Deus e as calamidades naturais (MC)

(Deverá “clicar” nas referências bíblicas, para ter acesso aos textos)

 

 

Muitas pessoas, com sincera solidariedade com os que sofrem, ao tomarem conhecimento de catástrofes naturais como os terramotos do Haiti e do Chile, ou de aluviões como o que assolou a Madeira, comentam, com angústia: “Como podemos falar na existência de um Deus Santo, Sábio e Todo-Poderoso e que ama quando acontecem estas tragédias, em que morrem tantos inocentes e tantos ficam destroçados para o resto da vida?”. É uma questão que não podemos ignorar, nem podemos responder com o sorriso calmo de quem está longe das tragédias e não tem ninguém que ama envolvido. Diante de situações de tão grande sofrimento, muitos afirmam deixar de crer em Deus.

Mas quando lemos a Bíblia percebemos, como Blaise Pascal, o pensador francês, que o Deus de que ela fala não é o Deus dos filósofos, produto do pensamento humano, mas é o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob; isto é, o Deus da Bíblia é Aquele que ultrapassa todo o nosso entendimento, o Deus cujos pensamentos não são os nossos pensamentos. Isaías 55:8 A questão que referimos acima pode ser posta por homens de cuja sinceridade e bondade não duvidamos, mas é uma questão que, na perspectiva bíblica, não se pode colocar. No Antigo Testamento a preocupação fundamental não é fornecer elementos para que o homem tenha um conceito correcto de Deus – mas é fornecer elementos concretos com que o homem organize a sua vida a nível individual e colectivo. Não há especulação sobre Deus, mas há mandamentos, estatutos e preceitos para pôr em prática. Mesmo as regras minuciosas da prática religiosa são, essencialmente, para aplicação prática no dia-a-dia e não são metafísica. Essas regras religiosas são ultrapassadas com a pregação de Jesus e dos apóstolos, mas no Novo Testamento também o que é sublinhado é a importância do pôr em prática. O homem elogiado por Jesus é o que ouve a palavra de Deus e a põe em prática. Mateus 7:24/27 Ou seja, o que importa, diante das catástrofes não é especular sobre a existência de Deus e sobre a Sua natureza (problemas filosóficos), mas ter presente o anúncio central da Bíblia, a vinda do Reino de Deus, que não é comida nem bebida, mas justiça, e paz e alegria no Espírito Santo. Romanos 14:17 O que importa é saber se continuamos a considerar Jesus Cristo como Aquele que determina o nosso ser e o nosso estar Filipenses 2:1/11 e com Quem queremos trabalhar para que o Reino se manifeste na sua plenitude. Diante das tragédias o que pode comunicar-nos coragem para ir em frente é olharmos para Jesus Cristo crucificado e estarmos prontos a segui-Lo na luta contra a dor.

 

Quando perguntaram a Jesus qual era o mais importante dos mandamentos, Jesus respondeu dizendo: Amarás o Senhor Teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos depende toda a lei e os profetas. Mateus 22:37/40 Toda a Bíblia, pois, se cumpre quando cumprimos estes dois mandamentos que se fundem num apenas. Há questões importantes que surgem na nossa caminhada pela vida fora, mas para uma grande parte delas só poderemos responder dizendo: Agora vejo como por espelho, em enigma, mas então (na Vida Plena) veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. 1ª Coríntios 13:12 A fé cristã é muito pragmática, não se deixa prender por especulações. Como disse um famoso teólogo: Ama e faz o que quiseres. Já no Antigo Testamento encontramos este princípio sábio: As coisas escondidas são do Senhor; as coisas reveladas são para nós e para os nossos filhos. Deuteronómio 29:29.

Manuel Pedro da Silva Cardoso

Figueira da Foz, Portugal, Março de 2010.                                                 

 

Estudos bíblicos sem fronteiras teológicas