Baruc
Brc.1.1 Livro
escrito por Baruc, filho de Nerias,
filho de Maasias, filho de Sedecias, filho de Asadias, filho de Helcias, quando
estava na Babilónia,
Brc.1.2 no sétimo dia do mês, no quinto ano da época em que os caldeus tomaram
Jerusalém e a incendiaram.
Brc.1.3 Baruc leu este texto na presença de Jeconias, filho de Joaquim, rei de Judá, e também na
presença de todo o povo que veio ouvir a leitura:
Brc.1.4 autoridades, pessoal do rei, conselheiros, o povo todo, pequenos e
grandes, que estavam residindo na Babilónia, às margens do rio Sud.
Brc.1.5 Então todos começaram a chorar, a jejuar e a fazer preces ao Senhor.
Brc.1.6 Fizeram também uma colecta em dinheiro, dando cada um o que podia,
Brc.1.7 e mandaram a soma para Jerusalém, ao sacerdote Joaquim, filho de Helcias, filho de Salom, e para
os outros sacerdotes e o povo que com ele tinha ficado em Jerusalém.
Brc.1.8 Isso foi quando Baruc, no décimo dia do mês
de Sivan, recuperou os objectos da casa do Senhor,
tirados do Templo, e os mandou de volta para a terra de Judá. Eram os objectos
de prata que Sedecias, filho de Josias, rei de Judá, tinha mandado fazer,
Brc.1.9 depois que Nabucodonosor, rei da Babilónia, tinha levado para o exílio
na Babilónia o rei Jeconias, as autoridades, os
artistas, os poderosos e os cidadãos de Jerusalém.
Brc.1.10 A carta dizia: "Nós estamos remetendo algum dinheiro. É para
vocês comprarem com ele vítimas para o holocausto e vítimas expiatórias, para o
incenso e para as ofertas. Ofereçam tudo isso sobre o altar do Senhor nosso
Deus,
Brc.1.11 rezando pela saúde de Nabucodonosor, rei da Babilónia, e pela saúde do
seu filho Baltazar, a fim de que seus dias sejam tão longos como a idade do
céu.
Brc.1.12 O Senhor nos conceda forças e nos ilumine, para podermos viver
protegidos por Nabucodonosor, rei da Babilónia, e pelo seu filho Baltazar,
trabalhando para eles por muito tempo e gozando o seu favor.
Brc.1.13 Rezem também por nós ao Senhor nosso Deus, pois pecamos contra o
Senhor nosso Deus, e até hoje a ira e o furor do Senhor não se afastaram de
nós.
Brc.1.14 Proclamem este documento que estamos mandando para ser lido em público
no Templo do Senhor, tanto em dia de festa, como em outras ocasiões".
Brc.1.15 Eis o texto: "Confessamos que o Senhor nosso Deus é justo e a nós
cabe hoje a vergonha, a nós, cidadãos de Judá e habitantes de Jerusalém,
Brc.1.16 reis e autoridades nossas, sacerdotes, profetas e antepassados nossos,
Brc.1.17 porque pecamos contra o Senhor,
Brc.1.18 desobedecemos, não ouvimos a voz do Senhor nosso Deus, deixamos de
seguir as orientações que ele nos colocou diante dos olhos.
Brc.1.19 Desde o dia em que o Senhor tirou nossos antepassados do Egipto até
hoje, nós só desobedecemos ao Senhor nosso Deus e não fizemos caso de ouvir a
sua voz.
Brc.1.20 Assim nos acompanham até os dias de hoje desgraças e maldições com que
o Senhor ameaçou o seu servo Moisés, quando tirou nossos antepassados do Egipto
para nos dar uma terra onde corre leite e mel.
Brc.1.21 Nós, porém, nunca demos atenção à voz do Senhor nosso Deus, que nos
falava pela palavra dos profetas que ele nos enviava.
Brc.1.22 Pelo contrário, cada um de nós seguia suas más inclinações, prestando
culto aos deuses estrangeiros e praticando o que é mau aos olhos do Senhor
nosso Deus.
Brc.2.1 Por
isso, o Senhor cumpriu as ameaças feitas contra nós e nossos juízes que
governavam Israel, nossos reis, nossas autoridades e todos os cidadãos de
Israel e Judá.
Brc.2.2 Debaixo do céu, jamais aconteceu coisa igual a tudo o que aconteceu em
Jerusalém, conforme está escrito na lei de Moisés:
Brc.2.3 que indivíduos iriam comer a carne de seus próprios filhos e filhas.
Brc.2.4 O Senhor entregou os israelitas em mãos de todos os reinos ao redor e
deixou o seu território desolado, tornando-os objecto de caçoada e desprezo dos
povos, entre os quais o Senhor os espalhou.
Brc.2.5 Foi assim que se tornaram vassalos e não senhores, pois pecamos contra
o Senhor nosso Deus, quando deixamos de dar atenção à sua voz.
Brc.2.6 O Senhor nosso Deus é justo; hoje a vergonha pesa sobre nós e nossos
antepassados.
Brc.2.7 Todas as ameaças que o Senhor havia pronunciado caíram sobre nós;
Brc.2.8 contudo, não aplacamos ao Senhor, convertendo-nos de nossa atitude
perversa.
Brc.2.9 Por isso, o Senhor prestou atenção e nos enviou as desgraças com que nos
havia ameaçado. O Senhor foi justo em tudo o que fez contra nós,
Brc.2.10 porque não lhe obedecemos, colocando em
prática o que nos havia mandado.
Brc.2.11 Senhor, Deus de Israel, que tiraste o teu povo do Egipto com mão
poderosa, com sinais e prodígios, com grande força e braço firme, criando para ti uma fama que dura até hoje:
Brc.2.12 Nós pecamos, não guardamos respeito,
praticamos a injustiça, ó Senhor, nosso Deus, contra todos os teus mandamentos;
Brc.2.13 afasta de nós a tua ira, pois nos tornamos um pequeno resto entre as
nações por onde nos espalhaste.
Brc.2.14 Ouve, Senhor, a nossa prece e a nossa súplica, libertando-nos por
causa da tua honra. Faz com que ganhemos o favor daqueles que nos exilaram,
Brc.2.15 a fim de que a terra fique sabendo que tu és o Senhor nosso Deus, pois
o teu nome foi invocado sobre Israel e seus descendentes.
Brc.2.16 Senhor, do alto de tua santa morada, olha para nós. Inclina, Senhor, o
teu ouvido e escuta.
Brc.2.17 Abre, Senhor, os teus olhos e observa: os mortos no túmulo com seus
corpos já sem vida não podem cantar tua glória e tua justiça.
Brc.2.18 Aquele que geme sob o peso, andando encurvado e esgotado, olhos
baixos, passando fome, é ele quem reconhece tua glória e tua justiça, Senhor.
Brc.2.19 Não é apoiados no que os nossos antepassados
ou nossos reis praticaram de bom, que nós vimos implorar a tua misericórdia,
Senhor nosso Deus.
Brc.2.20 O furor e a ira que derramaste sobre nós estão de acordo com o que
falaste por meio dos profetas, teus servos. Eles disseram:
Brc.2.21 'Assim fala o Senhor: Dobrem os ombros e submetam-se ao rei da
Babilónia, para ficarem na terra que dei aos antepassados de vocês.
Brc.2.22 E se vocês desobedecerem ao Senhor e não se submeterem ao rei da
Babilónia,
Brc.2.23 deixarei desertos os povoados de Judá e
tirarei de Jerusalém os gritos de alegria, o barulho da festa, a voz do noivo e
da noiva, e o país se transformará num lugar deserto e sem habitante'.
Brc.2.24 Nós, porém, não obedecemos à tua ordem de nos
submetermos ao rei da Babilónia, e tu cumpriste a tua palavra anunciada pelos
profetas, teus servos: tiraram da sepultura os ossos de nossos reis e
antepassados
Brc.2.25 e os deixaram expostos ao calor do dia e ao frio da noite. Muitos
morreram em situações terríveis: de fome, ao fio da espada ou de peste.
Brc.2.26 Por causa da maldade da casa de Israel e da casa de Judá, reduziste ao estado em que se encontra hoje o Templo sobre
o qual teu nome foi invocado.
Brc.2.27 No entanto, agiste connosco, Senhor nosso Deus, em conformidade com
tua imensa piedade e compaixão,
Brc.2.28 conforme falaste por meio do teu servo Moisés, quando o mandaste
escrever a tua lei na presença de Israel:
Brc.2.29 'Se vocês deixarem de ouvir a minha palavra,
esta grande multidão ficará reduzida a uns poucos no meio das nações para onde
a espalharei.
Brc.2.30 Eu sei que eles não vão me obedecer, porque são todos
um povo que não abaixa a cabeça. Contudo, no exílio eles se converterão
Brc.2.31 e reconhecerão que eu sou o Senhor Deus deles. Então lhes darei
inteligência e ouvidos dóceis
Brc.2.32 e, na terra do seu exílio, me louvarão e se lembrarão do meu nome.
Brc.2.33 Eles se arrependerão de sua rebeldia e do mau comportamento, pois se
lembrarão do caminho de seus antepassados, que pecaram contra o Senhor.
Brc.2.34 Então, eu os levarei de volta para a terra que jurei dar aos seus
antepassados Abraão, Isaac e Jacob. Eles a possuirão, eu os farei crescer, e
eles nunca mais diminuirão.
Brc.2.35 Farei com eles uma aliança eterna: eu serei o
Deus deles e eles serão o meu povo. Nunca mais vou expulsar meu povo Israel da
terra que lhe dei'.
Brc.3.1 Senhor
todo-poderoso, Deus de Israel: é uma alma angustiada e um espírito aflito que
clama por ti.
Brc.3.2 Ouve, Senhor, tem piedade, pois pecamos contra ti.
Brc.3.3 Tu reinas para sempre, e nós morremos para
sempre.
Brc.3.4 Senhor todo-poderoso, Deus de Israel, ouve as preces daqueles que já
estão mortos em Israel e as súplicas dos filhos daqueles que pecaram contra ti:
eles desobedeceram ao Senhor seu Deus, e nós somos perseguidos pelas desgraças.
Brc.3.5 Não te lembres das injustiças de nossos
antepassados; lembra-te, nesta hora, do teu poder e do teu nome.
Brc.3.6 Sim, porque tu és o nosso Deus, e nós te louvamos, ó Senhor.
Brc.3.7 Pois foi para isso que puseste o teu temor em nossos corações, para que
invocássemos o teu nome. Nós te louvamos agora no exílio, pois afastamos do
nosso coração toda a injustiça de nossos antepassados, que pecaram contra ti.
Brc.3.8 Hoje estamos no exílio, para onde nos
expulsaste, a fim de sofrermos vergonha, maldição e insultos, para pagarmos por
todas as injustiças de nossos antepassados, que se revoltaram contra o Senhor
nosso Deus".
Brc.3.9 Ouça, Israel, os mandamentos da vida, preste atenção para aprender a
prudência.
Brc.3.10 Diga, Israel: por que você está numa terra inimiga, envelhecendo numa
terra estrangeira?
Brc.3.11 Por que você se contamina com os cadáveres e é contado entre os que
vão para a mansão dos mortos?
Brc.3.12 É porque você abandonou a fonte da sabedoria!
Brc.3.13 Se tivesses andado nos caminhos de Deus,
teria sempre vivido em paz.
Brc.3.14 Aprenda agora onde está a prudência, a força e a inteligência, para
compreender onde está a vida longa, onde está a luz dos olhos e a paz.
Brc.3.15 Mas quem descobriu a morada da sabedoria, quem penetrou em seus
depósitos?
Brc.3.16 Onde estão os governantes das nações, os que dominam as feras da
terra?
Brc.3.17 Onde estão os que se divertem com as aves do céu, os que ajuntam prata
e ouro, riquezas em que os homens confiam e em cuja posse não põem limites?
Brc.3.18 Onde estão os que lavram a prata e a cinzelam, sem revelar o segredo
de seus trabalhos?
Brc.3.19 Desapareceram, desceram à mansão dos mortos,
e outros surgiram e tomaram o seu lugar.
Brc.3.20 Novas gerações viram a luz e vieram habitar a terra, mas não
conheceram o caminho da ciência,
Brc.3.21 nem aprenderam suas veredas; nem mesmo seus filhos a puderam alcançar;
pelo contrário, afastaram-se do caminho dela.
Brc.3.22 Em Canaã jamais se ouviu falar da sabedoria, e em Teman
ela nunca foi vista.
Brc.3.23 Nem mesmo os filhos de Agar, que procuram a sabedoria em toda a terra,
ou os comerciantes de Merran e de Teman,
que contam histórias e buscam o saber, nem eles conheceram os caminhos da
sabedoria, nem se lembraram de suas veredas.
Brc.3.24 Como é grande, ó Israel, o Templo de Deus! Como é espaçoso o lugar do
seu domínio;
Brc.3.25 grande e sem fim, alto e sem medidas!
Brc.3.26 Aí surgiram os famosos gigantes dos tempos antigos de enorme estatura
e treinados para a guerra.
Brc.3.27 Não foi, porém, a eles que Deus escolheu nem lhes ensinou o caminho da
ciência:
Brc.3.28 morreram porque não tinham prudência, pereceram por falta de reflexão.
Brc.3.29 Quem subiu até o céu para tomar a sabedoria e fazê-la descer das
nuvens?
Brc.3.30 Quem atravessou o mar para encontrá-la, e comprá-la a preço de ouro
puro?
Brc.3.31 Ninguém conhece o caminho dela, nem percebe as suas veredas.
Brc.3.32 Aquele que tudo sabe conhece a sabedoria e penetrou-a com sua
inteligência. Aquele que criou a terra para sempre e a encheu de animais;
Brc.3.33 ele envia a luz, e ela vai; chama-a de volta,
e ela obedece com tremor.
Brc.3.34 As estrelas brilham alegres, cada uma em seu lugar;
Brc.3.35 ele as chama, e elas respondem:
"Presente!" E brilham de alegria para aquele que as criou.
Brc.3.36 Ele é o nosso Deus, e nenhum outro a ele se compara.
Brc.3.37 Foi ele que encontrou o caminho da ciência e
o deu a seu filho Jacob e a seu amado Israel.
Brc.3.38 Por isso, ela apareceu sobre a terra e viveu entre os homens.
Brc.4.1 Ela é o
livro dos mandamentos de Deus, a lei decretada para sempre: os que a guardam
viverão, os que a abandonam morrerão.
Brc.4.2 Volte atrás, Jacob, e a receba; caminhe na claridade do seu esplendor;
Brc.4.3 não entregue a outros a glória que pertence a você, nem sua dignidade a
um povo estrangeiro.
Brc.4.4 Felizes somos nós, Israel, pois conhecemos o
que agrada a Deus.
Brc.4.5 Coragem, meu povo, você que leva o nome de Israel!
Brc.4.6 Vocês foram vendidos às nações, não para serem destruídos; mas, porque
vocês provocaram a ira de Deus, então foram entregues aos inimigos.
Brc.4.7 Vocês irritaram o seu criador, sacrificando aos demónios, e não a Deus;
Brc.4.8 vocês esqueceram o Deus eterno que os alimentou e provocaram a tristeza
de Jerusalém que sustentou vocês.
Brc.4.9 Jerusalém viu cair sobre vocês a ira de Deus. Então ela disse:
"Escutem, cidades vizinhas de Sião! Deus me trouxe um grande sofrimento:
Brc.4.10 Eu vi a prisão de meus filhos e filhas,
trazida pelo Eterno.
Brc.4.11 Com alegria eu os tinha criado, deles me despedi,
chorando e gemendo.
Brc.4.12 Ninguém se alegre mais comigo, pois agora estou viúva e abandonada. Se
agora fiquei só e vazia, foi por causa dos pecados de meus filhos, que se
desviaram da lei de Deus.
Brc.4.13 Eles não entenderam os mandamentos dele, não andaram pelos caminhos da
lei de Deus e não entraram pelos trilhos da disciplina e da justiça.
Brc.4.14 Venham, cidades vizinhas de Sião: lembrem-se da prisão de meus filhos
e filhas, trazida pelo Eterno.
Brc.4.15 Pois ele reuniu em torno de meus filhos um
povo distante, um povo cruel e de linguagem estranha, que não respeitou os
velhos nem teve dó das crianças.
Brc.4.16 Levaram embora os filhos queridos da viúva e a deixaram sozinha e sem
filhas".
Brc.4.17 E eu, que posso fazer por vocês?
Brc.4.18 Somente
Aquele que lhes enviou a desgraça poderá libertá-los do inimigo.
Brc.4.19 Vão
embora, filhos meus, vão embora, enquanto eu fico
sozinha.
Brc.4.20 Tirei o manto da paz e vesti a roupa de suplicante. Ficarei a vida
inteira clamando ao Deus eterno.
Brc.4.21 Coragem, meus filhos! Clamem a Deus, e ele os livrará da opressão e
das mãos dos inimigos.
Brc.4.22 De minha parte, espero da mão do Eterno a
salvação de vocês; já chegou para mim a alegria que vem do Deus santo, porque o
Eterno, seu salvador, logo terá misericórdia de vocês.
Brc.4.23 Entre lágrimas e gemidos eu me despedi de
vocês; Deus, porém, fará vocês voltarem para mim, com festa e alegria que nunca
irão terminar.
Brc.4.24 Da mesma forma que as cidades vizinhas de Sião viram há pouco vocês
serem presos, assim, dentro em breve, elas verão a salvação que Deus lhes
concederá, pois é com grande glória e brilho do Eterno que ela virá a vocês.
Brc.4.25 Filhos meus, suportem, animados, a ira de
Deus que se voltou contra vocês. O inimigo os perseguiu; mas logo vocês verão a
derrota deles e lhes pisarão no pescoço.
Brc.4.26 Meus filhos mimados passaram por caminho pedregoso tocados pelo
inimigo como gado roubado.
Brc.4.27 Coragem, meus filhos, clamem a Deus! Ele mesmo que os provou se
lembrará de vocês.
Brc.4.28 Da mesma forma como lhes veio, um dia, a ideia de abandonar a Deus,
agora voltem a procurá-lo com redobrado empenho.
Brc.4.29 Aquele que lhes enviou tanta desgraça, lhes
mandará também a alegria eterna da salvação.
Brc.4.30 Jerusalém, tenha coragem! Aquele que lhe deu
um nome a consolará.
Brc.4.31 Malditos os que fizeram mal a você ou ficaram
contentes com a sua derrota!
Brc.4.32 Malditas as cidades que escravizaram os filhos de você! E maldita
também aquela que os recebeu.
Brc.4.33 Pois, da mesma forma que se alegrou com a derrota de você e fez festa
pela sua queda, assim também ela chorará por causa da sua própria destruição!
Brc.4.34 Tirarei dela a alegria de ser muito povoada, e o seu atrevimento se
mudará em luto.
Brc.4.35 Sobre ela virá, para durar muito tempo, um
fogo mandado pelo Eterno, e os demónios nela habitarão por longos anos.
Brc.4.36 Olhe para o nascente, Jerusalém, e veja a alegria que Deus manda para
você.
Brc.4.37 Olhe! Estão voltando os filhos que você viu partir: reunidos pela
palavra do Deus santo, desde o nascente até o poente, eles vêm festejando a
glória de Deus.
Brc.5.1
Jerusalém, tire a roupa de luto e de aflição e vista
para sempre o esplendor da glória que vem de Deus.
Brc.5.2 Vista o manto da justiça de Deus e ponha na cabeça a coroa gloriosa do
Eterno,
Brc.5.3 pois Deus mostrará o esplendor de você a todos os que vivem debaixo do
céu.
Brc.5.4 Deus lhe um nome para sempre: Paz da Justiça e Glória da Piedade.
Brc.5.5 Levante-se, Jerusalém, tome posição em lugar alto, olhe para o nascente
e contemple os seus filhos, reunidos do nascente e do poente pela voz do Santo,
que invocam alegremente a Deus.
Brc.5.6 Eles partiram a pé, levados pelo inimigo, mas Deus os traz de volta, em
triunfo, como sobre uma carruagem real.
Brc.5.7 Deus mandou cortar toda colina alta ou monte antigo e aterrar os
lugares mais fundos, para aplainar o chão, a fim de que Israel possa passar com
segurança, guiado pela glória de Deus.
Brc.5.8 Por ordem de Deus, todas as árvores e plantas aromáticas darão sombra a
Israel,
Brc.5.9 porque Deus, com sua justiça e sua misericórdia, conduzirá festivamente
Israel à luz da sua glória.
Brc.6.1 Por
causa dos pecados que vocês cometeram contra Deus é que estão sendo levados
prisioneiros para a Babilónia, sob as ordens do rei deles, Nabucodonosor.
Brc.6.2 Vocês chegarão à Babilónia, aí ficarão por muitos dias, um longo tempo,
ou seja, durante sete gerações; depois disso, vou tirá-los daí em paz.
Brc.6.3 Durante esse tempo, vocês verão na Babilónia deuses de prata, de ouro e
de madeira, que costumam ser carregados nos ombros e provocam temor entre os
pagãos.
Brc.6.4 Cuidado para não ficarem vocês também parecendo com esses estrangeiros,
nem se deixarem influenciar pelo temor desses deuses.
Brc.6.5 Quando vocês virem as multidões ajoelhadas na
frente e atrás deles, pensem dentro de si mesmos: "É só a ti, Senhor, que
devemos adorar".
Brc.6.6 Pois o meu anjo estará sempre com vocês, e ele pediria conta da vida de
vocês.
Brc.6.7 A língua desses deuses foi feita por um artista; ela está coberta de
prata ou de ouro, mas é de mentira e não pode falar.
Brc.6.8 Como se faz com a moça que gosta de enfeites, pegam ouro e fazem uma
coroa para colocar na cabeça de seus deuses.
Brc.6.9 De vez em quando, os sacerdotes, tendo tirado ouro e prata dos seus
deuses para o seu próprio proveito, o dão até a prostitutas de bordéis.
Brc.6.10 Eles enfeitam com roupas, como se fossem gente, a esses deuses de
prata, de ouro ou de madeira. Mas eles não podem livrar-se da ferrugem nem do
caruncho.
Brc.6.11 Depois de tê-los vestido com roupas caras,
são obrigados a limpar-lhes a cara, por causa da poeira que do templo lhes caiu
em cima.
Brc.6.12 Um deus fica com o ceptro na mão, como se fosse na região uma
autoridade, mas não é capaz de destruir quem o ofende.
Brc.6.13 Outro tem uma faca ou machadinha na mão, e não é capaz de se defender
de inimigos ou ladrões.
Brc.6.14 Por aí se vê que eles não são deuses, e vocês não devem temê-los.
Brc.6.15 Como a vasilha que se quebra e perde a serventia, assim também são
esses deuses, instalados nos templos deles.
Brc.6.16 Os olhos desses deuses vivem cheios de poeira levantada pelos pés
daqueles que entram no templo.
Brc.6.17 Da mesma forma como se fecham com segurança todas as portas por trás
de alguém que ofendeu o rei e fica preso e condenado à morte, assim também os
sacerdotes fecham os templos com portas, trancas e ferrolhos, para que seus
deuses não sejam roubados por ladrões.
Brc.6.18 Acendem mais lâmpadas para eles que para si
mesmos, embora esses deuses não sejam capazes de ver nenhuma delas.
Brc.6.19 Como o madeiramento do templo, cujo cerne dizem estar carunchado por
cupins saídos do chão, assim também esses deuses nada
sentem quando suas roupas ou eles próprios são corroídos.
Brc.6.20 O rosto deles fica escuro por causa da fumaça do templo.
Brc.6.21 Em volta deles, por cima de suas cabeças, voam morcegos, andorinhas e
outros passarinhos, e até gatos saltam.
Brc.6.22 Por aí se vê que eles não são deuses, e vocês não devem temê-los.
Brc.6.23 Quanto ao ouro de que são cobertos para ficarem bonitos, se ninguém
lhes dá lustro, não brilha. Eles mesmos, nem quando foram fundidos, sentiram
coisa alguma.
Brc.6.24 Embora não tenham vida, eles foram comprados por um preço muito caro.
Brc.6.25 Sem pés, são carregados nos ombros, mostrando
aos homens a sua falta de valor. Até quem cuida deles passa vergonha, pois se
um desses deuses cai no chão, ele é que tem de levantá-lo.
Brc.6.26 E quando alguém os coloca erguidos e de pé, eles não são capazes de
andar por si mesmos; se tombam, não podem se endireitar. Os dons são oferecidos
a eles como a mortos.
Brc.6.27 Para proveito próprio, os sacerdotes vendem o que foi sacrificado a
esses deuses; a outra parte, as mulheres salgam, sem dar nada aos pobres e
necessitados. Até a mulher menstruada ou que acaba de dar à luz toca nesses
sacrifícios.
Brc.6.28 Portanto, sabendo que não são deuses, não tenham medo deles.
Brc.6.29 Como poderiam ser deuses? São mulheres que oferecem sacrifícios a
esses deuses de prata, de ouro e de madeira.
Brc.6.30 Nos templos deles, os sacerdotes circulam com a roupa rasgada, a barba
e o cabelo cortado e a cabeça descoberta, em sinal de luto.
Brc.6.31 Urram e gritam diante de seus deuses, como alguns fazem nas cerimónias
fúnebres.
Brc.6.32 Os sacerdotes tiram a roupa dos deuses para vestir suas mulheres e
crianças.
Brc.6.33 E esses deuses, favorecidos ou prejudicados por alguém, não são
capazes de retribuir. Não podem nomear nem destronar reis.
Brc.6.34 Eles também não são capazes de dar a ninguém riqueza alguma, nem sequer uma única moeda. Se alguém lhes
faz uma promessa e depois não cumpre, eles não podem reclamar.
Brc.6.35 Não podem salvar ninguém da morte, nem podem livrar o fraco das mãos
do poderoso.
Brc.6.36 Não são capazes de devolver a vista ao cego, nem de livrar do perigo
homem nenhum;
Brc.6.37 não têm compaixão pela viúva, nem prestam ajuda nenhuma ao órfão.
Brc.6.38 Esses deuses de madeira prateada ou dourada parecem pedras tiradas do
morro: quem se ocupa deles só vai passar vergonha.
Brc.6.39 Como, então, pensar ou dizer que são deuses?
Brc.6.40 Até mesmo os caldeus os desrespeitam. Quando vêem alguém mudo, incapaz
de falar, eles o apresentam ao deus Bel, pedindo que o faça falar, como se ele
fosse capaz de ouvir.
Brc.6.41 Mas, porque não têm bom senso, eles são incapazes de reflectir nisso e
de abandonar esses deuses.
Brc.6.42 Mulheres põem uma corda na cintura e sentam-se à beira do caminho,
queimando farelo como incenso.
Brc.6.43 Quando uma delas é levada por algum homem que passa, a fim de dormir
com ele, começa a desprezar a companheira, que não teve a mesma honra nem
arrebentou a corda.
Brc.6.44 Tudo o que fazem com eles é falso. Então,
como é que se vai pensar ou dizer que são deuses?
Brc.6.45 Esses deuses foram fabricados por escultores e ourives, e não podem
ser nada mais daquilo que os seus autores queriam que fossem.
Brc.6.46 Aqueles que os fizeram não vivem muitos anos; então, como pode ser deus aquilo que eles fizeram?
Brc.6.47 Deixaram apenas mentira e vergonha para seus descendentes.
Brc.6.48 Quando surge uma guerra ou desgraça muito grande, os sacerdotes
discutem a maneira de se esconderem juntamente com esses deuses.
Brc.6.49 Assim, dá para entender que não são deuses,
pois não são capazes de se livrarem a si mesmos durante uma guerra ou catástrofe.
Brc.6.50 Não sendo mais que objectos de madeira, dourados ou prateados, por aí
fiquem todos sabendo que são de mentira. Que eles não são deuses fique claro
para todos os povos e reis; são apenas criação do trabalho humano, e nenhuma
acção divina existe neles.
Brc.6.51 Então, quem não vê que eles não são deuses?
Brc.6.52 Esses deuses nunca farão surgir um rei para uma região, nem mandarão
chuva para os homens.
Brc.6.53 Jamais defenderão a própria causa, nem libertarão injustiçado algum,
pois são impotentes, são como gralhas que voam entre o céu e a terra.
Brc.6.54 Se aparecer um fogo no templo desses deuses de madeira, dourados ou
prateados, seus sacerdotes poderão fugir para se salvar, mas eles serão
queimados junto com o madeiramento.
Brc.6.55 Eles não são capazes de resistir a um rei ou aos inimigos.
Brc.6.56 Então, como é que se vai aceitar ou imaginar que são deuses?
Brc.6.57 Esses deuses de madeira, deuses dourados ou prateados, não podem
escapar nem dos ladrões ou assaltantes. Mais fortes, os ladrões arrancam-lhes o
ouro ou a prata e vão-se embora carregando as roupas que esses deuses vestiam,
sem que eles possam acudir a si mesmos.
Brc.6.58 Mais vale um rei que mostra bravura ou mesmo um objecto de utilidade
em casa, do qual o dono pode se servir, do que esses deuses falsos. Mais vale
uma porta que, numa casa, protege tudo o que está dentro, do que esses falsos
deuses. Mais vale uma coluna de madeira no palácio, do que esses falsos deuses.
Brc.6.59 O sol, a lua e as estrelas, brilhando, cumprem espontaneamente a
missão de ser úteis.
Brc.6.60 O relâmpago, quando aparece, é bem visível. O próprio vento sopra em
qualquer região.
Brc.6.61 As nuvens obedecem, quando Deus as manda percorrer o mundo inteiro. O
raio, mandado lá de cima para devastar montes e matas, cumpre o que lhe é
determinado.
Brc.6.62 Esses deuses, porém, não podem ser comparados com essas coisas, nem na
aparência nem na força.
Brc.6.63 Portanto, como é possível pensar que sejam deuses ou chamá-los assim?
São incapazes de promover a justiça ou de fazer qualquer coisa boa para os
homens.
Brc.6.64 Portanto, sabendo que não são deuses, não tenham medo deles.
Brc.6.65 Esses deuses não podem amaldiçoar nem abençoar os reis;
Brc.6.66 não podem servir aos pagãos como sinais no céu, pois nem brilham como
o sol, nem são claros como a lua.
Brc.6.67 Até as feras valem mais do que eles, pois as feras podem fazer alguma
coisa por si mesmas, ao menos fugindo para um esconderijo.
Brc.6.68 Então, em nada eles se mostram ser deuses. Por isso, não tenham medo
deles.
Brc.6.69 Como espantalho em plantação de pepinos, que nada vigia, assim são
esses deuses de madeira, dourados ou prateados.
Brc.6.70 Esses deuses de madeira, dourados ou prateados, se parecem com
espinheiro no jardim, onde os passarinhos vêm pousar, ou, então, com cadáver
jogado em cova escura.
Brc.6.71 Pelas roupas de púrpura ou linho que vão apodrecendo em cima deles,
vocês já podem saber que não são deuses. Ao contrário, eles também serão
comidos e se tornarão vergonha para o país.
Brc.6.72 Então, é melhor ser homem honrado que não tem
ídolos, pois assim não terá do que se envergonhar.