Família – Outrora e agora (OC)

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Mateus 6:9/13 e Lucas 15:11/32

 

 

O Deus da Bíblia é do género masculino. É Deus e não Deusa. É Ele e não Ela. A Trindade integra apenas o Espírito Santo, o Filho e o Pai.

O Pai tem funções legislativas. É Ele que detém a Autoridade, o Domínio e a Soberania. É Ele que ordena, decreta, decide. Pai nosso ..... seja feita a Tua vontade na terra como no céu. Mateus 6:9/10

Deus criou o homem à Sua imagem e semelhança. Primeiro o homem e depois, a partir deste, Deus formou a mulher para lhe fazer companhia e lhe dar filhos. Génesis 2:18/25 O Homem veio a ser pai-humano à semelhança do Pai-divino, exercendo domínio sobre os peixes, as aves, o gado, os répteis e também a mulher Génesis 1:26 e Génesis 3:16

A história da humanidade, à luz da Bíblia, faz-se com homens que constituem as suas casas (conceito alargado de família, incluindo aqueles que habitavam sob o mesmo tecto), ou seja, o homem, os filhos, a esposa ou esposas, os servos, servas e concubinas. Aliás, a concubinagem foi definida como coabitação de pessoas que não são casadas legalmente (Webster´s Seventh New Collegiate Dictionary, 1971).

É assim que, nesta linha patriarcal, a casa e a genealogia é definida pelo homem-pai que garante a preservação da espécie, do povo, da nação, da tribo.

Muitas e destacadas figuras da História do povo de Deus foram pais de filhos de várias mulheres, desde o bígamo Lameque Génesis 4:19. Abraão teve um filho (Ismael) da serva Agar, Esaú teve três mulheres. Jacob que tanto trabalhou para conseguir Raquel, acabou por ter quatro mulheres Génesis 29:29/35, Génesis 30 e Génesis 31:1/17. O próprio Moisés teve duas mulheres; Elcana, pai de Samuel, também foi bígamo, e o rei David, ascendente do Messias, teve oito mulheres 2º Samuel 3:2/5; mas o caso mais notável foi o do rei Salomão, com setecentas mulheres, mais trezentas concubinas, ou seja, mil ao todo. 1º Reis 11:3   

Note-se que a poligamia (melhor dizendo poliginia) não era imposta, mas admitida pela Lei de Deus dada por Moisés ao povo de Israel. Deuteronómio 21:15 O factor económico era um dos mais determinantes, como ainda hoje parece ser em muitas culturas similares.      

Na tradição judaica não há casamentos por amor, a não ser excepcionalmente. Competia aos pais negociarem antecipadamente, sendo as mulheres geralmente compradas, ou conseguidas através de outras contrapartidas Génesis 34:12, Êxodo 22:16, 1º Samuel 18:25, Génesis 24. Depois de casadas, as mulheres estavam ao serviço do marido e, quanto a direitos, nem sequer herança tinham, a qual pertencia aos filhos varões.

Casos de amor, amor-paixão, além de raros são intersexuais, como o que existiu entre duas mulheres, Noemi e Rute Rute 1; entre dois homens, Jónatas e David 1º Samuel 20:17, 2º Samuel 1:26; e entre um homem e uma mulher, Jacob e Raquel Génesis 29:20.

Passando para o Novo Testamento, encontramos José e Maria, os pais humanos de Jesus, cujo casamento fora antes planeado pelos pais deles Mateus 1:18. Mantém-se e é explicitado pelo Apóstolo Paulo, o modelo patriarcal em que a mulher é sujeita ao marido Efésios 5:22/28, 1ª Timóteo 2:12/15, embora o mesmo Paulo faça a apologia do celibato e considere como motivação para casar, não o amor mas uma imperiosa necessidade sexual masculina. 1ª Coríntios 7

Há todavia, um ensino que vem da Lei mosaica, segundo o qual os filhos devem honrar não só o pai mas também a mãe Êxodo 20:12, e o conselho paulino de que os homens dêem honra à mulher como o vaso mais fraco. 1ª Pedro 3:1/7

Sobre a relação pai-filho, o ensino de Jesus faz-se pelo exemplo da sua relação com o Pai, já que pouco se sabe sobre o seu relacionamento com José, seu “padrasto”. Essa relação caracterizou-se fundamentalmente pela sujeição à vontade do Pai Lucas 22:42 e pela Sua identificação com Ele João 5:19/23, João 10:30. Mas também, na parábola do filho pródigo Lucas 15:11/32 se evidencia o amor paterno, ou seja, do pai para com os seus filhos.

Hoje, 2000 anos depois de Cristo, continua a haver pais e filhos. Mas o pai é também quem muda as fraldas aos filhos bebés e lhes dá biberão, colo e carinho, quem os lava e os veste, quem joga com eles e lhes conta histórias de embalar, para só me referir à primeira infância. Isto, ele pode ter de fazer sozinho ou em cooperação com a mãe. Hoje, regra geral, existem relações de paridade entre o pai e a mãe e, na nossa cultura, cada vez mais se esbatem as competências específicas dos cônjuges. São geralmente ambos que sustentam a casa, financeiramente, e ambos que criam e educam os seus filhos. Ou seja: o pai tende a ser também mãe, e a mãe tende a ser também pai. Ou seja, uma polivalência tendencial.

Quanto ao amor, há filhos que são mais amados pelo pai do que pela mãe, e há outros em que o inverso é que se verifica. Há também filhos que são rejeitados, explorados ou violados pela mãe ou pelo pai, ou por ambos. Uns e outros há, que atiram os filhos menores para a prostituição, explorando-os assim financeiramente. E... há pais e mães que abusam sexualmente dos seus filhos menores. Os casos que vêm a lume através da comunicação social e da investigação são cada vez em maior número, embora, felizmente, correspondam a um universo minoritário.

Isto para acentuar que, apesar de tudo, ainda há muitos pais e mães dignos de serem honrados, amados e respeitados pelos seus filhos. Sobretudo, aceites no contexto sócio-cultural em que, tanto o pai como a mãe, podem amar, sentir e decidir em conjunto. A mulher emancipou-se. Exerce funções profissionais “masculinas”. E o homem passou a executar também trabalhos “femininos”. Talvez elas vejam futebol e eles telenovelas; eles também gostam de flores, de usar cosméticos, vistam cor-de-rosa, usem camisas de dormir, “lingerie” transparente, ponham brincos, e façam tratamentos de beleza. Enquanto elas vestem calças de ganga, usam gravata, boina ou boné, fazem paraquedismo e praticam culturismo para obter corpos super-musculados. É o unissexo que está na moda.

O mais certo é que os filhos venham a reproduzir esses modelos comportamentais e talvez a ampliá-los mais ainda!

Tudo tão diferente do que vem na Bíblia! Um problema para os cristãos coerentes, que ainda consideram as Sagradas Escrituras como única regra de fé e prática?

Orlando Caetano Leiria, Portugal

 

Estudos bíblicos sem fronteiras teológicas