Nem Romanismo nem Protestantismo (OC)
«A lei e os profetas duraram até João. Desde então é
anunciado o Reino de Deus» Lucas 16:16
«Porque a Lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade
vieram por Jesus Cristo» João 1:17
O Catolicismo Romano fundamenta-se na Bíblia, na
tradição Oral e na autoridade dita infalível do Papa.
O Protestantismo, embora reconhecendo a sua
pertinência e o seu valor, contrariando o obscurantismo, a doutrina mariólatra
e outras que levaram Lutero a propor um Reforma em 1517, ainda considera a
Bíblia, sem os livros apócrifos, como a única regra de fé e prática.
Mas, embora só na Bíblia se encontre a mensagem divina
para a Humanidade, essa mensagem é o Cristo, Deus Filho, o Messias, Aquele que
a Bíblia põe em evidência é, pois, o Verbo = Palavra.
O Antigo Testamento consiste numa introdução à
revelação histórica do Filho de Deus contendo, porém, textos inaceitáveis como
de inspiração divina. E, no Novo Testamento, a partir de Actos dos Apóstolos,
encontramos textos que, tendo valor histórico, não têm fundamento teológico a
não ser quando forem confirmados pela Palavra que é Cristo.
No centro, nos Evangelhos, temos a grande manifestação
do Verbo eterno que é a Palavra viva do próprio Deus, pois é a Palavra da
Graça, de Autoridade, Palavra Eterna, Espírito e Vida, é Deus comunicando-se. Mateus 24:35; Lucas 4:22; Lucas 4:32; João 1:1; João 1:14; João 6:63; João 17:8; João 17:17; 1ª João 5:7; Apocalipse 18:13.
Nos quatro evangelhos transmite-se a Boa-Nova que é a
essência da mensagem libertadora que Jesus incarnou e proclamou. Essa mensagem
foi, desde logo, posta em causa por quem pretendia sobrepor-lhe tradições Marcos 7:13, mas, ao
mesmo tempo, essa mensagem produziu e continua a produzir efeitos
maravilhosamente positivos naqueles que a recebem João 6:68, João 8:51.
Jesus é o “grão de trigo” que, ao morrer, dá muito fruto.
Lucas 8:11. E ao
apresentar-Se assim, como semente viva que morre para frutificar, Cristo aponta
para o Calvário, onde se entregaria para redenção do homem. E é esta semente
que tem de continuar a ser espalhada pelos cristãos.
Crentes há muitos talvez todos têm as suas crenças.
Cristãos sim, no sentido em que sê-lo significa estar em Cristo, nascendo nEle
para a vida eterna. Os cristãos não se tratam por irmãos mas por amigos como
Jesus ensinou João 15:15 . Jesus
não tratou os seus discípulos por irmãos, nem estes se tratavam por irmãos (uma
tradição protestante e evangélica a rever e corrigir). A quem me trata por
irmão costumo dizer com um sorriso amigável: «mas eu não sou frade». Cristãos
que são novas pessoas, que se desenvolvem através da adopção do estilo de vida
de Jesus Cristo e pela valorização e imitação de tudo o que caracterizou a sua
personalidade e a sua acção.
Tem havido “cristãos” judaizantes, comprometidos com
concepções judaicas obsoletas. E tem havido também “cristãos” “apostolizantes”, isto é, imitadores de Paulo, de Pedro e de
outras figuras dos tempos apostólicos, como Maria, mãe de Jesus. Mas ser
cristão é seguir a Cristo, vinculando-se a Ele que é a Pedra, pedra viva, pedra
de toque 1ª Pedro
2:4. Ou seja: Tudo deve ser aferido pelo Seu ensino e pelo Seu
exemplo.
Os escritos dos Profetas e dos Apóstolos (no Velho e
no Novo Testamentos) são história, são cânticos, são cartas, são exortações.
São, afinal o antecedente e o consequente de Jesus. Há muito neles de proveito
e até de aplicação actual, mas nem tudo.
O que os cristãos primitivos disseram e fizeram,
mostra-nos que é preciso dar continuidade a Cristo, hoje, como eles lhe deram
no seu tempo. Mostra-nos que é preciso redescobrir Jesus e reproduzi-Lo,
vivê-Lo nos nossos dias, em termos e em condições do nosso presente histórico e
sociocultural.
Há, pois, que trazer Cristo para o nosso tempo. É
necessário que nós O expressemos em termos actuais. Por exemplo, falar de
ósculo santo, véu na cabeça, comer ou não comer sangue, silenciar a mulher na
igreja, usar cabelo curto ou comprido, ungir doentes com óleo, enaltecer o
celibato como Paulo fez, pode significar pouco ou nada, actualmente, em termos
normativos.
Pedro, Paulo, João, Tiago, tiveram as suas
experiências pessoais de conhecer Cristo, de O interpretar, e deram
recomendações, sugestões e até ordens à luz das circunstâncias específicas da
sua época. O que eles fizeram foi dar o seu testemunho, dar sequência à
mensagem de Cristo, dar continuidade ao Evangelho.
Cumpre-nos a nós, cristãos de hoje, volvidos que são
já mais de mais de dois mil anos, continuar a fazer a «História do
Cristianismo», a dar também sequência aos “evangelhos”, a realizar os nossos
“actos” e a escrever as nossas “cartas”.
Pedro Tiago e João já passaram. Mas Jesus Cristo não
passou. Ele é sempre actual. É de hoje e para hoje, porque é a Palavra de Deus
eterna, sempre actualizada. É o Alfa e o Ómega.
Ele tem a última palavra. Ele é a palavra final. É o
“metro padrão” que serve de critério único e todo suficiente no que concerne à
doutrina e à ética cristãs. Ao ser e ao proceder.
Para além das religiões, das tradições e das múltiplas
confusões, uma só verdade existe. Jesus afirmou: “Eu sou a verdade…”
De que mais precisamos nós? Ou, no dizer dos
discípulos, outrora: “Para quem iremos nós?” João 6:68; João 14:6
Leiria 2020
Comentários
recebidos
Com
relação ao artigo do Professor Orlando Caetano, acho-o oportuno porque as
igrejas de há muito usam a figura de Jesus somente para justificar suas metas
de crescimento material. Os crentes de hoje não são apresentados ao Cristo
testamentário, mas a um símbolo de comércio usado para enriquecer grandes
conglomerados religiosos.
A
análise do Professor Orlando é atual e precisa penetrar na sociedade para
testemunhar que Ele está vivo.
De:
Ludo Ughetto – França
Caro
Camilo, é interessante o que diz o que li sobre Jesus e é a verdade absoluta.
Sobre o assunto de tratar alguém da comunidade de “irmão” não acho nada mal, no
sentido de que considero que, se sou criatura e filho de Deus, todos os filhos
de Deus são irmãos em Cristo. Um abraço
Sim… também penso que isso é um
problema perfeitamente secundário, que é mais problema cultural que teológico e
cada povo tem a sua cultura.
Mas julgo que o autor do artigo
estivesse a pensar nos exageros de certos crentes que avaliam a espiritualidade
dos crentes pelo seu “linguajar” e consideram mais espirituais os que tratam os
outros por irmão ou irmã.
Esse assunto daria para uma oportuna
reflexão.
Hoje estou a responder a esse artigo do prof. Orlando. Ele está
certo, há uma grande diferença entre cristão e evangélico. Cristão
refere-se a Cristo e evangélico refere-se ao que se tornou o neo-evangelho atual.
Jesus, em sua primeira vinda, encontrou pessoas
completamente despreparadas para recebê-lo como devia. Doutrinados por uma
constituição arcaica, mas, melhorada do ponto de vista de Moisés (homem
instruído em toda a sabedoria e em todo o conhecimento dos egípcios), e seus
conselheiros, também encontrou (e defrontou) com os aproveitadores da
ignorância e do misticismo convenientes, vindos dos grandes adaptadores de
leis.
A Lei de Moisés foi um grande embuste que se
tornou a regra de fé e prática no Velho Testamento, porém, desmascarada pelo
Novo Testamento. Se o sangue de touros (e outros animais) não podia tirar
pecados, como assevera o Novo Testamento Hebreus 10:4, então a matança de animais no Templo
(centro religioso), foi uma grande mentira e se o matadouro central foi
aniquilado, só resta as “pedras sobre pedras” serem novamente juntadas e os
trapos do grande véu ser achado nos escombros, mas se alguém pensa em
reconstruir o Templo, deve atentar que vai se ver com o Sacerdote do Novo
Testamento.
Não é somente o Novo Testamento que confronta
as “lições” do Velho Testamento; este também se denuncia: “Porque nunca falei a
vossos pais, no dia em que os tirei da terra do Egito, nem lhes ordenei coisa
alguma acerca de holocaustos ou sacrifícios, Jeremias 7:22, mas por outro lado,
Deus também instruiu os Israelitas que lhe fizessem sacrifícios e
holocaustos (?). Êxodo 8:27, Êxodo 10:25, Êxodo 20:24, Êxodo 29:16/18.
Certo pastor protestante perguntou a um
mercenário mediático brasileiro: “por que não pregas o evangelho de Jesus ao
invés do Velho Testamento?”. A resposta foi óbvia, vinda de um grande
milionário oportunista da ingenuidade e ignorância de um povo despreparado:
“falo o que eles querem ouvir; o evangelho é para derrotados”. O grande mal
secular foi juntar a coletânea VT/NT em um livro só, pois Jesus não é páreo
para Jeová, o grande senhor dos exércitos (só) de Israel.