Deus salve a América! (AA)
(Deverá “clicar” nas referências
bíblicas, para ter acesso aos textos)
“Deus
salve a América! ...” Este slogan - veemente apelo “patriótico” e “nacionalista” - é pública
e frequentemente proferido pelos dirigentes americanos quando surge algo que
lhes não corre de feição ou se encontram perante um perigo iminente ou, então,
já consumado, como no caso do ataque às torres do World
Trade Center, símbolo do
grande capital controlador do poder político e económico em todo o mundo. (Sempre que nos referirmos a “americanos”,
entenda-se os Estados Unidos da América)
“Deus
salve a América!” ...,
gritam, porque está a ser vítima de atentados “terroristas” que põem em causa a
integridade da “mais perfeita democracia”(?) planetária, representativa da “civilização ocidental”! E fazem-no com uma
precisão e perfeição tais que, através da sua “máquina” de propaganda e
divulgação mediática, particularmente através dos canais televisivos que acto
continuo e prolongadamente “bombardeiam” todo o mundo com as fantásticas
imagens das torres em chamas, conseguem sensibilizar e chamar para o seu lado a
grande parte dos governantes (não o povo) mundiais.
Os
governantes porque, voluntária ou involuntariamente, eles têm de se subordinar
à globalização da economia, também para poderem usufruir das suas benesses, e à
vontade dos senhores que comandam o mundo da política, e o poder militar,
porque, quem o não fizer, sofrerá as consequências! ... Não o povo, porque esse
é vítima dessa globalização e da desenfreada exploração do grande capital!
E assim, os
americanos e seus aliados, conseguiram o “aval” da maioria dos governantes do
planeta para acabarem de destruir um país paupérrimo, miserável e já tão depauperado
por uma guerra de décadas que os fabricantes de armas e seu mercado negro têm vindo a alimentar. Aqui e noutros lados. E
imediatamente accionaram e puseram em movimento a sua infernal “máquina de
guerra” estrategicamente dispersa pelos quatro cantos do mundo para acabarem de
vez com o problema, destruindo um país pobre (que é também um pobre país) e
massacrando um povo miserável - a única vítima no meio de tudo isto, porque
também vítima dos seus governantes, quer do passado quer actuais e, possivelmente,
até do futuro (sejam eles “taliban”, “aliança do Norte” ou quaisquer outros!).
Porque, aquele povo, à semelhança do que tem acontecido com outros povos, nunca
mais será senhor de si mesmo, do seu próprio destino, do seu país! Passará a
estar sempre sob o controle do poder americano!
Os americanos
terão ainda aproveitado, como é seu hábito, para testar novas armas de
destruição massiva, fazendo grande alarde dessa desumana “façanha” com a
divulgação constante das imagens destruidoras e aterradoras do lançamento pelos
V 52 dessas armas terrivelmente mortíferas, para gáudio dos seus autores, e de
muitos outros insensatos que os apoiam, todos eles completamente despidos de
humanismo e insensíveis à vida! E
dizem-se defensores da chamada civilização (ou barbárie?) ocidental! E falam em
Deus, e invocam o Seu Nome, mas Deus não pode aceitar nem aprovar estes actos
de vingança, de terror, de desumanidade! E arrogam-se o nome de cristãos, mas
os seus actos desmentem-no categoricamente, porque, ser cristão, é seguir o
exemplo de Cristo: é ser humilde, não arrogante; é ser pacificador, não
vingativo e promotor da guerra; é amar o seu semelhante como a si mesmo, não
odiá-lo; é perdoar, não condenar; é amar a vida (a sua e a dos outros), não
destruí-la; é, enfim, viver uma vida de fraternidade e solidariedade com
todos os homens
(cf Mateus 5:3/10; Mateus 6:12/15; Mateus 18:21/22;
Mateus 22:39; 1ª Coríntios 13).
Dizem esses
senhores da guerra que esta é uma “guerra contra o terrorismo”, como muito
pomposamente e de modo contínuo o transmitem os canais televisivos ao seu
serviço, incluindo a RTP - Rádio Televisão Portuguesa, uma televisão paga
principalmente pelo povo para
prestar um serviço público a todos os portugueses, e não para fazer propaganda
e beneficiar apenas alguns que nem sequer são portugueses. Em vez de denunciar
as suas atrocidades!
Mas, qual
“guerra ao terrorismo”? Não, não é guerra ao terrorismo, é antes uma guerra de
destruição pura e simples de um país miseravelmente pobre e das suas poucas e
débeis estruturas. E porquê? Certamente porque se
trata de um ponto estratégico muito importante para os interesses americanos.
E, claro, para o capitalismo ocidental. Talvez pelo facto de o Afeganistão se
encontrar no “corredor petrolífero” que vai do Golfo Pérsico ao Mar Negro, e o
não controle desta área, um dos “grãos de areia” que fazia emperrar a
engrenagem da sua máquina dominadora, dificultava o seu funcionamento. Por isso,
para poderem ter um controle absoluto de toda aquela zona, esse grão de areia
tinha de ser esmagado, pulverizado! Definitivamente! Porque os “taliban”, que
anteriormente haviam sido apoiados pelos americanos contra a Rússia (queriam
vê-la fora dali), não estavam agora a colaborar na defesa dos seus interesses.
Portanto, há que “removê-los”, a bem ou a mal. Claro que teve de ser a mal!
É caso para
perguntar: - Quem se lhe seguirá? O Irão? O Iraque? A Líbia? A Índia, porque
não alinha com os americanos e ainda por causa do conflito em Caxemira com o
Paquistão, cujo actual presidente é um servo fiel dos americanos?... O tempo o dirá. Esperemos, para ver!
Como ia
dizendo, é claro que tiveram de “remover os “taliban” a mal. Mas, tê-lo-ão
conseguido? Definitivamente? É uma incógnita, uma interrogação (!?).
Uma coisa, porém, conseguiram: a fuga desordenada do povo afegão tentando
livrar-se dos bombardeamentos americanos, fugir a esse terror que desabava
sobre ele de modo avassalador!
A propósito e
pouco tempo depois do início dos bombardeamentos americanos ao Afeganistão,
numa entrevista ao canal 2 da RTP, ouvi o presidente da AMI (Assistência Médica
Internacional) dizer que aquilo que se estava a passar naquele país era
terrível e de dimensões catastróficas e inimagináveis! Milhões de afegãos
estavam a fugir dos bombardeamentos e dirigiam-se para as fronteiras,
entretanto encerradas. Muitos deles, porém, dificilmente as alcançariam, não só
pelas dificuldades no percurso, mas também pela falta de alimentos, água e
medicamentos. Talvez mais de um milhão de pessoas (crianças e velhos,
essencialmente, mas não só) acabariam por morrer vítimas da fome e das
epidemias. Tudo ainda agravado pelo rigor habitual do Inverno prestes a chegar
e que acabará por dizimar também grande número desses fugitivos.
Ora, alguém
tem de ser responsabilizado pelo genocídio que está a ser perpetrado contra
este povo! A História não pode deixá-lo passar em claro! São milhares ou mesmo
milhões de afegãos inocentes que vão morrer de fome, de doenças epidémicas e de
frio, por causa desta guerra terrível, desumana, e que serve apenas para inflar
o ego do poderio militar americano, insensível à vida e miséria alheias.
Quem se
condói desta gente? Quem faz chegar às televisões por esse mundo fora as
imagens dolorosas dessas crianças e velhos, mas não só, a agonizar lentamente
até à morte por inanição ou falta de assistência médica e medicamentosa?
Na verdade,
quem sofre as consequências da loucura dos homens são, regra geral, os
inocentes - velhos e crianças acima de tudo cuja vida é ignorada pelos que
detêm o poder, seja ele político, económico ou muitas vezes até religioso!
Porque a sede de domínio, de poder, de dinheiro cega os homens. Encerra-os na
concha do seu egoísmo, da ambição, da ganância, não os deixando enxergar mais
nada à sua volta. É por isso que os fundamentalismos só vêem poder e domínio; e
o grande capital, além de poder e domínio, vê somente cifras, e esquece que os
bens que acumula fá-lo muitas vezes à custa das lágrimas, suor e sangue
daqueles que explora até à exaustão!
Mas, para
esses, a vida
dos outros, a vida dos explorados, não conta! Não são considerados seres
humanos; simplesmente são tidos como meros “objectos” que eles usam a seu
bel-prazer. Daí tanta miséria, tanta fome que vitima diariamente milhões de
pessoas, principalmente crianças e velhos! Os milhões que os americanos e seus
aliados gastam nesta guerra desumana, destruidora (e em muitas outras que vão
sustentando), dava para alimentar praticamente toda essa gente e contribuiria
para minorar e atenuar
tanta miséria, tanto sofrimento que grassa por esse mundo fora.
Mas a miséria e o sofrimento alheios são-lhes indiferentes! Absolutamente
indiferentes!
Vem a
propósito citar um artigo saído no jornal “Público”,
em 19/11/2001, da autoria do seu jornalista Paulo Moura, em Khoja
Bahauddin (Norte do Afeganistão): “O repórter lembra uma frase de sua última
entrevista: “O mundo comoveu-se com as
imagens poderosas, transmitidas continuamente, do ataque a Nova Iorque. Mas se fosse
possível mostrar na televisão, na CNN, as imagens contínuas de uma criança a
morrer de fome ... Do princípio ao fim, durante meses,
toda a agonia de uma entre os muitos milhares que morrem diariamente
...”. Quem disse isto foi Camilo Mortágua, ...
... E também: “Se
transpusermos o que se passa hoje para o tempo de Cristo ...
Quem seria o imperador romano e quem seriam os mártires cristãos, os que
diziam, no circo, Avé César, vamos morrer, comidos
pelos leões, felizes, porque morremos pela nossa fé ...”?
E, tentando explicar as motivações subjectivas e profundas, a fenomenologia
do acto terrorista disse ainda esta frase banal, evidente, e no entanto
extraordinária: “Os terroristas também
são seres humanos”.
Citei esta parte
do artigo inserido no “Público” porque creio conter matéria que deve merecer
toda a nossa atenção e uma profunda reflexão. A começar pelos americanos.
Trata-se de um assunto que analisado seriamente e sem parcialidade talvez nos
leve à génese de tantos males, tanto sofrimento, tanta miséria, e talvez nos
conduza até às origens do terrorismo!
Claro que o
terrorismo é condenável. Isso está fora de questão. Mas não são também
condenáveis os actos de terror praticados pelos americanos, eles que se dizem defensores
da paz, da democracia, da civilização? (Civilização ocidental, claro, porque os
povos não ocidentais são, para eles, considerados “bárbaros”! Embora oriundos
de civilizações milenares muito mais antigas que a dita civilização ocidental.
E talvez mais humanistas!)
“Deus salve a América!”, gritam os
americanos! Mas qual deus? O Deus do Universo, o Criador de todos os povos, o
Deus da Vida, da justiça, da paz, do
amor, da fraternidade, da solidariedade para com todos os homens? Ou o deus da
guerra, da injustiça, da intolerância, da destruição, da morte, da arrogância,
da ganância, do poder, do domínio, enfim, o “deus-cifrões”?
“Deus salve a América!”, gritam ...
E quem salva aquele povo afegão do terror que o poder americano e seus aliados fizeram
e continuam a fazer desabar sobre ele?
E quem salva
todos esses povos e países do Terceiro Mundo (ou talvez do Quarto ou do Quinto
mundos, Afeganistão incluído) vítimas da permanente e desenfreada exploração do
grande capital que, apoiado pelo poder americano, lhes suga as riquezas
naturais - as matérias-primas – e, depois, lhes vende os produtos por preços
proibitivos e a que somente alguns têm acesso (os senhores instalados no
poder), deixando o povo na miséria e a morrer de fome? E, como se isso não bastasse,
vendem-lhes ainda armas para se destruírem uns aos outros, a fim de alimentar
essa “casta” diabólica - os fabricantes de armas e o seu mercado negro - que, segundo as estatísticas, constitui o segundo
negócio mundial mais volumoso e mais rendoso, depois do negócio da droga. Se é
que não está já em primeiro lugar!
Angola, por
exemplo, é um caso paradigmático. Os acordos de cessar-fogo, assim como as
sanções impostas pela própria ONU, são inúteis, porque simplesmente ignorados!
Porque os senhores da guerra assim o entendem! Porque a instabilidade lhes
convém! E assim vive Angola mergulhada numa guerra de quase meio século!
Primeiro, imposta pelo colonialismo e por um regime fascista que lhe recusava a
liberdade de ser povo; depois, numa guerra fratricida promovida por interesses
exteriores ao povo e alimentada por essa máquina infernal que é a produção de
armamento e o seu mercado negro!
Mas porquê?
Por que não se põe um fim definitivo a essa guerra tão sangrenta e devastadora,
que já dizimou muitas centenas de milhar de pessoas e deixou um número
infinitamente maior de crianças órfãs e de estropiados? Simplesmente porque,
além de ponto estratégico naquela zona de África, Angola é também um país
imensamente rico em matérias-primas; simplesmente porque o mundo dos
negócios escuros (mercado negro de armamentos) e os interesses do grande
capital se sobrepõem aos interesses do povo angolano, do seu bem-estar! E é
simplesmente por isso que, num país potencialmente tão rico como é Angola, o
povo (não os governantes) vive na miséria e muito dele morre de fome!
Antigamente,
dizia-se que o comunismo soviético era a raiz de todos os males, de todos os
conflitos que afectavam a humanidade. Mas há muito que ele ruiu e os conflitos
recrudesceram, em número e intensidade! Afinal, agora de quem é a culpa? Ora,
pois claro: é do fundamentalismo islâmico! É isso mesmo, já me esquecia!
Mas, se,
criteriosa e honestamente, reflectirmos um pouco sobre o que se passa no mundo
dos nossos dias, facilmente descobriremos as verdadeiras causas de tantos
conflitos e tanta miséria! Não nos deixemos “levar” pela demagógica propaganda
mediática, essa “máquina trituradora” de consciências que influencia os
espíritos incautos e menos avisados. Não nos esqueçamos que esses meios de
propaganda estão ao serviço dos seus donos (o grande capital) e apenas
transmitem o que lhes interessa e lhes convém. Veja-se, por exemplo, as imagens
dos “sacos de alimentos”(?) apenas com a marca USA e o símbolo americano (bandeira),
impostas aos telespectadores de todo o mundo! Então e as contribuições da
Europa e do resto do mundo, incluindo o Crescente Vermelho? Por que não foram
filmadas e mostradas ao mundo? Simplesmente porque não convinha aos americanos.
Era preciso impressionar o mundo, fazer crer que eles é que são os “bonzinhos”!
Eles é que “alimentam” aquele povo faminto! Para atenuar, aos olhos do mundo, a
onda avassaladora, assassina, destruidora, dos seus bombardeamentos arrasando e
pulverizando tudo onde as bombas eram lançadas. Nem as instalações das
organizações humanitárias internacionais (da própria ONU), onde armazenavam
alimentos, foram poupadas! Claro que por engano ... mas por três vezes! Que humanos que eles eram! Que humanos
que eles são!
Depois de um
século verdadeiramente catastrófico em perda de vidas humanas ceifadas pelas
guerras, e em termos sociais em que se agigantou o fosso entre a extrema
riqueza e a extrema pobreza, depositei grandes esperanças neste novel século.
Queria acreditar no bom senso e na bondade dos homens que, neste virar de
página de século e de milénio, seriam capazes de encetar uma nova caminhada no
sentido da paz universal, num ambiente verdadeiramente fraterno e solidário, e
no da preservação de toda a Criação. Afinal, estava completamente enganado!
A minha
primeira grande frustração deu-se quando foi eleito o actual presidente
americano. Na altura, disse textualmente à minha mulher: “Oxalá eu me engane, mas a eleição deste presidente americano foi a pior
coisa que podia acontecer à humanidade”.
Esta eleição
e a eleição do actual primeiro-ministro israelita, apoiado inteiramente pelos
americanos, constituem os dois acontecimentos negativamente mais marcantes da
História actual da humanidade. Certamente com reflexos no futuro, de
consequências imprevisíveis! Os factos já falam por si e aí estão a atestá-lo.
Não sabemos que caminho tomarão e até onde irão!
Apenas sabemos que não nos auguram nada de bom!
A aliança do
poder económico-político-militar americano, de que o actual presidente é servo
fidelíssimo, já tem o mundo a seus pés! Instalou-se estrategicamente por todo o
lado com vista a um domínio absoluto, que praticamente já alcançou, exercendo-o
a seu bel-prazer. Até o velho Continente, a velha Europa, lhe está já
inteiramente subordinada! E, se não reagir entretanto, é o seu colapso total em
termos de autonomia.
Há pouco mais
de um mês, ouvi numa entrevista à TSF o director de uma Revista francesa de
Actualidade, cujos nomes (director e revista) não fixei, dizer, a propósito da
hegemonia americana, que os americanos “não podem ser sozinhos os donos do
mundo”. A Europa tem de reagir e impor-se, sob pena de ficar completamente
subordinada e dominada pelo poder americano, de que dificilmente depois se
libertará. É um desequilíbrio muito perigoso para a humanidade!
Creio no
entanto que a Europa já está de tal modo dominada, que lhe restam poucas
hipóteses de poder libertar-se. Deixou-se enredar completamente e até passou a
“afinar pelo mesmo diapasão” dos americanos!
E assim, os
americanos, até se dão ao luxo de não assinar acordos para a melhoria e
estabilidade do ecossistema, sobre armas nucleares e desarmamento, sobre a
produção de armas químicas, sobre racismo e xenofobia, etc,
etc, etc. Tal atitude seria crime contra a
humanidade, se fossem outros a fazê-lo! Mas, como eles são os senhores
absolutos, os “Todo-Poderosos”, tudo se permitem e lhes é permitido. Por isso,
fazem o que querem, como querem, onde querem e quando querem! E ninguém “se
atravesse no seu caminho”, porque, quem o fizer, sofrerá as consequências, pagará
bem caro a sua veleidade! Com a própria vida, se for renitente e persistir na
desobediência!
Parece que o
Homem tem a memória muito curta! Não se lembra já de Hiroshima
e Nagasaki, onde centenas de milhar de pessoas morreram e, passado mais de meio
século, os habitantes daqueles cidades, e não só, ainda sofrem as sequelas da
radioactividade libertada pelas bombas atómicas americanas!
Quem se
lembra já, apesar de se tratar de um passado mais recente, dos efeitos dos
bombardeamentos americanos ao Iraque, com a utilização de armas que dizimaram
iraquianos e os próprios soldados americanos, por libertação de radiação e
gases? E quem se lembra dos Balcãs, cuja intervenção foi feita à revelia da
própria ONU?
Eles têm o
mundo a seus pés! E, quando surgem obstáculos que dificultam a sua acção na
defesa dos seus interesses, promovem indirectamente os conflitos e aparecem
depois como “salvadores”, como “pacificadores”, como os “senhores do bem”,
exibindo o seu “paternalismo” hipócrita com que enganam os incautos e tentam
enganar todo o mundo. Depois, instalam-se aí, e acabou-se! E quem não aderir à
“causa”, à sua estratégia, já sabe o que o espera! E assim vai caminhando este
“mundo maravilhoso” militarmente comandado e “pacificado” pelo país “modelo” e
“símbolo” da democracia, da paz, da civilização!
Até quando o
mundo sofredor vai tolerar esta arrogância americana? Até quando vai o mundo
permitir que o grande capital, apoiado no poder político-militar americano que
ele próprio controla, continue a exploração desenfreada do Terceiro Mundo onde
tanta gente morre de fome, de doenças epidémicas e por falta de assistência
médica e medicamentosa? Mas, a esses horrores, são completamente insensíveis o
grande capital e o poder americano!
Até quando
vai o mundo permitir que Israel, com o apoio americano, continue a negar um
cantinho na Palestina onde os palestinianos possam viver em paz naquilo que é
seu, na sua própria terra? Se este conflito no Médio Oriente fosse resolvido,
isso não constituiria um dos passos mais importantes para o estabelecimento da
paz no planeta? Não tenho dúvidas a esse respeito. Mas, para isso, era
necessário que não houvesse outros interesses em jogo. Porque, assim como os
americanos foram tão lestos na “pacificação” do Afeganistão, destruindo-o
“enquanto o Diabo esfrega um olho”, também pacificariam, sem qualquer
dificuldade, o conflito israelo-palestiniano. Assim, o quisessem. Todavia,
parece que este conflito lhes convém! Até quando isto vai ser tolerado?
Até quando a
Europa, que se reclama portadora de uma civilização democrática e humanista,
vai continuar a subordinar-se e a apoiar o poder americano na desestabilização
e no terror que vai semeando um pouco por todo o lado, para impor o seu domínio
e salvaguardar os seus interesses (os interesses do grande capital, claro),
ainda que à custa do sacrifício e muita vezes da
própria vida dos povos onde se vai instalando? Até quando a Europa, que se diz
defensora da civilização cristã, vai continuar a permitir e a colaborar no
aprofundamento do fosso que separa a extrema riqueza de uns poucos da extrema
pobreza de muitos milhões de seres humanos? Porque os pobres, os famintos, os
miseráveis também são seres humanos! Eles também são filhos de Deus, embora
sejam olhados e tratados como meros “objectos” pelos grandes senhores que
dominam o mundo! Até quando, Senhor?
Até quando as
igrejas cristãs, particularmente as que se dizem “evangélicas”, permanecerão
mudas perante tamanhas injustiças praticadas pelos americanos em estreita
colaboração com o grande capital, contra os países pobres? Até quando a sua
dependência e fidelidade ao poder, ao capital (por conveniência, claro), em vez
da sua fidelidade a Cristo e ao seu Evangelho? Cristo sempre esteve do lados
dos pobres, dos mais fracos, dos carenciados, dos marginalizados, protestando
contra as injustiças de que eram vítimas!
Até quando o
próprio povo americano, cristão na sua maioria, vai permitir que o poder
instalado continue no pedestal da sua arrogância, impondo ao mundo pela força
as suas regras, as suas normas, de acordo apenas com os interesses do grande
capital e não dos povos?
E dizem-se
“pacificadores”! Que tipo de “pacificadores”, quando simplesmente impõem a sua
vontade pela força e pela violência? Ao lançarem essas bombas terrivelmente
destruidoras estão a pacificar ou simplesmente a aterrorizar, a destruir, a
matar? Onde está a humildade cristã, a tolerância, o perdão, uma vez que se
dizem cristãos? Porquê querer dominar e abarcar o mundo todo só para si?
A todo aquele
que, no seu egoísmo e ignorando a miséria e sofrimento alheios, ajunta pensando
somente em si, Jesus diz-lhe: “Louco, esta noite vais morrer e o que tens
preparado (ou ajuntado, ou acumulado) para quem será?” Lucas 12:20.
Se os
americanos continuarem nesta senda, nesta infernal escalada belicista,
aterrorizando tudo e todos para imporem o seu domínio universal e absoluto,
receio bem que tenham um fim pouco invejável.
Certamente
alguém se levantará e lhes dirá: - Basta!, com o apoio
do mundo verdadeiramente livre e daqueles que desejam libertar-se das garras
desses desumanos exploradores e opressores. Porque, se o grande capital,
apoiado pelo poder político-militar americano, continuar na sua escalada de
exploração desenfreada dos povos do Terceiro Mundo, os muitos milhões de
famintos levantar-se-ão contra esses exploradores e opressores, contra as suas
injustiças, porque já não têm nada a perder. Nem a própria vida! É que eles já
não vivem, apenas vegetam, numa agonia constante até à morte!
Seria bom que
os americanos, e não só, tivessem o bom senso de parar por um pouco de tempo e
reflectissem sobre o mal que causam ao mundo! Não lhes digo que não pensem em
si; mas pensem também um pouco nos outros, no sofrimento e miséria alheios.
Porque todo o ser humano tem direito à vida, uma vida com dignidade, como refere a Carta das Nações Unidas sobre
os Direitos do Homem. Vida essa que os donos do mundo, os senhores da guerra, os
“Todo-Poderosos”, persistem em negar à grande maioria dos povos! Até quando,
Senhor?!
“Deus salve a América!” ...
Sim, Deus
salve a América. Deus salve o povo
americano. Mas salve igualmente, ou principalmente, todos os outros povos vítimas da
escravização, exploração e opressão do poder americano comandado pelo grande
capital!
Para
finalizar, apenas esta nota: - Se com este texto ou artigo de opinião, fiz enfurecer alguém, mas também fiz sorrir
muita gente, cumpri o meu dever e alcancei o meu objectivo: o de levar as
pessoas a pensar, a reflectir sobre os momentosos problemas mundiais que se
agigantam, e sobre a instabilidade que se vive um pouco por todo o lado,
impedindo a paz entre os homens e o bem-estar da humanidade! Mas, o meu
principal desejo (que é também a minha principal preocupação), é chamar a nossa
particular atenção para a miséria, para a
fome que vitima milhões e milhões de pessoas inocentes, essencialmente crianças
e velhos, enquanto que se esbanja muitos milhões
de contos em coisas fúteis, prescindíveis e perecíveis, e se gasta outro tanto
e ainda mais a fazer a guerra, a matar, a destruir!
Dezembro de
2001
Estudos
bíblicos sem fronteiras teológicas