Cornélio - Um novo Pentecostes (OC)
(Deverá
“clicar” nas referências bíblicas, para ter acesso aos textos)
Nos tempos de Cornélio o mundo estava dividido em dois: o mundo
judeu e o mundo gentio. Os judeus, como povo de Deus, consideravam-se
superiores e julgavam que a revelação e a graça divinas eram destinadas
exclusivamente a eles. Assim, tratavam os gentios como seres imundos, pagãos,
indignos, e não se misturavam com eles. Viviam num mundo à parte. Havia como
que uma barreira, uma “parede” de separação que os afastava deles.
Jesus veio. Como homem era judeu. Mas era também Deus e, como tal,
viera ao mundo identificar-se não só com os judeus mas com todos os homens. A todos veio salvar, e foi por amor da Humanidade inteira que
morreu e que ressuscitou. Ele veio desfazer barreiras: De ambos os povos fez
um, derribando a parede de separação que estava no meio... Efésios 2:14.
Anteriormente: mundo judeu - mundo gentio. Agora: um mundo apenas.
Com Cornélio foi feita a experiência piloto, o arranque inicial, a
reconciliação de dois mundos pela cruz de Cristo. Vejamos: Deus comunica-se a
Cornélio e a Simão Pedro. Deus vai ao encontro deles para levar a efeito o Seu
propósito.
Cornélio era um gentio distinto, um cidadão romano, capitão da
chamada “coorte italiana”, guarda-avançada do Império em terras da Palestina.
Era um militar, um representante da autoridade terrena dominante. Ele
personificava bem o mundo gentio.
O que parece estranho é o facto de aquele homem gentio ser piedoso
e temente a Deus, um homem espiritual. Seria ele já um prosélito do judaísmo?
Fosse como fosse, e apesar de todas as suas qualidades, ele precisava de Jesus.
As esmolas que dava não eram tudo. A oração que fazia era apenas um primeiro
passo. Um primeiro passo porque a oração põe-nos em contacto com Deus. E ali
estava Cornélio orando, em jejum, às três horas da tarde. Ele buscava a Deus. E
Deus se-lhe revelou através de Pedro.
Ao meio dia, estando Pedro a orar num terraço, teve fome. E, num
êxtase, viu descer do céu comida: carne de diversos animais. E uma voz lhe
dizia: Mata e come! Mas eram animais imundos! No entanto, Deus lhe disse: Não
faças tu imundo ao que Deus purificou! Qual o significado desta visão? Que
queria o Senhor dizer a Pedro? A resposta não se fez esperar. Vêm os emissários
de Cornélio, e o Espírito diz a Pedro que vá com eles. E ele vai. Vai, apesar
de todos os preconceitos, pois ele sempre tinha pensado que o Evangelho era
também monopólio dos judeus e que os gentios não tinham acesso ao Reino de
Deus. Mas... não faças tu imundo ao que Deus
purificou!.
Ao chegar, Cornélio lança-se a seus pés, mas Pedro diz-lhe:
Levanta-te, porque eu também sou homem! E começa a explicar: Vós bem
sabeis..... isto não é lícito. (vr.28)
... mas Deus mostrou-me ! Ah grande Pedro, que
é capaz de passar por cima da tradição e de sufocar o preconceito secular, só
porque Deus lhe mostrou que isso estava errado ! E
Pedro contou. Contou como Deus se-lhe tinha
manifestado, no terraço, em oração. E concluiu: Reconheço por verdade que Deus
não faz acepção de pessoas. Esta era a grande verdade nova: não há favoritismo,
não há segregação. Oportunidades iguais para todos, tratamento igual para
todos.
A raça não conta. Nem o passado, nem a família, o dinheiro ou a
posição social, a profissão ou a cultura. Deus ama a todos sem distinção.
Finalmente Deus integra novos homens no Seu Reino. O anúncio do
Evangelho foi feito com clareza: incluía a morte expiatória de Cristo, a Sua
ressurreição e o apelo à fé para perdão de pecados. E mais uma vez Deus
interveio. Houve conversão de almas. Cornélio e os que com ele estavam,
abriram-se para Jesus, e o Espírito Santo entrou neles dando um sinal que
constituía um prolongamento do Pentecostes: falaram línguas glorificando a
Deus. Era o início duma nova era, a abertura da porta aos gentios. Havia que
selar este acontecimento, integrando-o no plano universal de Deus.
As línguas do Pentecostes Actos 2 são um sinal
de que o Evangelho é para todos os povos, de todas os idiomas. Isso devia ficar
ali bem patente. Não foi um novo Pentecostes mas uma extensão ou ressonância
desse facto histórico que foi a descida do Espírito Santo. Se houvesse ainda
alguma dúvida, ter-se-ia dissipado.
O Senhor estava a aceitar aqueles gentios, primícias de muitos
outros, no Seu Reino. E foram baptizados (baptismo da água), como exteriorização
simbólica dessa grande realidade espiritual que é o baptismo do Espírito Santo.
Foram quatro dias decisivos: oração, visão, testemunho,
conversão, baptismo.
Afinal, Cornélio somos também nós. O
Evangelho é para nós. Para os gentios. E Deus vem ao nosso encontro.
Mas Pedro, somos nós também. Nós,
testemunhas de Cristo, dependentes de Deus em oração e acção, sensíveis e
flexíveis à vontade do Senhor. E se o não somos ainda, sejamo-lo a partir de
agora.
Leiria – Portugal
Veja também estudos sobre outros
personagens bíblicos em Diversos assuntos
bíblicos
Estudos
bíblicos sem fronteiras teológicas