23.2- E começaram a acusá-lo, dizendo: Achamos este homem pervertendo a
nossa nação, proibindo dar o tributo a César, e dizendo ser ele mesmo Cristo,
rei.
Luc.23.3- Pilatos, pois, perguntou-lhe: És tu o rei dos judeus?
Respondeu-lhe Jesus: É como dizes.
Luc.23.4- Então disse Pilatos aos principais sacerdotes, e às multidões:
Não acho culpa alguma neste homem.
Luc.23.5- Eles, porém, insistiam ainda mais, dizendo: Alvoroça o povo
ensinando por toda a Judeia, começando desde a Galileia até aqui.
Luc.23.6- Então Pilatos, ouvindo isso, perguntou se o homem era galileu;
Luc.23.7- e, quando soube que era da jurisdição de Herodes, remeteu-o a
Herodes, que também naqueles dias estava em Jerusalém.
Luc.23.8- Ora, quando Herodes viu a Jesus, alegrou-se muito; pois de longo
tempo desejava vê-lo, por ter ouvido falar a seu respeito; e esperava ver algum
sinal feito por ele;
Luc.23.9- e fazia-lhe muitas perguntas; mas ele nada lhe respondeu.
Luc.23.10- Estavam ali os principais sacerdotes, e os escribas, acusando-o
com grande veemência.
Luc.23.11- Herodes, porém, com os seus soldados, desprezou-o e,
escarnecendo dele, vestiu-o com uma roupa resplandecente e tornou a enviá-lo a
Pilatos.
Luc.23.12- Nesse mesmo dia Pilatos e Herodes tornaram-se amigos; pois antes
andavam em inimizade um com o outro.
Luc.23.13- Então Pilatos convocou os principais sacerdotes, as autoridades
e o povo,
Luc.23.14- e disse-lhes: Apresentastes-me este homem como pervertedor do povo; e eis que, interrogando-o diante de
vós, não achei nele nenhuma culpa, das de que o acusais;
Luc.23.15- nem tampouco Herodes, pois no-lo tornou a enviar; e eis que não
tem feito ele coisa alguma digna de morte.
Luc.23.16- Castigá-lo-ei, pois, e o soltarei.
Luc.23.17- [E era-lhe necessário soltar-lhes um pela festa.]
Luc.23.18- Mas todos clamaram à uma, dizendo: Fora com este, e solta-nos
Barrabás!
Luc.23.19- Ora, Barrabás fora lançado na prisão por causa de uma sedição
feita na cidade, e de um homicídio.
Luc.23.20- Mais uma vez, pois, falou-lhes Pilatos, querendo soltar a Jesus.
Luc.23.21- Eles, porém, bradavam, dizendo: Crucifica-o! Crucifica-o!
Luc.23.22- Falou-lhes, então, pela terceira vez: Pois, que mal fez ele? Não
achei nele nenhuma culpa digna de morte. Castigá-lo-ei, pois, e o soltarei.
Luc.23.23- Mas eles instavam com grandes brados,
pedindo que fosse crucificado. E prevaleceram os seus clamores.
Luc.23.24- Então Pilatos resolveu atender-lhes o pedido;
Luc.23.25- e soltou-lhes o que fora lançado na prisão por causa de sedição
e de homicídio, que era o que eles pediam; mas entregou Jesus à vontade deles.
Luc.23.26- Quando o levaram dali tomaram um certo Simão, cireneu, que vinha
do campo, e puseram-lhe a cruz às costas, para que a levasse após Jesus.
Luc.23.27- Seguia-o grande multidão de povo e de mulheres, as quais o
pranteavam e lamentavam.
Luc.23.28- Jesus, porém, voltando-se para elas, disse: Filhas de Jerusalém,
não choreis por mim; chorai antes por vós mesmas, e
por vossos filhos.
Luc.23.29- Porque dias hão-de vir em que se dirá:
Bem-aventuradas as estéreis, e os ventres que não geraram, e os peitos que não
amamentaram!
Luc.23.30- Então começarão a dizer aos montes: Caí sobre nós; e aos
outeiros: Cobri-nos.
Luc.23.31- Porque, se isto se faz no lenho verde, que se fará no seco?
Luc.23.32- E levavam também com ele outros dois, que eram malfeitores, para
serem mortos.
Luc.23.33- Quando chegaram ao lugar chamado Caveira, ali o crucificaram, a
ele e também aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda.
Luc.23.34- Jesus, porém, dizia: Pai, perdoa-lhes;
porque não sabem o que fazem. Então repartiram as vestes dele, deitando sortes
sobre elas.
Luc.23.35- E o povo estava ali a olhar. E as próprias autoridades zombavam
dele, dizendo: Aos outros salvou; salve-se a si mesmo, se é o Cristo, o
escolhido de Deus.
Luc.23.36- Os soldados também o escarneciam, chegando-se a ele,
oferecendo-lhe vinagre,
Luc.23.37- e dizendo: Se tu és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo.
Luc.23.38- Por cima dele estava esta inscrição [em letras gregas, romanas e
hebraicas:] ESTE É O REI DOS JUDEUS.
Luc.23.39- Então um dos malfeitores que estavam pendurados, blasfemava
dele, dizendo: Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós.
Luc.23.40- Respondendo, porém, o outro, repreendia-o, dizendo: Nem ao menos
temes a Deus, estando na mesma condenação?
Luc.23.41- E nós, na verdade, com justiça; porque recebemos o que os nossos
feitos merecem; mas este nenhum mal fez.
Luc.23.42- Então disse: Jesus, lembra-te de mim,
quando entrares no teu reino.
Luc.23.43- Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo
no paraíso.
Luc.23.44- Era já quase a hora sexta, e houve trevas em toda a terra até a
hora nona, pois o sol se escurecera;
Luc.23.45- e rasgou-se ao meio o véu do santuário.
Luc.23.46- Jesus, clamando com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isso, expirou.
Luc.23.47- Quando o centurião viu o que acontecera, deu glória a Deus,
dizendo: Na verdade, este homem era justo.
Luc.23.48- E todas as multidões que presenciaram este espectáculo, vendo o
que havia acontecido, voltaram batendo no peito.
Luc.23.49- Entretanto, todos os conhecidos de Jesus, e as mulheres que o
haviam seguido desde a Galileia, estavam de longe vendo estas coisas.
Luc.23.50- Então um homem chamado José, natural de Arimateia, cidade dos
judeus, membro do sinédrio, homem bom e justo,
Luc.23.51- o qual não tinha consentido no conselho e nos actos dos outros,
e que esperava o reino de Deus,
Luc.23.52- chegando a Pilatos, pediu-lhe o corpo de Jesus;
Luc.23.53- e tirando-o da cruz, envolveu-o num pano de linho, e pô-lo num
sepulcro escavado em rocha, onde ninguém ainda havia sido posto.
Luc.23.54- Era o dia da preparação, e ia começar o sábado.
Luc.23.55- E as mulheres que tinham vindo com ele da Galileia, seguindo a
José, viram o sepulcro, e como o corpo foi ali depositado.
Luc.23.56- Então voltaram e prepararam especiarias e unguentos. E no sábado
repousaram, conforme o mandamento.
Luc.24.1- Mas já no primeiro dia da semana, bem de madrugada, foram elas ao
sepulcro, levando as especiarias que tinham preparado.
Luc.24.2- E acharam a pedra revolvida do sepulcro.
Luc.24.3- Entrando, porém, não acharam o corpo do Senhor Jesus.
Luc.24.4- E, estando elas perplexas a esse respeito, eis que lhes
apareceram dois varões em vestes resplandecentes;
Luc.24.5- e ficando elas atemorizadas e abaixando o rosto para o chão, eles
lhes disseram: Por que buscais entre os mortos aquele que vive?
Luc.24.6- Ele não está aqui, mas ressurgiu. Lembrai-vos de como vos falou,
estando ainda na Galileia
Luc.24.7- dizendo: Importa que o Filho do homem seja entregue nas mãos de
homens pecadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia ressurja.
Luc.24.8- Lembraram-se, então, das suas palavras;
Luc.24.9- e, voltando do sepulcro, anunciaram todas estas coisas aos onze e
a todos os demais.
Luc.24.10- E eram Maria Madalena, e Joana, e Maria, mãe de Tiago; também as
outras que estavam com elas relataram estas coisas aos apóstolos.
Luc.24.11- E pareceram-lhes como um delírio as palavras das mulheres e não
lhes deram crédito.
Luc.24.12- Mas Pedro, levantando-se, correu ao sepulcro; e, abaixando-se,
viu somente os panos de linho; e retirou-se, admirando consigo o que havia
acontecido.
Luc.24.13- Nesse mesmo dia, iam dois deles para uma aldeia chamada Emaús,
que distava de Jerusalém sessenta estádios;
Luc.24.14- e iam comentando entre si tudo aquilo que havia sucedido.
Luc.24.15- Enquanto assim comentavam e discutiam, o próprio Jesus se
aproximou, e ia com eles;
Luc.24.16- mas os olhos deles estavam como que fechados, de sorte que não o
reconheceram.
Luc.24.17- Então ele lhes perguntou: Que palavras
são essas que, caminhando, trocais entre vós? Eles então pararam tristes.
Luc.24.18- E um deles, chamado Cleófas, respondeu-lhe: És tu o único
peregrino em Jerusalém que não soube das coisas que nela têm sucedido nestes
dias?
Luc.24.19- Ao que ele lhes perguntou: Quais? Disseram-lhe: As que dizem respeito a Jesus, o nazareno, que foi profeta, poderoso em
obras e palavras diante de Deus e de todo o povo
Luc.24.20- e como os principais sacerdotes e as nossas autoridades e
entregaram para ser condenado à morte, e o crucificaram.
Luc.24.21- Ora, nós esperávamos que fosse ele quem
havia de remir Israel; e, além de tudo isso, é já hoje o terceiro dia desde que
essas coisas aconteceram.
Luc.24.22- Verdade é, também, que algumas mulheres do nosso meio nos
encheram de espanto; pois foram de madrugada ao sepulcro
Luc.24.23- e, não achando o corpo dele voltaram, declarando que tinham tido
uma visão de anjos que diziam estar ele vivo.
Luc.24.24- Além disso, alguns dos que estavam connosco foram ao sepulcro, e
acharam ser assim como as mulheres haviam dito; a ele, porém, não o viram.
Luc.24.25- Então ele lhes disse: Ó néscios, e
tardos de coração para crerdes tudo o que os profetas disseram!
Luc.24.26- Porventura não importa que o Cristo padecesse essas coisas e
entrasse na sua glória?
Luc.24.27- E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicou-lhes
o que dele se achava em todas as Escrituras.
Luc.24.28- Quando se aproximaram da aldeia para onde iam, ele fez como quem
ia para mais longe.
Luc.24.29- Eles, porém, o constrangeram, dizendo: Fica connosco; porque é
tarde, e já declinou o dia. E entrou para ficar com eles.
Luc.24.30- Estando com eles à mesa, tomou o pão e o abençoou; e,
partindo-o, lho dava.
Luc.24.31- Abriram-se-lhes então os olhos, e o reconheceram; nisto ele
desapareceu de diante deles.
Luc.24.32- E disseram um para o outro: Porventura não se nos abrasava o
coração, quando pelo caminho nos falava, e quando nos abria as Escrituras?
Luc.24.33- E na mesma hora levantaram-se e voltaram para Jerusalém, e
encontraram reunidos os onze e os que estavam com eles,
Luc.24.34- os quais diziam: Realmente o Senhor ressurgiu, e apareceu a
Simão.
Luc.24.35- Então os dois contaram o que acontecera no caminho, e como se
lhes fizera conhecer no partir do pão.
Luc.24.36- Enquanto ainda falavam nisso, o próprio Jesus se apresentou no
meio deles, e disse-lhes: Paz seja convosco.
Luc.24.37- Mas eles, espantados e atemorizados,
pensavam que viam algum espírito.
Luc.24.38- Ele, porém, lhes disse: Por que estais perturbados? E por que
surgem dúvidas em vossos corações?
Luc.24.39- Olhai as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me
e vede; porque um espírito não tem carne nem ossos, como percebeis que eu
tenho.
Luc.24.40- E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés.
Luc.24.41- Não acreditando eles ainda por causa da alegria, e estando
admirados, perguntou-lhes Jesus: Tendes aqui alguma coisa que comer?
Luc.24.42- Então lhe deram um pedaço de peixe assado,
Luc.24.43- o qual ele tomou e comeu diante deles.
Luc.24.44- Depois lhe disse: São estas as palavras que
vos falei, estando ainda convosco, que importava que se cumprisse tudo o
que de mim estava escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos.
Luc.24.45- Então lhes abriu o entendimento para compreenderem as
Escrituras;
Luc.24.46- e disse-lhes: Assim está escrito que o Cristo padecesse, e ao
terceiro dia ressurgisse dentre os mortos;
Luc.24.47- e que em seu nome se pregasse o arrependimento para remissão dos
pecados, a todas as nações, começando por Jerusalém.
Luc.24.48- Vós sois testemunhas destas coisas.
Luc.24.49- E eis que sobre vós envio a promessa de
meu Pai; ficai porém, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder.
Luc.24.50- Então os levou fora, até Betânia; e levantando as mãos, os
abençoou.
Luc.24.51- E aconteceu que, enquanto os abençoava, apartou-se deles; e foi
elevado ao céu.
Luc.24.52- E, depois de o adorarem, voltaram com grande júbilo para
Jerusalém;
Luc.24.53- e estavam continuamente no templo, bendizendo a Deus.