Envelhecer com Saúde (JC)
(Deverá
“cilcar” nas referências bíblicas, para ter acesso
aos textos)
«Os cabelos brancos são uma coroa de glória, quando enbranquecem no caminho da honradez»
O
envelhecimento da população é uma caraterística das sociedades
modernas e desenvolvidas, à medida que os progressos médicos e tecnológicos e a
melhoria do acesso aos cuidados de saúde vão contribuindo para um aumento da
longevidade. Em Portugal, a esperança média de vida passou de 67,1 anos em 1970
para 80,6 anos em 2017 (77,6 anos para os homens e 83,3 anos para as mulheres).
Este aumento significativo da longevidade, aliado a uma redução acentuada do
número de nascimentos, permite considerar a sociedade portuguesa cada vez mais
envelhecida, com importantes repercussões económicas e sociais. Na verdade,
Portugal é o 4.º país da União Europeia (entre 28 países) com maior percentagem
de pessoas com 65 ou mais anos. O impacto do crescimento exponencial desse
grupo etário, que as estimativas apontam que, em 2050, representará cerca de um
terço do total da população, será preocupante em termos de sustentabilidade
financeira do Serviço Nacional de Saúde, do sistema de segurança social e da
economia do País. No limite, poderá inviabilizar o pagamento de pensões ou subsídios
ao número crescente de reformados ou incapacitados para qualquer atividade profissional.
O
conceito de envelhecimento tem-se alterado ao longo dos tempos, pois depende de
fatores culturais e sociais. Se dividirmos o tempo de
vida de uma pessoa em estações, o envelhecimento corresponde ao início do
Outono da vida, quando o cabelo se tornou grisalho (ou inexistente!), a
capacidade física diminuiu e o peso corporal aumentou. No nosso País, está
associado à idade normal de acesso à reforma, que até há pouco tempo se situava
nos 65 anos.
É
claro que o envelhecimento é um fenómeno biológico inevitável, que ao nível
celular se inicia antes do nascimento, sendo determinado por fatores genéticos e ambientais. Porém, em termos práticos, faz sentido situá-lo a partir da sexta década da vida,
quando o declínio orgânico e funcional do corpo humano se começa a manifestar
com maior intensidade, apesar da grande variabilidade individual. Todos
conhecemos pessoas com idade muito avançada que permanecem ativas
e independentes e não se sentem envelhecer.
O
envelhecimento não é uma doença. É um fenómeno natural que representa uma etapa
importante do ciclo de vida das pessoas, apesar de algumas limitações que
condiciona. Sendo inevitável (a não ser que ocorra uma morte prematura), pode
ser retardado através da adoção de estilos de vida
saudáveis, de modo a aumentar a qualidade de vida e a prevenir o aparecimento
de doenças associadas à idade avançada, em particular as doenças
cardiovasculares e oncológicas. Um dos aspetos mais
sombrios do envelhecimento é surgirem com frequência doenças degenerativas do
sistema nervoso, entre as quais a doença de Alzheimer e outras formas de
demência.
Em
2002, a Organização Mundial de Saúde introduziu o conceito de envelhecimento ativo e 2012 foi designado pela União Europeia o Ano
Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade
entre Gerações. O conceito de envelhecimento ativo
refere-se à possibilidade de se envelhecer com saúde e autonomia, continuando a
participar plenamente na sociedade enquanto cidadão ativo.
Todas as pessoas deveriam continuar a desempenhar um papel na sociedade e a
usufruir de uma boa qualidade de vida à medida que envelhecem. Esse tem sido o objetivo das políticas de saúde em vários países, incluindo
Portugal. Desde 2006, existe uma Rede Nacional de Cuidados Continuados
Integrados, constituída por um conjunto de instituições, públicas ou privadas,
que prestam cuidados continuados de saúde e de apoio social a pessoas em
situação de dependência, independentemente da idade. Esta rede inclui unidades
de Cuidados Paliativos para os casos de doença severa e/ou avançada, incurável
e progressiva.
Para
se envelhecer com saúde é muito importante uma atividade
física regular, bons hábitos de sono e de descanso, uma alimentação
equilibrada, rica em frutas e legumes e com pouco sal e açúcar, a abstinência
tabágica, a moderação do consumo de bebidas alcoólicas, e a toma de medicação
considerada necessária, por exemplo para o controlo tensional. Uma atividade mental estimulante e desafiadora é também
essencial para uma saúde integral, assim como boas relações de afeto e estima no seio da família e da comunidade. O artigo
72.º da Constituição da República Portuguesa refere que as “pessoas idosas têm
direito à segurança económica e a condições de habitação e convívio familiar e
comunitário que respeitem a sua autonomia pessoal e evitem e superem o
isolamento ou a marginalização social”. Deste modo, há que combater a exclusão
social e a solidão, os abusos, a discriminação ou a negligência no cuidado
prestado às pessoas mais velhas.
Um
dos resultados da reforma, que surge com o envelhecimento, é uma maior
liberdade no uso do tempo, sem as imposições rígidas de um horário laboral. A
experiência adquirida ao longo da vida e, no caso dos crentes, a sua esperada
maturidade espiritual, torna os mais velhos de entre nós um recurso
indispensável, embora por vezes desvalorizado e subaproveitado, ainda que
muitos se envolvam em diversas atividades de
voluntariado, que é uma excelente forma de promoção do envelhecimento ativo.
A
Palavra de Deus afirma o valor e dignidade do ser humano em todas as fases da
vida, desde a conceção até à morte natural. Em Tito
2:02/03 o apóstolo Paulo realça, na sua carta a Tito, o
papel fundamental e imprescindível dos homens e mulheres mais velhos, na
comunidade cristã, para que sejam um exemplo de moderação, respeito, sabedoria,
fidelidade, amor e perseverança, contribuindo assim para o crescimento e
edificação da fé dos mais novos. Salmo
92:14/15.
A
vida humana é limitada e o envelhecimento faz parte da vida. John Wyatt, professor catedrático de Neonatologia no Imperial College em
Londres e um cristão convicto, salienta: “A esperança de vida do ser humano é
limitada, não apenas como resultado do castigo de Deus mas também da Sua graça
e misericórdia”, porque “no cuidado de Deus para com a Sua criação, não era
possível que o ser humano vivesse eternamente no seu estado degradado e
limitado como consequência da Queda”. A mensagem central do Evangelho é precisamente a destruição da doença, do
sofrimento e da morte, e a esperança de vida eterna, através de Cristo e do seu sacrifício
na cruz, para salvação de todos os que nele creem. Como
refere o apóstolo Paulo em 2ª
Coríntios 4:14/16 “sabemos que Deus, que ressuscitou o Senhor
Jesus, também nos há-de ressuscitar, para nos reunir convosco e com Jesus na
sua presença (…). Por isso, não perdemos a coragem. E ainda que o nosso corpo
se desgaste, o nosso interior renova-se de dia para dia”.
Porto, Portugal em Agosto de 2018
http://falemosdesaude.blogspot.com