Desigrejados (DO)
(Deverá “clicar” nas
referências bíblicas, para ter acesso aos textos)
I - Desigrejados (1) estão
de volta
O grupo:
"evangélicos sem vínculo denominacional” foi o maior responsável pelo crescimento
da população evangélica brasileira e representa hoje 21,8% do total dos
evangélicos, sendo um grupo maior, portanto, do que a soma de todos os crentes
vinculados a denominações evangélicas de missões norte-americanas como os
presbiterianos, metodistas, batistas, luteranos, congregacionais, adventistas e
outros, os quais somam pouco mais de 7,6 milhões de evangélicos. (2)
Nota: Há alguns
anos atrás a saída ou afastamento espontâneo de algum membro de uma denominação
dita evangélica, sugeria imediatamente um caso de “desvio”, ou seja, o
ex-membro adquiria a pecha de desviado. É o mesmo que aconteceria na
denominação católica romana, mas com o nome de excomungado. O tempo passou e
apareceu um novo tipo de pessoas desaparecidas das chamadas igrejas. Ocorre que
uma revista de repercussão nacional (no Brasil) divulgou uma matéria do
instituto oficial de pesquisas (IBGE) (3) sobre essa
debandada. O efeito foi de uma bomba avassaladora, algo que está a incomodar bastante
os defensores de instituições religiosas que, segundo eles, melhor ampara os
serviços do evangelho de Jesus. A seguir vou tentar explicar o porquê dessa
zaragata toda sobre o fenômeno dos “desigrejados”.
1 – O Nascimento do
Evangelho de Jesus.
As boas novas do
evangelho não tiveram início em um endereço fixo e muito menos saiu de uma
autorização de algum órgão do governo ou de alguma autoridade da época. O
evangelho surgiu espontaneamente no meio do povo e alheio à vontade das
autoridades religiosas vigentes. Surgiu na marginalidade e sem dúvida, não
poderia ser de outro jeito, pois, a pregação de Jesus ia de encontro às idéias
do sistema religioso/político da época Mateus 23:13, João 10:08.
Como que
inesperadamente começaram os ajuntamentos de pessoas à volta de Jesus. Onde
quer que andasse suas palavras atraiam a atenção daquele povo sedento de uma palavra
que desse alento e esperança, e nos três anos de suas atividades os aglomerados
a céu aberto era a marca de seu trabalho. A qualquer hora e em qualquer ponto
das ruas, no pátio do Templo, nos montes, praias etc. poderia acontecer uma
atividade de Jesus.
Era o ápice do
declínio conturbado do sistema sacerdotal de Israel. Dentro daquele velho
sistema havia facções que digladiavam entre si em questões doutrinais. Entre
eles sabemos dos seguintes grupos: saduceus, fariseus, essênios, zelotes, e
herodianos; eram uma mistura de partidos políticos e seitas religiosas daquele
tempo. Os sacerdotes estavam a cometer toda sorte de perversidade moral e
contravenções contra o povo e apesar de não seguirem as admoestações dos
profetas e de cometerem toda sorte de crimes e contravenções prescritas na Lei
de Moisés, esta não os atingia e se atingisse não haveria sacerdotes no Templo. Romanos 2:22, Deuteronômio 22:22; Levítico 20:10; Mateus 23:14; Malaquias 3:9; Êxodo 20:15; Levítico 19:11/13; Hebreus 10:28; Isaías 10:01/02. Não contentando em assaltar o Templo, e descumprindo escandalosamente
as suas funções Malaquias 2:07, passaram a roubar até às viúvas Mateus 23:14, Deuteronômio 24:17, classe social mais vulnerável da sociedade. (4) O Templo passou a ser um grande supermercado de produtos para fins
religiosos e servia tanto aos mercadores como aos sacerdotes com lucros
invejáveis. Apesar de todas essas práticas, faziam de tudo para manter a
aparência de “bons religiosos” e boas referências para a população Lucas 12:1.
Foi nesse ambiente de
degradação político/religiosa que Jesus insurgiu contra aquele falido sistema e
trouxe uma nova perspectiva de vida e maneira de cultuar ao criador.
2 – Um nome para esses
aglomerados.
O senso itinerante e
lugares aleatórios das preleções de Jesus teriam de ser a idéia principal do
surgimento de uma palavra que melhor identificava as características daquela
novidade. As aglomerações públicas nasceram das atividades dos grandes
filósofos que, inevitavelmente criaram a cultura de instruções públicas e isso,
inevitavelmente teria de ser onde o povo estava; lugares acessíveis e neutros.
Um nome cujo alvo não seria a designação de um lugar fixo; não seria um
endereço e muito menos uma grande construção, pois o Templo e as Sinagogas já
eram lugares antigos de encontros de sistemas religiosos e as novas atividades
do evangelho eram completamente diferentes desse conceito religioso. A
preocupação da designação estava voltada tão somente para as novas instruções, sendo que as velhas eram realizadas nos velhos
e notórios endereços.
A Grécia à altura do
ministério de Jesus era o ponto máximo da cultura e do conhecimento; referência
em todo o mundo conhecido da época. O idioma grego era obrigatório em toda roda
cultural, principalmente para um povo seminômade como o judeu, então isso nos
faz supor que a influência grega tenha colaborado para se achar um nome que
contasse o melhor significado das ações de Jesus.
3 – Por que EKKLESIA? (5)
As antigas cidades
gregas eram providas necessariamente de lugares abertos, que comportavam as
reuniões e aglomerações dos cidadãos. Lugares abertos semelhantes a grandes
praças eram a marca urbanística das cidades gregas; lugares livres que proporcionavam o convite ao ajuntamento sem distinções, reservas e
facções. Eram as famosas “ágoras”.
As “ágoras” eram
espaços em que o povo se concentrava para fins de negócios diversos, encontros
de decisões bélicas, políticas, sociais, filosóficas e religiosas. A vida
cultural, social e econômica teria de passar pelas
“ágoras”, mas, sobretudo eram espaços para discussões em que os cidadãos e as
autoridades se interagiam e tinham o seu espaço. As “ágoras” eram do povo e
como tal, o acesso era livre e universal, assim como a sua participação. Como
os discursos ou temas eram abertos a todos os que queriam participar, a
ausência de manipulações, induções ou direcionamentos das conclusões eram muito
difíceis de acontecer.
Ainda está em aberto
a polêmica sobre quando surgiu pela primeira vez a palavra “Ekklesia” para a
Igreja. Uns acham que surgiu no ano 190 d.C. outros, entre os anos 50 e 70 d.C. em Antioquia,
mas isso é irrelevante para o nosso estudo.
Antes da dispensação
espiritual da “Ekklesia” de Jesus para os “não judeus”, Mateus já mencionava a
palavra grega “ἐκκλησίαν” (ajuntamento), na conhecida confissão de Pedro a Jesus Mateus 16:18. Em outra ocasião, ele, Jesus, dá aquela instrução aos judeus com
aquela frase muito conhecida: “dize-o à igreja” Mateus 18:17. Vale ressaltar que no período evangelístico de Jesus, ainda no tempo
da primeira aliança, não se tinha nenhuma correlação entre o culto sacerdotal
(incluia-se: cerimônias, ritos, iconografias, misticismos de tradições,
manifestações pré estabelecidas etc), e os encontros com os discípulos.
A noção de “Ekklesia”
continuou nos trabalhos dos discípulos e apóstolos após a ascensão de Jesus;
eram: “Pessoas em reunião, com propósito de ocupar aquele tempo em favor de
perpetuar as instruções e ensinos de Jesus”. Algumas vezes vemos a expressão
neotestamentária: “A Igreja que está na casa de fulano” Romanos 16:5. Essa expressão não teria sentido nos nossos dias, pois, a história do
significado da “Ekklesia” de Jesus foi adaptada para designar os prédios de
cada facção institucional sistemática que pretende ser a continuação memorial
dos trabalhos deixados pelos discípulos e apóstolos. Ora, se a “Ekklesia” de
Jesus estava na casa de alguém, como é que um prédio estaria dentro de uma
casa?
4 – Democracia (6)
Sabemos que era nas
“ágoras” que se faziam as mais diversas reuniões de importância comuns, mas o
que mais nos interessa é que foi nas “ágoras” que nasceu o conceito e a
aplicação do vocábulo “Democracia” (do grego demos=povo e kratos=Poder).
Democracia sempre teve a conotação de poder do povo, poder popular, isso está
no âmbito conceitual da liberdade e da igualdade. O Homem é um ser pensante e
como tal, tem a necessidade de cooperar, interagir e fazer-se útil na sua
comunidade. Devemos muito à Grécia antiga o conceito de democracia; isso fez
com que a atividade participativa do cidadão de raciocinar e questionar
ajudasse na história da harmonia social e econômica mundial. A concentração do
poder, e o distanciamento do povo nunca trás as soluções que a massa deseja e a
pior coisa que pode haver é o cidadão se sentir isolado das decisões que o
atingem e o incomodam.
5 – A EKKLESIA ORIGINAL
DO EVANGELHO E A DEMOCRACIA
A Democracia não
poderia ser exercida na EKLESIA dos gregos se esta pertencesse a um endereço particular.
Lugares fixos pressupõem propriedades particulares, de grupos ou de
organizações instituídas, refúgio de quem defende os seus interesses e como
tal, as restrições da liberdade e da igualdade, sobreporiam aos conceitos de
democracia e o povo, de uma maneira geral não teria o mesmo acesso e conforto.
A EKLESIA de Jesus,
tal como nas “ágoras” reinava a universalidade de propostas e aceitações, era
“lugar do povo” ou lugar sem dono(s), aberto a toda humanidade. A boa nova
do evangelho de Jesus não pode ser restrita ao interesse sistêmico de uma
facção ou enclausurada dentro de seus refúgios. A mensagem tem que ser
universal direta e aberta, sem concentração de quaisquer poderes de uma pessoa
ou grupos de privilegiados, não pode ter domínios particulares ou cooperativos
de idéias e interesses espúrios.
Segundo a primitiva
continuação do evangelho de Jesus, feita pelos apóstolos e discípulos, e tendo
como pano de fundo o conceito de democracia, podemos dizer que: “O evangelho de Jesus é da humanidade para a humanidade” João 3:16/17 e 1ª Timóteo
2:01/04. Jesus sempre foi aberto às perguntas e solícito aos anseios
do aprendizado popular.
O sistema democrático
da EKLESIA de Jesus nasceu e perdurou em torno de quatrocentos anos a partir de
Jerusalém e espalhou-se por quase todo o mundo conhecido da época. Paulo, um
ex-judeu fariseu da tribo de Benjamim, foi o principal incumbido de
“evangelizar o mundo” fora de Israel, coisa impensável no seu antigo e
decadente sistema religioso.
6 – DESEKLESIALIZAÇÃO DA
IGREJA (7)
A partir de
Constantino, a Igreja “desekklesializou-se” (desigrejou-se), e tornou a
sacerdotalizar-se. Oficializou-se com o Estado, formaram-se as mesmas castas
clericais do Templo, cheias de poderes e estas, arredou-se dos ouvintes
tornando-os surdos/mudos. A “Ekklesia” de Jesus não é mais pessoas crentes no
evangelho, mas prédio, estrutura administrativa, instituição, sistemas e
mecanismos de perpetuação de poderes. Essas organizações se mantêm como
sociedades de preservação de verdadeiras dinastias, grupos financeiros
mercenários e abrigos de mercados de empregos para quem não ama o verdadeiro
ganha-pão. As pessoas se fundiram com os prédios e os sistemas administrativos
e juntos passaram a chamarem-se igrejas (no plural, o que não é bíblico).
Desigrejados são
pessoas introduzidas em quaisquer sistemas de instituições mantenedoras de
sacerdotes. Entenda-se como igrejas atuais, as semelhantes ao antigo sistema
fariseu judaico; Entenda-se como sacerdote, pessoa que pertence a qualquer
conjunto distinto e destacado de peritos religiosos em que somente a eles
pertence (por direito institucional), a palavra, ensinos e doutrinações de um
pseudo evangelho.
Refugiar-se nos
lugares de aprisionamentos políticos/religiosos e, por conseguinte, governo
sacerdotal, com conjuntos de normas sob a égide de dogmas e doutrinas humanas,
e uma parafernália de ritos teatrais, pregações manipuladoras e de novidades
ditas religiosas, não faz do ouvinte associado um verdadeiro cristão do
sacerdócio de Cristo.
Esse sistema
oficializado chamado cristianismo, nada mais é do que a associação de poderes e
interesses do Homem, mesclado com algumas instruções do evangelho e que está
com os dias contados. Não poderia dar certo com as disponibilidades de
pesquisas que temos às mãos, com o advento da rede mundial de informação.
A secularização do
evangelho transformou os seus ensinos genuínos em meros encontros de
auto-ajuda, motivacionais, espetáculo de pseudocuras, encenações de pseudodemônios, apelo a medos e
incentivos às ganâncias de falsas promessas, constrangimentos e outros
interesses. O evangelho genuíno de Jesus foi associado aos ensinos advindos das
epifanias dos grandes ícones religiosos. As primeiras associações se deram na
idade média, mas não quero entrar nesse tópico. Hoje, o produto evangelho,
espalhou-se como que por milhares de restaurantes com as mais variadas comidas
e temperos ao gosto de cada freguês, desde que ele pague no caixa ao sair. (8)
Institucionalização
religiosa é o fenômeno da multiplicação das instituições religiosas (igrejas),
que têm como incentivo financeiro, a isenção de tributos fiscais, o que
constitui verdadeiros paraísos mercadológicos e de cabides de emprego. Esse
evangelho institucionalizado está construindo verdadeiras dinastias familiares,
classes sociais de privilégios e de massagens de egos.
Sob a falácia de que
a EKKLESIA de Jesus precisa amparar-se nos conjuntos de sistemas doutrinários,
administrativo-financeiros e de ordens de culto, os seus defensores,
profissionais religiosos, logicamente têm muita dificuldade de tomar a decisão
paulina de abdicar-se dos privilégios sacerdotais.
7 – EKKLESIA fora dos
templos (9)
Há mais vida num
ajuntamento simples e democrático que em um reduto de pseudo “detentores da
Verdade”. Esses lugares beiram um sentimento de manequins manipuláveis ou
fantoches, onde as pessoas se comportam como se estivessem com cordas presas em
si, a comandá-las em cada movimento nos grandes salões. É um “senta-levanta”
infantil, repetições ingênuas comandadas pelo chefe, monólogos de sermões ou
instruções que beiram à loucura, manifestações que poderiam ser incluídas em
quaisquer escolas infantis, coisas que nem em sonho os primeiros cristãos
admitiriam. Qualquer edifício, seja ele pequeno, médio ou vultoso,
segue os mesmos padrões e sistemas do antigo Templo de Jerusalém. Seria tão
simples perceber essa analogia se as pessoas não fossem psicologicamente tão
influenciadas pela religião.
Quando se coloca Deus
em quase todo tipo de instrução, mesmo com as mais espúrias enganações e com as
ameaças dos profissionais a fim de aprisionar os seus ingênuos e ignorantes
ouvintes aos seus redutos, há a reação de pavor diante de uma falsa e medonha
divindade. Sair desses lugares não é fácil e requer muita disposição, senso de
questionamento e sobretudo estudos e pesquisas próprias.
Os pequenos grupos
que estão a se expandir no Brasil (graças a Deus), são de pessoas vindas
do ambiente dos templos. São pessoas que adquiriram a capacidade de perceber em
que tipo de jugo
estavam submetidas. Pessoas com alto poder de
questionamentos, de pesquisas e estudos referentes ao evangelho de Jesus. O
maior problema para uma pessoa não é aceitar coisas novas, mas esquecer as
coisas velhas, mas percebemos que é possível “destruir” templos.
Não é fácil essa
tomada de decisão; sair de um ambiente religioso com o costume prolongado da
frequência, e se posicionarem contra toda doutrinação e modo de vida, tem que
estar muito bem preparado. Essa é a característica principal de pessoas que
compõem os pequenos, mas selecionáveis grupos de “desigrejados”.
“Cristão, de
ninguém é ovelha. Quem assim se assemelha, o que é que tem na telha?!”
II - Mensagem aos
desigrejados e igrejados (1)
Eu (Jesus) sou
o bom pastor. O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas. João 10:11.
Nota: No Gênesis,
início da criação, Abel é mencionado como pastor de ovelhas, depois Abrão e o
seu sobrinho Ló são apresentados como grandes pastores. Os pastores de ovelhas
são mencionados numa série de acontecimentos antigos, pois era o principal meio
de subsistência e modo de vida dos hebreus Gênesis 47:3. Como figura de
linguagem é mencionado pelos profetas, tendo o seu Deus Javé como aquele que
cuidava dos hebreus como um pastor Génesis 48:15, Génesis 49:24, Salmos 23:1, Salmo 28:9, Salmo 77:20, Salmo 78:71, Isaias 40:11, Ezequiel
34:11/31.
Os pastores humanos,
tanto no Velho Testamento como no Novo Testamento, como metáfora são
mencionados, mas de maneira bem negativa e com pesadas ameaças Jeremias 23:1, Ezequiel 34.
Em João 10 Jesus coloca-se na posição do que seria de fato o bom e verdadeiro
pastor, e por outro lado, identifica como exemplo negativo aqueles pastores
humanos que vieram antes dele. João 10:08
1) Pastor,
vocábulo bíblico muito atrativo
Na Bíblia há dois
subconjuntos de livros, o Velho Testamento, que costumo chamar de “bíblia dos
judeus” e o Novo Testamento, uma transição do conceito do Deus “de Israel” para
o Deus universal. Em cada uma dessas “bíblias” há um capítulo clássico que
quase todo mundo conhece. No Velho Testamento é o Salmo 23, com o título: O
Senhor é o meu Pastor e no Novo Testamento, é João 10,
com a epígrafe: Jesus
o bom Pastor. Nesses dois capítulos hiper
conhecidos não há nenhuma referência de quese trata de “pastores homens”, mas de Javé, e de Jesus
respectivamente. Vamo-nos apegar com o conceito bíblico/judaico dessa metáfora,
tanto do Velho Testamento como do Novo Testamento.
2) Pastores
no Velho Testamento
Os metaforicamente
chamados pastores do Velho Testamento, classe que recebeu muitas advertências
dos profetas, eram sustentados pela população, não com numerários ou moedas de
trocas (que já existiam desde o tempo de Abraão, por volta de 2.000 AC) Gêneses
17:12/14; Gênesis
23:14/18 como forma de pagamentos pelos serviços prestados, mas com
víveres produzidos pelos agricultores e criadores de animais (os dízimos). Em
troca, esperava-se que o povo obteria as devidas instruções religiosas e civis
que deveriam vir de suas capacidades. (10)
A retribuição legal
prevista para quem cuidava dos assuntos religiosos estava na lei dos dízimos.
Essas pessoas, obviamente não podiam ficar ricas, pois lhes era proibida
qualquer exploração mercadológica. Os levitas, juntamente com as viúvas e os
estrangeiros eram classes dignas de receberem os víveres dos dízimos da ajuda
do povo Números
18:21/24, Deuteronómio
18:01/08, Deuteronómio
10:08/09, Deuteronómio
12:19, Deuteronómio
14:27/29, Deuteronómio
16:11/14, Deuteronómio
26:12.
A retribuição por
serviços prestados, o que conceituamos “salário”, sempre foi mencionada no
Velho Testamento, mas os serviços religiosos nunca tiveram esse conceito de
“pagamento”. A cultura judaica rejeitava a idéia de que uma pessoa que lidava
com assuntos religiosos deveria ser paga como se fosse um mercador,
profissional, ou empregado.
Histórica e
estranhamente, esse entendimento começou com o caso do profeta Balaão Números 22, Números 23 e Números 24; 2ª Pedro
2:14/15. Depois vieram: o caso de Geazi, auxiliar do profeta Elizeu 2º Reis 05,
e o caso dos dois filhos do profeta Samuel. 1º Samuel
8:01/05.
O profeta Jeremias já
havia denunciado a corporação malévola e deplorável a que se tornaram os ditos
pastores que, em conseqüência de seus atos marginais, conseguiram a debandada
geral do povo pelos seus maus exemplos. Jeremias
23:01/11.
O profeta Ezequiel,
segundo a mensagem aos judeus, disse que Deus demitiu os pastores impostores de
Israel de seus postos por se desviarem de seus chamados e ele mesmo (Deus de
Israel), toma essa atividade para si, visto que aquela classe era
suficientemente perniciosa para a nação. Ezequiel:
34:02/16.
O descrédito dessa
classe remonta aos tempos imemoriais. Não deu certo desde o início e não vem
dando certo sempre. Escolher grupos de representantes ou intermediários de
determinados segmentos, como demonstrado, é uma tarefa quase impossível de ser
satisfatória. A usura, ganância, egoísmo, prepotência, arrogância etc. são predicados
comuns ao ser humano. Entregar representatividades, principalmente a religiosa
a qualquer pessoa constitui perigos incalculáveis de manipulações. É fácil
enganar pessoas colocando Deus em insidiosos argumentos. O medo ao divino
constitui a pior vulnerabilidade do Homem, daí, as ameaças e promessas
gananciosas tornam-se uma espécie de laços quase que indefensáveis a quem não
está preparado.
Nesse contexto vemos
que desde aquela época, os, assim chamados pastores (metáfora) só estavam
estimulados ao lucro exploratório para si mesmos. O cuidado que deveriam dar ao
povo tomaram para si e para os seus asseclas mais achegados. Mateus 23:13/32.
Exceto os verdadeiros
profetas, o pastorado do Velho Testamento não passava de uma classe de
vigaristas e aproveitadores do povo. Isso predominou até ao tempo de Jesus. O
problema é que eles eram investidos de autoridades legalmente irrefutáveis,
classe hermeticamente fechada e inacessível. Ninguém se aventurava em
questioná-los, pois a Lei proibia a qualquer pessoa, qualquer tipo de
resistência Deuteronômio
17:12.
3) Reação de Jesus aos
pastores de sua época
Sabemos que no
original do Novo Testamento não havia pausas ou separações entre capítulos,
fazendo com que contextos ficassem fraguimentados. O capítulo 10 de João é
continuação contextual do capítulo 9; lá, Jesus havia confirmado a cegueira
espiritual dos fariseus João 9:41 que, conceitualmente eram tidos como os “pastores” de Israel ou da Lei
de Moisés. Jesus, surpreendentemente, curou um cego de nascença e de todas as
maneiras, os pastores de seu tempo queriam “abafar” o milagre; creio que essa
reação era por causa da ameaça às suas posições sociais e financeiras. Afrontar
aqueles chefes religiosos era impensável naquela ocasião, porque, como vimos,
estavam acima da Lei. Diante disso, podemos dizer que as metáforas e parábolas
de João 10 foram dirigidas aos assim considerados pastores de
então.
4) Parábolas e
metáforas, como escudos
A marca significativa
dos métodos pedagógicos de Jesus são as suas famosas parábolas e metáforas.
Isso, como sabemos, é um recurso alegórico de mensagens que usa comparações
para transmitir determinadas realidades pessoais, mas sem fazer referências aos
ouvintes. Penso que poderia dizer que é uma forma de denúncia ou lição, mas sem
implicações para quem a exerce. Essas figuras de linguagem protegiam Jesus de
ser assassinado antes da hora certa. Marcos 4:33/34 .
5) Pastores no Novo
Testamento (da Bíblia)
Existem várias
versões das traduções neotestamentárias, mas naquelas que são mais honestas e
precisas, há somente duas referências à matáfora pastor. A primeira é a do
capítulo clássico de João 10, onde Jesus se posiciona como Pastor e suas
características, a segunda referência está na lista classificada de dons pelo
apóstolo Paulo em Efésios 4:11.
Nessa relação, Paulo declara que Jesus é que distribuiu esses dons, talvez pela
capacidade espiritual de cada um. Supõe-se que o dom de pastor e
“professor/mestre” tinha certas semelhanças de conceitos. Não posso me apressar
em dizer que os primeiros discípulos que tinham o dom de ensino não tinham
certa importância, mas pela quantidade de citações e referências (apenas uma
citação no final de um versículo e por sinal, junto com outro dom), posso dizer
que essas atividades não atingiam nem de longe, o patamar a que chegaram os
intitulados pastores atuais de um pseudo-evangelho de Jesus.
Talvez, por ser a
palavra “pastor” uma denominação muito pouco mencionada no Novo Testamento, e
de maneira muito pejorativa no Velho Testamento, alguns indivíduos que se
consideram proprietários ou fundadores de alguma facção religiosa, evitam esse
título para si, suas famílias e amigos, então escolhem segundo acham mais
conveniente para si, outras “nomeações mais relevantes” para os seus egos. É
muito surpreendente que várias facções religiosas estabelecem hierarquias
clericais e posições entre esses indivíduos, semelhantes a empresas e
corporações militares! Mais interessante é o fato de que Jesus, enfaticamente
determinou que posições hierárquicas e pessoais não pudessem acontecer entre os
verdadeiros crentes. Um absurdo! Mateus 20:20/28
Seguindo a tradição e
ensinos que vieram do Velho Testamento, Jesus e depois o apóstolo Paulo deixou
claro que, “as atividade religiosas devem ser encaradas como assencialmente
voluntárias e não se deve esperar e muito menos vindicar nenhum retorno financeiro”.
Para o envio de missionários, Jesus dá a instrução de não levar dinheiro nem
bolsas. Não levar bolsas significava que, sem dinheiro, não havia o seu uso e
não havendo o seu uso, de nada serviria na viagem. Mas a alimentação, que era
considerado o salário do trabalhador religioso, podia-se aceitar como se
costumava na tradição do Velho Testamento. Lucas 10:4/8; Mateus 10:8/10; Marcos 6:8.
Paulo declara que
nunca aceitou qualquer tipo de retribuição pecuniária (ouro e prata, o dinheiro
da época), pois, certamente sabia, pela tradição judaica, evitar os maus exemplos
de mercenários da fé ingênua. Actos 20:33/35.
6)
“Lideranças/supervisores”, na Igreja Primitiva (11)
É bíblico e não
podemos negar que havia pessoas liderando os serviços na Igreja primitiva.
Fisicamente, a liderança do evangelho ficou vaga na ascensão de Jesus e o seu
pastorado humano, de maneira geral, veio na forma de dons a pessoas que vieram
ocupar a lacuna pessoal de Jesus, o verdadeiro pastor. Efésios 4:11
O Novo Testamento
menciona essas pessoas em atividades pelos seus dons Actos 20:17. São chamados de:
Bispos, Anciãos, Presbíteros, Apóstolos, Diáconos, (não há menção a Pastores e
mestres em suas atividades). Impressionantemente, todas as vezes que assim são
referenciados, sempre há pelos menos duas pessoas ocupando essas atividades em
cada Igreja local. Não há em nenhum lugar a menção de que uma pessoa somente
esteja à frente de uma determinada Igreja local, e mais ainda, não há
referências às hierarquias ou graus de importâncias entre essas denominações
pessoais. Os primeiros crentes levavam tão a sério os dons distribuídos que,
além de considerá-los essencialmente voluntários, também os encaravam como
honrados e sagrados, longe de serem identificados ou encarados como chefes
religiosos por obrigação.
6.1) Presbítero/Ancião - são denominações que se coincidem,
conforme a tradução. São comumente aceitáveis como pessoas com certa idoneidade
de vida, responsabilidade e idade mais avançada. Os idosos eram muito mais
respeitados naquela sociedade.
6.2) Bispo – o termo grego antigo
επίσκοπος, (episkopos),
“inspetor”, “superintendente”. Parece que suas atividades não interferiam
diretamente no andamento das reuniões ou não tinham atividades de direção dos
cultos. Eram pessoas com olhares genéricos, porém, biblicamente, não há noção de
que eram investidos de alguma autoridade sobre os demais.
6.3) Apóstolo – Termo grego ἀπόστολος, (apóstolos), enviado. Essas pessoas são as primeiras desbravadoras do
evangelho. São funções de pessoas que, pelos seus dons, abriram trabalhos às
novas fronteiras. Quando viam que a igreja local já estava consolidada,
promoviam a escolha de pessoas locais, pelos dons, a andarem com as suas
próprias pernas, Tito
1:5, nada mais do que isso, e tendo finalizado as suas tarefas, prosseguiam
para outros lugares. Não estavam voltados para se fixarem nas igrejas locais e
muito menos estavam longe de se sentirem no direito de levarem algum mérito
pessoal de seus trabalhos. Não há nenhuma referência de que a designação
“apóstolo” tivesse alguma supremacia diante de quaisquer lideranças formadas em
qualquer localidade.
6.4) Diácono – termo grego διάκονος, (diákonos) “ministro”, “servo”, “ajudante”. Está claro que esse
dom surgiu de uma necessidade “pontual” de administrar a distribuição dos
víveres às viúvas, coisa que desapareceu, obviamente em outros países fora de
Israel. Actos 6:01/03 Essa distribuição estava sendo mal feita. Apesar de ter surgido dessa
necessidade, os diáconos não eram uma categoria de somenos
importância, pelo contrário, o critério era rígido e pela aula panorâmica de
Estevão em Actos 7,
podemos tirar a conclusão de que eram pessoas de alta capacidade, de formação
intelectual e exemplares na vida civil, familiar e espiritual.
Fora essa
necessidade, vemos os diáconos desempenhando as mesmas tarefas em conjunto com
os bispos no desenvolvimento dos trabalos de superintendência da igreja local. Filipenses
01:01 Hoje, erradamente, é uma posição que representa menos atração, quase um
termo pejorativo das igrejas/templos. 1ª Timóteo
3:0810
7) Modelo pastoral de
muitas “igrejas/templos” atuais
7. 1 - Pastor – Apesar de não ter nenhuma ênfase na
Igreja Primitiva, é impressionante como esse vocábulo ainda tem despertado
tanto interesse egocêntrico nos nossos dias. Podemos identificá-lo da seguinte
maneira conforme a instituição religiosa:
7.1.1) Título
profissional remunerado de alta patente hierárquica. Elemento portador de
diploma (ou não), do seminário correspondente à sua denominação, que adquiriu o
direito de vindicar um posto de trabalho que lhe será fonte de renda para si e
sua família. Deverá colocar em prática na igreja/templo que lhe for confiado, o
aprendizado de orientações dogmáticas e doutrinais que recebeu no seminário. O
pastor, de vez em quando, diz que é também um presbítero, mas por ter feito o
curso no seminário correspondente tem “direito” a remuneração. Não tem
registros de presença ao trabalho, pois não é fiscalizado. Geralmente é comum
vê-lo num centro comercial a passear com a esposa em tardes ensolaradas de dias
úteis. Se ganhassem por “horas/trabalhadas” não sobreviveriam.
7.1.2) Título
profissional não remunerado, (em pouquíssimas igrejas), porém de alta patente
hierárquica. Elemento portador de diploma (ou não), do seminário correspondente
à sua denominação, que adquiriu o “direito” de liderar uma igreja/templo local.
Deverá colocar em prática na igreja/templo que lhe for confiado, o aprendizado
de orientações dogmáticas e doutrinais.
7.1.3) Título profissional remunerado de alta patente hierárquica. Fundador de
uma igreja/templo independente de ter ou não algum diploma. À sua maneira,
estabelece todas as regras que lhes forem convenientes, tanto dogmáticas como,
principalmente financeira. Age como se fosse um chefe, senhor absoluto da
última palavra e de maneira nenhuma admite concorrência. É um legislador de
causa própria, inclusive de seus rendimentos. Esse indivíduo também é chamado
de: bispo, ministro, missionário ou apóstolo. Podemos dizer que no ambiente em
que ele chefia a igreja é realmentre dele!
7.2) Presbítero – Poucas igrejas/templo usam essa denominação e para quem a tem é posição
hierárquica abaixo do pastor. Não é um título remunerado como o
“pastor/presbítero” que, não sei por que cargas d’água só ele “pode” receber
dinheiro (salário). Um presbítero sozinho não tem quase nenhuma representação,
mas em conjunto forma o “conselho”, porém sob a direção do “presbítero
remunerado”, o pastor.
7.3) Ancião - É semelhante ao presbítero, mas, que eu saiba, só duas denominações usam
esse título. É o que mais se aproxima dos supervisores da Igreja primitiva. Não
é remunerado e atua em conjunto, o que demonstra certa ausência de hierarquia.
7.4) Apóstolo – Esse título, juntamente com alguns: pastores, bispos e missionários,
constitue a elite do “pastorado Humano” moderno. É o fundador do complexo
empresarial religioso, que inclue além dos negócios do templo: estações de
rádio, televisões, editoras de livros etc. O carro chefe (12) dos negócios do templo são as
intermináveis “campanhas de sacrifícios”, depois vêm as mensagens do tipo
“motivacionais da fé”, como tema recorrente, o esquema de barganha divino
chamado teologia da prosperidade. “Quem tem fé, não morre de doença, não sofre
falência, carros, fazendas, roupas elegantes” etc. Esses métodos de “trabalho”
são características do “apostolado moderno”, esquemas para ingênuos,
gananciosos e medrosos.
É inacreditável que
ainda existam pessoas tão facilmente enganadas; gente que nunca desconfia
desses mercenários e de seus esquemas tão evidente em termos de fraudes
religiosas; só há uma explicação para isso: falta de conhecimento bíblico com
desejo inconsciente de ser enganado!
8) João 10; duas
árvores com frutos bem diferentes.
Em João 10,
Jesus mostra como deve ser uma pessoa que ocupa uma posição de atividade
religiosa, segundo o seu modelo. É flagrante e salta à vista as comparações
entre um pastorado mercenário e o seu modelo pastoral. A característica de quem
se disfarça de “bom pastor” é tão evidente que chega a ser escancarada!
A seguir vou “copiar”
algumas denúncias aos mercenários e algumas características do bom pastor.
8.1 ) Características
do mercenário religioso.
8.1.1) Não ingressa na congregação pela porta.
O mercenário (aquele
que encara a atividade religiosa como negócio), sempre consegue conquistar o
seu desejo pelas vias tortas. Não entra pala porta da frente, mas pelos
mecanismos próprios dos espertalhões. Usa as pessoas como instrumentos
manipuláveis para se promover, até alcançar os seus objetivos.
8.1.2) É ladrão.
Jesus é muito
enfático quando diz a verdade! Há muitos tipos de ladrões e muitas formas de
roubos. Quando pensamos em ladrão, logo vem o pensamento de um marginal que
subtrai o nosso dinheiro sem que percebamos ou com violência, mas esse tipo de
roubo é só para gatunos inferiores. O ladrão mercenário religioso pertence a
uma classe “mais elevada”, é aquele que rouba com consentimento, rouba o
dinheiro com permissão de quem é roubado. É um indivíduo astuto, teatral e
dramático! É comum vê-los a chorar com lágrimas de crocodilo. É extremamente
ardiloso e quem não o conhece, sente compaixão imensuráel quando começa
com os seus dramas. Ele sabe se defender e virar o jogo como ninguém; muitas
vezes se coloca até como vítima de persiguições e injustiças. É o tipo de marginalidade
legalizada em que nem os juízes são capazes de colocá-los na cadeia. Mas são
ladrões.
8.1.3) É assaltante.
Normalmente se
entende como um tipo de roubo onde se emprega o uso de armas, com violência
física ou mesmo psicológica. O marginal mercenário religioso, normalmente não
usa esse “tipo de arma”, mas a que ele usa é muito mais eficaz. As armas do medo ao divino, da ganância e do charlatanismo têm produzido
verdadeiros impérios financeiros. É comum vermos em programas de televisão, a
maneira escancarada de assaltos aos ingênuos da fé. Pessoas bem intencionadas
são assaltadas com permissão da justiça! Ninguém protege essas vítimas e o
Estado se omite com esse tipo de banditismo legalizado.
8.1.4) É assassino.
Quando pensamos em
assassino, logo vem à mente, um marginal desferindo um tiro ou uma facada em
alguém. Normalmente o marginal religioso assassino não usa armas físicas para
matar, apesar de Jesus ter se referido aos “assassinos físicos” do Templo. Mas
o resultado das conseqüências criminosas dos religiosos de nosso tempo mata
muito mais que balas e facadas. Aprisionamento de vidas, ilusão das barganhas e
do charlatanismo, sacrifícios ilusórios em que minam a qualidade de vida da
família, baixa estima e falta de motivações em enfrentar a dureza da vida,
frustrações advindas das “campanhas’, instruções que beiram o ridículo etc, são
as armas que destroem mais vidas que armas de fogo,
8.1.5) É assalariado.
Eles teimam em dizer
que não são empregados, mas é indiscutível que, quem recebe salário regular tem
vínculo empregatício, então é empregado!
O empregado religioso
(assalariado) trabalha pelo seu “ganha-pão” e só faz aquilo que ele entende por
obrigação profissional. Qualquer serviço que entende ser, fora de “sua alçada”,
pode até fazê-lo, mas certamente vai vindicar alguma contra prestação aditiva
ou aumento salarial. Não se comporta como “o dono”, pois não tem zelo ou
qualquer sentimento humano pelo seu cuidado, a não ser a vantagem pessoal do
numerário, que por direito trabalhista ou contratual sabe que vai obtê-lo. Seu
trabalho muitas vezes se torna uma obrigação rotineira e enfadonha que leva,
por conseguinte, ao marasmo da rotina, falta de motivação e desagua na
incredulidade.
O empregado religioso
sempre vai lutar contra os patrões por melhores salários e rendimentos. A
tendência natural de empregados é “trabalhar menos e ganhar mais”, isso se não
forem os donos fundadores da igreja/templo, pois estes são donos do negócio e
eles mesmos estabelecem os seus rendimentos. No caso dos pastores comuns há os
“baba-ovos” bajuladores que o defendem com mordomias e privilégios; esses
fanáticos vão querer que ele fique na igreja até se
aposentar por idade ou morte.
9) Características
do bom pastor.
O bom pastor, segundo
Jesus, tem as características bem definidas. Para ser “bom pastor” (hoje, pelos
dons ministeriais), não há outras chances que estejam fora da instrução de João 10.
Qualquer outro requisito que faz uma pessoa ocupar uma atividade bíblica de
supervisão religiosa, não pode ser reconhecido. De uma maneira geral e grosso
modo de interpretação, como vimos, todos os dons chamados ministeriais
representam a ausência física de Jesus aos trabalhos devocionais da Igreja
local. Jesus deixou vaga a atividade que exercia pessoalmente como O bom
Pastor, mas distribuiu dons a algumas pessoas para, de alguma forma levar
adiante as atividades ministeriais da sua Igreja. Obviamente ele queria que
esses trabalhos seguissem as suas características.
A seguir vou “copiar”
algumas características do “bom pastor”, entendendo-se como dons ministeriais.
9.1) Ingressa na
congregação pela porta.
A melhor maneira para
começar uma atividade, principalmente a religiosa é “entrar pela porta”. Isso é
uma expressão idiomática que quer dizer: pelas vias legais ou consensuais, sem
politicagem ou artifícios de esperteza. O bom crente é escolhido e nunca aquele
que se escolhe.
9.2) É voluntário.
O desejo da congregação
por alguém que a supervisione se satisfará por aquele que trabalha nitidamente
por voluntariedade e defende esse conceito bíblico. Esse tipo de voluntário age
por espontaneidade sem qualquer desejo de explorar ou sobressair entre os seus
correligionários. Não reclama se lhe falta tempo ou que os trabalhos religiosos
estão lhe atrapalhando no âmbito familiar ou profissional. Não aceita qualquer
tipo de bajulação ou tratamento diferenciado de qualquer pessoa da Igreja
local.
9.3) É amoroso.
Esse é o principal
requisito para ser o bom supervisor religioso! Aqui está o principal fruto a
ser identificado pelos seus liderados: o amor por todos, indistintamente. Devo mencionar que o bom pastor (dos dons espirituais), pelo muito que deve
amar os seus liderados, dá a sua vida por qualquer um deles se preciso for. Não
é necessário dizer que, notando-se a falta dessa característica, deve-se
rejeitá-lo frontalmente como líder religioso. Biblicamente, os dons foram
concedidos por Jesus, e é essencial que se descubra o irmão certo para essa
atividade, tendo como orientação as instruções do capítulo 10 de João.
9.4) Conhece os seus
liderados.
Esse “conhecer” é
outra forma de expressão. É se interessar pela vida espiritual de cada um de
seus companheiros, mas isso tem de ser por impulso de amor, sentimento
espiritual e humano. Uma ovelha dentre cem, em apuros deve merecer mais
cuidados que as outras noventa e nove. A discrição do tratamento e cuidados
pessoais é preponderante entre os bons condutores, isso é natural e faz com que
haja harmonia na comunidade.
Nota final: Não frequentem uma organização religiosa em que não haja pastores
segundo o desejo e características de Jesus. Não percam o seu tempo e o seu
dinheiro, pois “igrejas/templos” são características do Templo de Jerusalém da
época de Jesus.
(1) Este artigo refere-se aos desigrejados no Brasil, mas este problema
também se nota noutros países lusófonos e duma maneira geral em quase todo o
mundo. Desigrejados, na concepção do autor, são ajuntamentos que se fazem nos
templos ou igrejas modernas, um retrocesso ao sistema sacerdotal arônico.
Veja também o
esclarecimento a “Desigrejado sim, desviado não!”http://igrejanoslaresemaltinho.blogspot.com.br/2015/08/desigrejado-sim-desviado-nao.html
(2) Fonte desta informação: Censo Brasileiro 2010
(3) Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística.
(4) Viúva -
Enciclopédia Bíblica Online. https://bibliotecabiblica.blogspot.com.br/2009/07/estudo-biblico-viuva.html
(5) Eclesia no Grego Clássico – http://www.palavraprudente.com.br/estudos/edwardo_v/sentidoeclesia/cap02.html
(6) Como Surgiu a Democracia - Hugo
Tadeu - http://www.hugotadeu1408.com.br/como-surgiu-a-democracia/
(7) História
da Igreja Cristã – W. Walker – Cap. 9 – A Igreja Imperial, pgs. 83 a 88.
(8) Mercado
religioso cresce e se mostra bilionário – Fecomercio-SP -http://www.fecomercio.com.br/noticia/mercado-religioso-cresce-e-se-mostra-bilionario
(9) The
Christian Post -http://portugues.christianpost.com/news/6-milhoes-de-evangelicos-sairam-dos-templos-religiosos-nos-ultimos-6-anos-16020/
(10) Comentário
Bíblico Atos, Novo Testamento – Craig S. Keener – Ed. Atos. Pág. 301.
(11) O que a
Bíblia tem a dizer sobre a forma de governo da igreja? -https://www.gotquestions.org/Portugues/governo-da-igreja.html
(12) “Carro
chefe” – Expressão utilizada no Brasil com origem no principal carro alegórico
dum desfile e por associação de idéias, o elemento mais importante que se
destaca num conjunto, neste caso os meios de incentivar as contribuições dos
crentes.
Goiânia, Brasil –
Janeiro de 2017