Marcos
Mrc.1.1- Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus.
Mrc.1.2- Conforme está escrito no profeta Isaías: Eis que envio ante a tua
face o meu mensageiro, que há-de preparar o teu caminho;
Mrc.1.3- voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor,
endireitai as suas veredas;
Mrc.1.4- assim apareceu João, o Batista, no deserto, pregando o batismo de
arrependimento para remissão dos pecados.
Mrc.1.5- E saíam a ter com ele toda a terra da Judeia, e todos os moradores
de Jerusalém; e eram por ele batizados no rio Jordão,
confessando os seus pecados.
Mrc.1.6- Ora, João usava uma veste de pêlos de camelo, e um cinto de couro
em torno de seus lombos, e comia gafanhotos e mel silvestre.
Mrc.1.7- E pregava, dizendo: Após mim vem aquele que é mais poderoso do que
eu, de quem não sou digno de, inclinando-me, desatar a correia das alparcas.
Mrc.1.8- Eu vos batizei em água; ele, porém, vos batizará no Espírito
Santo.
Mrc.1.9- E aconteceu naqueles dias que veio Jesus de Nazaré da Galileia, e
foi batizado por João no Jordão.
Mrc.1.10- E logo, quando saía da água, viu os céus se abrirem, e o
Espírito, qual pomba, a descer sobre ele;
Mrc.1.11- e ouviu-se dos céus esta voz: Tu és meu Filho amado; em ti me
comprazo.
Mrc.1.12- Imediatamente o Espírito o impeliu para o deserto.
Mrc.1.13- E esteve no deserto quarenta dias sentado tentado por Satanás;
estava entre as feras, e os anjos o serviam.
Mrc.1.14- Ora, depois que João foi entregue, veio Jesus para a Galileia pregando
o evangelho de Deus
Mrc.1.15- e dizendo: O tempo está cumprido, e é chegado o reino de Deus.
Arrependei-vos, e crede no evangelho.
Mrc.1.16- E, andando junto do mar da Galileia, viu a Simão, e a André,
irmão de Simão, os quais lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores.
Mrc.1.17- Disse-lhes Jesus: Vinde após mim, e eu farei que vos torneis
pescadores de homens.
Mrc.1.18- Então eles, deixando imediatamente as
suas redes, o seguiram.
Mrc.1.19- E ele, passando um pouco adiante, viu
Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco, consertando
as redes,
Mrc.1.20- e logo os chamou; eles, deixando seu pai Zebedeu no barco com os
empregados, o seguiram.
Mrc.1.21- Entraram em Cafarnaum; e, logo no sábado, indo ele à sinagoga,
pôs-se a ensinar.
Mrc.1.22- E maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como tendo
autoridade, e não como os escribas.
Mrc.1.23- Ora, estava na sinagoga um homem possesso dum espírito imundo, o
qual gritou:
Mrc.1.24- Que temos nós contigo, Jesus, nazareno?
Vieste destruir-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus.
Mrc.1.25- Mas Jesus o repreendeu, dizendo: Cala-te, e sai dele.
Mrc.1.26- Então o espírito imundo, convulsionando-o e clamando com grande
voz, saiu dele.
Mrc.1.27- E todos se maravilharam a ponto de perguntarem entre si, dizendo:
Que é isto? Uma nova doutrina com autoridade! Pois ele ordena aos espíritos
imundos, e eles lhe obedecem!
Mrc.1.28- E logo correu a sua fama por toda a região da Galileia.
Mrc.1.29- Em seguida, saiu da sinagoga e foi a casa de Simão e André com
Tiago e João.
Mrc.1.30- A sogra de Simão estava de cama com febre, e logo lhe falaram a
respeito dela.
Mrc.1.31- Então Jesus, chegando-se e tomando-a pela mão, a levantou; e a
febre a deixou, e ela os servia.
Mrc.1.32- Sendo já tarde, tendo-se posto o sol, traziam-lhe todos os
enfermos, e os endemoninhados;
Mrc.1.33- e toda a cidade estava reunida à porta;
Mrc.1.34- e ele curou muitos doentes atacados de
diversas moléstias, e expulsou muitos demónios; mas não permitia que os
demónios falassem, porque o conheciam.
Mrc.1.35- De madrugada, ainda bem escuro, levantou-se, saiu e foi a um
lugar deserto, e ali orava.
Mrc.1.36- Foram, pois, Simão e seus companheiros procurá-lo;
Mrc.1.37- quando o encontraram, disseram-lhe: Todos te buscam.
Mrc.1.38- Respondeu-lhes Jesus: Vamos a outras partes, às povoações
vizinhas, para que eu pregue ali também; pois para isso é que vim.
Mrc.1.39- Foi, então, por toda a Galileia, pregando nas sinagogas deles e
expulsando os demónios.
Mrc.1.40- E veio a ele um leproso que, de joelhos, lhe rogava, dizendo: Se
quiseres, bem podes tornar-me limpo.
Mrc.1.41- Jesus, pois, compadecido dele, estendendo a mão, tocou-o e
disse-lhe: Quero; sê limpo.
Mrc.1.42- Imediatamente desapareceu dele a lepra e ficou limpo.
Mrc.1.43- E Jesus, advertindo-o secretamente, logo o despediu,
Mrc.1.44- dizendo-lhe: Olha, não digas nada a ninguém; mas vai, mostra-te
ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que Moisés determinou, para lhes
servir de testemunho.
Mrc.1.45- Ele, porém, saindo dali, começou a publicar o caso por toda parte
e a divulgá-lo, de modo que Jesus já não podia entrar abertamente numa cidade,
mas conservava-se fora em lugares desertos; e de todos os lados iam ter com
ele.
Mrc.2.1- Alguns
dias depois entrou Jesus outra vez em Cafarnaum, e soube-se que ele estava em
casa.
Mrc.2.2-
Ajuntaram-se, pois, muitos, a ponta de não caberem nem mesmo diante da porta; e
ele lhes anunciava a palavra.
Mrc.2.3- Nisso
vieram alguns a trazer-lhe um paralítico, carregado por quatro;
Mrc.2.4- e não
podendo aproximar-se dele, por causa da multidão, descobriram o telhado onde
estava e, fazendo uma abertura, baixaram o leito em que jazia o paralítico.
Mrc.2.5- E
Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: Filho, perdoados
são os teus pecados.
Mrc.2.6- Ora,
estavam ali sentados alguns dos escribas, que arrazoavam em seus corações,
dizendo:
Mrc.2.7- Por que
fala assim este homem? Ele blasfema. Quem pode perdoar pecados senão um só, que
é Deus?
Mrc.2.8- Mas Jesus
logo percebeu em seu espírito que eles assim arrazoavam dentro de si, e
perguntou-lhes: Por que arrazoais desse modo em vossos corações?
Mrc.2.9- Qual é
mais fácil? Dizer ao paralítico: Perdoados são os teus pecados; ou dizer:
Levanta-te, toma o teu leito, e anda?
Mrc.2.10- Ora,
para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra autoridade para perdoar
pecados (disse ao paralítico),
Mrc.2.11- a ti te digo, levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua
casa.
Mrc.2.12- Então ele se levantou e, tomando logo o leito, saiu à vista de
todos; de modo que todos pasmavam e glorificavam a Deus, dizendo: Nunca vimos
coisa semelhante.
Mrc.2.13- Outra
vez saiu Jesus para a beira do mar; e toda a multidão ia ter com ele, e ele os
ensinava.
Mrc.2.14- Quando
ia passando, viu a Levi, filho de Alfeu, sentado na alfândega, e disse-lhe:
Segue-me. E ele, levantando-se, o seguiu.
Mrc.2.15- Ora,
estando Jesus à mesa em casa de Levi, estavam também ali reclinados com ele e
seus discípulos muitos publicanos e pecadores; pois eram em grande número e o
seguiam.
Mrc.2.16- Vendo
os escribas dos fariseus que comia com os publicanos e pecadores, perguntavam
aos discípulos: Por que é que ele como com os publicanos e pecadores?
Mrc.2.17- Jesus,
porém, ouvindo isso, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas sim os
enfermos; eu não vim chamar justos, mas pecadores.
Mrc.2.18- Ora,
os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando; e foram perguntar-lhe:
Por que jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, mas os teus discípulos
não jejuam?
Mrc.2.19-
Respondeu-lhes Jesus: Podem, porventura, jejuar os convidados às núpcias,
enquanto está com eles o noivo? Enquanto têm consigo o noivo não podem jejuar;
Mrc.2.20- dias
virão, porém, em que lhes será tirado o noivo; nesses dias, sim hão-de jejuar.
Mrc.2.21-
Ninguém cose remendo de pano novo em vestido velho; do contrário o remendo novo
tira parte do velho, e torna-se maior a rotura.
Mrc.2.22- E
ninguém deita vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho novo romperá os
odres, e perder-se-á o vinho e também os odres; mas deita-se vinho novo em
odres novos.
Mrc.2.23- E
sucedeu passar ele num dia de sábado pelas searas; e os seus discípulos,
caminhando, começaram a colher espigas.
Mrc.2.24- E os
fariseus lhe perguntaram: Olha, por que estão fazendo no sábado o que não é
lícito?
Mrc.2.25-
Respondeu-lhes ele: Acaso nunca lestes o que fez David quando se viu em
necessidade e teve fome, ele e seus companheiros?
Mrc.2.26- Como
entrou na casa de Deus, no tempo do sumo-sacerdote Abiatar, e comeu dos pães da
proposição, dos quais não era lícito comer senão aos sacerdotes, e deu também
aos companheiros?
Mrc.2.27- E
prosseguiu: O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do
sábado.
Mrc.2.28- Pelo
que o Filho do homem até do sábado é Senhor.
Mrc.3.1- Outra
vez entrou numa sinagoga, e estava ali um homem que tinha uma das mãos
atrofiada.
Mrc.3.2- E
observavam-no para ver se no sábado curaria o homem, a fim de o acusarem.
Mrc.3.3- E disse
Jesus ao homem que tinha a mão atrofiada: Levanta-te e vem para o meio.
Mrc.3.4- Então
lhes perguntou: É lícito no sábado fazer bem, ou fazer mal? Salvar a vida ou
matar? Eles, porém, se calaram.
Mrc.3.5- E
olhando em redor para eles com indignação, condoendo-se da dureza dos seus corações,
disse ao homem: Estende a tua mão. Ele estendeu, e lhe foi restabelecida.
Mrc.3.6- E os
fariseus, saindo dali, entraram logo em conselho com os herodianos contra ele,
para o matarem.
Mrc.3.7- Jesus,
porém, se retirou com os seus discípulos para a beira do mar; e uma grande
multidão dos da Galileia o seguiu; também da Judeia,
Mrc.3.8- e de
Jerusalém, da Idumeia e de além do Jordão, e das regiões de Tiro e de Sídon,
grandes multidões, ouvindo falar de tudo quanto fazia, vieram ter com ele.
Mrc.3.9- Recomendou,
pois, a seus discípulos que se lhe preparasse um barquinho, por causa da
multidão, para que não o apertasse;
Mrc.3.10- porque
tinha curado a muitos, de modo que todos quantos tinham algum mal arrojavam-se
a ele para lhe tocarem.
Mrc.3.11- E os espíritos
imundos, quando o viam, prostravam-se diante dele e clamavam, dizendo: Tu és o
Filho de Deus.
Mrc.3.12- E ele lhes advertia com insistência que não o dessem a
conhecer.
Mrc.3.13- Depois
subiu ao monte, e chamou a si os que ele mesmo queria; e vieram a ele.
Mrc.3.14- Então
designou doze para que estivessem com ele, e os mandasse a pregar;
Mrc.3.15- e para
que tivessem autoridade de expulsar os demónios.
Mrc.3.16-
Designou, pois, os doze, a saber: Simão, a quem pôs o nome de Pedro;
Mrc.3.17- Tiago,
filho de Zebedeu, e João, irmão de Tiago, aos quais pôs o nome de Boanerges, que significa: Filhos do trovão;
Mrc.3.18- André,
Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão, o
cananeu,
Mrc.3.19- e
Judas Iscariotes, aquele que o traiu.
Mrc.3.20- Depois
entrou numa casa. E afluiu outra vez a multidão, de tal modo que nem podiam
comer.
Mrc.3.21- Quando
os seus ouviram isso, saíram para o prender; porque diziam: Ele está fora de
si.
Mrc.3.22- E os
escribas que tinham descido de Jerusalém diziam: Ele está possesso de Belzebu;
e: É pelo príncipe dos demónios que expulsa os demónios.
Mrc.3.23- Então
Jesus os chamou e lhes disse por parábolas: Como pode Satanás expulsar Satanás?
Mrc.3.24- Pois,
se um reino se dividir contra si mesmo, tal reino não pode subsistir;
Mrc.3.25- ou, se
uma casa se dividir contra si mesma, tal casa não poderá subsistir;
Mrc.3.26- e se
Satanás se tem levantado contra si mesmo, e está dividido, tampouco pode ele
subsistir; antes tem fim.
Mrc.3.27- Pois
ninguém pode entrar na casa do valente e roubar-lhe os bens, se primeiro não
amarrar o valente; e então lhe saqueará a casa.
Mrc.3.28- Em
verdade vos digo: Todos os pecados serão perdoados aos
filhos dos homens, bem como todas as blasfémias que proferirem;
Mrc.3.29- mas aquele
que blasfemar contra o Espírito Santo, nunca mais terá perdão, mas será réu de
pecado eterno.
Mrc.3.30-
Porquanto eles diziam: Está possesso de um espírito
imundo.
Mrc.3.31-
Chegaram então sua mãe e seus irmãos e, ficando da parte de fora, mandaram chamá-lo.
Mrc.3.32- E a
multidão estava sentada ao redor dele, e disseram-lhe: Eis que tua mãe e teus
irmãos estão lá fora e te procuram.
Mrc.3.33-
Respondeu-lhes Jesus, dizendo: Quem é minha mãe e meus irmãos!
Mrc.3.34- E olhando
em redor para os que estavam sentados à roda de si, disse: Eis aqui minha mãe e
meus irmãos!
Mrc.3.35- Pois
aquele que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe.
Mrc.4.1- Outra
vez começou a ensinar à beira do mar. E reuniu-se a ele tão grande multidão que
ele entrou num barco e sentou-se nele, sobre o mar; e todo o povo estava em
terra junto do mar.
Mrc.4.2- Então
lhes ensinava muitas coisas por parábolas, e lhes dizia no seu ensino:
Mrc.4.3- Ouvi:
Eis que o semeador saiu a semear;
Mrc.4.4- e
aconteceu que, quando semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho, e
vieram as aves e a comeram.
Mrc.4.5- Outra
caiu no solo pedregoso, onde não havia muita terra: e logo nasceu, porque não
tinha terra profunda;
Mrc.4.6- mas,
saindo o sol, queimou-se; e, porque não tinha raiz, secou-se.
Mrc.4.7- E outra
caiu entre espinhos; e cresceram os espinhos, e a sufocaram; e não deu fruto.
Mrc.4.8- Mas
outras caíram em boa terra e, vingando e crescendo, davam fruto; e um grão
produzia trinta, outro sessenta, e outro cem.
Mrc.4.9- E
disse-lhes: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
Mrc.4.10- Quando
se achou só, os que estavam ao redor dele, com os doze, interrogaram-no acerca
da parábola.
Mrc.4.11- E ele lhes disse: A vós é confiado o mistério do reino de
Deus, mas aos de fora tudo se lhes diz por parábolas;
Mrc.4.12- para
que vendo, vejam, e não percebam; e ouvindo, ouçam, e não entendam; para que
não se convertam e sejam perdoados.
Mrc.4.13-
Disse-lhes ainda: Não percebeis esta parábola? Como pois entendereis todas as
parábolas?
Mrc.4.14- O
semeador semeia a palavra.
Mrc.4.15- E os
que estão junto do caminho são aqueles em quem a palavra é semeada; mas,
tendo-a eles ouvido, vem logo Satanás e tira a palavra
que neles foi semeada.
Mrc.4.16- Do
mesmo modo, aqueles que foram semeados nos lugares pedregosos são os que,
ouvindo a palavra, imediatamente com alegria a recebem;
Mrc.4.17- mas
não têm raiz em si mesmos,
antes são de pouca duração; depois, sobrevindo tribulação ou perseguição por
causa da palavra, logo se escandalizam.
Mrc.4.18- Outros
ainda são aqueles que foram semeados entre os espinhos; estes são os que ouvem
a palavra;
Mrc.4.19- mas os
cuidados do mundo, a sedução das riquezas e a cobiça doutras coisas, entrando,
sufocam a palavra, e ela fica infrutífera.
Mrc.4.20-
Aqueles outros que foram semeados em boa terra são os que ouvem a palavra e a
recebem, e dão fruto, a trinta, a sessenta, e a cem, por um.
Mrc.4.21-
Disse-lhes mais: Vem porventura a candeia para se meter debaixo do alqueire, ou
debaixo da cama? Não é antes para se colocar no velador?
Mrc.4.22- Porque
nada está encoberto senão para ser manifesto; e nada foi escondido senão para
vir à luz.
Mrc.4.23- Se
alguém tem ouvidos para ouvir, ouça.
Mrc.4.24- Também
lhes disse: Atendei ao que ouvis. Com a medida com que medis vos medirão a vós,
e ainda se vos acrescentará.
Mrc.4.25 -Pois
ao que tem, ser-lhe-á dado; e ao que não tem, até aquilo que tem ser-lhe-á
tirado.
Mrc.4.26- Disse também:
O reino de Deus é assim como se um homem lançasse semente à terra,
Mrc.4.27- e
dormisse e se levantasse de noite e de dia, e a semente brotasse e crescesse,
sem ele saber como.
Mrc.4.28- A
terra por si mesma produz
fruto, primeiro a erva, depois a espiga, e por último o grão cheio na espiga.
Mrc.4.29- Mas
assim que o fruto amadurecer, logo lhe mete a foice, porque é chegada a ceifa.
Mrc.4.30- Disse
ainda: A que assemelharemos o reino de Deus? ou com
que parábola o representaremos?
Mrc.4.31- É como
um grão de mostarda que, quando se semeia, é a menor de todas as sementes que
há na terra;
Mrc.4.32- mas,
tendo sido semeado, cresce e faz-se a maior de todas as hortaliças e cria
grandes ramos, de tal modo que as aves do céu podem aninhar-se à sua sombra.
Mrc.4.33- E com
muitas parábolas tais lhes dirigia a palavra, conforme podiam compreender.
Mrc.4.34- E sem
parábola não lhes falava; mas em particular explicava tudo a seus discípulos.
Mrc.4.35-
Naquele dia, quando já era tarde, disse-lhes: Passemos para o outro lado.
Mrc.4.36- E eles, deixando a multidão, o levaram consigo, assim como
estava, no barco; e havia com ele também outros barcos.
Mrc.4.37- E se
levantou grande tempestade de vento, e as ondas batiam dentro do barco, de modo
que já se enchia.
Mrc.4.38- Ele,
porém, estava na popa dormindo sobre a almofada; e despertaram-no, e lhe
perguntaram: Mestre, não se te dá que pereçamos?
Mrc.4.39- E ele, levantando-se, repreendeu o vento, e disse ao mar:
Cala-te, aquieta-te. E cessou o vento, e fez-se grande bonança.
Mrc.4.40- Então
lhes perguntou: Por que sois assim tímidos? Ainda não tendes fé?
Mrc.4.41-
Encheram-se de grande temor, e diziam uns aos outros: Quem, porventura, é este,
que até o vento e o mar lhe obedecem?
Mrc.5.1-
Chegaram então ao outro lado do mar, à terra dos gerasenos.
Mrc.5.2- E, logo
que Jesus saíra do barco, lhe veio ao encontro, dos sepulcros, um homem com
espírito imundo,
Mrc.5.3- o qual
tinha a sua morada nos sepulcros; e nem ainda com cadeias podia alguém
prendê-lo;
Mrc.5.4- porque,
tendo sido muitas vezes preso com grilhões e cadeias, as
cadeias foram por ele feitas em pedaços, e os grilhões em migalhas; e
ninguém o podia domar;
Mrc.5.5- e
sempre, de dia e de noite, andava pelos sepulcros e pelos montes, gritando, e
ferindo-se com pedras,
Mrc.5.6- Vendo,
pois, de longe a Jesus, correu e adorou-o;
Mrc.5.7- e,
clamando com grande voz, disse: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus
Altíssimo? Conjuro-te por Deus que não me atormentes.
Mrc.5.8- Pois
Jesus lhe dizia: Sai desse homem, espírito imundo.
Mrc.5.9- E
perguntou-lhe: Qual é o teu nome? Respondeu-lhe ele: Legião é o meu nome,
porque somos muitos.
Mrc.5.10- E
rogava-lhe muito que não os enviasse para fora da região.
Mrc.5.11- Ora,
andava ali pastando no monte uma grande manada de porcos.
Mrc.5.12-
Rogaram-lhe, pois, os demónios, dizendo: Manda-nos para aqueles porcos, para
que entremos neles.
Mrc.5.13- E ele lho permitiu. Saindo, então, os espíritos imundos, entraram
nos porcos; e precipitou-se a manada, que era de uns dois mil, pelo
despenhadeiro no mar, onde todos se afogaram.
Mrc.5.14- Nisso
fugiram aqueles que os apascentavam, e o anunciaram na cidade e nos campos; e
muitos foram ver o que era aquilo que tinha acontecido.
Mrc.5.15-
Chegando-se a Jesus, viram o endemoninhado, o que tivera a legião, sentado,
vestido, e em perfeito juízo; e temeram.
Mrc.5.16- E os
que tinham visto aquilo contaram-lhes como havia acontecido ao endemoninhado, e
acerca dos porcos.
Mrc.5.17- Então
começaram a rogar-lhe que se retirasse dos seus termos.
Mrc.5.18- E,
entrando ele no barco, rogava-lhe o que fora endemoninhado que o deixasse estar
com ele.
Mrc.5.19- Jesus,
porém, não lho permitiu, mas disse-lhe: Vai para tua casa, para os teus, e
anuncia-lhes o quanto o Senhor te fez, e como teve misericórdia de ti.
Mrc.5.20- Ele se
retirou, pois, e começou a publicar em Decápolis tudo quanto lhe fizera Jesus;
e todos se admiravam.
Mrc.5.21- Tendo
Jesus passado de novo no barco para o outro lado, ajuntou-se a ele uma grande
multidão; e ele estava à beira do mar.
Mrc.5.22- Chegou
um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo e, logo que
viu a Jesus, lançou-se-lhe aos pés.
Mrc.5.23- e lhe
rogava com instância, dizendo: Minha filhinha está nas últimas; rogo-te que
venhas e lhe imponhas as mãos para que sare e viva.
Mrc.5.24- Jesus
foi com ele, e seguia-o uma grande multidão, que o apertava.
Mrc.5.25- Ora,
certa mulher, que havia doze anos padecia de uma hemorragia,
Mrc.5.26- e que
tinha sofrido bastante às mãos de muitos médicos, e despendido tudo quanto
possuía sem nada aproveitar, antes indo a pior,
Mrc.5.27- tendo
ouvido falar a respeito de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e
tocou-lhe o manto;
Mrc.5.28- porque
dizia: Se tão-somente tocar-lhe as vestes, ficaria curada.
Mrc.5.29- E
imediatamente cessou a sua hemorragia; e sentiu no corpo estar já curada do seu
mal.
Mrc.5.30- E logo
Jesus, percebendo em si mesmo que saíra dele poder, virou-se no meio da
multidão e perguntou: Quem me tocou as vestes?
Mrc.5.31-
Responderam-lhe os seus discípulos: Vês que a multidão te aperta, e perguntas:
Quem me tocou?
Mrc.5.32- Mas ele olhava em redor para ver a que isto fizera.
Mrc.5.33- Então
a mulher, atemorizada e trémula, cônscia do que nela se havia operado, veio e
prostrou-se diante dele, e declarou-lhe toda a verdade.
Mrc.5.34-
Disse-lhe ele: Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz, e fica livre desse teu
mal.
Mrc.5.35-
Enquanto ele ainda falava, chegaram pessoas da casa do
chefe da sinagoga, a quem disseram: A tua filha já morreu; por que ainda
incomodas o Mestre?
Mrc.5.36- O que
percebendo Jesus, disse ao chefe da sinagoga: Não temas, crê somente.
Mrc.5.37- E não
permitiu que ninguém o acompanhasse, senão Pedro, Tiago, e João, irmão de
Tiago.
Mrc.5.38- Quando
chegaram a casa do chefe da sinagoga, viu Jesus um
alvoroço, e os que choravam e faziam grande pranto.
Mrc.5.39- E,
entrando, disse-lhes: Por que fazeis alvoroço e chorais? A menina não morreu,
mas dorme.
Mrc.5.40- E riam-se
dele; porém ele, tendo feito sair a todos, tomou consigo o pai e a mãe da
menina, e os que com ele vieram, e entrou onde a menina estava.
Mrc.5.41- E,
tomando a mão da menina, disse-lhe: Talita cumi, que, traduzido, é: Menina, a ti te
digo, levanta-te.
Mrc.5.42-
Imediatamente a menina se levantou, e pôs-se a andar, pois tinha doze anos. E
logo foram tomados de grande espanto.
Mrc.5.43- Então
ordenou-lhes expressamente que ninguém o soubesse; e mandou que lhe dessem de
comer.
Mrc.6.1- Saiu
Jesus dali, e foi para a sua terra, e os seus discípulos o seguiam.
Mrc.6.2- Ora,
chegando o sábado, começou a ensinar na sinagoga; e muitos, ao ouvi-lo, se
maravilhavam, dizendo: Donde lhe vêm estas coisas? E que sabedoria é esta que
lhe é dada? E como se fazem tais milagres por suas mãos?
Mrc.6.3- Não é
este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, de José, de Judas e de
Simão? E não estão aqui entre nós suas irmãs? E escandalizavam-se dele.
Mrc.6.4- Então
Jesus lhes dizia: Um profeta não fica sem honra senão na sua terra, entre os
seus parentes, e na sua própria casa.
Mrc.6.5- E não
podia fazer ali nenhum milagre, a não ser curar alguns
poucos enfermos, impondo-lhes as mãos.
Mrc.6.6- E
admirou-se da incredulidade deles. Em seguida percorria as aldeias circunvizinhas,
ensinando.
Mrc.6.7- E
chamou a si os doze, e começou a enviá-los a dois e dois, e dava-lhes poder
sobre os espíritos imundos;
Mrc.6.8-
ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, senão apenas um bordão; nem pão,
nem alforge, nem dinheiro no cinto;
Mrc.6.9- mas que
fossem calçados de sandálias, e que não vestissem duas túnicas.
Mrc.6.10-
Dizia-lhes mais: Onde quer que entrardes numa casa, ficai nela até sairdes
daquele lugar.
Mrc.6.11- E se
qualquer lugar não vos receber, nem os homens vos ouvirem, saindo dali, sacudi
o pó que estiver debaixo dos vossos pés, em testemunho contra eles.
Mrc.6.12- Então
saíram e pregaram que todos se arrependessem;
Mrc.6.13- e
expulsavam muitos demónios, e ungiam muitos enfermos com óleo, e os curavam.
Mrc.6.14- E soube
disso o rei Herodes (porque o nome de Jesus se tornara célebre), e disse: João,
o Batista, ressuscitou dos mortos; e por isso estes poderes milagrosos operam
nele.
Mrc.6.15- Mas
outros diziam: É Elias. E ainda outros diziam: É profeta como um dos profetas.
Mrc.6.16-
Herodes, porém, ouvindo isso, dizia: É João, aquele a quem eu mandei degolar:
ele ressuscitou.
Mrc.6.17-
Porquanto o próprio Herodes mandara prender a João, e encerrá-lo maniatado no
cárcere, por causa de Herodias, mulher de seu irmão Filipe; porque ele se havia
casado com ela.
Mrc.6.18- Pois
João dizia a Herodes: Não te é lícito ter a mulher de teu irmão.
Mrc.6.19- Por
isso Herodias lhe guardava rancor e queria matá-lo, mas não podia;
Mrc.6.20- porque
Herodes temia a João, sabendo que era varão justo e santo, e o guardava em
segurança; e, ao ouvi-lo, ficava muito perplexo, contudo de boa mente o
escutava.
Mrc.6.21-
Chegado, porém, um dia oportuno quando Herodes no seu aniversário natalício
ofereceu um banquete aos grandes da sua corte, aos principais da Galileia,
Mrc.6.22- entrou
a filha da mesma Herodias e, dançando, agradou a Herodes e aos convivas. Então
o rei disse à jovem: Pede-me o que quiseres, e eu to darei.
Mrc.6.23- E
jurou-lhe, dizendo: Tudo o que me pedires te darei,
ainda que seja metade do meu reino.
Mrc.6.24- Tendo
ela saído, perguntou a sua mãe: Que pedirei? Ela respondeu: A cabeça de João, o
Batista.
Mrc.6.25- E
tornando logo com pressa à presença do rei, pediu, dizendo: Quero que imediatamente
me dês num prato a cabeça de João, o Batista.
Mrc.6.26- Ora,
entristeceu-se muito o rei; todavia, por causa dos seus juramentos e por causa
dos que estavam à mesa, não lha quis negar.
Mrc.6.27- O rei,
pois, enviou logo um soldado da sua guarda com ordem de trazer a cabeça de
João. Então ele foi e o degolou no cárcere,
Mrc.6.28- e
trouxe a cabeça num prato e a deu à jovem, e a jovem a deu à sua mãe.
Mrc.6.29- Quando
os seus discípulos ouviram isso, vieram, tomaram o seu corpo e o puseram num sepulcro.
Mrc.6.30-
Reuniram-se os apóstolos com Jesus e contaram-lhe tudo o que tinham feito e
ensinado.
Mrc.6.31- Ao que
ele lhes disse: Vinde vós, à parte, para um lugar deserto, e descansai um
pouco. Porque eram muitos os que vinham e iam, e não tinham tempo nem para
comer.
Mrc.6.32-
Retiraram-se, pois, no barco para um lugar deserto, à parte.
Mrc.6.33-
Muitos, porém, os viram partir, e os reconheceram; e para lá - correram a pé de
todas as cidades, e ali chegaram primeiro do que eles.
Mrc.6.34- E
Jesus, ao desembarcar, viu uma grande multidão e compadeceu-se deles, porque
eram como ovelhas que não têm pastor; e começou a ensinar-lhes muitas coisas.
Mrc.6.35-
Estando a hora já muito adiantada, aproximaram-se dele seus discípulos e
disseram: O lugar é deserto, e a hora já está muito adiantada;
Mrc.6.36-
despede-os, para que vão aos sítios e às aldeias, em redor, e comprem para si o
que comer.
Mrc.6.37- Ele,
porém, lhes respondeu: Dai-lhes vós de comer. Então eles lhe perguntaram:
Havemos de ir comprar duzentos denários de pão e dar-lhes de comer?
Mrc.6.38- Ao que
ele lhes disse: Quantos pães tendes? Ide ver. E,
tendo-se informado, responderam: Cinco pães e dois peixes.
Mrc.6.39- Então
lhes ordenou que a todos fizessem reclinar-se, em grupos, sobre a relva verde.
Mrc.6.40- E
reclinaram-se em grupos de cem e de cinquenta.
Mrc.6.41- E
tomando os cinco pães e os dois peixes, e erguendo os olhos ao céu, os
abençoou; partiu os pães e os entregava a seus discípulos para lhos servirem;
também repartiu os dois peixes por todos.
Mrc.6.42- E
todos comeram e se fartaram.
Mrc.6.43- Em
seguida, recolheram doze cestos cheios dos pedaços de pão e de peixe.
Mrc.6.44- Ora,
os que comeram os pães eram cinco mil homens.
Mrc.6.45- Logo
em seguida obrigou os seus discípulos a entrar no barco e passar adiante, para
o outro lado, a Betsaida, enquanto ele despedia a multidão.
Mrc.6.46- E,
tendo-a despedido, foi ao monte para orar.
Mrc.6.47-
Chegada a tardinha, estava o barco no meio do mar, e ele sozinho em terra
Mrc.6.48- E,
vendo-os fatigados a remar, porque o vento lhes era contrário, pela quarta
vigília da noite, foi ter com eles, andando sobre o mar; e queria passar-lhes
adiante;
Mrc.6.49- eles,
porém, ao vê-lo andando sobre o mar, pensaram que era um fantasma e gritaram;
Mrc.6.50- porque
todos o viram e se assustaram; mas ele imediatamente falou com eles e
disse-lhes: Tende ânimo; sou eu; não temais.
Mrc.6.51- E
subiu para junto deles no barco, e o vento cessou; e ficaram, no seu íntimo,
grandemente pasmados;
Mrc.6.52- pois
não tinham compreendido o milagre dos pães, antes o seu coração estava
endurecido.
Mrc.6.53- E,
terminada a travessia, chegaram à terra em Genesaré, e ali atracaram.
Mrc.6.54- Logo
que desembarcaram, o povo reconheceu a Jesus;
Mrc.6.55- e correndo
eles por toda aquela região, começaram a levar nos leitos os que se achavam
enfermos, para onde ouviam dizer que ele estava.
Mrc.6.56- Onde
quer, pois, que entrava, fosse nas aldeias, nas cidades ou nos campos,
apresentavam os enfermos nas praças, e rogavam-lhe que os deixasse tocar ao
menos a orla do seu manto; e todos os que a tocavam ficavam curados.
Mrc.7.1- Foram
ter com Jesus os fariseus, e alguns dos escribas vindos de Jerusalém,
Mrc.7.2- e
repararam que alguns dos seus discípulos comiam pão com as mãos impuras, isto
é, por lavar.
Mrc.7.3- Pois os
fariseus, e todos os judeus, guardando a tradição dos anciãos, não comem sem
lavar as mãos cuidadosamente;
Mrc.7.4- e
quando voltam do mercado, se não se purificarem, não comem. E muitas outras
coisas há que receberam para
observar, como a lavagem de copos, de jarros e de vasos de bronze.
Mrc.7.5-
Perguntaram-lhe, pois, os fariseus e os escribas: Por que não andam os teus
discípulos conforme a tradição dos anciãos, mas comem o pão com as mãos por lavar?
Mrc.7.6-
Respondeu-lhes: Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está
escrito: Este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de
mim;
Mrc.7.7- mas em
vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens.
Mrc.7.8- Vós deixais o mandamento de Deus, e vos apegais à tradição dos
homens
Mrc.7.9-
Disse-lhes ainda: Bem sabeis rejeitar o mandamento de deus, para guardardes a
vossa tradição.
Mrc.7.10- Pois
Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser ao pai ou à mãe,
certamente morrerá.
Mrc.7.11- Mas vós dizeis: Se um homem disser a seu pai ou a sua mãe:
Aquilo que poderias aproveitar de mim é Corbã, isto
é, oferta ao Senhor,
Mrc.7.12- não
mais lhe permitis fazer coisa alguma por seu pai ou por sua mãe,
Mrc.7.13-
invalidando assim a palavra de Deus pela vossa tradição que vós transmitistes;
também muitas outras coisas semelhantes fazeis.
Mrc.7.14- E
chamando a si outra vez a multidão, disse-lhes: Ouvi-me vós todos, e entendei.
Mrc.7.15- Nada
há fora do homem que, entrando nele, possa contaminá-lo; mas o que sai do
homem, isso é que o contamina.
Mrc.7.16- [Se
alguém tem ouvidos para ouvir, ouça.]
Mrc.7.17-
Depois, quando deixou a multidão e entrou em casa, os seus discípulos o
interrogaram acerca da parábola.
Mrc.7.18-
Respondeu-lhes ele: Assim também vós estais sem entender? Não compreendeis que
tudo o que de fora entra no homem não o pode contaminar,
Mrc.7.19- porque
não lhe entra no coração, mas no ventre, e é lançado fora? Assim declarou puros todos os alimentos.
Mrc.7.20- E
prosseguiu: O que sai do homem, isso é que o contamina.
Mrc.7.21- Pois é
do interior, do coração dos homens, que procedem os maus pensamentos, as
prostituições, os furtos, os homicídios, os adultérios,
Mrc.7.22- a
cobiça, as maldades, o dolo, a libertinagem, a inveja, a blasfémia, a soberba,
a insensatez;
Mrc.7.23- todas
estas más coisas procedem de dentro e contaminam o homem.
Mrc.7.24-
Levantando-se dali, foi para as regiões de Tiro e Sídon. E entrando numa casa,
não queria que ninguém o soubesse, mas não pode ocultar-se;
Mrc.7.25- porque
logo, certa mulher, cuja filha estava possessa de um espírito imundo, ouvindo
falar dele, veio e prostrou-se-lhe aos pés;
Mrc.7.26- (ora,
a mulher era grega, de origem siro-fenícia) e rogava-lhe
que expulsasse de sua filha o demónio.
Mrc.7.27-
Respondeu-lhes Jesus: Deixa que primeiro se fartem os
filhos; porque não é bom tomar o pão dos filhos e lança-lo aos cachorrinhos.
Mrc.7.28- Ela,
porém, replicou, e disse-lhe: Sim, Senhor; mas também os cachorrinhos debaixo
da mesa comem das migalhas dos filhos.
Mrc.7.29- Então ele lhe disse: Por essa palavra, vai; o demónio já saiu de
tua filha.
Mrc.7.30- E,
voltando ela para casa, achou a menina deitada sobre a cama, e que o demónio já
havia saído.
Mrc.7.31- Tendo
Jesus partido das regiões de Tiro, foi por Sídon até o mar da Galileia,
passando pelas regiões de Decápolis.
Mrc.7.32- E
trouxeram-lhe um surdo, que falava dificilmente; e rogaram-lhe que pusesse a
mão sobre ele.
Mrc.7.33- Jesus,
pois, tirou-o de entre a multidão, à parte, meteu-lhe os dedos nos ouvidos e,
cuspindo, tocou-lhe na língua;
Mrc.7.34- e
erguendo os olhos ao céu, suspirou e disse-lhe: Efatá;
isto é Abre-te.
Mrc.7.35- E
abriram-se-lhe os ouvidos, a prisão da língua se desfez, e falava
perfeitamente.
Mrc.7.36- Então
lhes ordenou Jesus que a ninguém o dissessem;
mas, quando mais lho proibia, tanto mais o divulgavam.
Mrc.7.37- E se
maravilhavam sobremaneira, dizendo: Tudo tem feito bem; faz até os surdos ouvir
e os mudos falar.
Mrc.8.1-
Naqueles dias, havendo de novo uma grande multidão, e não tendo o que comer,
chamou Jesus os discípulos e disse-lhes:
Mrc.8.2- Tenho
compaixão da multidão, porque já faz três dias que eles estão comigo, e não têm
o que comer.
Mrc.8.3- Se eu os mandar em jejum para suas casas, desfalecerão no
caminho; e alguns deles vieram de longe.
Mrc.8.4- E seus
discípulos lhe responderam: Donde poderá alguém satisfazê-los de pão aqui no
deserto?
Mrc.8.5-
Perguntou-lhes Jesus: Quantos pães tendes?
Responderam: Sete.
Mrc.8.6- Logo
mandou ao povo que se sentasse no chão; e tomando os sete pães e havendo dado
graças, partiu-os e os entregava a seus discípulos para que os distribuíssem; e
eles os distribuíram pela multidão.
Mrc.8.7- Tinham
também alguns peixinhos, os quais ele abençoou, e mandou que estes também
fossem distribuídos.
Mrc.8.8-
Comeram, pois, e se fartaram; e dos pedaços que sobejavam levantaram sete
alcofas.
Mrc.8.9- Ora,
eram cerca de quatro mil homens. E Jesus os despediu.
Mrc.8.10- E,
entrando logo no barco com seus discípulos, foi para as regiões de Dalmanuta.
Mrc.8.11- Saíram
os fariseus e começaram a discutir com ele, pedindo-lhe um sinal do céu, para o
experimentarem.
Mrc.8.12- Ele,
suspirando profundamente em seu espírito, disse: Por que pede esta geração um
sinal? Em verdade vos digo que a esta geração não será dado sinal algum.
Mrc.8.13- E,
deixando-os, tornou a embarcar e foi para o outro lado.
Mrc.8.14- Ora,
eles se esqueceram de levar pão, e no barco não tinham consigo senão um pão.
Mrc.8.15- E Jesus
ordenou-lhes, dizendo: Olhai, guardai-vos do fermento dos fariseus e do
fermento de Herodes.
Mrc.8.16- Pelo
que eles arrazoavam entre si porque não tinham pão.
Mrc.8.17- E
Jesus, percebendo isso, disse-lhes: Por que arrazoais por não terdes pão? Não compreendeis
ainda, nem entendeis? Tendes o vosso coração endurecido?
Mrc.8.18- Tendo
olhos, não vedes? e tendo
ouvidos, não ouvis? e não vos lembrais?
Mrc.8.19- Quando
parti os cinco pães para os cinco mil, quantos cestos cheios de pedaços
levantastes? Responderam-lhe: Doze.
Mrc.8.20- E
quando parti os sete para os quatro mil, quantas alcofas cheias de pedaços levantastes? Responderam-lhe: Sete.
Mrc.8.21- E ele lhes disse: Não entendeis ainda?
Mrc.8.22- Então
chegaram a Betsaída. E trouxeram-lhe um cego, e
rogaram-lhe que o tocasse.
Mrc.8.23- Jesus,
pois, tomou o cego pela mão, e o levou para fora da aldeia; e cuspindo-lhe nos
olhos, e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe: Vês alguma coisa?
Mrc.8.24- E,
levantando ele os olhos, disse: Estou vendo os homens;
porque como árvores os vejo andando.
Mrc.8.25- Então
tornou a pôr-lhe as mãos sobre os olhos; e ele, olhando atentamente, ficou
restabelecido, pois já via nitidamente todas as coisas.
Mrc.8.26- Depois
o mandou para casa, dizendo: Mas não entres na aldeia.
Mrc.8.27- E saiu
Jesus com os seus discípulos para as aldeias de Cesareia de Filipe, e no
caminho interrogou os discípulos, dizendo: Quem dizem os homens que eu sou?
Mrc.8.28-
Responderam-lhe eles: Uns dizem: João, o Batista; outros: Elias; e ainda
outros: Algum dos profetas.
Mrc.8.29- Então
lhes perguntou: Mas vós, quem dizeis que eu sou? Respondendo, Pedro lhe disse:
Tu és o Cristo.
Mrc.8.30- E
ordenou-lhes Jesus que a ninguém dissessem
aquilo a respeito dele.
Mrc.8.31-
Começou então a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do homem padecesse
muitas coisas, que fosse rejeitado pelos anciãos e principais sacerdotes e
pelos escribas, que fosse morto, e que depois de três dias ressurgisse.
Mrc.8.32- E isso
dizia abertamente. Ao que Pedro, tomando-o à parte, começou a repreendê-lo.
Mrc.8.33- Mas
ele, virando-se olhando para seus discípulos, repreendeu a Pedro, dizendo: Para
trás de mim, Satanás; porque não cuidas das coisas que são de Deus, mas sim das
que são dos homens.
Mrc.8.34- E
chamando a si a multidão com os discípulos, disse-lhes: Se alguém quer vir após
mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me.
Mrc.8.35- Pois
quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor
de mim e do evangelho, salvá-la-á.
Mrc.8.36- Pois que
aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida?
Mrc.8.37- Ou que
diria o homem em troca da sua vida?
Mrc.8.38-
Porquanto, qualquer que, entre esta geração adúltera e pecadora, se envergonhar
de mim e das minhas palavras, também dele se envergonhará o Filho do homem
quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos.
Mrc.9.1-
Disse-lhes mais: Em verdade vos digo que, dos que aqui estão, alguns há que de
modo nenhum provarão a morte até que vejam o reino de Deus já chegando com
poder.
Mrc.9.2- Seis
dias depois tomou Jesus consigo a Pedro, a Tiago, e a João, e os levou à parte
sós, a um alto monte; e foi transfigurado diante deles;
Mrc.9.3- as suas
vestes tornaram-se resplandecentes, extremamente brancas, tais como nenhum
lavadeiro sobre a terra as poderia branquear.
Mrc.9.4- E
apareceu-lhes Elias com Moisés, e falavam com Jesus.
Mrc.9.5- Pedro,
tomando a palavra, disse a Jesus: Mestre, bom é estarmos aqui; façamos, pois,
três cabanas, uma para ti, outra para Moisés, e outra para Elias.
Mrc.9.6- Pois
não sabia o que havia de dizer, porque ficaram atemorizados.
Mrc.9.7- Nisto
veio uma nuvem que os cobriu, e dela saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho
amado; a ele ouvi.
Mrc.9.8- De
repente, tendo olhado em redor, não viram mais a ninguém consigo, senão só a
Jesus.
Mrc.9.9-
Enquanto desciam do monte, ordenou-lhes que a ninguém contassem o que tinham
visto, até que o Filho do homem ressurgisse dentre os mortos.
Mrc.9.10- E eles guardaram o caso em segredo, indagando entre si o que
seria o ressurgir dentre os mortos.
Mrc.9.11- Então
lhe perguntaram: Por que dizem os escribas que é necessário que Elias venha
primeiro?
Mrc.9.12-
Respondeu-lhes Jesus: Na verdade Elias havia de vir primeiro, a restaurar todas
as coisas; e como é que está escrito acerca do Filho do homem que ele deva
padecer muito e ser aviltado?
Mrc.9.13-
Digo-vos, porém, que Elias já veio, e fizeram-lhe tudo quanto quiseram, como
dele está escrito.
Mrc.9.14- Quando
chegaram aonde estavam os discípulos, viram ao redor deles uma grande multidão,
e alguns escribas a discutirem com eles.
Mrc.9.15- E logo
toda a multidão, vendo a Jesus, ficou grandemente surpreendida; e correndo
todos para ele, o saudavam.
Mrc.9.16-
Perguntou ele aos escribas: Que é que discutis com
eles?
Mrc.9.17- Respondeu-lhe
um dentre a multidão: Mestre, eu te trouxe meu filho, que tem um espírito mudo;
Mrc.9.18- e
este, onde quer que o apanha, convulsiona-o, de modo
que ele espuma, range os dentes, e vai definhando; e eu pedi aos teus
discípulos que o expulsassem, e não puderam.
Mrc.9.19- Ao que
Jesus lhes respondeu: Ó geração incrédula! Até quando estarei convosco? Até
quando vos hei-de suportar? Trazei-mo.
Mrc.9.20- Então
lho trouxeram; e quando ele viu a Jesus, o espírito imediatamente o
convulsionou; e o endemoninhado, caindo por terra, revolvia-se espumando.
Mrc.9.21- E
perguntou Jesus ao pai dele: Há quanto tempo sucede-lhe isto? Respondeu ele:
Desde a infância;
Mrc.9.22- e
muitas vezes o tem lançado no fogo, e na água, para o destruir; mas se podes
fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos.
Mrc.9.23- Ao que
lhe disse Jesus: Se podes! - Tudo é possível ao que crê.
Mrc.9.24-
Imediatamente o pai do menino, clamando, [com lágrimas] disse: Creio! Ajuda a
minha incredulidade.
Mrc.9.25- E
Jesus, vendo que a multidão, correndo, se aglomerava, repreendeu o espírito
imundo, dizendo: Espírito mudo e surdo, eu te ordeno:
Sai dele, e nunca mais entres nele.
Mrc.9.26- E ele,
gritando, e agitando-o muito, saiu; e ficou o menino como morto, de modo que a
maior parte dizia: Morreu.
Mrc.9.27- Mas
Jesus, tomando-o pela mão, o ergueu; e ele ficou em pé.
Mrc.9.28- E
quando entrou em casa, seus discípulos lhe perguntaram à parte: Por que não
pudemos nós expulsá-lo?
Mrc.9.29-
Respondeu-lhes: Esta casta não sai de modo algum, salvo à força de oração [e
jejum.]
Mrc.9.30-
Depois, tendo partido dali, passavam pela Galileia, e ele não queria que
ninguém o soubesse;
Mrc.9.31- porque
ensinava a seus discípulos, e lhes dizia: O Filho do homem será entregue nas
mãos dos homens, que o matarão; e morto ele, depois de três dias ressurgirá.
Mrc.9.32- Mas eles não entendiam esta palavra, e temiam interrogá-lo.
Mrc.9.33-
Chegaram a Cafarnaum. E estando ele em casa, perguntou-lhes: Que estáveis
discutindo pelo caminho?
Mrc.9.34- Mas eles se calaram, porque pelo caminho haviam discutido entre
si qual deles era o maior.
Mrc.9.35- E ele, sentando-se, chamou os doze e lhes disse: se alguém
quiser ser o primeiro, será o derradeiro de todos e o servo de todos.
Mrc.9.36- Então
tomou uma criança, pô-la no meio deles e, abraçando-a,
disse-lhes:
Mrc.9.37-
Qualquer que em meu nome receber uma destas crianças, a mim me recebe; e
qualquer que me recebe a mim, recebe não a mim mas
àquele que me enviou.
Mrc.9.38-
Disse-lhe João: Mestre, vimos um homem que em teu nome expulsava demónios, e
nós lho proibimos, porque não nos seguia.
Mrc.9.39- Jesus,
porém, respondeu: Não lho proibais; porque ninguém há
que faça milagre em meu nome e possa logo depois falar
mal de mim;
Mrc.9.40- pois
quem não é contra nós, é por nós.
Mrc.9.41-
Porquanto qualquer que vos der a beber um copo de água em meu nome, porque sois
de Cristo, em verdade vos digo que de modo algum perderá a sua recompensa.
Mrc.9.42- Mas
qualquer que fizer tropeçar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe
fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e que fosse lançado
no mar.
Mrc.9.43- E se a
tua mão te fizer tropeçar, corta-a; melhor é entrares na vida aleijado, do que,
tendo duas mãos, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga.
Mrc.9.44- [onde
o seu verme não morre, e o fogo não se apaga.]
Mrc.9.45- Ou, se
o teu pé te fizer tropeçar, corta-o; melhor é entrares coxo na vida, do que,
tendo dois pés, seres lançado no inferno.
Mrc.9.46- [onde
o seu verme não morre, e o fogo não se apaga.]
Mrc.9.47- Ou, se
o teu olho te fizer tropeçar, lança-o fora; melhor é entrares no reino de Deus
com um só olho, do que, tendo dois olhos, seres lançado no inferno.
Mrc.9.48- onde o
seu verme não morre, e o fogo não se apaga.
Mrc.9.49- Porque
cada um será salgado com fogo.
Mrc.9.50- Bom é
o sal; mas, se o sal se tornar insípido, com que o haveis de temperar? Tende
sal em vós mesmos, e guardai a paz uns com os outros.
Mrc.10.1-
Levantando-se Jesus, partiu dali para os termos da Judeia, e para além do
Jordão; e do novo as multidões se reuniram em torno dele; e tornou a
ensiná-las, como tinha por costume.
Mrc.10.2- Então
se aproximaram dele alguns fariseus e, para o experimentarem, lhe perguntaram:
É lícito ao homem repudiar sua mulher?
Mrc.10.3- Ele,
porém, respondeu-lhes: Que vos ordenou Moisés?
Mrc.10.4-
Replicaram eles: Moisés permitiu escrever carta de
divórcio, e repudiar a mulher.
Mrc.10.5-
Disse-lhes Jesus: Pela dureza dos vossos corações ele vos deixou escrito esse
mandamento.
Mrc.10.6- Mas desde
o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher.
Mrc.10.7- Por
isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, [e unir-se-á à sua mulher,]
Mrc.10.8- e
serão os dois uma só carne; assim já não são mais dois, mas uma só carne.
Mrc.10.9-
Porquanto o que Deus ajuntou, não o separe o homem.
Mrc.10.10- Em
casa os discípulos interrogaram-no de novo sobre isso.
Mrc.10.11- Ao
que lhes respondeu: Qualquer que repudiar sua mulher e casar com outra comete
adultério contra ela;
Mrc.10.12- e se ela
repudiar seu marido e casar com outro, comete adultério.
Mrc.10.13- Então
lhe traziam algumas crianças para que as tocasse; mas os discípulos o
repreenderam.
Mrc.10.14-
Jesus, porém, vendo isto, indignou-se e disse-lhes: Deixai vir a mim as
crianças, e não as impeçais, porque de tais é o reino de Deus.
Mrc.10.15- Em
verdade vos digo que qualquer que não receber o reino de Deus como criança, de
maneira nenhuma entrará nele.
Mrc.10.16- E,
tomando-as nos seus braços, as abençoou, pondo as mãos sobre elas.
Mrc.10.17- Ora,
ao sair para se pôr a caminho, correu para ele um homem, o qual se ajoelhou
diante dele e lhe perguntou: Bom Mestre, que hei-de fazer para herdar a vida
eterna?
Mrc.10.18-
Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Ninguém é bom, senão um que é Deus.
Mrc.10.19- Sabes
os mandamentos: Não matarás; não adulterarás; não furtarás; não dirás falso
testemunho; a ninguém defraudarás; honra a teu pai e a tua mãe.
Mrc.10.20- Ele,
porém, lhe replicou: Mestre, tudo isso tenho guardado
desde a minha juventude.
Mrc.10.21- E
Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: Uma coisa te falta; vai, vende
tudo quanto tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue-me.
Mrc.10.22- Mas ele, pesaroso desta palavra, retirou-se triste, porque
possuía muitos bens.
Mrc.10.23- Então
Jesus, olhando em redor, disse aos seus discípulos: Quão dificilmente entrarão
no reino de Deus os que têm riquezas!
Mrc.10.24- E os
discípulos se maravilharam destas suas palavras; mas Jesus, tornando a falar,
disse-lhes: Filhos, quão difícil é [para os que
confiam nas riquezas] entrar no reino de Deus!
Mrc.10.25- É
mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no
reino de Deus.
Mrc.10.26 -Com
isso eles ficaram sobremaneira maravilhados, dizendo
entre si: Quem pode, então, ser salvo?
Mrc.10.27-
Jesus, fixando os olhos neles, respondeu: Para os homens é impossível, mas não
para Deus; porque para Deus tudo é possível.
Mrc.10.28- Pedro
começou a dizer-lhe: Eis que nós deixamos tudo e te seguimos.
Mrc.10.29-
Respondeu Jesus: Em verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa, ou
irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos, por amor de mim e do
evangelho,
Mrc.10.30- que
não receba cem vezes tanto, já neste tempo, em casas, e irmãos, e irmãs, e
mães, e filhos, e campos, com perseguições; e no mundo vindouro a vida eterna.
Mrc.10.31- Mas
muitos que são primeiros serão últimos; e muitos que são últimos serão
primeiros.
Mrc.10.32- Ora,
estavam a caminho, subindo para Jerusalém; e Jesus ia adiante deles, e eles se
maravilhavam e o seguiam atemorizados. De novo tomou consigo os doze e começou
a contar-lhes as coisas que lhe haviam de sobrevir,
Mrc.10.33-
dizendo: Eis que subimos a Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos
principais sacerdotes e aos escribas; e eles o condenarão à morte, e o
entregarão aos gentios;
Mrc.10.34- e
hão-de escarnecê-lo e cuspir nele, e açoitá-lo, e matá-lo; e depois de três
dias ressurgirá.
Mrc.10.35- Nisso
aproximaram-se dele Tiago e João, filhos de Zebedeu, dizendo-lhe: Mestre,
queremos que nos faças o que te pedirmos.
Mrc.10.36- Ele,
pois, lhes perguntou: Que quereis que eu vos faça?
Mrc.10.37-
Responderam-lhe: Concede-nos que na tua glória nos sentemos, um à tua direita,
e outro à tua esquerda.
Mrc.10.38- Mas
Jesus lhes disse: Não sabeis o que pedis; podeis beber o cálice que eu bebo, e
ser batizados no batismo em que eu sou batizado?
Mrc.10.39- E lhe
responderam: Podemos. Mas Jesus lhes disse: O cálice que eu bebo, haveis de
bebê-lo, e no batismo em que eu sou batizado, haveis de ser batizados;
Mrc.10.40- mas o sentar-se à minha direita, ou
à minha esquerda, não me pertence concedê-lo; mas isso é para aqueles a quem
está reservado.
Mrc.10.41- E
ouvindo isso os dez, começaram a indignar-se contra Tiago e João.
Mrc.10.42- Então
Jesus chamou-os para junto de si e lhes disse: Sabeis que os que são
reconhecidos como governadores dos gentios, deles se assenhoreiam, e que sobre
eles os seus grandes exercem autoridade.
Mrc.10.43- Mas
entre vós não será assim; antes, qualquer que entre vós quiser tornar-se
grande, será esse o que vos sirva;
Mrc.10.44- e
qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, será servo
de todos.
Mrc.10.45- Pois
também o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar
a sua vida em resgate de muitos.
Mrc.10.46-
Depois chegaram a Jericó. E, ao sair ele de Jericó com seus discípulos e uma
grande multidão, estava sentado junto do caminho um mendigo cego, Bartimeu
filho de Timeu.
Mrc.10.47- Este,
quando ouviu que era Jesus, o nazareno, começou a clamar, dizendo: Jesus, Filho
de David, tem compaixão de mim!
Mrc.10.48- E
muitos o repreendiam, para que se calasse; mas ele clamava ainda mais: Filho de
David, tem compaixão de mim.
Mrc.10.49-
Parou, pois, Jesus e disse: Chamai-o. E chamaram o cego, dizendo-lhe: Tem bom
ânimo; levanta-te, ele te chama.
Mrc.10.50-
Nisto, lançando de si a sua capa, de um salto se levantou e foi ter com Jesus.
Mrc.10.51-
Perguntou-lhe Jesus: Que queres que te faça? Respondeu-lhe o cego: Mestre, que
eu veja.
Mrc.10.52-
Disse-lhe Jesus: Vai, a tua fé te salvou. E imediatamente recuperou a vista, e
foi seguindo pelo caminho.
Mrc.11.1- Ora,
quando se aproximavam de Jerusalém, de Betfagé e de Betânia, junto do Monte das
Oliveiras, enviou Jesus dois dos seus discípulos
Mrc.11.2- e
disse-lhes: Ide à aldeia que está defronte de vós; e logo que nela entrardes,
encontrareis preso um jumentinho, em que ainda ninguém montou; desprendei-o e
trazei-o.
Mrc.11.3- E se
alguém vos perguntar: Por que fazeis isso? Respondei: O Senhor precisa dele, e
logo tornará a enviá-lo para aqui.
Mrc.11.4- Foram,
pois, e acharam o jumentinho preso ao portão do lado de fora na rua, e o
desprenderam.
Mrc.11.5- E
alguns dos que ali estavam lhes perguntaram: Que fazeis, desprendendo o jumentinho?
Mrc.11.6-
Responderam como Jesus lhes tinha mandado; e lho deixaram levar.
Mrc.11.7- Então
trouxeram a Jesus o jumentinho e lançaram sobre ele os seus mantos; e Jesus
montou nele.
Mrc.11.8- Muitos
também estenderam pelo caminho os seus mantos, e outros, ramagens que tinham
cortado nos campos.
Mrc.11.9- E
tanto os que o precediam como os que o seguiam, clamavam: Hosana! Bendito o que
vem em nome do Senhor!
Mrc.11.10-
Bendito o reino que vem, o reino de nosso pai David! Hosana nas alturas!
Mrc.11.11- Tendo
Jesus entrado em Jerusalém, foi ao templo; e tendo observado tudo em redor,
como já fosse tarde, saiu para Betânia com os doze.
Mrc.11.12- No
dia seguinte, depois de saírem de Betânia teve fome,
Mrc.11.13- e
avistando de longe uma figueira que tinha folhas, foi ver se, porventura,
acharia nela alguma coisa; e chegando a ela, nada achou senão folhas, porque
não era tempo de figos.
Mrc.11.14- E
Jesus, falando, disse à figueira: Nunca mais coma alguém fruto de ti. E seus
discípulos ouviram isso.
Mrc.11.15-
Chegaram, pois, a Jerusalém. E entrando ele no templo, começou a expulsar os
que ali vendiam e compravam; e derribou as mesas dos cambistas, e as cadeiras
dos que vendiam pombas;
Mrc.11.16- e não
consentia que ninguém atravessasse o templo levando qualquer utensílio;
Mrc.11.17- e
ensinava, dizendo-lhes: Não está escrito: A minha casa será chamada casa de
oração para todas as nações? Vós, porém, a tendes feito covil de salteadores.
Mrc.11.18- Ora,
os principais sacerdotes e os escribas ouviram isto, e procuravam um modo de o
matar; pois o temiam, porque toda a multidão se maravilhava da sua doutrina.
Mrc.11.19- Ao
cair da tarde, saíam da cidade.
Mrc.11.20-
Quando passavam na manhã seguinte, viram que a figueira tinha secado desde as
raízes.
Mrc.11.21- Então
Pedro, lembrando-se, disse-lhe: Olha, Mestre, secou-se a figueira que
amaldiçoaste.
Mrc.11.22-
Respondeu-lhes Jesus: Tende fé em Deus.
Mrc.11.23- Em
verdade vos digo que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no
mar; e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, assim
lhe será feito.
Mrc.11.24- Por
isso vos digo que tudo o que pedirdes em oração, crede que o recebereis, e
tê-lo-eis.
Mrc.11.25-
Quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma
coisa contra alguém, para que também vosso Pai que está no céu, vos perdoe as
vossas ofensas.
Mrc.11.26- [Mas,
se vós não perdoardes, também vosso Pai, que está no céu, não vos perdoará as
vossas ofensas.]
Mrc.11.27-
Vieram de novo a Jerusalém. E andando Jesus pelo templo, aproximaram-se dele os
principais sacerdotes, os escribas e os anciãos,
Mrc.11.28- que
lhe perguntaram: Com que autoridade fazes tu estas coisas? Ou quem te deu
autoridade para fazê-las?
Mrc.11.29-
Respondeu-lhes Jesus: Eu vos perguntarei uma coisa; respondei-me, pois, e eu
vos direi com que autoridade faço estas coisas.
Mrc.11.30- O
batismo de João era do céu, ou dos homens? Respondei-me.
Mrc.11.31- Ao
que eles arrazoavam entre si: Se dissermos: Do céu, ele dirá: Então por que não
o crestes?
Mrc.11.32- Mas
se respondermos: Dos homens? - É que temiam o povo;
porque todos verdadeiramente tinham a João como profeta.
Mrc.11.33-
Responderam, pois, a Jesus: Não sabemos. Replicou-lhes ele: Nem eu vos digo com
que autoridade faço estas coisas.
Mrc.12.1- Então
começou Jesus a falar-lhes por parábolas. Um homem plantou uma vinha, cercou-a
com uma sebe, cavou um lagar, e edificou uma torre; depois arrendou-a a uns
lavradores e ausentou-se do país.
Mrc.12.2- No
tempo próprio, enviou um servo aos lavradores para que deles recebesse do fruto
da vinha.
Mrc.12.3- Mas
estes, apoderando-se dele, o espancaram e o mandaram embora de mãos vazias.
Mrc.12.4- E
tornou a enviar-lhes outro servo; e a este feriram na cabeça e o ultrajaram.
Mrc.12.5- Então
enviou ainda outro, e a este mataram; e a outros muitos, dos quais a uns
espancaram e a outros mataram.
Mrc.12.6- Ora,
tinha ele ainda um, o seu filho amado; a este lhes
enviou por último, dizendo: A meu filho terão
respeito.
Mrc.12.7- Mas
aqueles lavradores disseram entre si: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, e a
herança será nossa.
Mrc.12.8- E,
agarrando-o, o mataram, e o lançaram fora da vinha.
Mrc.12.9- Que
fará, pois, o senhor da vinha? Virá e destruirá os lavradores, e dará a vinha a
outros.
Mrc.12.10- Nunca
lestes esta escritura: A pedra que os edificadores
rejeitaram, essa foi posta como pedra angular;
Mrc.12.11- pelo
Senhor foi feito isso, e é maravilhoso aos nossos olhos?
Mrc.12.12-
Procuravam então prendê-lo, mas temeram a multidão, pois perceberam que contra
eles proferira essa parábola; e, deixando-o, se retiraram.
Mrc.12.13-
Enviaram-lhe então alguns dos fariseus e dos herodianos, para que o apanhassem
em alguma palavra.
Mrc.12.14-
Aproximando-se, pois, disseram-lhe: Mestre, sabemos que és verdadeiro, e de ninguém
se te dá; porque não olhas à aparência dos homens, mas ensinas segundo a
verdade o caminho de Deus; é lícito dar tributo a César, ou não? Daremos, ou
não daremos?
Mrc.12.15- Mas
Jesus, percebendo a hipocrisia deles, respondeu-lhes: Por que me experimentais?
Trazei-me um denário para que eu o veja.
Mrc.12.16- E eles lho trouxeram. Perguntou-lhes Jesus: De quem é esta
imagem e inscrição? Responderam-lhe: De César.
Mrc.12.17-
Disse-lhes Jesus: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de
Deus. E admiravam-se dele.
Mrc.12.18- Então
se aproximaram dele alguns dos saduceus, que dizem não haver ressurreição, e
lhe perguntaram, dizendo:
Mrc.12.19-
Mestre, Moisés nos deixou escrito que se morrer alguém, deixando mulher sem
deixar filhos, o irmão dele case com a mulher, e suscite descendência ao irmão.
Mrc.12.20- Ora,
havia sete irmãos; o primeiro casou-se e morreu sem deixar descendência;
Mrc.12.21- o
segundo casou-se com a viúva, e morreu, não deixando descendência; e da mesma
forma, o terceiro; e assim os sete, e não deixaram descendência.
Mrc.12.22-
Depois de todos, morreu também a mulher.
Mrc.12.23- Na
ressurreição, de qual deles será ela esposa, pois os sete por esposa a tiveram?
Mrc.12.24-
Respondeu-lhes Jesus: Porventura não errais vós em razão de não compreenderdes
as Escrituras nem o poder de Deus?
Mrc.12.25-
Porquanto, ao ressuscitarem dos mortos, nem se casam, nem se dão em casamento;
pelo contrário, são como os anjos nos céus.
Mrc.12.26-
Quanto aos mortos, porém, serem ressuscitados, não lestes no livro de Moisés,
onde se fala da sarça, como Deus lhe disse: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de
Isaque e o Deus de Jacob?
Mrc.12.27- Ora,
ele não é Deus de mortos, mas de vivos. Estais em grande erro.
Mrc.12.28-
Aproximou-se dele um dos escribas que os ouvira discutir e, percebendo que lhes
havia respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o primeiro de todos os mandamentos?
Mrc.12.29-
Respondeu Jesus: O primeiro é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único
Senhor.
Mrc.12.30-
Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de
todo o teu entendimento e de todas as tuas forças.
Mrc.12.31- E o
segundo é este: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento
maior do que esses.
Mrc.12.32- Ao
que lhe disse o escriba: Muito bem, Mestre; com verdade disseste que ele é um,
e fora dele não há outro;
Mrc.12.33- e que
amá-lo de todo o coração, de todo o entendimento e de todas as forças, e amar o
próximo como a si mesmo, é mais do que todos os holocaustos e sacrifícios.
Mrc.12.34- E
Jesus, vendo que havia respondido sabiamente, disse-lhe: Não estás longe do
reino de Deus. E ninguém ousava mais interrogá-lo.
Mrc.12.35- Por
sua vez, Jesus, enquanto ensinava no templo, perguntou: Como é que os escribas
dizem que o Cristo é filho de David?
Mrc.12.36- O
próprio David falou, movido pelo Espírito Santo: Disse o Senhor ao meu Senhor:
Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus
pés.
Mrc.12.37- David
mesmo lhe chama Senhor; como é ele seu filho? E a grande multidão o ouvia com
prazer.
Mrc.12.38- E
prosseguindo ele no seu ensino, disse: Guardai-vos dos escribas, que gostam de
andar com vestes compridas, e das saudações nas praças,
Mrc.12.39- e dos
primeiros assentos nas sinagogas, e dos primeiros lugares nos banquetes,
Mrc.12.40- que
devoram as casas das viúvas, e por pretexto fazem longas orações; estes hão-de receber muito maior condenação.
Mrc.12.41- E
sentando-se Jesus defronte do cofre das ofertas, observava como a multidão
lançava dinheiro no cofre; e muitos ricos deitavam muito.
Mrc.12.42-
Vindo, porém, uma pobre viúva, lançou dois leptos, que valiam um quadrante.
Mrc.12.43- E
chamando ele os seus discípulos, disse-lhes: Em
verdade vos digo que esta pobre viúva deu mais do que todos os que deitavam
ofertas no cofre;
Mrc.12.44-
porque todos deram daquilo que lhes sobrava; mas esta, da sua pobreza, deu tudo
o que tinha, mesmo todo o seu sustento.
Mrc.13.1- Quando
saía do templo, disse-lhe um dos seus discípulos: Mestre, olha que pedras e que
edifícios!
Mrc.13.2- Ao que
Jesus lhe disse: Vês estes grandes edifícios? Não se deixará aqui pedra sobre
pedra que não seja derribada.
Mrc.13.3- Depois
estando ele sentado no Monte das Oliveiras, defronte do templo, Pedro, Tiago,
João e André perguntaram-lhe em particular:
Mrc.13.4-
Diz-nos, quando sucederão essas coisas, e que sinal haverá quando todas elas
estiverem para se cumprir?
Mrc.13.5- Então
Jesus começou a dizer-lhes: Acautelai-vos; ninguém vos engane;
Mrc.13.6- muitos
virão em meu nome, dizendo: Sou eu; e a muitos enganarão.
Mrc.13.7-
Quando, porém, ouvirdes falar em guerras e rumores de guerras, não vos
perturbeis; forçoso é que assim aconteça: mas ainda não é o fim.
Mrc.13.8- Pois
se levantará nação contra nação, e reino contra reino; e haverá terramotos em
diversos lugares, e haverá fomes. Isso será o princípio das dores.
Mrc.13.9- Mas olhai por vós mesmos; pois por minha causa vos hão-de entregar aos sinédrios e às sinagogas, e sereis
açoitados; também sereis levados perante governadores e reis, para lhes servir
de testemunho.
Mrc.13.10- Mas
importa que primeiro o
evangelho seja pregado entre todas as nações.
Mrc.13.11-
Quando, pois, vos conduzirem para vos entregar, não vos preocupeis com o que
haveis de dizer; mas, o que vos for dado naquela hora, isso falai;
porque não sois vós que falais, mas sim o Espírito Santo.
Mrc.13.12- Um
irmão entregará à morte a seu irmão, e um pai a seu filho; e filhos se
levantarão contra os pais e os matarão.
Mrc.13.13- E sereis odiados de todos por causa do meu nome; mas aquele
que perseverar até o fim, esse será salvo.
Mrc.13.14- Ora,
quando vós virdes a abominação da desolação estar onde não deve estar (quem lê,
entenda), então os que estiverem na Judeia fujam para os montes;
Mrc.13.15- quem
estiver no eirado não desça, nem entre para tirar alguma coisa da sua casa;
Mrc.13.16- e
quem estiver no campo não volte atrás para buscar a sua capa.
Mrc.13.17- Mas
ai das que estiverem grávidas, e das que amamentarem naqueles dias!
Mrc.13.18- Orai,
pois, para que isto não suceda no inverno;
Mrc.13.19-
porque naqueles dias haverá uma tribulação tal, qual nunca houve desde o
princípio da criação, que Deus criou, até agora, nem jamais haverá.
Mrc.13.20- Se o
Senhor não abreviasse aqueles dias, ninguém se salvaria mas ele, por causa dos
eleitos que escolheu, abreviou aqueles dias.
Mrc.13.21-
Então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! Ou: Ei-lo ali! Não acrediteis.
Mrc.13.22-
Porque hão-de surgir falsos cristos
e falsos profetas, e farão sinais e prodígios para enganar, se possível, até os
escolhidos.
Mrc.13.23- Ficai
vós, pois, de sobreaviso; eis que de antemão vos tenho dito tudo.
Mrc.13.24- Mas
naqueles dias, depois daquela tribulação, o sol escurecerá, e a lua não dará a
sua luz;
Mrc.13.25- as
estrelas cairão do céu, e os poderes que estão nos céus, serão abalados.
Mrc.13.26- Então
verão vir o Filho do homem nas nuvens, com grande poder e glória.
Mrc.13.27- E
logo enviará os seus anjos, e ajuntará os seus eleitos, desde os quatro ventos,
desde a extremidade da terra até a extremidade do céu.
Mrc.13.28- Da
figueira, pois, aprendei a parábola: Quando já o seu
ramo se torna tenro e brota folhas, sabeis que está próximo o verão.
Mrc.13.29- Assim
também vós, quando virdes sucederem essas coisas, sabei que ele está próximo,
mesmo às portas.
Mrc.13.30- Em
verdade vos digo que não passará esta geração, até que
todas essas coisas aconteçam.
Mrc.13.31-
Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão.
Mrc.13.32-
Quanto, porém, ao dia e à hora, ninguém sabe, nem os anjos no céu nem o Filho,
senão o Pai.
Mrc.13.33-
Olhai! Vigiai! Porque não sabeis quando chegará o tempo.
Mrc.13.34- É
como se um homem, devendo viajar, ao deixar a sua casa, desse autoridade aos
seus servos, a cada um o seu trabalho, e ordenasse também ao porteiro que
vigiasse.
Mrc.13.35-
Vigiai, pois; porque não sabeis quando virá o senhor da casa; se à tarde, se à
meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã;
Mrc.13.36- para
que, vindo de improviso, não vos ache dormindo.
Mrc.13.37- O que
vos digo a vós, a todos o digo: Vigiai.
Mrc.14.1- Ora,
dali a dois dias era a Páscoa e a festa dos pães ázimos; e os principais
sacerdotes e os escribas andavam buscando como prender Jesus à traição, para o
matarem.
Mrc.14.2- Pois eles diziam: Não durante a festa, para que não haja tumulto
entre o povo.
Mrc.14.3-
Estando ele em Betânia, reclinado à mesa em casa de
Simão, o leproso, veio uma mulher que trazia um vaso de alabastro cheio de
bálsamo de nardo puro, de grande preço; e, quebrando o vaso, derramou-lhe sobre
a cabeça o bálsamo.
Mrc.14.4- Mas
alguns houve que em si mesmos
se indignaram e disseram: Para que se fez este desperdício do bálsamo?
Mrc.14.5- Pois
podia ser vendido por mais de trezentos denários que se dariam aos pobres. E
bramavam contra ela.
Mrc.14.6- Jesus,
porém, disse: Deixai-a; por que a molestais? Ela praticou uma boa acção para
comigo.
Mrc.14.7-
Porquanto os pobres sempre os tendes convosco e, quando quiserdes, podeis
fazer-lhes bem; a mim, porém, nem sempre me tendes.
Mrc.14.8- ela
fez o que pode; antecipou-se a ungir o meu corpo para a sepultura.
Mrc.14.9- Em
verdade vos digo que, em todo o mundo, onde quer que
for pregado o evangelho, também o que ela fez será contado para memória sua.
Mrc.14.10- Então
Judas Iscariotes, um dos doze, foi ter com os principais sacerdotes para lhes
entregar Jesus.
Mrc.14.11-
Ouvindo-o eles, alegraram-se, e prometeram dar-lhe dinheiro. E buscava como o
entregaria em ocasião oportuna.
Mrc.14.12- Ora, no
primeiro dia dos pães ázimos, quando imolavam a Páscoa, disseram-lhe seus
discípulos: Aonde queres que vamos fazer os preparativos para comeres a Páscoa?
Mrc.14.13-
Enviou, pois, dois dos seus discípulos, e disse-lhes: Ide à cidade, e vos sairá
ao encontro um homem levando um cântaro de água; segui-o;
Mrc.14.14- e,
onde ele entrar, dizei ao dono da casa: O Mestre manda perguntar: Onde está o
meu aposento em que hei de comer a Páscoa com os meus discípulos?
Mrc.14.15- E ele vos mostrará um grande cenáculo mobilado e pronto; aí
fazei-nos os preparativos.
Mrc.14.16-
Partindo, pois, os discípulos, foram à cidade, onde acharam tudo como ele lhes
dissera, e prepararam a Páscoa.
Mrc.14.17- Ao
anoitecer chegou ele com os doze.
Mrc.14.18- E,
quando estavam reclinados à mesa e comiam, disse Jesus: Em verdade vos digo que
um de vós, que comigo come, há-de trair-me.
Mrc.14.19- Ao
que eles começaram a entristecer-se e a perguntar-lhe um após outro: Porventura
sou eu?
Mrc.14.20-
Respondeu-lhes: É um dos doze, que mete comigo a mão no prato.
Mrc.14.21- Pois
o Filho do homem vai, conforme está escrito a seu respeito; mas ai daquele por
quem o Filho do homem é traído! Bom seria para esse homem se não houvera
nascido.
Mrc.14.22-
Enquanto comiam, Jesus tomou pão e, abençoando-o, o partiu e deu-lho, dizendo:
Tomai; isto é o meu corpo.
Mrc.14.23- E
tomando um cálice, rendeu graças e deu-lho; e todos beberam dele.
Mrc.14.24- E
disse-lhes: Isto é o meu sangue, o sangue do pacto, que por muitos é derramado.
Mrc.14.25- Em
verdade vos digo que não beberei mais do fruto da
videira, até aquele dia em que o beber, novo, no reino de Deus.
Mrc.14.26- E,
tendo cantado um hino, saíram para o Monte das Oliveiras.
Mrc.14.27-
Disse-lhes então Jesus: Todos vós vos escandalizareis; porque escrito está:
Ferirei o pastor, e as ovelhas se dispersarão.
Mrc.14.28-
Todavia, depois que eu ressurgir, irei adiante de vós
para a Galileia.
Mrc.14.29- Ao
que Pedro lhe disse: Ainda que todos se escandalizem, nunca, porém, eu.
Mrc.14.30-
Replicou-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje, nesta noite, antes que o galo
cante duas vezes, três vezes tu me negarás.
Mrc.14.31- Mas ele repetia com veemência: Ainda que me seja necessário
morrer contigo, de modo nenhum te negarei. Assim também diziam todos.
Mrc.14.32- Então
chegaram a um lugar chamado Getsémane, e disse Jesus a seus discípulos:
Sentai-vos aqui, enquanto eu oro.
Mrc.14.33- E
levou consigo a Pedro, a Tiago e a João, e começou a ter pavor e a
angustiar-se;
Mrc.14.34- e
disse-lhes: A minha alma está triste até a morte; ficai aqui e vigiai.
Mrc.14.35- E
adiantando-se um pouco, prostrou-se em terra; e orava para que, se fosse
possível, passasse dele aquela hora.
Mrc.14.36- E
dizia: Aba, Pai, tudo te é possível; afasta de mim este cálice; todavia não
seja o que eu quero, mas o que tu queres.
Mrc.14.37-
Voltando, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Simão,
dormes? Não pudeste vigiar uma hora?
Mrc.14.38-
Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está
pronto, mas a carne é fraca.
Mrc.14.39-
Retirou-se de novo e orou, dizendo as mesmas palavras.
Mrc.14.40- E
voltando outra vez, achou-os dormindo, porque seus olhos estavam carregados; e
não sabiam o que lhe responder.
Mrc.14.41- Ao voltar
pela terceira vez, disse-lhes: Dormi agora e descansai. - Basta; é chegada a
hora. Eis que o Filho do homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores.
Mrc.14.42- Levantai-vos, vamo-nos; eis que é chegado aquele que me
trai.
Mrc.14.43- E
logo, enquanto ele ainda falava, chegou Judas, um dos doze, e com ele uma multidão com espadas e varapaus, vinda da parte dos
principais sacerdotes, dos escribas e dos anciãos.
Mrc.14.44- Ora,
o que o traía lhes havia dado um sinal, dizendo: Aquele que eu beijar, esse é;
prendei-o e levai-o com segurança.
Mrc.14.45- E,
logo que chegou, aproximando-se de Jesus, disse: Rabi! E o beijou.
Mrc.14.46- Ao
que eles lhes lançaram as mãos, e o prenderam.
Mrc.14.47- Mas
um dos que ali estavam, puxando da espada, feriu o servo do sumo-sacerdote e
cortou-lhe uma orelha.
Mrc.14.48-
Disse-lhes Jesus: Saístes com espadas e varapaus para me prender, como a um
salteador?
Mrc.14.49- Todos
os dias estava convosco no templo, a ensinar, e não me prendestes; mas isto é
para que se cumpram as Escrituras.
Mrc.14.50-
Nisto, todos o deixaram e fugiram.
Mrc.14.51- Ora,
seguia-o certo jovem envolto em um lençol sobre o corpo nu; e o agarraram.
Mrc.14.52- Mas ele, largando o lençol, fugiu despido.
Mrc.14.53-
Levaram Jesus ao sumo-sacerdote, e ajuntaram-se todos os principais sacerdotes,
os anciãos e os escribas.
Mrc.14.54- E
Pedro o seguiu de longe até dentro do pátio do sumo-sacerdote, e estava sentado
com os guardas, aquentando-se ao fogo.
Mrc.14.55- Os
principais sacerdotes procuravam um testemunho contra Jesus para o matar, e não
o achavam.
Mrc.14.56-
Porque contra ele muitos
depunham falsamente, mas os testemunhos não concordavam.
Mrc.14.57-
Levantaram-se por fim alguns que depunham falsamente contra ele, dizendo:
Mrc.14.58- Nós o
ouvimos dizer: Eu destruirei este santuário,
construído por mãos de homens, e em três dias edificarei outro, não feito por
mãos de homens.
Mrc.14.59- E nem
assim concordava o seu testemunho.
Mrc.14.60-
Levantou-se então o sumo-sacerdote no meio e perguntou a Jesus: Não respondes
coisa alguma? Que é que estes depõem conta ti?
Mrc.14.61- Ele,
porém, permaneceu calado, e nada respondeu. Tornou o sumo-sacerdote a
interrogá-lo, perguntando-lhe: És tu o Cristo, o Filho do Deus bendito?
Mrc.14.62-
Respondeu Jesus: Eu o sou; e vereis o Filho do homem assentado à direita do
Poder e vindo com as nuvens do céu.
Mrc.14.63- Então
o sumo-sacerdote, rasgando as suas vestes, disse: Para que precisamos ainda de
testemunhas?
Mrc.14.64-
Acabais de ouvir a blasfémia; que vos parece? E todos o condenaram como réu de
morte.
Mrc.14.65- E
alguns começaram a cuspir nele, e a cobrir-lhe o rosto, e a dar-lhe socos, e a
dizer-lhe: Profetiza. E os guardas receberam-no a bofetadas.
Mrc.14.66- Ora,
estando Pedro em baixo, no átrio, chegou uma das criadas do sumo-sacerdote
Mrc.14.67- e,
vendo a Pedro, que se estava aquentando, encarou-o e disse: Tu também estavas
com o nazareno, esse Jesus.
Mrc.14.68- Mas ele o negou, dizendo: Não sei nem compreendo o que dizes. E
saiu para o alpendre.
Mrc.14.69- E a criada,
vendo-o, começou de novo a dizer aos que ali estavam: Esse é um deles.
Mrc.14.70- Mas ele o negou outra vez. E pouco depois os que ali estavam
disseram novamente a Pedro: Certamente tu és um deles; pois és também galileu.
Mrc.14.71- Ele,
porém, começou a praguejar e a jurar: Não conheço esse homem de quem falais.
Mrc.14.72- Nesse
instante o galo cantou pela segunda vez. E Pedro lembrou-se da palavra que lhe
dissera Jesus: Antes que o galo cante duas vezes, três vezes me negarás. E
caindo em si, começou a chorar.
Mrc.15.1- Logo
de manhã tiveram conselho os principais sacerdotes com os anciãos, os escribas
e todo o Sinédrio; e maniatando a Jesus, o levaram e o entregaram a Pilatos.
Mrc.15.2-
Pilatos lhe perguntou: És tu o rei dos judeus? Respondeu-lhe Jesus: É como
dizes.
Mrc.15.3- e os
principais dos sacerdotes o acusavam de muitas coisas.
Mrc.15.4- Tornou
Pilatos a interrogá-lo, dizendo: Não respondes nada? Vê quantas acusações te
fazem.
Mrc.15.5- Mas
Jesus nada mais respondeu, de maneira que Pilatos se
admirava.
Mrc.15.6- Ora,
por ocasião da festa costumava soltar-lhes um preso qualquer que eles pedissem.
Mrc.15.7- E
havia um, chamado Barrabás, preso com outros sediciosos, os quais num motim
haviam cometido um homicídio.
Mrc.15.8- E a
multidão subiu e começou a pedir o que lhe costumava fazer.
Mrc.15.9- Ao que
Pilatos lhes perguntou: Quereis que vos solte o rei dos judeus?
Mrc.15.10- Pois ele sabia que por inveja os principais sacerdotes lho haviam
entregado.
Mrc.15.11- Mas
os principais sacerdotes incitaram a multidão a pedir que lhes soltasse antes a
Barrabás.
Mrc.15.12- E
Pilatos, tornando a falar, perguntou-lhes: Que farei então daquele a quem
chamais reis dos judeus?
Mrc.15.13-
Novamente clamaram eles: Crucifica-o!
Mrc.15.14-
Disse-lhes Pilatos: Mas que mal fez ele? Ao que eles clamaram ainda mais:
Crucifica-o!
Mrc.15.15- Então
Pilatos, querendo satisfazer a multidão, soltou-lhe Barrabás; e tendo mandado
açoitar a Jesus, o entregou para ser crucificado.
Mrc.15.16- Os
soldados, pois, levaram-no para dentro, ao pátio, que é o pretório, e
convocaram toda a coorte;
Mrc.15.17-
vestiram-no de púrpura e puseram-lhe na cabeça uma coroa de espinhos que haviam
tecido;
Mrc.15.18- e
começaram a saudá-lo: Salve, rei dos judeus!
Mrc.15.19-
Davam-lhe com uma cana na cabeça, cuspiam nele e, postos de joelhos, o
adoravam.
Mrc.15.20-
Depois de o terem assim escarnecido, despiram-lhe a púrpura, e lhe puseram as
vestes. Então o levaram para fora, a fim de o crucificarem.
Mrc.15.21- E
obrigaram certo Simão, cireneu, pai de Alexandre e de Rufo, que por ali
passava, vindo do campo, a carregar-lhe a cruz.
Mrc.15.22-
Levaram-no, pois, ao lugar do Gólgota, que quer dizer, lugar da Caveira.
Mrc.15.23- E
ofereciam-lhe vinho misturado com mirra; mas ele não o tomou.
Mrc.15.24- Então
o crucificaram, e repartiram entre si as vestes dele, lançando sortes sobre
elas para ver o que cada um levaria.
Mrc.15.25- E era
a hora terceira quando o crucificaram.
Mrc.15.26- Por
cima dele estava escrito o título da sua acusação: O REI DOS JUDEUS.
Mrc.15.27-
Também, com ele, crucificaram dois salteadores, um à sua direita, e outro à
esquerda.
Mrc.15.28- [E
cumpriu-se a escritura que diz: E com os malfeitores foi contado.]
Mrc.15.29- E os
que iam passando blasfemavam dele, meneando a cabeça e dizendo: Ah! tu que destróis o santuário e em três dias o reedificas.
Mrc.15.30-
salva-te a ti mesmo, descendo da cruz.
Mrc.15.31- De
igual modo também os principais sacerdotes, com os escribas, escarnecendo-o,
diziam entre si: A outros salvou; a
si mesmo não pode salvar;
Mrc.15.32- desça
agora da cruz o Cristo, o rei de Israel, para que vejamos e creiamos. Também os
que com ele foram crucificados o injuriavam.
Mrc.15.33- E,
chegada a hora sexta, houve trevas sobre a terra, até a hora nona.
Mrc.15.34- E, à
hora nona, bradou Jesus em alta voz: Eloí, Eloí, lamá, sabactani?
Que, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?
Mrc.15.35-
Alguns dos que ali estavam, ouvindo isso, diziam: Eis que chama por Elias.
Mrc.15.36-
Correu um deles, ensopou uma esponja em vinagre e, pondo-a numa cana, dava-lhe
de beber, dizendo: Deixai, vejamos se Elias virá tirá-lo.
Mrc.15.37- Mas
Jesus, dando um grande brado, expirou.
Mrc.15.38- Então
o véu do santuário se rasgou em dois, de alto a baixo.
Mrc.15.39- Ora,
o centurião, que estava defronte dele, vendo-o assim expirar, disse:
Verdadeiramente este homem era filho de Deus.
Mrc.15.40-
Também ali estavam algumas mulheres olhando de longe, entre elas Maria
Madalena, Maria, mãe de Tiago o Menor e de José, e Salomé;
Mrc.15.41- as
quais o seguiam e o serviam quando ele estava na Galileia; e muitas outras que
tinham subido com ele a Jerusalém.
Mrc.15.42- Ao
cair da tarde, como era o dia da preparação, isto é, a véspera do sábado,
Mrc.15.43- José
de Arimateia, ilustre membro do Sinédrio, que também esperava o reino de Deus,
cobrando ânimo foi Pilatos e pediu o corpo de Jesus.
Mrc.15.44-
Admirou-se Pilatos de que já tivesse morrido; e chamando o centurião,
perguntou-lhe se, de fato, havia morrido.
Mrc.15.45- E,
depois que o soube do centurião, cedeu o cadáver a José;
Mrc.15.46- o
qual, tendo comprado um pano de linho, tirou da cruz o corpo, envolveu-o no
pano e o depositou num sepulcro aberto em rocha; e rolou uma pedra para a porta
do sepulcro.
Mrc.15.47- E
Maria Madalena e Maria, mãe de José, observavam onde
fora posto.
Mrc.16.1- Ora,
passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram
aromas para irem ungi-lo.
Mrc.16.2- E, no
primeiro dia da semana, foram ao sepulcro muito cedo, ao levantar do sol.
Mrc.16.3- E
diziam umas às outras: Quem nos revolverá a pedra da porta do sepulcro?
Mrc.16.4- Mas,
levantando os olhos, notaram que a pedra, que era muito grande, já estava
revolvida;
Mrc.16.5- e entrando
no sepulcro, viram um moço sentado à direita, vestido de alvo manto; e ficaram
atemorizadas.
Mrc.16.6- Ele,
porém, lhes disse: Não vos atemorizeis; buscais a Jesus, o nazareno, que foi
crucificado; ele ressurgiu; não está aqui; eis o lugar onde o puseram.
Mrc.16.7- Mas ide, dizei a seus discípulos, e a Pedro, que ele vai adiante
de vós para a Galileia; ali o vereis, como ele vos disse.
Mrc.16.8- E,
saindo elas, fugiram do sepulcro, porque estavam possuídas de medo e assombro;
e não disseram nada a ninguém, porque temiam.
Mrc.16.9- [Ora,
havendo Jesus ressurgido cedo no primeiro dia da semana, apareceu primeiramente
a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demónios.
Mrc.16.10- Foi
ela anunciá-lo aos que haviam andado com ele, os quais estavam tristes e
chorando;
Mrc.16.11- e
ouvindo eles que vivia, e que tinha sido visto por ela, não o creram.
Mrc.16.12-
Depois disso manifestou-se sob outra forma a dois deles que iam de caminho para
o campo,
Mrc.16.13- os
quais foram anunciá-lo aos outros; mas nem a estes deram crédito.
Mrc.16.14- Por
último, então, apareceu aos onze, estando eles reclinados à mesa, e lançou-lhes
em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem dado crédito
aos que o tinham visto já ressurgido.
Mrc.16.15- E
disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura.
Mrc.16.16- Quem
crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.
Mrc.16.17- E
estes sinais acompanharão aos que crerem: em meu nome expulsarão demónios;
falarão novas línguas;
Mrc.16.18-
pegarão em serpentes; e se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano
algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e estes serão curados.
Mrc.16.19- Ora,
o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à
direita de Deus.
Mrc.16.20- Eles,
pois, saindo, pregaram por toda parte, cooperando com eles o Senhor, e
confirmando a palavra com os sinais que os acompanhavam.