COOPERAÇÃO (OC)
(Deverá
“clicar” nas referências bíblicas, para ter acesso aos textos)
As
bases bíblicas da cooperação
Trabalho
apresentado pelo autor num retiro de pastores em Água de Madeiros em 1976
O tema geral: Somos cooperadores de Deus. Cooperadores como
ministros do Evangelho. Não é de cooperação entre igrejas que vamos tratar, mas
sim, especificamente, de cooperação entre pastores, que é o que somos.
Nas Sagradas Escrituras encontramos os fundamentos dessa
cooperação.
Vamos pois ao Novo Testamento inspirar-nos, beber o ensino e os
exemplos da cooperação entre Obreiros.
Há, no original, duas palavras que se traduzem por cooperação:
KOINOUNIA
(de Koinós, comum). Esta palavra expressa aquilo que
é comum a duas ou mais pessoas. Koinounia é,
portanto, comunhão, intimidade. Significa compartilhar, participar numa tarefa
comum.
SUNERGUÉOU
(de Érgon, trabalho) Significa “trabalhar lado a
lado” (como camaradas de trabalho).
Verificamos assim que, enquanto Koinounia
põe em evidência a solidariedade, o companheirismo, a união espiritual entre
pessoas que trabalham, Sunerguéou realça e acentua o
trabalho feito em colaboração. Por isso dividimos este trabalho em duas partes:
1ª Relação e 2ª Actuação.
1. Relação
Relação ou relacionamento. Por aqui se começa. Pela essência da
cooperação. De facto, esta assenta numa relação espiritual entre pessoas.
Se essa relação for harmoniosa, sê-lo-á também a cooperação. Se o
relacionamento entre as pessoas for deficiente, a cooperação deficiente será.
Relação espiritual entre companheiros de trabalho. Koinounós traduz-se sempre por companheiro de trabalho. Lucas 5:10, 1ª Coríntios 10:18,
Filemon
1:17
Relação entre pessoas unidas por um elemento comum: Cristo e a Sua
Obra. (Factor de unidade).
1ª
Coríntios 1:9... chamados para a comunhão de Seu Filho...
1ª
Coríntios 10:16 .. cálice de bênção... não é a comunhão...
O pão que partimos, não é, porventura, a comunhão do corpo de Cristo?
Filipenses
2:1... comunhão no Espírito...
1ª
João 1:3/7... a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho, Jesus Cristo.
...comunhão com ele... comunhão uns com os outros...
Da nossa comunhão com Cristo, depende a nossa comunhão como irmãos
e colegas.
Filipenses
3:10... comunicação das suas aflições...
1ª
Pedro 4:13... participantes das aflições de
Cristo. Somos companheiros de luta (prisões, perseguição...). Aqui vem a
propósito a palavra Sunstratiôtes, camarada de armas.
(De stratiá, exército, hoste). Palavra usada em Filipenses 2:25...
companheiro nos combates... e em Filemon
1:2... Arquipo, nosso camarada...
Mas Koinounia é uma posição de
solidariedade activa que encontra expressão no sustento material dos Obreiros Filipenses 1:5, Filipenses 4:15, Gálatas 6:6, Romanos 15:27, no auxílio
material aos irmãos necessitados (em aflição, em crise) – Romanos 12:13, Romanos 15:26
(Colecta = Koinounia) Hebreus 13:16, 2ª Coríntios 8:4, 2ª Coríntios 9:13,
mas se manifesta também por atitudes de compreensão, entendimento,
receptividade, boa-vontade:
Em Actos
9:26/27, Barnabé dá a mão a Paulo, facilitando a sua integração na Igreja e
no seio dos obreiros.
Dar a mão aos novos (Pastores, missionários, seminaristas...)
Em Gálatas
2:9, Tiago, Pedro e João “deram as dextras” a Paulo e a Barnabé, em
comunhão, combinando irem uns trabalhar com os judeus e outros com os gentios.
(Repartição de tarefas, divisão de campos e atribuições) Combinar o trabalho.
E, mais tarde, o mesmo Barnabé se lembra de Paulo e vai buscá-lo para colaborar
com ele em Antioquia Actos
11:25.
Interesse uns pelos outros, procurando-se uns aos outros para a
cooperação.
A cooperação, como foi visto, depende essencialmente das relações
humanas entre colegas, tendo Cristo e a Sua Obra como vínculo de união.
Trata-se dum relacionamento activo, como já constatámos, e iremos ainda
desenvolver no segundo ponto.
2. Actuação
Somos cooperadores:
Não somente Koinounós – companheiros
unidos por uma íntima comunhão fraternal.
Nem somente Sunstratiôtes camaradas de
luta, lado a lado no combate, soldados do mesmo exército, obedecendo ao mesmo
Comandante.
Mas também Sunergós – colegas de ofício,
trabalhando juntos.
2.1 O apóstolo Paulo fala dos seus
cooperadores: Priscila e Áquila Romanos 16:3, Urbano
Romanos 16:9,
Timóteo Romanos 16:21
e 1ª Tessalonicenses
3:2, Tito 2ª
Coríntios 8:23, Epafrodito e outros Filipenses 2:25 e Filipenses 4:3, Filemon e outros Filemon
1:1/25.
E em termos de amizade, consideração, respeito: Filipenses 2:9/30,
Colossenses
4:7/17, 1ª
Coríntios 16:9/12. Cartas às igrejas. Como falamos nós às nossas igrejas,
dos nossos cooperadores? Em que termos?
2.2 A mesma palavra é usada no texto
temático do nosso retiro: Somos cooperadores de Deus. 1ª Coríntios 3:4/9
“A Bíblia na linguagem de hoje” e “Good News for modern man” traduzem: Nós somos companheiros que trabalhamos
juntos para Deus.
Nós – Paulo e Apolo, naquele caso.
Nós – Pastores hoje: cooperadores no serviço de Deus... vós (igreja) sois “lavoura de Deus”, isto é, “terreno onde
Deus faz o seu trabalho”. “A Bíblia na linguagem de hoje”.
2.3 Só quem auxilia na obra – Sunerguéou, e trabalha (kapiáou,
trabalha esforçadamente) merece acatamento e tem direito a ser ouvido 1ª Coríntios 16:16
Quem não trabalha, quem não coopera, não tem autoridade para se
pronunciar, nem para emitir sentenças !
2.4 Outros aspectos da actuação
cooperante:
2.4.1 Companhia:
2.4.1.1 Jesus enviou os seus discípulos dois a dois: Lucas 10:1, Eclesiastes 4:9/12
2.4.1.2 Os missionários (dois ou três) Actos 13:1/5.
Não ao isolacionismo!
2.4.2 Oração:
2.4.2.1 Jesus pediu a colaboração de três dos seus discípulos
quando foi orar no Getsémani. Mateus 26:37/39.
2.4.2.2 Pedro e João iam juntos ao Templo a orar Actos 3:1.
2.4.2.3 Paulo orou de joelhos, com os pastores de Éfeso Actos 20:36. Oremos
juntos!
2.4.3 Nivelamento:
2.4.3.1 Já entre os discípulos se manifestou a tentação de
alcançar posições privilegiadas Mateus 18:1, Marcos 10:35/45
mas Jesus, em resposta, tomou um menino por exemplo e deu, ele próprio, o
exemplo, ao lavar-lhes os pés João 13:15.
2.4.3.2 Pedro coloca-se no mesmo pé de igualdade, com os restantes
presbíteros - ... eu, que
sou, também, presbítero como eles, ... 1ª Pedro 5:1.
2.4.3.3 Paulo reivindica a igualdade de direitos em relação aos
demais apóstolos, quando a sua posição foi posta em causa por alguns. 2ª Coríntios 11:5
Não a qualquer modalidade de hierarquia, supremacia ou tratamento
discriminatório!
2.4.4 Liberdade e Lealdade
2.4.4.1 Paulo enfrentou Pedro cara a cara, e censurou o seu
procedimento Gálatas
2:11
2.4.4.2 Barnabé e Paulo separaram-se na segunda viagem
missionária, por divergências quanto a João Marcos Actos 15:35/39
Liberdade para discordar, mas uso de franqueza e frontal lealdade, nos casos de
divergência e até de separação!
3. Conclusão
3.1 Temos um Senhor comum e um Trabalho comum. Estamos assim
identificados uns com os outros, como cooperadores, num relacionamento
especial, íntimo, de companheirismo fraternal, como camaradas de luta e de
trabalho.
3.2 Da qualidade desse relacionamento depende toda a cooperação
entre obreiros, na prática.
3.3 Cooperar é combinar o trabalho de forma a não haver colisões,
no respeito do campo de cada qual. Cooperar é interessarmo-nos uns pelos
outros, procurando-nos, buscando a cooperação e especialmente para com os novos
colegas, de modo a que se sintam integrados no âmbito dos seus conservos.
3.4 Cooperar é trabalhar de facto, lado a lado com os colegas, e
não só emitir juízos sobre o trabalho dos outros. Cooperar é fazer companhia,
andando juntos, trabalhando juntos e orando juntos.
3.5 Cooperar é respeitar os nossos colegas, perante as igrejas que
servimos. É ser capaz de admitir divergências e discutir os problemas frente a
frente. Mas sem pretensões de supremacia, sempre num plano de perfeita igualdade.
Leiria – Portugal
Estudos
bíblicos sem fronteiras teológicas